Eletric Heart escrita por Vlk Moura


Capítulo 10
Capítulo 10




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Meu celular tocava insuportável, era domingo, além do meu pai eu não fazia ideia de quem poderia querer falar comigo com esse desespero.

    - Alô? - eu estava com a cara afundada no travesseiro - Alô?

    - Agnes? - eu me sentei assustada, olhei o robô que pareceu se movimentar preocupado.

    - Virgil! - falei sem entender o porquê dele me ligar.

    - Você tem alguma noticia do Richie? - olhei o robô que me olhava, pelo menos, supus que estava me olhando.

    - Richie? Não, aconteceu alguma coisa com ele? - eu me levantei comecei a trocar o pijama por uma roupa para poder sair.

    - Eu estou tentando falar com ele há um bom tempo, fui até a casa dele e nada.

    - Será que ontem naquela confusão aconteceu algo com ele? - perguntei preocupada, desci as escadas correndo.

    - Acho que não, ele estava bem até o momento que o deixei... – ele fez uma pausa – o deixei em casa.

    - Eu vou comer alguma coisa aqui e te encontro na toca, vou avisar a Mindy e o Dave, ver se eles sabem de algo.

    - Obrigado.

    Ele desligou. Minha madrasta e meu pai se assustaram de me ver ali de pé. Preparei um sanduíche e saí comendo, peguei o ônibus e pelo celular fui fazendo buscas pelos locais que eu conhecia e que talvez ele pudesse ter passado, mas eu não encontrei nada. Tentei ligar no celular dele e apenas tocou várias vezes e ninguém atendeu.

    - Você consegue rastrear? - o robô confirmou – Consegue fazer até chegarmos na toca? - ele confirmou.

    Fiquei tentando pensar se tinha algum ferido no incidente da festa, mas na hora que peguei carona com o Super Choque além de mim, dele, do Gear e do atacante ninguém mais estava por perto, nenhum corpo, nem mesmo um ferido ficara ali para ver o final do espetáculo. Não conseguia pensar no que poderia ter acontecido.

   Na toca Mindy já estava com Dave, os dois deitados no sofá refletiam sobre algo que eu não entendia, Virgil me olhou com alguma esperança, peguei meu celular.

   - Vindo para cá tentei rastreá-lo – olhei os três - Consegui um pouco de sinal, mas não sei no que pode nos ser útil.

   - Onde fica esse lugar? - Dave perguntou e olhou Mindy, ela conhecia todos os becos, bueiros, mas ela deu de ombros.

   - Deve ficar de fora – Virgil falou – Mas por que ele estaria fora da cidade, ainda mais sem avisar ninguém, sem me avisar?

    - Você é o melhor amigo, deveria entender – Mindy falou e me olhou – Se fosse a Ag eu saberia que ela está louca ou o pai dela enlouqueceu e eu iria caçá-la até os confins do inferno. - ela olhou o Dave – E ele não seria louco de sumir sem me dizer nada. - Dave confirmou me fazendo rir.

    - Ele não tem nenhum parente fora da cidade? - perguntei tentando levantar alguma pista, Virgil negou – Amigos? Conhecidos? Namoradinha? - negou todos - É, ele deve ter sido sequestrado. - dei de ombros- Não vejo outra resposta.

    - Por quê? E por quem? - Virgil pensou.

    Foi até um computador que eu nunca tinha reparado existir ali, olhei Mindy, ela observava o menino enquanto Dave observava a bagunça do lugar. Virgil acionou algo que começou a fazer um barulho alto.

    - Alguma pista? - perguntou.

    - Nada. Apenas um sinal de fora da cidade, Flash já foi verificar, mas até agora não voltou – Virgil apertou os lábios e minha mente levou tempo para processar.

    - Flash? - eu quase gritei - Você diz O Flash? - Virgil me olhou e depois para Mindy, seus olhos arregalaram – Batman! - eu liguei a voz a pessoa – O que... O que você está fazendo?

    - Pedi ajuda – Virgil falou tenso – Eu não sabia a quem recorrer.

    - Desculpa atrapalhar os dois, mas estamos recebendo uma ligação - Batman falou - e entramos em uma conferência.

     "É ótimo que todos já estejam juntos" aquela voz, era uma mulher e me era familiar "e me enviar o rapidinho me poupou trabalho para atrair aos Grandes"  fiquei concentrada na voz "não preciso avisar nenhum dos lados que tenho dois reféns, meus soldados estão loucos para agir sobre seus corpos".

    - O que você quer? - Virgil perguntou.

    "Boa pergunta, rapaz" eu o observei, olhei Mindy, ela o observava tão concentrada quanto Dave fitava o teto, suspeitei que ele tivesse morrido naquele estado "Quero Agnes!".

    Exclamações de todos os lados, minha, da Mindy, Dave se sentou no sofá, um ranger de dentes do Batman, Virgil apertava o computador o mantive estável, queria ouvir o resto, precisava ouvir o resto.

    - A mim? - perguntei e olhei a tela. Virgil pedia para eu ficar quieta – Por que a mim?

    "Bom saber que você cuidou da nossa filha, Bruce, espero encontrá-la aqui em algumas horas" a ligação caiu. Fiquei fitando a tela sem entender nada.

     - Nossa filha? - Mindy me olhou assustada – Agnes, ela...

    Eu a observava, outra ligação.

