O Guardião escrita por Nelson Gomes


Capítulo 2
- Apenas um dia normal -


Notas iniciais do capítulo

Então Galera, trago a vocês o primeiro capitulo.
E como eu havia dito, esse é maior que o prólogo.
Boa Leitura e espero que gostem!



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Sentei na cama e olhei para o relógio, 7:30 da Manhã. Fui até a janela e abri as cortinas. O dia lá fora estava maravilhoso. Na praia já dava para ver pessoas jogando vôlei na areia, idosos fazendo suas caminhadas matinais e na água os surfistas estavam aproveitando as ondas. Olhei para minha prancha de surf ao lado da cama, a vontade de surfar era enorme, mas eu não podia. Tinha que aturar mais um torturante dia na escola. Conformado com meu destino olhei uma última vez para os surfistas, e não posso negar que senti uma pontada de inveja, então fechei as cortinas e saí do quarto. Quando cheguei ao banheiro, tentei abrir a porta e me deparei com ela trancada. La de dentro vinha àquele irritante barulho de secador de cabelos. Jéssica! De novo não! Pensei. Minha irmã mais velha, que adora infernizar a minha vida.

—Hey Jessy, sai dai vai, eu preciso usar o banheiro. – Pedi educadamente.

—Sai fora pirralho, eu estou fazendo o cabelo! Você não é mulher, e não sabe o que passamos.

Eu realmente odeio quando ela me chama de pirralho, ela é apenas 4 anos mais velha do que eu, nem é tanta diferença assim.

—E você não sabe como é ser homem, você não tem ideia de como acordamos de manhã e do quanto precisamos ir ao banheiro.

—Não me interessa, não vou sair.

—MÃE, A JÉSSICA ESTA ENFURNADA NO BANHEIRO E NÃO QUER SAIR! E EU PRECISO ME ARRUMAR PRA ESCOLA!

E foi só esperar um segundo, que logo veio a resposta:

—JÉSSICA KASPER, SAIA JÁ DESSE BANHEIRO PORQUE O SEU IRMÃO TEM HORA PRA ESCOLA!

Não demorou muito tempo e a porta do banheiro se abriu, revelando minha irmã com os cabelos estando metade liso e metade desgrenhados.

—Você me paga, seu pirralho estúpido.

—Disponha! —E corri pra dentro do banheiro.

Minha irmã até que era bonita. Tinha longos cabelos loiros e os olhos azuis da cor do mar. Era um pouco mais baixa do que eu e tinha o corpo muito bonito. Todos os meus amigos eram loucos por ela.

Me arrumei e logo estava descendo as escadas em direção à cozinha, onde encontrei meu pai sentado a mesa lendo o jornal como de costume, e minha mãe preparando o café.

—Bom dia, Mãe! Bom Dia, Pai!

—Bom dia, filho! —Disse meu pai, sem tirar os olhos do jornal.

—Bom dia, filho, sente-se, o café já está quase pronto!

Meu pai é um renomado advogado na cidade e a minha mãe é dona de uma das maiores lojas de roupas do local. Quando me sentei, a porta se abriu de repente, e o meu melhor amigo Matt, entrou na cozinha segurando seu skate. Para algumas pessoas, talvez essa entrada inesperada na minha casa fosse vista como uma tremenda falta de educação. Mas, cara, o Matheus já é praticamente da família. Ele só se permite ser chamado de Matt pelos mais próximos, e eu o conheço desde... Desde... Na verdade, desde sempre. Não consigo me lembrar de nenhum ano da minha vida em que eu não o conhecesse. Ele é engraçado. Alto e bem magro, tem o cabelo preto e um tanto quanto rebelde. Sempre usa roupas pretas. Tem o rosto cheio de espinhas, coisa que ele inveja em mim, pois temos a mesma idade e eu não tenho nenhuma. Porém, mesmo assim o cara faz um tremendo sucesso com as meninas da escola, e eu sempre fico me perguntando como ele consegue.

— Bom dia gente, desculpe sair entrando assim, é que a porta estava aberta...

— Relaxa cara, você já é de casa.

— Sente-se, tome café com a gente! –Disse meu pai, finalmente largando o jornal de lado.

— Olha, na verdade eu já tomei café. Mas o cheiro está tão bom, que eu não sei se vou resistir. O que a senhora está fazendo dona Janice? Panquecas?

— Sim, é a minha especialidade!

— É...eu realmente não vou resistir!

— Cara, quando é que você recusa comida? – Eu perguntei.

— Na verdade, quando sua irmã faz algo! Ela não está aqui não é? – E ele disse isso olhando para todos os lados de uma forma apavorada.

Todos caímos na risada.

