A mulher do retrato escrita por Lady Town


Capítulo 27
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Decepção



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Zilda descobrira tudo? Luíza ficou apavorada com a possibilidade de a governanta agora saber do romance. Justamente quando ganhava a simpatia dela...Mas também pensou que Zilda nada poderia fazer contra as duas. Ela era de confiança. Jamais usaria isso contra a condessa ou contra quem ela protegesse. Sentiu mesmo vergonha...O que ela estaria pensando? Como a olharia a partir daquele momento? Vitória, provavelmente, já havia resolvido, a seu modo, a situação.

 

Desceu para o café e Zilda, acompanhando o serviço, não lhe dirigiu a palavra, mas nunca falava nada mesmo...evitou olhar para ela e, assim que terminou, subiu de volta para o quarto e lá ficou. No almoço, finalmente Vitória estava presente à mesa, depois de tantos dias. Felipe estava preocupado com a saúde da tia e todos a receberam com festa. A condessa parecia disposta e disse ao sobrinho que apressasse o casamento, estava cansada de Belarrosa e precisava voltar para São Paulo.

— Madrinha, está tudo praticamente pronto. Mandei fazer outro vestido, mais bonito, em Porto Alegre. Devem me trazer para a última prova já esta semana.- disse Melissa, entusiasmada.

— Questão então de um mês, Felipe?

— Sim, minha tia. É tempo suficiente. Marcaremos a data e e enviaremos os convites para São Paulo. O restante está pronto.

 

 

 

Vitória subiu ao quarto após o almoço, acompanhada por Zilda, que permanecia com uma expressão estranha conforme Luíza pode perceber. No topo da escada, parou e pediu que Luíza as acompanhasse. A menina sentiu um frio no estômago e atendeu prontamente o chamado.

— Zilda, gostaria que não comentasse com ninguém que a senhorita Luíza dormiu esta noite comigo. Estava me sentindo tão mal que a chamei, mas não é algo que os outros precisem saber.

— É claro, condessa. Mas poderia perfeitamente ter me chamado que passaria a noite com a senhora como tantas vezes já aconteceu.

— Eu estava um pouco confusa, acho que por conta do calmante. Daí me ocorreu que Luíza dormia ao lado,chamei-a e, ela, sem questionar, me fez companhia.

— Imagine, condessa! Eu percebi seu estado, só quis ajudar.

— E ajudou! Ontem minha disposição era de demitir Bento e acabar com as buscas a Bernardo. Hoje devo admitir que ainda não estou pronta para desistir. Pelo menos até que voltemos para São Paulo, ordenarei que as buscas continuem.

— Eu fico tão contente em ouvi-la dizer isso, condessa!

 

Luíza e Zilda se entreolharam e sorriram.

— Agora me deixem descansar.

 

 

À noite, Luíza entrou no quarto de Vitória com um pacote de lençol nos braços. Vitória estava lendo, esperando-a, e desconfiou quando a viu com um sorriso malicioso no rosto.

— O que você trouxe?

— Feche os olhos. Só abra quando eu disser. Ah, e tranquei a porta! -disse, rindo!

 

Vitória obedeceu e esperou por alguns minutos, curiosa. Quando pode abrir os olhos, viu que a menina tinha arrumado algumas almofadas em frente à lareira. Havia pétalas de vários tipos de flores espalhadas pelo chão e uma garrafa de vinho ao lado.

— Gosta? Peguei as flores no jardim e o vinho da adega do meu pai, trouxe na maleta.

 

Vitória encaminhou-se para o “ninho” já despindo-se da camisola, que deixou cair no chão displicentemente. Havia tempos não se amavam como naquela noite.

— Eu não tenho lhe dado a atenção que eu gostaria.

— Pra mim basta estar ao seu lado...sinto-me tão feliz...e eu compreendo tudo pelo que está passando.

— Não...talvez Deus não tenha mesmo se esquecido de mim. Ele me trouxe você...e um amor não se pode desprezar. Eu só amei assim uma única vez na minha vida!

— Amou muito seu marido?

— Não...casei-me por conveniência. Nunca o amei.

— Foi antes, então?

— Foi um amigo de Alberto. Conheci depois de casada. Ele também já era casado.

— E não pode vivê-lo?

— Vivi esta paixão da forma mais plena possível. Vê, algo que você também não sabia sobre o meu passado e pelo qual vai me desprezar mais ainda...mas não se preocupe, não a culpo. 

 

Luíza estava confusa. Parecia que o passado de Vitória ia-lhe sendo despejado, a conta-gotas, e ela a conhecia cada vez menos.

— Eu fui uma adúltera! Mas eu amei, amei...eu nunca teria deixado de viver aquele amor. Disso, ao menos, não tenho que me arrepender. Então descobri que estava grávida, que ia ter um filho...senti-me tão feliz...

— Bernardo...

— Bernardo não é filho do meu marido e sim de Sálvio. Eu amei aquele homem até sua morte...

— Sálvio não é o pai de Melissa?

— Sim...talvez por amor a ele a tenha em tão grande estima e faça questão deste casamento. Prometi a ele que cuidaria de Melissa.

 

Luíza sentou-se atônita, cobrindo-se com um lençol.

— Seu marido sabia disso?

— Depois do acidente de Bernardo eu contei. Ele queria decidir o destino do meu filho. Eu não permitiria.

 

Vitória tentou arrumar-lhe o cabelo, num gesto de carinho. Luíza desviou a cabeça, com a expressão fechada.

— Você tem todo direito de me desprezar. Eu entendo. Mas eu não tenho o direito de lhe esconder meu passado.

 

Luíza levantou-se, vestiu a camisola e saiu sem nada dizer.


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