    - Agnes, não importa o que aconteça, você não vai sair daí! - Batman. Olhei o computador.

    - Ela era mesmo... - eu senti meus olhos marejando, olhei Virgil, o empurrei da posição que se encontrava. - Bruce – eu estava chorando – Bruce, ela é mesmo minha mãe? - silêncio - Me responda, droga! - eu gritava.

    - Sim – foi o que ele disse de forma dura – Ela é sua mãe.

    Eu fiquei em choque. O robô em meu ombro pulou para a mesa e ficou me encarando, ele olhou Mindy que me observava assim como Dave e Virgil.

    - Se é minha mãe, por que ela pegou o Richie e o Barry? - eu estava sem ar - Não faz sentido.

    - Me aguarde na toca, eu já estou indo.

    - Não! - eu peguei o robô e ia sair quando Virgil me magnetizou e me impediu de me mover.

    Eu o olhei em choque.

    - Eu vou mantê-la aqui – ele respondeu Bruce.

    Mindy me observava preocupada enquanto Dave brincava com um dos braços robóticos, alterei a forma do braço robótico, o fiz amarrar Dave que grunhiu, todos olharam para o braço e depois para mim.

     - Se você não me soltar, eu irei machucá-lo.

     - Vá em frente – Virgil me desafiou – O amigo é seu, não meu – ele me desafiou.

     Mindy me olhava sem entender o que eu pensava, olhei Dave, ele estava ficando sem ar e eu sabia que mais alguns instantes daquilo e ele apagaria, mas do que adiantaria ferir um amigo para resgatar outro, soltei Dave. Mindy foi até ele e o ajudou a se sentar no sofá.

      - O que você tem na cabeça? - ela gritou para mim, eu não tirava os olhos de Virgil – Podia tê-lo matado.

      - Ela não o mataria – olhamos o menino que me detinha – Agnes não machuca os outros, nem mesmo os bandidos, ela não consegue fazer isso, não é? - eu o analisei.

       A porta da toca abriu, Virgil me largou no chão de forma barulhenta e dolorosa. Batman seguido do Superman entrou, ele assistiu minha queda e olhou os outros.

      - Você vai me contar exatamente o que aconteceu – falei olhando Batman, ele olhou os outros e confirmou.

      - Naquela noite sua mãe tinha te levado não para me conhecer, mas para te entregar aos... - ele olhou cansado para mim – aos chefes dela, eles iam te estudar – eu não entendia – Ela tinha te vendido para estudos de tecnopatas. Você pensa que seus poderes só despertaram agora, mas desde que você é criança seus poderes veem crescendo e sua mãe percebeu isso, ela te fez os aperfeiçoar, até que um grupo que estudava mutantes resolveu que queria um tecnopata com eles, sua mãe te ofereceu, eles te compraram e a festa era a celebração da entrega.

     - Mas eles foram mortos naquela noite.

     - Claro que foram, ou você acha que eu os deixaria livres para estudarem mais um mutante e o pior, estudarem minha filha?

     - Uau! - olhamos assustados, o uniforme vermelho contrastava com os outros da sala – Eu e você iamos nos tornar irmãos - Deadpool falou – Tipo eu e o Wolverine, mas o gatinho não gosta de falar sobre isso – ele deu de ombros e mais uma vez eu não sabia se ele falava com a gente ou sozinho.

      - Eu vou atrás dela – falei me levantando.

      - Você não pode – Batman se levantou, era bem maior e bem mais forte do que eu – Por favor, Agnes, eu te peço, não vá, deixe que resolvamos isso, você pode nos ajudar ficando longe de perigo. - eu o analisei.

      - Eu passei esses quatro anos pensando que minha mãe estava morta e agora ela volta e descubro que minha heroína é a maior vilã que poderia existir na minha vida – eu falava sem respirar - Não posso deixar que você vá sem mim.

      - Por favor – ele respirou – filha, por favor, não vá, eu te peço. Prometo que nada irá acontecer com sua mãe, se a pegarmos a levaremos presa e você terá o tempo que quiser com ela, eu posso garantir isso.

      - Então, pelo menos, me deixe vigiar vocês - olhei os outros – Vai ser uma forma de me sentir um pouco como um herói - ele confirmou.  

      Bruce me levou até a Bat-Caverna, acionei todos os computadores e nas telas coloquei o mapa que os levaria direto até onde Richie e Barry estavam. Me sentei tensa na cadeira e observei o grupo de heróis se afastar. Dave ficou comigo como companhia e para terem certeza de que eu não iria enganá-los, mas eles não sabiam que eu não estava em condições de sair dali. Ficar na Bat-Caverna me dava um pouco de conforto, era escuro e me fazia esquecer o colorido do mundo dos heróis, me fazia esquecer a sala alegre da minha mãe e mais ainda ficar ali e observar a ação me fazia tentar entender melhor o que ela tinha feito, eu tentava reverter em minha cabeça que ela não era a pessoa boa que sempre acreditei que fosse.

      - Se sentindo bem? - olhei Dave, neguei com a cabeça.

      - Sobre a toca, desculpa. Eu não queria...

      - Não se preocupe –sorri agradecida e voltei minha atenção para a ação.

      - Sobre o Virgil e o Richie, vocês já sabiam? - ele confirmou.

      - Eu e Mindy queríamos te contar, mas...

      - Identidade de herói - ele confirmou – Eu devia ter suspeitado deles, fui ingênua.


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