Ódio no passado. Amor no futuro? escrita por Eduarda


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Oi gente tudo bem?
Capitulo bombastico, altas emoções.
espero que gostem, boa leitura.



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John

Era segunda de manha, parecia rotineiro, mas estava com cara de que seria um péssimo dia. Estava nublado, uma manhã de outono comum, havia algo em meus pensamentos que dizia que o dia guardava segredos. Desci e preparei o café da manhã, Hannah desceu logo depois. Parecia magico, estávamos nos dando bem, depois que aceitei que ela fizesse tecido acrobático, ela começou a ser um pouco mais aberta comigo. Jaime também desceu, tomamos o café todos juntos, como uma família devia ser, mas algo em meu subconsciente dizia que faltava Anna para a família estar completa.

Me arrumei, deixei as crianças na escola e fui para o escritório. Assim que entrei em minha sala, senti uma sensação estranha, era como se fosse uma energia ruim. Nunca fui de acreditar muito nessas coisas de energia ruim ou boa ou ate mesmo destino, mas Anna me provou que as vezes isso podia fazer muita diferença. Porque tudo me levava a Anna? Tudo me faz pensar nela, eu não quero pensar nela! Ela esta feliz sem mim, com seu novo namorado. A ideia me incomodava, eu não conseguia imaginar Anna nos braços de outro homem, deve ser por isso que reagi tao mal ao saber da traição, a imagem de Anna beijando ou até mesmo dormindo com outro homem, me deixava louco, eu queria ela para mim, somente para mim.

Eu não podia negar a falta que ela me fazia, minha vida não tinha sentido sem ela, era como se não tivesse graça. Mesmo depois de tantos anos, eu sempre pensei nela, todos os dias. Tentava negar isso a mim mesmo, mas sempre sem sucesso, eu precisava dela, eu preciso dela.

Elise entrou em minha sala, me tirando de meus pensamentos.

— John, o representante da Wintour veio trazer as roupas dos projetos, posso mandar entrar? – Se ela quisesse a verdadeira resposta, eu diria para não deixar ninguém entrar e me deixar sozinho.

— Pode mandar entrar, vou atende-lo agora. – Elise se retirou, eu me sentei em minha cadeira.

Eu não podia acreditar, Jack já estava de sacanagem, porque mandar sempre ela para resolver meus problemas? E lá estava ela de novo, vestida como se fosse uma rainha e é claro jogando em minha cara como era péssimo não te-la ao meu lado.

— Anna – Fiz um leve aceno de cabeça, ela fez o mesmo.

Ela se sentou em uma cadeira em minha frente, ela estava usando um vestido vermelho vinho que deixavam seu corpo deslumbrante.

— Pretendo ser rápida – dois caras entraram com uma arara de roupas – Só preciso que assine aqui.

Ela me entregou uma pasta, era uma espécie de documento que afirmava que eu tinha recebido as roupas, apenas burocracia. Assinei e a devolvi.

Eu devia estar louco por essa mulher, porque a única coisa que conseguia pensar era em como ela era linda e eu queria beija-la ardentemente.

— John, da uma licença, preciso que você assine esses papeis aqui, por favor – Aaron havia entrado na sala – é bem rápido... Anna? O que faz aqui?

Aaron era um amigo meu, nos conhecemos quando crianças, mas ficamos sem se ver por muitos anos, ele trabalhava na empresa como diretor de filmagens. Eu não entendi o motivo de Anna ficar tão assustada com sua presença, parecia que ela tinha perdido todo o sangue em seu corpo. Estava pálida e com uma expressão de puro desespero.

— Anna você está bem? – Ela estava me deixando preocupado, ela estava muito pálida.

...

Anna

Eu não podia acreditar, ele estava ali, na minha frente. Eu não tinha mais forças nas minhas pernas, não conseguia respirar. Pior, eu estava dividindo o meu ar com essa maldita criatura. Aquela imagem, a seis anos atrás, voltou em meus pensamentos para me atormentar, eu queria vomitar.

— Anna você está bem? – John me perguntou, eu não conseguia falar nada. As palavras simplesmente não saiam.

Acenei com a cabeça para mostrar que estava tudo bem, mas eu acho que não convenceu porque ele ainda me encarava com um olhar de questionamento.

— Aaron – Eu simplesmente, peguei a pasta e minha bolsa e sai.