— Cara, eu estou muito cansado! Ontem chegaram alguns carros novos na concessionária do meu pai e nós tivemos que ficar lá até tarde para conferir tudo.

Matt trabalha com o pai dele na concessionária, coisa que eu invejo, pois tenho vontade de trabalhar e meu pai não permite. Vive dizendo que eu sou jovem demais para trabalhar e que devo me concentrar apenas nos estudos.

— Pelo menos você trabalha, eu não posso, pois, alguém aqui não deixa! – Eu disse, olhando pro meu pai!

— Você é jovem demais para...

—...Trabalhar, e devo me concentrar nos estudos. Já sei pai.

— Henrique, eu acho isso uma bobagem, qual é o problema do Bruno trabalhar e estudar ao mesmo tempo?

Antes que meu pai pudesse responder, Matt disse.

— Bruno, pelo amor de Deus, olha a hora, já se passa das oito, temos apenas 10 minutos para chegar à escola, e hoje eu não posso me atrasar. Tenho aula com o professor Alberto no primeiro tempo.

Então eu me despedi dos meus pais, peguei meu skate e nós saímos em disparada pela porta.

****

Estávamos quase chegando ao colégio, quando a garota mais linda que eu conheço passou por nós na sua bicicleta. Quando eu a vi, fiquei paralisado, foi quase como se o tempo parasse para mim, só para que eu pudesse apreciar aquela visão um pouco mais. E vê-la em sua bicicleta, com os cabelos castanhos ondulados se movimentando, conforme a brisa do vento os balançava, era incrível. Praticamente todos os meninos da escola tinha uma queda por ela, e eu também, como já deu para perceber.

Eu estava admirando sua beleza, quando Matt me cutucou:

– Cara, pelo amor de Deus! Há quatro anos que você fica babando pela Carol e não faz nada, quando é que você vai tomar coragem para falar com ela?

– Admirando quem Matt? Falar o quê? Não tenho nada para falar, para com isso.

– Cara, você sabe que não me engana, eu já te conheço, para de perder tempo e vai falar logo ela. Você já perdeu quatro anos só admirando, não acha que já está na hora de partir pro ataque?

– Mas não tem o que falar, na verdade eu não sei o que falar, nós estudamos na mesma sala há quatro anos e nunca conversamos por mais do que 10 minutos.

–Escuta o que eu estou falando, você só esta perdendo tempo.

****

Quando nós chegamos na escola, escutamos o sinal batendo, e corremos para a sala de aula. Nós éramos da mesma série, mas eram tantos alunos que a turma precisou ser dividida em 3 salas! Então, nós não éramos da mesma sala. Quando cheguei até a minha sala, Carol passou por mim e entrou, eu fiquei parado por alguns segundos a admirando novamente e pensando no que eu poderia falar caso eu tomasse coragem para conversar com ela., mas fui surpreendido pela professora Alexandra mandando que eu entrasse. Corri para o meu lugar.

Depois de 40 minutos ouvindo a professora falar sobre a Guerra Fria, meus olhos já não estavam me obedecendo, estavam fechando sozinhos, até que eu não aguentei e recostei minha cabeça na mochila. Não demorou muito para que eu pegasse no sono, e foi aí que eu tive outro sonho.

Em meu sonho, eu estava parado no mesmo lugar do sonho anterior, onde a única luminosidade que existia vinha das pedras que estavam a minha volta, e o mesmo homem estava parado ao meu lado, sussurrando as mesmas palavras:

– Esse é o seu destino Bruno, você não pode fugir do seu destino. Ninguém pode!

–Para de repetir essas palavras, quem é você? Como você sabe o meu nome? Que lugar esse?

Mas ele parecia não me ouvir, ou, se estava me ouvindo, me ignorava completamente, e continuava repetindo.

Até que de repente, ele parou de falar e juntou uma mão na outra. Tudo ficou no mais absoluto silêncio. Então, ele esticou os braços para os lados, fazendo com que uma explosão de ar saísse de suas mãos, me jogando alguns metros para trás e fazendo com que as pedras brilhantes fossem arremessadas no ar. Cada uma em uma direção, até que todas sumissem de vista. Então, ele novamente juntou as mãos, e delas começou a emanar uma luz branca, extremamente forte, que me forçou a fechar os olhos. Quando a luz cessou, eu abri meus olhos apenas para perceber que agora eu estava sozinho, sentado no chão, na escuridão.

Então o sinal da escola bateu novamente, me acordando, era hora do intervalo. Porém, agora eu estava começando a me sentir intrigado com meu sonho.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?
Gostaram? Espero que sim.
Deixem suas criticas e sugestões.
Até a próxima!

That's all folks.