Ouça o Amor - HIATUS escrita por Wellie


Capítulo 6
Especial: Ela é doce


Notas iniciais do capítulo

Sim, sim, estou atrasada... Ainda há alguém aí? *estrilar dos grilos* Bem, atrasos à parte, preparei algo especial dessa vez, este capítulo marca o término da primeira parte da fic, então resolvi inovar. É narrado no PRESENTE DO INDICATIVO, e acompanha poster super amorzinho criado por mim. Espero que gostem... Ah! E vale lembrar que este não conta como 6º capítulo, é realmente um especial, o 6º será o seguinte.
(poderiam ler as notas finais?)



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“Mas ela gosta de colecionar segredos. Coisas grandes, ela guarda dentro de uma caixinha. É doce, doce, extremamente doce, tão doce. E ela fica ali, mastigando alegrias”.

— Caio Fernando Abreu

.

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É uma loja de conveniência, apenas mais uma daquelas bem comuns no Japão. Abertas 24 horas por dia, durante os 7 dias da semana; algo que é realmente útil para pessoas como o Uchiha.

Não sabe bem ao certo o que está fazendo ali ás 03:00hrs da madrugada (ou da manhã), somente viu-se saindo porta a fora de seu apartamento, como quem sente fome. O fato é que é algo muito comum sair à noite por sentir fome e necessidade de comprar algo para lhe saciar, comum até demais, e isso não combina muito com Sasuke... sabe, ser comum. Ele está ali porque... bem, mais uma vez lhes digo: ele não sabe o porquê de estar ali.

Do lado de fora, faz muito frio e há pouquíssimas pessoas. Somente um bêbado ao lado tentando se equilibrar no meio fio, enquanto um outro reside dormindo displicentemente na calçada, o braço encontra-se posto debaixo da orelha, lhe servindo como travesseiro.

Talvez seja uma comparação muito idiota, mas toda aquela paisagem erma e matutina faz o Uchiha lembrar-se da famosa cena dos filmes de Velho Oeste. É como se ele pudesse visualizar à sua frente uma enorme bola de feno rolando na pista deserta, apenas para dar passagem a um homem que desponta misteriosamente no início da rua, com ambas as mãos dispostas sobre armas presas aos quadris. Erguendo uma destas armas para o alto e a destravando.

Sasuke observa atentamente o interior da loja. Talvez ele seja mesmo um louco, mas ali dentro lhe parece muito mais seguro.

Adentra o local, ainda mais rápido que um flash de luz.

Ainda reflete sobre sua própria loucura e também a mania estranha de sempre pensar que vive num desses universos paralelos que cria em seus livros, quando cessa a onda de pensamentos esquisitos, para permitir-se, então, analisar melhor o que se passa ao redor.

Muita informação a ser processada.

Não, não informação. Comidas, bebidas, bugigangas, acessórios, revistas; muitas opções. Opções demais e tudo exageradamente exagerado.

Não é a primeira vez que ele visita uma dessas lojas, pelo contrário, frequenta quase sempre esse tipo de lugar justamente por ser um uma espécie de combo. Classifica assim as lojas de conveniência por ser um local onde se compra de tudo, sem qualquer necessidade de ir a um outro estabelecimento.  Em sua mente, este tipo de loja é sinônimo de praticidade.

Por essa mesma razão é que Sasuke estranha o fato de tudo aquilo lhe parecer tão poluente aos olhos... em especial, o cor-de-rosa destacando-se em uma das prateleiras. Olhando bem, aquilo não é uma prateleira. Quero dizer, sim, é uma prateleira, no entanto, o rosa irritante e chamativo não pertence a ela. Aquele tom só poderia vir de uma única pessoa, a mesma (ou única) pessoa com dita cor salientando-se em seus cabelos, o distinguindo.

Sakura.

Ali está ela, parada em frente a um freezer contendo os mais variados tipos de bebidas, desde suco de fruta a sakê e outros alcoolizados. Neste momento, Sasuke percebe que ela está ainda mais estranha que de costume. Usa roupas um pouco mais largas do que deveria, calças azuis de moletom, e o cabelo curtinho roçando constantemente no adorno do sobretudo cor-de-rosa. Os pés calçam scarpins brancos, que crepitam no solo conforme ela passeia pelos corredores da loja. Uma ou duas vezes, ele jura ter visto Sakura tombar sobre o salto, como que prestes a cair. No entanto, apesar disto, o salto alto parece lhe cair bem, a deixa mais alta e... Uou, para a direita, para a frente e... Sakura perde o controle de seus movimentos. Despenca descuidadamente sobre uma prateleira, derrubando consigo também uma grande variedade de produtos comestíveis. Pacotes de lámen estouram sob si, e o macarrão se emaranha em seu cabelo, suas madeixas agora se assemelham mais a um misto incomum de loiro e rosa. É, talvez salto alto não lhe faça tão bem assim...