John ficou me encarando sem entender nada. Eu corri, o máximo que consegui, mas os saltos não me permitiram muito. Eu chorava, eu precisava sair dali. Trombei com Dave, a pancada foi tão forte que acabei indo direto para o chão.

— Meu deus! Anna, você está bem? Se machucou? – Ele me levantou, eu queria pedir desculpas, mas as palavras não saiam.

Assim que estava de pé, eu corri até o elevador. Droga! Porque quando você precisa do elevador, ele simplesmente não sobe na velocidade normal? Apertei umas 1000 vezes o maldito botão, até que o elevador chegou. Quando a porta fechou, eu não aguentei, minha pernas fraquejaram e eu me sentei no chão, não conseguia pensar, apenas chorava, era como se estivesse a seis anos atrás, eu podia sentir seu cheiro, a dor. Eu podia sentir tudo de novo, até mesmo a minha solidão, eu sentia que estava sozinha como naquele dia, sem ninguém que pudesse ouvir meu desespero, meu pedido de ajuda, minha dor.

Peguei o primeiro taxi que avistei, dei meu endereço, eu queria chegar em casa o mais rápido possível. Na verdade, eu queria sumir do mundo, eu não podia conviver de novo com aquela dor, não mais.

Assim que sai do taxi, senti meu corpo se recusar a me obedecer, ouvi alguém gritar. Era John.

— Anna! Anna! – Porque ele havia me seguido?

— O que você está fazendo aqui? Vai embora! Eu não te quero aqui – John era a última pessoa na terra que eu queria ver nesse momento.

— Não até me explicar o que está acontecendo, porque ficou naquele estado? – Eu estava à beira de um colapso.

Eu ia mandar John embora mais uma vez, mas tudo escureceu de repente. Eu não sabia o que estava acontecendo, eu só pude ouvir John gritar eu nome mais uma vez e aí tudo ficou negro e silencioso.

Eu queria abrir os olhos, mas era como se eles se recusassem, estava um pouco embaçado, mas eu podia ver John. Eu reconhecia o lugar, era meu apartamento.

— John, o que está fazendo aqui? – As palavras saiam com dificuldade.

— Você passou mal assim que desceu do taxi, eu te trouxe até seu apartamento. Eu acho que sua pressão baixou. – Ele falava de uma maneira doce e serena, quase não dava para perceber que eu tinha acabado de ver Aaron novamente.

Tentei me levantar, mas John me impediu.

— Vai com calma, você acabou de desmaiar.

— Garanto para você que já passei por dores maiores. – Peguei um copo de agua que estava sob a mesa de centro.

— Anna, eu acho melhor você dormir um pouco. Você está muito nervosa. – Dormir? Só podia ser brincadeira.

— Não dá para dormir quando seu pior pesadelo se tornou realidade.

— Do que está falando? O que Aaron te fez? – Droga! Eu não devia ter dito isso, tudo o que eu quero agora é ter que contar sobre aquela noite negra para John.

— Vai embora! Eu já estou bem.

— Não vou sair daqui até você me explicar tudinho sobre esse assunto. – Por anos tentei esconder isso de John, acho que era a hora da verdade.

Comecei a chorar novamente, aquilo ia doer muito, mas estava na hora dele saber de toda a verdade.

...

John era um idiota! Como ele podia se achar no direito de sair sem me avisar, eu não dou a mínima se ele quer sair com os amiguinhos babacas, mas custa avisar? Mas que droga! Ele finge que nada está acontecendo, ele fica lá rindo e se divertindo com os amigos, enquanto eu fico aqui que nem uma idiota pensando nele. Que raiva!

Eu acho que bebi um pouco demais, já perdi as contas de quantas doses eu tomei. Mas eu já estou achando graça de tudo.

— Anna, eu acho que você já bebeu demais – Aaron estava tentando tirar o copo da minha mão.

— Só mais um golinho, Aaron. Aliás, bebe uma comigo! – Eu não conseguia nem falar direito.

— Eu acho melhor não, Anna. – Aaron era um estraga- prazeres – Vem, vou te ajudar.

Aaron me carregou até o quarto, eu mal conseguia ficar em pé. Ele me colocou na cama, tirou meus sapatos e me acertou na cama.

— Ei Anna, posso te falar uma coisa? – Acenei que sim, de um ajeito bobo mas acenei – Eu sempre te achei muito gostosa, sabia?

