Ouça o Amor - HIATUS escrita por Wellie


Capítulo 1
Ouça vibrações.


Notas iniciais do capítulo

Essa é minha primeira fic SasuSaku, nunca antes escrevi sobre o casal, então espero realmente que gostem! ^-^



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Ouça vibrações

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~Wellie~

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"Opte por aquilo que faz o seu coração vibrar, apesar de todas as consequências."

— Osho

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E, de repente, viu se tão concentrado em sua singela escrita, que mal pôde sentir a vibração vindo da porta de entrada para seu pequeno apartamento. No momento, estranhou toda aquela oscilação do lado de fora e foi só então que se deu conta de que alguém batia forte e insistentemente ali, tentando de alguma forma lhe chamar a atenção. Mas, perguntava-se, quem poderia ser? Quem, afinal, ousaria invadir sua zona de conforto e privacidade?

À completo contragosto, o Uchiha abandonou a caneta sobre a escrivaninha, onde também se encontravam espalhadas folhas com trechos aleatórios, estrofes inacabadas e citações relativamente antigas, ainda que estas fossem de sua própria autoria.

Arrastou a cadeira para o lado e, alguns papéis foram ao chão com o breve roçar de seu braço sobre a mesa ao apoiar-se para levantar, se pôs a traspassar toda a distância de onde estava até a entrada de sua casa, da qual originavam-se as insistentes oscilações. E, ao abrir a porta, avistou logo à frente a figura miúda de uma garota encolhida pelo frio. Bem, talvez fosse uma mulher, mas aparentava ser apenas uma pequena menininha, devido à estatura. E talvez isso não fosse nem mesmo o mais surpreendente, o fato era que a garota tinha cabelos cor-de-rosa. Sim, você não entendeu mal, eram realmente cor-de-rosa. Sasuke se perguntou em pensamento se aqueles cabelos eram de fato naturais ou comprados em uma farmácia qualquer e, eventualmente, tingidos com uma tintura qualquer. A segunda hipótese lhe parecia muito mais sensata, afinal, o quão bizarro seria ter desde o nascimento cabelos de um tom tão irritante do rosa? Aquilo em seus cabelos aparentava ser nada mais que uma nuance imprecisa, um desentendimento entre o vermelho e o branco. Não era sequer claro nem tampouco escuro o bastante para mostrar-se minimamente bonito, era algo ameno... e irritante — não que o rosa em si já não fosse suficientemente irritante.

Ela ainda sustentava no ar uma mão fechada em punho, prestes a ir novamente à superfície de madeira, e a outra agarrava com firmeza uma enorme xícara cor-de-rosa estampada com flores pequenas de um tom levemente rubro.

Deus, ainda questionava o porquê de reparar tanto em coisas insignificantes, como a cor de uma xícara notavelmente grande para a pequenina mão que a segurava, quando deveria apenas se ocupar em assimilar as palavras que jaziam tão rapidamente da boca feminina. A garota havia desatado a falar e, mesmo que ela ainda fizesse alguns gestos comuns com as mãos enquanto articulava, ele não conseguia acompanhar o movimento dos lábios dela. Não, não conseguia. E aquilo já começava a incomodá-lo.

O fato é que nunca vira aquela mulher em toda a sua vida e agora ela aparecera em sua porta, com uma enorme xícara em mãos, falando e falando tão rápido que, mesmo que ele pudesse ouvir, não conseguiria nunca entender. Teve pena dos pobres vizinhos, porque, só pela expressão facial da garota, sugeriu que ela fosse uma pessoa extremamente barulhenta e neste momento agradeceu aos céus por ser surdo, afinal, ele tinha quase toda a certeza de que ela gritava naquele mesmo instante, ao falar.

As folhas rasuradas espalhadas sobre a mesa vieram junto à brisa ao encontro de ambos, graças à rajada de vento forte e gélido que havia entrado pela porta no momento em que a abrira. Ele então pegou uma dessas folhas, antes que esta ultrapassasse para o corredor do prédio, e arrastou-se para o lado, dando passagem para a pequena garota — ou mulher. Ela prontamente adentrou o local, sem mais delongas, e tinha os pelos do corpo levemente eriçados devido ao frio que fazia do lado de fora. Ele fechou a porta logo atrás de si, antes de voltar-se para encarar a figura em pé ao seu lado.

Não esperava realmente que a menina fosse entender coisa alguma do que acontecia ali, mesmo porque ela não se esforçou nem um pouco para isso quando encaminhou-se até o sofá e se esparramou nele, sem qualquer receio, assim como também não tivera convite. Não podia negar sua indignação diante daquele simples ato, afinal, ela mesma viera falar com ele, portanto, ela devia apenas o fazer e dar o fora dali o mais rápido possível, ao invés de se acomodar em seu confortável móvel como se aquilo fosse algo comum, porque não era. Definitivamente, não era nem de longe algo comum. E nesse momento ele descobriu que aquela que se encontrava sobre o seu estofado era, com toda certeza, a pessoa mais folgada do mundo.

