Como Treinar o seu Dragão Interior 2 escrita por Kethy


Capítulo 6
Medo


Notas iniciais do capítulo

Desculpa! Desculpa! Eu sei que estou atrasada!

Bom, tá aqui, fresquinho!

Não me coloquem na fogueira!



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No dia da vista da nossa nova equipe, Heather caminhava pela vila apressada e nervosa, no entanto conseguiu andar por ai sem chamar a atenção. Ela se sentiu mais confortável quando Melequento passou por perto. A novata não conseguiu conter seu sorriso, Melequento retribuiu, mas não conseguiu ver um degrau, tropeçou e quase caiu de cara, Heather riu baixo e se afastou rumo à floresta.

“Até que ele é... Simpático.— Refletiu a morena com um sorriso no rosto. Porém, ele murchou quando outro pensamento lhe veio. – “Não... Ele não deixaria...”— Lágrimas brotaram de seus olhos.

Do nada, um falcão pousou em um tronco a sua frente antes que o choro começasse de verdade. O pássaro grasnou e se inclinou, havia um tubo oco preso em suas costas. Com muito receio e de mãos tremendo, Heather pós um papel já enrolado que tinha escondido no seu sutiã dentro desse tubo e fez sinal para a ave sair voando. Enquanto observava-a indo embora, a novata sentou-se no tronco, apoiou o rosto em suas mãos e começou a chorar, arrependida por não conseguir enfrentar seus medos.

***

Ainda no mesmo dia, um rapaz desconhecido trabalhava forjando armas para uma guerra. Eram afiadas, fortes e resistentes; feitas para perfurar armaduras potentes, dessa vez o inimigo não resistiria. Ele tinha braços fortes cobertos por cicatrizes, tatuagem no queixo, branco de cabelo preto e sobrancelhas grossas. Apesar de a ocasião exigir concentração, seus pensamentos estavam longe, em uma garotinha com que ele costumava brincar quando era criança, cabelos negros, olhos verdes e pele alva. A menina estava em terreno desconhecido e ele temia por sua segurança, entretanto, por mais incrível que pareça, ele tinha consciência de que ela estava mais segura com o inimigo do que em sua própria casa. Sua distração o levou a se queimar no ferro quente. O rapaz reclamou, mas não do jeito que a maioria das pessoas faria.

“Isso dói menos do que com ele.” — O jovem riu consigo mesmo, mais de nervoso do que por achar graça.

— Mas como você é desastrado, primo Eret. – Uma voz arranhada foi ouvida atrás do tal Eret. Ele se virou e deu de cara com o filho do homem do dia em que soubemos da espiã.

— O que foi agora, Dagur?! Agora não posso nem me queimar durante o trabalho?! – Eret se enfureceu, tanto que perdeu a noção do perigo.

— Você deveria me tratar com mais respeito. – Dagur o ameaçou mirando uma faca com a ponta a milímetros do pescoço de seu parente. – E respondendo a sua pergunta: você se ferir, significa que se distraiu; se você se distraiu, significa que você falhou; e se você falhou, significa que é um peso morto, e como você sabe, pesos mortos devem ser descartados. Entende onde quero chegar?

— S-sim, senhor. Sinto muito, senhor. Isso não se repetirá. – Eret abaixou a cabeça, assumiu uma pose respeitosa e odiou tudo o que disse a ele.

— Que bom. Ah, e lembre-se da nossa conversa enquanto ela não volta para casa. Nunca se sabe. – Disse ele com um sorriso maquiavélico.

Eret se segurou para não agarrar o primo. Quando não se podia mais vê-lo, Eret deu um soco na mesa mais próxima.

“Essa ‘família’ não sabe o que é amor.”— Concluiu em pensamento.

***

Heather não teve coragem de ir falar conosco depois do falcão; ela ficou o dia inteiro sem fazer nada na floresta, até que teve coragem de nos encarar. Mais do que isso, ela queria dizer a verdade.

— Eu vou conseguir...! Eu vou! – Heather se incentivava.

Quando ela estava prestes a abrir a porta da casa de Soluço, Heather ouviu risadas. A novata se esgueirou pela janela e nos viu conversando sobre assuntos sérios, mas ainda assim nos divertindo. Quando viu isso, um filme passou em sua mente, cenas mostrando que a pouca felicidade que tinha, havia passado aqui em Berk e viu que éramos o mais próximo de amigos sinceros que ela tinha. – Fora o seu parente preferido, claro. – Não, ela não podia estragar isso. Ela não queria estragar isso.

— Mamãe, o que eu faço...? – Sussurrou ela para o vento.

— Parece que encontrei a nossa espiã. – Melequento chegou de surpresa, mas a garota não se assustou, e até enviou um olhar raivoso. – Desculpa, foi só brincadeira.

— Eu sei... Eu só fico com medo. – Heather falou sem pensar, mas também sem arrependimento.

— Medo de que? – Melequento se aproximou preocupado. O coração da novata acelerou um pouco.

— Eu... Não posso falar. – Heather se virou dando as costas. Ela odiava ter que mentir para uma pessoa que confiava nela e a tratava tão bem, porém odiava ainda mais a ideia de ser odiada por ele. Sua mente ficou confusa e Heather se conteve para não chorar. De repente, ela foi tirada de seus pensamentos por braços que a viraram delicadamente para olhar nos olhos de seu dono.

— As pessoas daqui podem até não confiar em você, mas saiba que eu confio. – Melequento falou enquanto tirava uma mecha dos olhos da garota.

Heather sorriu, não sabia o motivo, pois ainda estava triste, mas sorriu. Quando viu o rosto rubro do Primo-Dragão ela consegui rir, mesmo que baixo.

— Obrigada. – Disse ela o olhando docemente.

— De nada... – Melequento respondeu com vergonha.


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