O que? Do que Aaron estava falando? Ele começou a beijar o meu pescoço.

— Aaron, não! Eu não posso, sou casada.

— Calma, seu marido nunca vai saber disso. – Ele começou a desabotoar minha blusa.

—Aaron! Chega! Me solta agora! – Tentei empurra-lo, mas ele era pesado. Ele segurou meus braços em cima da minha cabeça, eu não conseguia me mover. – Aaron, Para! Por favor!

Comecei a chorar, ele desbotoou minha calça e começou a apertar meus seios. Eu tentava lutar, mas era inútil, meus movimentos estavam limitados pela bebida e ele era muito pesado. Ele começou a me penetrar, aquilo doía, eu não sabia que aquilo podia doer, John sempre foi tão delicado. Parecia que estava me queimando por dentro, cada investida era como um soco que eu levava, a dor era tanta que eu, simplesmente, desacordei.

Quando acordei, já havia amanhecido. Eu estava sozinha no quarto, sentia uma dor causticante do quadril, fui até o banheiro. Meus seios estavam roxos e eu tinha hematomas feios na região das coxas e barriga. Eu não sabia o que doía mais: meu corpo ou minha dignidade.

Saí aquele apartamento o mais rápido que pude. Aquilo me deixava em pânico, peguei um taxi e fui para casa. Era um sábado, estava nublado e frio. Assim que cheguei no aparamento, ele estava vazio. Aquilo me fez desesperar, eu precisava de alguém, não queria estar sozinha. Aquilo me doeu mais ainda, tudo que eu precisava nesse momento era que John estivesse ali para me abraças e dizer que ia ficar tudo bem. Me afundei em minhas lagrimas. Subi tomei um banho e me deitei em minha cama, ela ficava tão grande sem John. Comecei a chorar novamente. Meu celular apitou, era uma mensagem de Hannah.

[ Mamãe, ficamos te esperando. Como vc não chegou, tio Dave nos trouxe até a festa de aniversário da Mackenzie.

Bjs nós te amamos ]

Ainda bem que as crianças não estavam em casa, seria muito ruim ter que dividir minha dor com eles.

Meu celular apitou novamente: era John.

[ Meu amor, eu sei que brigamos ontem, te peço mil desculpas. Eu estava errado em não te avisar. Sei que esta brava. Aaron me avisou que vc ia dormir na casa da Mary. Quando chegar me ligue, estou jogando tênis com uns colegas de trabalho. Me perdoe por ontem.

Te amo]

Chorei mais ainda, John estava jogando tênis enquanto eu passava pelo momento mais difícil de minha vida. Em meio as minhas lagrimas e minha dor, acabei adormecendo.

Acordei pouco tempo depois, com uma dor insuportável, era como se fosse uma cólica só que 10x pior, era mais parecido com uma contração de parto. Eu mal podia me levantar, fui até o banheiro. Era assustador, tinha muito sangue. Ia até quase o joelho, doía e sangrava muito. Peguei meu celular e tentei ligar para John, ele não atendeu.

— Mas que droga John!

 Eu não tinha outra opção, eu ia ter que ir até o hospital sozinha. Eu chorava e gritava, era agoniante aquela dor. Desci até a garagem e peguei meu carro. Dirigi até o hospital mais próximo. A dor só piorava, era como quando chegou a hora de Hannah ou Jaime nascer. Parei o carro na frente da entrada do hospital, eu tentei sair do carro, mas a dor foi mais forte. Cai antes que pudesse pensar, eu não conseguia ver muita coisa. A última coisa que vi, foi alguns enfermeiros me socorrendo.

Quando acordei, estava em uma cama de hospital. Tinha uma agulha que injetava soro em meu braço e muitos fios ligados ao meu corpo. Enquanto eu tentava associar o que estava acontecendo, um médico entrou no quarto. Ele devia ter por volta dos 50 anos e tinha cabelos grisalhos.

 - Você se sente melhor? – Ele tinha uma voz doce e gentil.

 - Um pouco – Eu me sentia molenga e não tinha forças nem para abrir os olhos, devia ser os remédios.

— Olha, eu vou ser sincero. Eu não sei o que aconteceu com você e é seu direito não querer falar nada, mas você sabe porque está hospitalizada? – Fiz com a cabeça que sabia mais ou menos – A senhorita tem ferimentos profundos na região intima, isso pode acarretar em muitos problemas e a senhorita infelizmente sofreu um aborto.

