1971: Como Tudo Começou escrita por Lara Manuela de Souza, Marina Saint


Capítulo 1
Beco diagonal - James


Notas iniciais do capítulo

Aí está o primeiro capítulo, boa leitura:



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Num dia desses estava quase acordando, as mãos na nuca, observando atentamente o teto, ainda pensando na possibilidade de levantar da cama. Deveria ser umas sete horas da manhã, pois o primeiro som do dia foi o toque da campainha - provavelmente uma coruja. Elas gostavam de aparecer nesse horário, e ao deixar a correspondência , a campainha soava, (com um feitiço) porque ninguém mais seria louco de visitar alguém a essa hora da manhã.

Imaginei que poderia ser finalmente a carta de Hogwarts, e isso foi como uma injeção de ânimo, pois levantei em uma fração mínima de segundo, que deixaria a Red Bull com inveja. Ainda impressionado com a minha rapidez - pois normalmente fico horas no estado “o teto é lindo, não sei se terei coragem de levantar e deixar de admirar essa arte” – Coloco rapidamente meus óculos, desço correndo as escadas da mansão Potter ainda deserta, - bem, se ninguém estava acordado, agora acordou. – Escorregando ao adentrar a cozinha, embaixo da janela, sob os primeiros raios de sol, verifico o alto monte de cartas empilhado na cesta trançada apelidada de “Oi, amigos”– não foi minha ideia, é tudo culpa da minha mãe - No parapeito da janela uma coruja elegante tomava um gole de água tranquilamente ao ter seu trabalho terminado. Procurando no monte de cartas, acho uma enviada a mim com o selo de Hogwarts.

Abro-a correndo ao mesmo tempo que minha mãe invade a cozinha com o cabelo apontando para todos os lados, mesmo que não tão curto.  Minha mãe e meu pai me tiveram em um momento mais tarde da vida, então seus cabelos já eram grisalhos.

— É, parece que você não será deserdado por seu pai. - Diz ela percebendo a carta em minhas mãos.

— Há há, é brincadeira – Diz quando vê a minha cara de espanto, bagunçando ainda mais meu cabelo com a sua mão. Nós éramos definitivamente a família dos descabelados.

 - Hmm... certo – Disse, tentando ler a lista de materiais sem seus óculos, o que não teve muito resultado -  Nós vamos comprar toda a sua lista de material daqui a pouco. Só vou preparar o café da manhã.

Como se chamado ao minha mãe citar seu nome alguns segundos atrás, - como sempre acontece com as pessoas ao meu redor – meu pai adentra a cozinha já vestido para o trabalho: terno, calça, sapato e gravata sociais. Ele trabalha no setor de mistérios do ministério da magia.

Pega o Profeta diário, e totalmente absorto no jornal vai murmurando ao ler vários comentários, fazendo com que mesmo sem querer ficamos todos sabendo das novidades enquanto minha mãe prepara o café da manhã.

Como de costume meu pai foi bem cedo ao emprego, nos deixando quando ainda estávamos os dois tentando despentear aquele cabelo maluco.

Antes de irmos às lojas, fomos ao banco de Gringotes, e pude ver todo o nosso dinheiro. Era tanto, que eram necessárias três salas cheias para caber tudo.

(O que quer que meu pai faça no departamento de mistérios deve ser muito importante. Quero ser igual a ele quando crescer. Sério. De verdade).

Vendedores gritavam seus anúncios em todo lugar:

“Caldeirões! Temos caldeirões de ouro, de cobre, de estanho, de prata...”

“Compre já sua nimbus 1970! A mais rápida de todos os tempos!”

“Ratos, gatos, corujas! Tudo a preços imperdíveis!”

— Vou deixar você comprar o material sozinho. Nos encontramos às uma da tarde no caldeirão furado. – Disse minha mãe seguindo na direção oposta.

Como já conhecia o lugar, fui diretamente para a loja que eu mais tive curiosidade de visitar: uma loja estreita e feiosa com o nome: Olivaras: Artesãos de Varinhas de Qualidade desde 382 a.C escrito em um dourado descascado. Na frente da mesma um homem corpulento muito maior que o normal estava parado, concentrado em um milk-shake de – pelo que parecia – morango em cada uma das mãos. Tinha no máximo uns 25 anos, e sua barba e cabelo lhe davam um aspecto assustador.

— Olá, amigo! – Disse ele estendendo uma mão gigante.

Em resposta estendi a minha:

— Prazer, nos conhecemos de algum lugar?

— Ah, certamente não. Mas creio que vai fazer seu primeiro ano em Hogwarts, correto? – Respondeu em sua grossa voz, amigavelmente.

— É. – Respondi

— Então iremos nos encontrar lá. Trabalho lá como guarda-caça.

— Hmmm... Oque um guarda-caça faz? – Perguntei.

