Acordo com um barulho de sapatos batendo no chão do quarto, abro os olhos lentamente e vejo que é Sienna se arrumando. Ai meu Deus, as aulas. Salto da cama e começo a pegar minhas roupas.

— Porque não me acordou? Você sabe que eu ia me atrasar se não acordasse agora! — pergunto a castanha que logo me da um olhar de desdém.

— Não sou despertador pra ter que acordar ninguém, e se não quiser se atrasar mais ainda sugiro que comece a se arrumar depressa — com isso ela levanta e quando esta prestes a sair pela porta fala:

— E da próxima vez acorde mais cedo — ela da uma piscadela e vai embora fazendo seu cabelo balançar dramaticamente a suas costas.

— Arrrrrg! — ainda mato essa cretina.

Lembro que estou atrasada e logo corro para o banheiro, tomo o banho mais rápido da minha vida e visto o meu uniforme já com o brasão da Sonserina que foi entregue ontem no meu quarto. Na hora de fazer a maquiagem opto por algo mais simples e discreto, passo uma base, delineador, rímel e um batom cor de boca e prendo a minha franja.

Pego os livros das matérias do dia e corro para a primeira aula que era de transfiguração, tendo que dispensar o café da manha. Quase caio quando desço as escadas e é quando chego em um dos muitos corredores que tinha ali que percebo que não sei onde estou indo.

Olho em volta desesperadamente tentando achar alguém conhecido e por sorte do destino vejo uma cabeleira ruiva andando um pouco distante a mim e logo reconheço como sendo Rose Weasley, corro em sua direção a chamando.

— Rose, Rose preciso de sua ajuda — digo arfando — eu não sei onde é a minha sala, eu to perdida, esse lugar é muito grande!

— Calma Hanna, eu vou te ajudar — ela ri da minha euforia e me acalmo rindo junto — hoje a Sonserina tem aula conjunto com a Grifinória, você pode vir comigo.

— Muito obrigada mesmo Rose, você me salvou — a agradeço começando a andar ao seu lado.

— Me lembrei de onde conhecia seu sobrenome — comenta quando viramos o corredor.

— Sobre isso, aconteceu uma coisa muito estranha — começo a dizer decidindo contar a ela o que acontecera na noite passada — ontem no jantar um menino começou a fazer perguntas estranhas sobre quem era minha família e os ofendendo, eu não tava entendendo nada, talvez você saiba de alguma coisa.

— Como era o nome desse menino, você sabe?

— Al....Alb — tento lembrar o seu nome quando Rose diz:

— Albus? — me pergunta e afirmo com a cabeça — eu sei por que ele falou essas coisas, apesar de eu achar bem idiota, até mesmo pra ele. Mas a história é o seguinte, resumindo, o pai de Albus, Harry, morava com os Dursley, suponho serem seus avós e seu pai e ele era muito maltratado. Obviamente seus filhos sabem da história e Albus quando soube que você era filha de Duda tomou as dores do pai e descarregou sobre você.

A então é por isso? Me lembro da história que meu pai me contou, agora tudo faz sentido! Mas nem por isso vou deixar de ficar com raiva daquele garoto, eu não tenho culpa de nada e ele não tem nada que ficar descarregando as coisas sobre mim e nem ofender a minha família, eles podem ter feito o que for, mas ele ainda é meu pai e se arrependeu e meus avós, bem, são meus avós.

— Mesmo que seja por isso que ele falou essas coisas ele continua sendo um grande babaca — falo e Rose ri, e é quando me pergunto da onde ela sabe toda essa história — mas, como você sabe de tudo isso Rose?

— Não sei se você vai gostar do que eu vou falar, mas ele é meu primo — ela me olha esperando alguma reação.

Droga, eu sempre dou esses foras, parabéns Hanna, fale mais mal do primo da menina para ela.

— Acho que eu não devia o ter chamado de babaca então — digo envergonhada enquanto Rose cai na gargalhada.

Estamos na frente da sala e quase todos os alunos já entraram.

— Acredite em mim quando eu digo Hanna, ele realmente é um babaca, ele e os amiguinhos escrotos dele, você ainda vai ver — ela da uma tapinha nas minhas costas e entra.

É eu acredito sim Rose, mas com toda a certeza eu não quero ver.