A verdade é que fazia séculos que ele não recebia visitas em sua residência. A família toda fora levada de uma única vez, restando apenas ele e seu irmão, mas já não via este há algum tempo... Também não tinha lá muitos amigos, mal saía de dentro de sua casa, da sua escrivaninha, e tampouco abandonava sua caneta, costumava sempre carregar folhas e canetas extras nos bolsos da calça para qualquer lugar que fosse. Escrever agora já não era mais um hobby, virara sua profissão e, consequentemente, seu sustento. Não era como antes que ele escrevia quando lhe dava vontade, agora existiam os malditos prazos... e também bloqueios. Sim, ele sabia bem que precisava sair de casa, deixar sua acomodação de lado e procurar algo que o inspirasse, mas o que poderia ser?

A garota, mesmo depois de sentada, continuava a falar e esticava a mão com a xícara em sua direção, mas ele sequer fez menção de pegá-la. Vasculhou os bolsos da calça jeans em busca de uma caneta e, quando a encontrou, pôs-se a rabiscar algo na folha que ainda segurava. Sentia o olhar da menina queimar sobre si, mas não permitiria que isso transparecesse em sua face, baixou os olhos para a folha enquanto corria a ponta de tinta por ela, bem lentamente. Entregou, logo depois, o papel à garota. Ela o segurou meio aturdida, mas percorreu os olhos pelas letras puxadas nas linhas da folha.

O que você quer?

Levantou novamente a vista para o homem à sua frente. Ela o olhou ainda mais confusa, com o cenho franzido e as sobrancelhas arqueadas em um claro gesto de dúvida. Bom, pelo visto seria mesmo difícil fazê-la entender, por isso ele decidiu ir direto ao ponto. Tomou de forma abrupta o papel das mãos delicadas e tornou a escrevê-lo, desta vez bem mais rápido. Seu único desejo era acabar logo com aquilo para que pudesse voltar para sua escrivaninha e seu mundo de letras. E surpreendeu-se quando ela mesma tomou a iniciativa de arrancar-lhe o papel das mãos assim que ele parou os movimentos com a caneta, e também quando o leu mais uma vez, de forma rápida.

Eu sou surdo.

O olhar da garota que lhe fitava já não era mais de dúvida ou confusão. E foi aí que ele esperou sinceramente que ela lhe olhasse assim como todos os outros. Pensou que veria, em poucos segundos, aquele maldito sentimento brilhar em sua íris: pena, compaixão. Seu peito doeu profundamente, ele odiava quando as pessoas o olhavam daquela forma, odiava com todas as suas forças. Surdez é uma condição, não é mesmo? Ele sempre pensava, então por que todos acham que é um defeito? Todos temos defeitos!

Mas, para sua surpresa, não foi esse olhar que ela lhe lançou. Não, não foi. Era admiração que se instalava ali, nos olhos verdes. Quase tão brilhante quanto uma joia valiosa, talvez até mais. Ela sorriu para ele. Um sorriso bobo, mas tão bonito que o coração do homem se aqueceu, vibrou ternamente. E, num único instante, ela já pulava em seu pescoço, o agarrando como se dependesse daquilo para sobreviver. Gargalhava como um completa louca – e talvez ela fosse mesmo – e sibilava repetidamente seu nome, ele podia ver o movimento dos lábios dela formando as mesmas palavras.

Sasuke Uchiha

Tinha que admitir, ficou surpreso e atordoado com o comportamento da menina. Completamente atordoado. Quem era aquela garota, afinal? Esta se tornara sua mais importante questão, apenas uma casa à frente de outra que também rondava sua mente: Por que ela sabia seu nome?

E ele também percebeu quando ela tardiamente caiu em si, quando se deu conta de que aquilo não era algo muito normal. Ela, então, largou seu pescoço, com um sorriso sem graça estampado nos lábios, as bochechas coradas do mais singelo constrangimento. Ajeitou sua postura apropriadamente, mas com certo receio. E ele viu. Sim, sim, ele viu quando uma onda de tristeza e desolamento se alastrou sobre a expressão da menina assim que ambos estavam devidamente afastados. E nunca saberia dizer o porquê, mas aquilo o fez mais feliz.

Continua


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Notas finais do capítulo

Bem, então é isso! Espero que tenham gostado do capítulo assim como eu gostei! Susgestões e críticas são sempre bem vindas, atualizações aos sábados. Obrigado à todo que gastaram um pouquinho de seu tempo para ler minha fic, até o próximo capítulo, minna-san!



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