— Ah... Eu cuido dos terrenos da escola, as criaturas da Floresta Proibida e das corujas. Também sou o Guardião das Chaves de Hogwarts, entre outras coisas mais...

— Um cargo importante, então, de certa forma.  – Afirmei.

— Muitas pessoas não acham isso.

— Gosta de dragões? – Perguntei vendo que ele carregava um livro sobre dragões debaixo do braço.

— Ah, meu caro, acho que você não conhece ninguém que goste de criaturas mágicas mais do que eu. Você já viu um rabo-córneo? É uma belezinha. Criatura mais linda não há... – E continuou seu discurso, mas eu estava realmente apressado.

 - Você está esperando alguém? – Perguntei apontando para os dois milk-shakes na mão dele.

— Na verdade sim. Uma garota. Ela está dentro da loja comprando a varinha.

— É parente sua?

— Ah, com toda a certeza não. Ela é um caso especial. Tive que convoca-la pessoalmente.

— É... Então vou indo ver uma varinha pra mim também. Nos vemos  em Hogwarts?

— Nos vemos em Hogwarts. – Concordou com um largo sorriso escondido embaixo da espessa barba.

Entrei na loja e um sino tocou sinalizando minha chegada. Por dentro a loja era abafada e empoeirada - me fazendo espirrar umas vinte vezes – cheia de prateleiras com caixas finas e longas.

Um velho homem estava testando varinhas em uma garota. Ela era alta e tinha cabelos pretos brilhantes até a cintura. Sua pele era muito pálida, de modo que ficasse um pouco azulada. O mais estranho é que quanto mais me aproximava sentia um frio na espinha, como se tivesse uma presença maligna. Ela era bonita, mas de modo aterrorizante – faria muito sucesso entre vampiros-. Se eu precisasse de uma atriz que fizesse uma vampira, chamaria ela, pois não precisaria gastar com maquiagem.

Sua varinha demorou poucos minutos para ser escolhida: era negra brilhante como o céu de noite, e à escassa luz da sala, brilhava em vermelho. Completamente assustadora.

Depois de pagar, ela saiu, e relaxei, o frio tinha saído da loja junto com ela.

Recuperado da surpresa, o velho Olivaras me atendeu, testando várias varinhas, nenhuma me escolhendo. Justamente a última varinha que ele havia separado das prateleiras que me escolheu. Ao segurá-la senti um formigamento agradável subir pelo meu braço e faíscas vermelhas se desprenderam da sua fina ponta.

— Mogno, 28 centímetros, corda de coração de dragão, flexível. Excelente para transfiguração. A mais forte que vendi em todos os anos, certamente. – Disse coçando o queixo.

Era elegante e tão fina quanto um alfinete - parecia que um sopro de vento a quebraria a qualquer momento - mas como as aparências enganam, segundo Olivaras era muito forte. Era bem comum em comparação à daquela menina, mas com ela nas mãos me senti completo, como se fosse capaz de tudo.

A próxima loja em que fui foi: Madame Malkin – roupas para todas as ocasiões.

Uma bruxa sorridente, baixa e gordinha me atendeu, e deu-se por entender que era Madame Malkin.

—Bom dia querido, Hogwarts? – Perguntou falando muito rápido.

—É claro.

Ela me guiou aos fundos da loja e lá eu encontrei um sujeito, de cabelos negros com mais ou menos a minha idade, com uma outra funcionária ajustando sua roupa em cima de um banquinho.

— Olá –disse o garoto – vai ser o seu primeiro ano em Hogwarts também? - Seus olhos estavam brilhando marotamente, como se não esperasse a hora de provocar confusões lá.  Desse olhar o cara já ganhou o meu coração. Reconheci aquele olhar. Eu o via todas as vezes que me olhava no espelho.

— É. Bem, meu nome é James Potter. Prazer - Disse estendendo a mão.

— Sirius Black. - E apertou minha mão.

— Que time você torce? – Perguntou logo de cara, interessado.

— Não torço, afinal. Só jogo. Serve? – Respondi com uma sorriso.

— Você não torce pra nenhum time? Não creio! Ah, mas eu torço.

Ele me contou sobre seu time, que tinha o lema do “Vamos vencer, mas, se não pudermos, arrebentamos o adversário!”. Ele até tinha convencido os pais a ir a todos os jogos do time nos últimos dois anos – sortudo.

Não gostava muito da família porque era muito obcecada por sangue puro, então veio sozinho para não ter que aturar o irmão mais novo, Regulus Black. Eu não sei muito sobre trouxas, mas pelo que sei, não vejo motivo para os desprezarem. É muita crueldade, por que somos todos da mesma espécie. Nunca vou entender isso...

Nós fomos juntos à loja Floreios e borrões para comprar os livros da lista.

