A mulher do retrato escrita por Lady Town


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

A condessa



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Só se falava da chegada da condessa a Belarrosa. De como era elegante, perfumada, insuportavelmente arrogante. Foram as palavras dos serviçais que se perfilaram para repcioná-la- a ela e sua corte- e que ganharam as ruas da cidade.

D. Otávia fizera os vestidos em tempo recorde e os entregou no dia do jantar para desespero de Consuelo. Luíza ainda questionava a mãe sobre a importância de sua presença e relutava em participar do encontro, mesmo de vestido pronto. Sem sucesso.

Às vinte horas chegaram ao casarão dos Catellini que não era, nem de longe, o mesmo. Reluzente, cheio de serviçais e cocheiros, o que antes era um mausoléu triste e abandonado-embora nunca o tenham sido seus jardins, sempre floridos de rosas vermelhas- mostrava-se agora cheio de vida e todos se espantaram com a rapidez com que tudo fora arrumado.

"Na verdade, dizem que sempre esteve a casa mobiliada. Apenas trataram de limpar tudo, descobrir os móveis, talvez uma decoração nova, mais moderna"- disse Consuelo ao marido. Luíza ainda não sabia o que esperar. As amigas antigas do colégio eram de outras cidades, talvez não houvesse ninguém de sua idade com quem conversar a noite toda.

Logo na sala de entrada, um retrato imponente reteve os olhos de Luíza por segundos, muitos. Era uma mulher de cabelos avermelhados longos, linda, deslumbrante. Era ela? A mulher do retrato? Luíza assustou-se e desviou o olhar apenas quando Consuelo pousou-lhe as mãos nos ombros e murmurou: -"era magnífica, não?"

Não era uma festa grande, apenas um jantar para algumas famílias. A menina, apesar de rica, ainda surpreendeu-se olhando a ornamentação dos ambientes, tudo muito europeu, logicamente, de muito bom gosto, muito iluminado. Botelho, o médico da cidade, introduziu-os:

— Deixe-me apresentá-los! Condessa, esses são os Peixoto, têm uma linda casa não muito longe daqui! Enquanto o pai beijava a mão da senhora, Luíza fitou-lhe os olhos e procurou nela a mulher do retrato. Era ela. Mas tantos anos depois...Cabelos grisalhos, presos, um vestido preto. Mas era ela. A mesma feição, ainda que envelhecida, a mesma altivez. Cumprimentou-a automaticamente, ouvindo meio ao longe o que se falou ao seu redor.

— Bonita menina. Linda, realmente! - a voz da condessa despertou-lhe como de um sonho. E ela sorriu timidamente.

O jantar estava sendo maravilhoso e não ter companhia não entediou Luíza de maneira alguma. Havia tanto o que se ver. A Condessa apresentara a todos o sobrinho, sua noiva e um filho. O rapaz era muito jovem mas viúvo. E muito bonito. Não havia um rapaz assim nas redondezas. Não que Luíza tivesse visto. Ela pensou que as amigas sentiriam muita inveja ao saberem que havia estado na festa, conhecido Felipe, o sobrinho...enfim, uma grande sorte, naquele momento, estar em Belarrosa.

Em casa, após uma noite mágica, a jovem deitou-se, cansada, obviamente, mas a voz da Condessa, sua figura, o retrato, as histórias que já havia ouvido sobre ela, nada lhe saía da cabeça e só conseguiu adormecer quando os pássaros já cantavam.


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