Como Treinar o seu Dragão Interior 2 escrita por Kethy


Capítulo 3
Montanha verde-água


Notas iniciais do capítulo

Oie!!!! Mais um cap!!!!

Decidi começar um pouco mais devagar e fazer um draminha, já que essa foi a dica do meu beta na primeira temporada.

Não vou dar muito spoiler, mas acho que já dá pra saber quem é "ela".

Quero ouvir seus comentários!!!! Beijos!!!!!!



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Depois de um dia de descanso, fizemos mais um interrogatório; chamamos os dragões mais sábios e experientes para verificar se o cheiro de sangue nas roupas dela era de um humano, nós algemamos os pulsos dela e demos a chave para verificar se ela conseguia soltar-se com os dentes, perguntamos mais de uma vez a aparência do carcereiro, a história da fuga, tudo, só para ver se ela tropeçava nos detalhes. Ela passou em todos os testes.

Todos.

— Podem confiar em mim agora? – Ela perguntou depois da nossa investigação; não era deboche, ela parecia estar sofrendo de verdade. Senti-me culpada e com vergonha, vai ver nunca foi preciso ter desconfiança.

Mais três semanas se passaram desde a estadia da novata, em algum momento ela derrubou as minhas barreiras e chegamos a ficar amigas. Ela se adaptou tão rápido que era como se ela vivesse aqui há anos, estava sempre sorrindo ao mesmo tempo em que estava sempre chorando; Heather ficou hospedada na minha casa e toda noite eu ouvia um choro fino, ela chorava enquanto dormia e quando ninguém estava olhando também. – Deve ter sido assim que ela ganhou minha confiança. – Contudo, eu ainda tinha aquela pulga atrás da orelha, uma vozinha irritante dizendo que alguma coisa ainda iria dar errado. Tinha vezes que eu saia de perto durante nossas conversas por estar confiando demais. Em um desses dias, eu tinha fugido para algum lugar entre a casa do Soluço e o Grande salão, estava sentada no chão pensando no que eu realmente sentia em relação a Heather quando apareceram duas mãos que me cobriram os olhos.

— Q-quem está ai?! – Gritei com um pouco de medo, mas ainda assim preparando uma adaga que sempre escondo na minha bota.

A pessoa descobriu meus olhos e pôs seu rosto ao lado do meu e pude ver quem era.

— Você está bem tença, senhorita. – Soluço falou sarcasticamente com um sorriso reconfortante.

— Eu quase te corto! – Ri e guardei a arma.

— Eu sou um dragão! Você só ia me cortar se eu quisesse. – Soluço fez outra brincadeira. – Ainda pensando na Heather, não é?

Suspirei abaixando a cabeça.

— É... Ela chegou tão de repente... Não parece ser uma inimiga, mas mesmo assim, uma voz me diz que ela pode ser um problema. Não se passa um dia em que eu não pense nisso. Eu quero confiar nela, porém...

O sorriso de Soluço murchou. Acho que ele sentia o mesmo, já até o vi espionando a visitante procurando pistas. Não sabemos exatamente de onde vem essa desconfiança, talvez do fato de que a treta entre humanos e dragões ainda existir, por medo de fazerem experiências para “entender” o que nos torna diferentes ou por puro preconceito de qualquer das partes. Entretanto, mesmo não deixando de pensar nisso, o sorriso dele voltou e ainda tinha um brilho em seus olhos.

— Sabe do que nós precisamos agora?

— O que?

— Vem cá!

Ele me puxou enquanto corria, me levando até um ponto afastado. Quando chegamos, ele me soltou e deu alguns passos para trás; todo teatral, se transformou naquele dragão de ouro velho que sempre me deixou maravilhada, me olhou e abaixou uma das suas asas, interpretei isso como um sinal para eu montar nele, quando o fiz levantamos voo, dessa vez eu queria ver do início até o fim.

Foi um pouco mais rápido do que o ultimo passeio, mais ainda assim não foi muito radical. Voamos perto do mar, não resisti e toquei na água, olhei para a montaria e ele conseguiu entender o que eu estava pensando, mergulhamos no mar e saímos duas vezes, encontramos dragões-baleia que rugiram para nós, eles pareciam estar dizendo “Olá” pelo jeito que Soluço retribuiu; depois de ter certeza que eu já tinha me acostumado à emoção, ele decidiu se exibir voando até um certo ponto do céu e depois deu um mergulho, achei graça. Depois veio a minha parte preferida, as nuvens, mais uma vez, não resisti e tive que toca-las, essa foi a parte mais romântica do passeio, Soluço deu um rugido que me pareceu um “Lembra-se disso?”, me abaixei e beijei um ponto em seu pescoço longo:

— Claro que me lembro.