Sasuke quer rir. Quer mesmo. Aquela cena é tão cômica (e tão Sakura), que ele mesmo quase perde o controle, quase começa a gargalhar ali mesmo, mas, com muito esforço, consegue se conter.

Ela ergue-se do chão envergonhada, arrancando de entre os seus cabelos todo o macarrão. Uma atendente surge no corredor para ajudá-la, Sasuke aproveita a deixa para se encobrir por detrás de uma banca com revistas. Recolhe ali uma revista de quadrinhos e a leva até a frente do rosto no intuito de esconder a própria face, enquanto Sakura passa por ali, indo em direção a um caixa, junto da atendente. Surpreende-se ao notar que aquilo em suas mãos se trata de nada menos que um hentai. Põe de volta sobre a banca, sentindo as maçãs do rosto esquentarem.

Não demora muito para que ela esteja de volta, mais uma vez, em frente ao freezer. Quase todas as peças que Sakura usa são cor-de-rosa, mas, no entanto, os sapatos encontram-se impecavelmente brancos e, os olhos, verdes e brilhantes, mas muito, muito brilhantes mesmo. Tão brilhantes quanto os olhos de uma criancinha pequena de pura inocência e pura doçura.

Seus olhos são puramente doces.

Ela é doce, assim como uma pequenina menina.

O Uchiha, distraído pela visão à frente, esbarra em uma máquina de chicletes. Massageando o próprio cotovelo, ele desvia a atenção, por um único instante, para o objeto com o qual colidiu segundos antes. Ao lado, suspenso sobre uma estrutura avermelhada, encontra-se um pote de vidro cheio com chicletes coloridos; algo comum em lojas de conveniência. Mas, veja bem, estes não são coloridos, são todos verdes. Como devem imaginar, isso não é algo lá muito comum...

Estaria ele vendo direito? Sasuke fecha os olhos e, segundos depois, torna a abri-los. Mas lá ainda permanecem todas as pequeninas esferas indiscutivelmente verdes. Sim, verde-limão, verde-grama, verde-esmeralda; é uma grande mistura destes três, nuances que resultam em uma única cor: a cor dos olhos dela, o verde de seus orbes brilhantes.

Verde-sakura.

Um tom tão doce quanto goma de mascar.

Porque Sakura é naturalmente doce.

 O moreno volta a fita-la com total atenção. Ela expira repetidamente o ar, fazendo com que pequenas baforadas esbranquiçadas saiam de sua boca e voltem a misturar-se ao oxigênio, visíveis somente devido à baixa umidade atmosférica do local.

Um ato completamente infantil; ela expirava ali, com o rosto bem próximo ao vidro do refrigerador, e desenhava, com o dedo indicador e deveras concentrada, delicados corações na marca que se formava. Depois, gargalhava sozinha de sua própria infantilidade.

Como pode ser tão boba?, Sasuke se perguntava internamente enquanto observava toda a cena, ao longe.

A atendente já a olha de forma estranha, mas Sakura parece não se importar. Sasuke normalmente sentiria vergonha alheia naquele instante. Sim, sentiria, mas, no momento em questão, não chega a reter dentro de si nem ao menos uma pontinha desse tipo de sentimento, porque o sorriso dela aniquila quaisquer que sejam as chances de isto ocorrer.

É o mesmo sorriso, persistente e extrovertido, cintilante também, só que mais... doce. O Uchiha só não sabe explicar o porquê de aquele simples sorriso lhe parecer tão doce. Bem, talvez seja apenas os vestígios de chocolate da barrinha que ela comeu um pouco antes, talvez seja justamente as manchas do chocolate nos dentes e gengivas dela que deixem aquele sorriso tão mais bonito e que o diferencie dos outros. Ou talvez seja apenas o motivo óbvio: tudo nela é doce.

Que nem sequer é um motivo, mas, sim, um fato.

Ela é doce.

E seu sorriso é apenas consequência disso.

Sasuke costuma odiar doces.

Mas isso não a impede de sorrir daquela forma, daquela maneira boba, como sorri quem engole mais de cinco jujubas de uma única vez. Não que ele já tenha o feito. Não, Sasuke não é familiarizado com doces, mas sabe bem que açúcar em excesso faz as pessoas um pouco mais felizes (e muito mais abobalhadas, ele diria).

Pode nota-la novamente.

As plumas presas na gola do sobretudo roçam no pescoço dela, lhe dando um ar ternamente agradável... e doce. As mangas, um pouco maiores que seus braços, lhe cobrem parcialmente as mãos.