Ao entrar nos deparamos com uma imensa loja, com prateleiras abarrotadas de livros dos de 9999 páginas a nenhuma, de capa fina a grossa, cheias até o teto. Eu já tinha entrado lá varias vezes, mas sempre tinha que sair e encontrar um banheiro, pois o cheiro de livros dava vontade de vomitar.

Quando estávamos procurando os livros que precisaríamos, esbarramos em um garoto de cabelos castanho claros. Ele ficava alternando o olhar sobre dois livros, que segurava em cada mão, como se avaliasse qual valeria mais a pena comprar. Na mão direita revirava o livro Pragas e Contrapragas (Encante os seus amigos e confunda seus inimigos com as últimas vinganças: perda de cabelos, pernas bambas, língua presa e muitas, muitas mais) Era bem novo, atual.

E na mão esquerda foleava um livro velho, talvez o último daqueles: O manual do maroto.

Ele não parecia o tipo de pessoa que comprava esse tipo de coisa, tinha uma cara tímida, mas as aparências sempre enganam – ou estão todas me pregando peças pra ver se o bobo do James cai.

— Gosta desse assunto? – Perguntei observando os livros por cima de seu ombro, com as mãos nos bolsos.

Ele acordou de repente de uma espécie de transe:

— O quê?

— Se você gosta desse assunto. Porque se estiver escolhendo, eu compro os dois pra você. Não se preocupe, tenho bastante dinheiro.

Ele assentiu curioso, e compramos os dois livros.

— Então... Você vai fazer o primeiro ano em Hogwarts também? - Aquela parecia ser a pergunta mais popular do dia.

—Ah, sim. Estou pensando em usar esses livros nesse primeiro ano. –  Respondeu dando um tapinha nos livros. Dei meu melhor sorriso. Estou AMANDO essa turma.

—Qual o seu nome, afinal? – perguntou Sirius.

— Remus. Remus Lupin.

— Eu sou James Potter e este é Sirius Black – falei apontando para Sirius.

Nós tivemos uma longa conversa com Remus, sobre o que faríamos no primeiro dia. Ficamos planejando enquanto estávamos procurando por uma loja para comprar animais.

Entramos em uma aleatória onde várias gaiolas estavam empilhadas com animais variados.

Lupin escolheu uma Coruja-das-Torres, Sirius um gato branco como a neve, com olhos escuros que se destacavam e uma cara angelical – eu tinha uma queda pela cor branca, como você já deve ter descoberto. – e escolhi uma coruja branca e marrom com a cabeça em formato de coração. Era a única espécie lá que tinha a cor branca.

Eles me deram o dinheiro e eu fui pagar, no balcão estava uma mulher bem alta e de cara amarrada, atendendo uma garota de cabelos acaju.

A garota comprou uma coruja da cor da neve – que inveja – e saiu da loja. Nem deu tempo de ver seu rosto direito, pois estava com pressa e saiu correndo, mas era bem bonita.

Nós paramos para comprar tinta e penas, o caldeirão e ingredientes para poções em lojas que a mãe de Remus recomendou.

Quando deu uma hora já tínhamos comprado tudo, então me despedi e fui ao caldeirão furado encontrar minha mãe. No caminho uma garota loira saltitante me barrou.

— Só por curiosidade, eu vi os livros que está levando consigo, e se eu não me engano são do primeiro ano, não é? – Perguntou a loira com uma pena e um caderno novo nas mãos.

— É vou ser primeiranista.

— Seu nome? – Perguntou agora me olhando nos olhos com seus curiosos  olhinhos azuis, ajeitando os óculos.  

— Porque? – Perguntei.

— Nada demais. Não deu tempo de pegar a lista dos primeiranistas com o diretor, então estou caçando eles aqui no beco diagonal.

— É James Potter.

— Ah, obrigada, amigo. Sei que gostará de Hogwarts. É uma belezinha. Ótimo lugar para coletar fatos. – (fofocas) — Sabe o torneio tribruxo? Então, ano retrasado... Porque você sabe, né. O torneio se realiza a cada cinco anos. No seu terceiro ano será o próximo. – Acrescentou. - Então... Teve um cara que... – A partir daí não consegui mais prestar atenção e saí de perto.  Ela iria me atrasar, se já mão estivesse atrasado.

Entrei no caldeirão furado olhando diretamente para o relógio. Estava atrasado exatamente quatro minutos.

Minha mãe estava sentada em um banquinho, e quando me viu seus olhos se iluminaram.

— Vamos, seu pai já deve estar preocupado. – Disse gentilmente me dando o pó de flu. Disse o endereço de casa bem alto, chegando ao meu destino: lar, doce lar.


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Notas finais do capítulo

O que acham a respeito da garota misteriosa? E já sacaram quem é a ruiva e a fofoqueira? Se não comentarem eu fico muito triste.
Até o próximo capítulo. Beijos, Manu.