Entro na sala e me sento ao lado de Rose em uma mesa no meio e vejo que na nossa frente está Scorpius sentado ao lado de uma menina que não conheço.

As aulas se arrastam e cada coisa que aprendemos é uma novidade pra mim, é fantástico,  e eu achava que iria odiar, até parece. Tenho um pouco de dificuldade em comparação aos demais alunos, mas acho que quando eu começar as aulas particulares eu melhoro, ainda não sei que dia elas começam, só quero que seja logo.

A última aula é a de poções com a Lufa-lufa e essa sala eu sei onde fica. Como não saberia, depois que Rose e Lucy ficaram uns 5 minutos me ensinando o caminho e até desenharam, elas são ótimas, tive sorte de as ter encontrado. Chego à sala e entro olho e vejo que sou a ultima a entrar novamente e o único lugar vazio é no fundo ao lado de um garoto, quando vou chegando perto vejo quem é. É o babaca, ótimo.

Me sento e mal o olho, apenas seguimos as instruções do professor para fazermos a poção do antídoto para o amor.

— Então, eu.... — Ele começa a falar e olho para ele — eu queria pedir desculpas, eu não deveria ter falado aquelas coisas pra você.

Ele ta pedindo desculpas, ta talvez ele não seja tão idiota quanto eu pensei, eu vou aceitar as suas desc...

— Não é sua culpa ser filha de um cara tão imbecil e ter avos horríveis — ele diz com pena me olhando.

É, retiro tudo o que eu disse, ele realmente é um babaca e dos grandes!

— Eu não aceito as suas desculpas, quando você para de ofender a minha família quem sabe — falo irritada e volto a minha atenção para a poção. Estranho, era pra ela estar lilás agora e não verde.

— Olha não é bem isso que eu quis dizer, é que... — Ele começa a se explicar nervoso vindo em minha direção quando do nada a poção explode, ela suja a minha roupa, mas a grande parte vai toda para a cara de dele.

— Opa — digo sem querer e ele me da um olhar assassino

Seu rosto começa a ficar vermelho de raiva, ele vem em minha direção gesticulando com as mãos e gritando:

— A culpa é toda sua, você fez de propósito só pra acertar na minha cara.

A, mas agora já chega, eu não fiz nada! alguém tem que por esse garoto no lugar dele, e é isso que eu vou fazer.

— Eu não fiz de propósito coisa nenhuma, a culpa é toda sua por ser um imbecil, se você não estivesse tão ocupado não fazendo nada talvez isso não teria acontecido.

— Minha? Tem certeza que a culpa é minha? Está na cara que você fez de propósito, tudo porque não consegue ouvir umas verdades sobre o seu papaizinho.

— Mas você é um bastardo mesmo, lava a boca antes de falar dele, ele é muito mais homem que você garoto — ele fica vermelho de raiva novamente e quando vai retrucar o professor o interrompe com um grito:

— Basta, os dois, estão de castigo, vão já tomar um banho e me encontrem depois aqui que vou lhes dar suas devidas punições.

Olho para Albus com raiva novamente, bufo e saio da sala pisando fundo, seguida por ele que vem logo atrás.

Em todo o trajeto até as masmorras onde fica a Sonserina permanecemos calados, estou com tanta raiva, AAAAAA, quero gritar.

Chego a meu dormitório que está vazio e agradeço por isso, pelo menos não tem Sienna pra me perturbar. Tomo um banho e coloco outro uniforme limpo, seco o cabelo e faço a mesma maquiagem de antes.

Quando chego à sala de poções, os dois já estão la. O professor gesticula a mão pra eu sentar ao lado do idiota, reviro os olhos e relutante vou.

— Vocês dois, se já no primeiro dia estão de castigo o que posso esperar para o resto do ano? — começa a dizer o professor — Sempre você Potter, porque não estou surpreso? E a senhorita? Pelo que sei é o seu primeiro ano aqui, e já esta se comportando assim!

Ele anda de um lado para o outro e nós só o observamos sem dizer nada.

— Hoje por ser o primeiro dia vou só dar uma advertência e os deixar ir, da próxima vez haverá consequências, estou de olho em vocês dois, agora podem ir.

Quando ele diz isso respiramos aliviados. Dessa vez eu dei sorte, melhor eu ficar fora de confusão e para isso preciso ficar longe do Potter. É isso com toda a certeza não vai ser um sacrifício.