Depois do voo, pousamos numa ilha que eu não conhecia, era inabitada e tinha árvores com folhas laranja que nem o pôr-do-sol, a vista de onde pousamos também não era ruim, a terra parecia com peças de um quebra cabeça espalhadas, como que se tivesse abacado de passar por um terremoto, ao fundo, montanhas com neve e neblina até onde a vista alcança.

— O que pretende fazer aqui? – Brinquei enquanto observava ele voltando a forma humana.

— Nada! Que mente suja hein? – Soluço retribuiu se aproximando. – Só queria ver você mais calma.

— Tá, então onde estamos?

— Numa das... – Soluço contou nos dedos. – Vinte ilhas que eu e o pessoal achamos. Uma das melhores, se me permite dizer.

— Melhor, por quê?

— Escuta só... – Ele pôs a mão ao lado do ouvido tentando ouvir alguma coisa.

— Não ouço nada. – Retruquei sem entender o que ele quis dizer.

— Exatamente. Sem treinos, sem pressão, sem preocupações... O melhor lugar para esfriar a cabeça. – Soluço abriu os braços e se jogou no chão. – E com a grama mais macia.

Ri e me debrucei sobre ele.

— Parece ser o melhor lugar do mundo.

Ficamos assim por um tempinho, até que ele tocou uma das mechas do meu cabelo e a deixou atrás da orelha, não sei se foi para tirar dos meus olhos ou por simples vontade de me acariciar, aquele toque mexeu comigo de tal forma, que tive que me separa e me sentar direito. Deitei-me na grama e ficamos novamente em silêncio. Antes, nosso silêncio me incomodava, mas agora, eu percebo que é muito melhor ficarmos quietos e aproveitando a companhia um do outro do que se perder em assuntos fúteis. E foi quando eu estava começando a me sentir mais aliviada dos pensamentos envolvendo a Heather que sentimos um cheiro de fumaça. Nos levantamos e vimos uma enorme nuvem negra de fuligem perto das montanhas.

— O que é aquilo? – Perguntei preocupada.

— Não sei... – Soluço respondeu igualmente intrigado. – Fique aqui, vou lá ver.

— Nem pensar que vou deixar você ir sozinho! – Gritei empunhando minha adaga de emergência.

— Pode ser perigoso...

— Por isso mesmo. – Interrompi antes que ele dissesse mais alguma coisa. – Você é o dragão mais poderoso que conheço, mas só vou deixar você me dispensar no dia em que nascer um olho na sua nuca! – O encarei decidida.

Apesar de derrotado, ele abriu um sorriso. Tomou a forma de dragão e esperou que eu montasse em cima dele. Partimos até a origem da fumaça; quando passamos das árvores tingidas de laranja, demos de cara com uma floresta destruída; estava queimada, num estagio de carvão, tão negra e deprimente que deu vontade de ir embora.

Soluço deu um rígido medroso.

— É, eu também... – Respondi tentando dar meu apoio.

Mais um pouco e nos deparamos com um tipo de monumento de gelo, verde-água, espinhoso e com restos de navios encrustados nele, não parecia haver ninguém nas carcaças, mesmo assim, nos mantivemos alerta. Voamos nessa região pelo que pareciam horas até ter certeza que não havia sinal de vida.

— Parece que não têm ninguém. – Sussurrei ainda atenta. – Acho que podemos ir embora.

E assim foi feito; nada de anormal, nenhuma armadilha, mas ainda me sentia sendo observada. Mal eu sabia que realmente estávamos; de um canto bem escondido, tomando cuidado de estarem a favor do vento para que o olfato de dragão não os detectassem, um grupo de exilados nos vigiava indo embora, o líder deles, igual ao da descrição da Heather, estava ao lado do seu filho, que tinha cabelo e barba ruivos, uma cicatriz que cobria a maior parte do seu rosto do lado direito, olhar louco e tatuagem em forma de arranhões de garras no olho esquerdo.

— Essa foi por pouco, meu pai. Se eles nos descobrissem antes de obtermos as informações...

— Não se preocupe, pequeno Dagur... E confie nela. Afinal... Ela fará de tudo por mim. – Respondeu o pai com um sorriso diabólico.

Mesmo ouvindo umas partes da conversa, Soluço continuou voando de volta para Berk.


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Notas finais do capítulo

Eu não sei quem é o pai do Dagur na série, mas aqui ele é filho do Draco.



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