A pele dela é iluminada pela pouca luz da lâmpada falha presa ao teto. A escassa claridade daquele corredor mostra-a com uma pele alva e levemente rosada, um tom neutro. A camada de pele exposta do pescoço cintila, e parece esbanjar maciez. Sua tez é como marshmallow. Sim, sim, ela realmente aparenta ser toda coberta de marshmallow. Sasuke deseja tocá-la. Deseja ser como uma pequena formiguinha, apenas para que possa provar a textura da pele dela, provar o doce de toda a superfície, o doce que é notável mesmo a uma certa distância.

O doce dela.

Oh, Kami! Ela é doce por inteiro.

Mas, não pense errado, ele não é fã de doces.

Mais uma vez, Sakura perambula pelos corredores, capturando produtos sem ao menos verificar do que se trata. Ela não o viu em momento algum. Seria isto algo bom ou ruim? Será que quer mesmo que ela o perceba, que o veja capturando e gravando na mente cada movimento dela? Sasuke não sabe dizer...

Ele a acompanha furtivamente, enquanto ela se aproxima cada vez mais da porta de entrada, para em frente a esta no exato momento em que um novo cliente adentra o local, e isso faz com que seja atingida em cheio por uma forte rajada de vento. Seus cabelos esvoaçam, Sakura tenta inutilmente conte-los, de nada adianta, pois, seus fios rosados se emaranham deliberadamente, como se fosse fios de açúcar, como se fossem algodão-doce.

Por Kami, ela é doce de uma maneira descomedida!

A observa pagar na caixa registradora todos os produtos (tem também de pagar o prejuízo com os lámens), antes de sair porta a fora, ele a acompanha.

O Uchiha inspira profundamente o ar fresco do lado de fora, e é aí, nesse instante, quando se dá conta de que tudo está poluído com o cheiro dela. Por onde quer que ela passe, fica bem ali seu aroma inconfundível. Um aroma doce, porém, forte. Como se fossem cerejas, mas não cerejas quaisquer. Cerejas em sua melhor estação, mergulhadas em álcool, e totalmente doces. Não era de se esperar menos que isso, afinal, ela é puro doce.

Sakura, ao notar o homem embriagado ainda tentando equilibrar-se sobre a linha da calçada, deposita a sacola ali mesmo, no chão. Sasuke apenas tenta deduzir os próximos movimentos dela. Ela prende calmamente o homem pelos ombros, o segurando com sua força para que ele simplesmente não caia sobre si, já que é notável a diferença de altura entre ela e o bêbado. Delicadamente, ela o ajuda a ficar de pé por pouco mais de dez segundos, e ri quando percebe que sua tentativa de fazê-lo equilibrar-se foi totalmente falha.

O homem ainda assim a agradece, dirigindo a ela um sorriso amarelo e meio alienado, no entanto, verdadeiro. A mulher de cabelos cor-de-rosa retribui o gesto de uma maneira bonita, enquanto retira da sacola um pequeno pote com cerejas e o entrega ao homem. Ele parece não compreender muito bem o motivo daquilo, ela também não se dá o trabalho de lhe explicar, apenas o abraça, antes de sair dali quase saltitando. Só agora Sasuke percebe que o salto dela está quebrado, e que Sakura anda com certa dificuldade, mas isso não a impede de sorrir. Com um sorriso bobo no rosto, com os curtos cabelos ao vento, deixa naquela rua, antes triste e solitária, seu perfume e essência doce.

Ali, quase só, Sasuke chega à conclusão de que Sakura não é como as outras. Ninguém mais tem pele de marshmallow, tampouco cabelos de algodão-doce. Que dizer do cheiro inebriante de cerejas que ela emana? Se viu embriagado com aquilo...  Ela é doce em todos os sentidos, é doce até em seu modo de falar, Sasuke sabe disso, embora não possa ouvi-la. Seu jeito é doce, sua forma é doce, tudo nela é doce. Ela exerce e busca doçura nas pessoas.

Sabe, doces já não lhe parecem tão ruins.

Porque Sakura é doce.

Ela é doce.


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Notas finais do capítulo

Gente, primeiro peço desculpas pela demora, eu ando muito ocupada mesmo. Sabe, ensino médio, então tá puxado. Tem escola (à noite), tô me preparando para ser monitora de matemática, estudando para um curso de inglês, o tempo que resta é quase nada, mas prometo me esforçar pra atualizar a fic o mais rápido possível.
Segundo, quero saber se amaram esta frase tanto quanto eu. Por Kami-sama, Caio Fernando Abreu é demais, seus livros e frases lacram sempre, recomendo muito a leitura destes.
Terceiro e último (desculpem, minhas notas são sempre gigantes), poster combinou com capítulo? O capítulo em si ficou bom? Gostaram da narração? Quero saber a opinião de vocês ;)
Isso é tudo pessoal! Qualquer dúvida, deixe aí sua review, ou pode me mandar MP.



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