Aquilo me doeu mais que tudo, eu estava gravida e eu tinha perdido um filho.

— Como? – Eu comecei a chorar novamente.

— A senhorita estava gravida de cerca de 5 semanas, era recente ainda. Eu sinto muito mesmo, mas a senhorita precisa se acalmar, quer que eu ligue para alguém.

— Não, eu estou sozinha. – Aquilo era horrível,

Assim que o medido saiu, eu liguei para John, disse que estava no hospital com intoxicação alimentar. Ele veio correndo, assim que chegou, não pude me conter eu chorava muito e John não entendia o que estava acontecendo. Mas era algo que eu sabia e que me doía muito. Eu tinha vergonha, eu não ia contar isso a ele. Me sentia suja e eu não sabia como ele ia reagir, ele podia achar que era culpa minha por ter bebido tanto. Eu apenas conseguia chorar.

...

— Eu não posso acreditar? Como Aaron pode fazer isso com você? E o pior, você estava esperando um filho meu! – John estava com os olhos marejados, por um momento eu pude sentir que ele me apoiava, ele ao menos reconhecia minha dor.

— Calma! Eu não terminei. – Havia muito mais que aquilo.

— Como assim não terminou?

— Depois vieram Kyle e Wes, Aaron havia se gabado para os dois que tinha conseguido dormir comigo. – Falar aquilo me doía muito – Eles me chantagearam, falaram que se eu não dormisse com os dois, eles iam contar tudo o que sabiam para você. Eu não podia deixar isso acontecer, eles iam contar do jeito deles, você acreditaria que eu tinha aceitado tudo o que Aaron fez, e eu tinha vergonha demais para poder contar a verdade para você.

— Anna, eu teria entendido. Você me faz parecer um monstro. – Eu tinha tanta vergonha que nem cogitei a possibilidade de ele compreender.

— Eu aceitei, dormi com os dois. Foi daí, que a Rebecca tirou aquela foto que ela escandalizou no telão no nosso aniversario. Eu me senti tão suja naquele dia, tão usada.

— Eu imagino – Eu podia sentir que o que John falava era verdadeiro, ele realmente podia me compreender.

— Sabe o pior de tudo, é que tudo pareceu ser orquestrado pelo destino. Porque devido aos ferimentos por causa do estupro, eu não podia ter relações por um certo tempo, então você imaginou que eu estivesse cansada de você, e quando eu fui liberada pelo médico, eu fui praticamente obrigada por aqueles dois desgraçados, então eu sentia nojo de mim mesma, eu não podia dormir com você sabendo o que eu tinha feito.

— Agora tudo faz sentido! Eu achava que você tinha se cansado de mim. Meu deus! Como tudo agora se encaixa.

— Então quando você soube da minha traição, você imaginou que eu não queria saber de você porque eu tinha outro. Não é uma ironia?

— Anna, eu quero pedir perdão para você, eu suplico que me perdoe por eu ter te tirado nossos filhos e obriga-la a sair de nova York. Eu sinto muito.

John estava aos meus pés e ele chorava, eu podia sentir que ele estava arrependido, mas eu não podia perdoa-lo. As mensagens, as ofensas, eu sei que ele não sabia de nada, mas ele podia ter tentado me escutar. Eu não posso perdoa-lo pelo menos não agora.

— Não, John – pude sentir o desespero brotar em seus olhos. – Eu não posso te perdoar, eu não posso esquecer as mensagens e as ofensas. Eu não posso.

— Mensagens? Ofensas? Como assim? – Ele não ia assumir seus erros nem nesse momento tão importante?

— Vai embora John, eu preciso de um tempo sozinha.

— Anna, me escuta! Por favor.

— Vai embora John! – Ele não discutiu ele simplesmente se levantou e foi embora.

Eu estava emocionalmente abalada eu precisava descansar, eu me deitei em minha cama e chorei. Chorei muito, eu queria perdoar John, mas algo dentro de mim me dizia que eu não conseguia fazer isso. Eu ainda tinha muitas feridas para cicatrizar antes de perdoa-lo.


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Notas finais do capítulo

Eai galera o que acharam do capítulo? Quem esperava um segredo desse não é mesmo?
Até o proximo capitulo.
Beijocas



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