Sociedade dos Corvos escrita por Raquel Barros


Capítulo 27
Capítulo Vinte e Seis - Zoey




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—Sobre o que?

Indaga Cyrus, matando sua animação quase que imediatamente. Fico um pouco insegura, mas arrumo coragem e pergunto:

—Podemos adiar o casamento um pouco?

—Porque?

—Eu preciso pensar!?

—O que?

Pergunta em um tom uniforme muito controlado. Não recebeu muito bem, pelo visto. Repito com firmeza:

—Eu preciso pensar!

—Você tem dúvidas.

Afirma, a voz deu uma tremida com acusação. Não sei como ele consegue ser tão seguro sobre isso. É uma mudança drástica. Explico insistindo:

—É tudo muito novo, eu não estou conseguindo acompanhar.

—Está bem.

Suspira, depois de me encarar por um bom tempo, de mau humor. Ficamos em silencio até chegar à entrada da casa da mãe dele, quando eu arranjo coragem para perguntar:

—Está bravo?

—Estou cansado. Não quero conversar agora.

Está bravo. Fico quieta, me sentindo culpada. Já estou arrependida de ter pedido para adiar o casamento. Ouço o Cyrus me informar:

—O jantar será as oito, não precisa me chamar, vou tirar um cochilo.

No momento do jantar, ele realmente não apareceu. Eu e Rosely jantamos em silencio. Estava gostoso, eu acho. Não estou sentindo o gosto da comida direito. Estou extremamente emotiva. Realmente, sinto minha garganta fechada.

— Vocês brigaram?

Pergunta Rosely dando a ultima garfada. Eu meio que me encolho. Não brigamos, mas uma parte de mim preferiria ter brigado a esse silencio ártico. Balanço a cabeça, negando.

—Então o que foi?

—Estou insegura com o casamento.

Respondo baixinho, muito timidamente. Rosely levanta as sobrancelhas e considera as informações que recebeu.

—Faz sentido. Deixa-o quieto por um tempinho. Cyrus estava tão empolgado com o casamento que ele vai precisa pensar um pouco sobre suas inseguranças. Quando ele estiver pronto, ele vai falar contigo.

—Eu me sinto culpada.

—Não tem porque você se sentir culpada com seus sentimentos. Seria pior se no meio do caminho você sentisse que foi forçada a casar. E eu sei do que estou falando.

—Sim.

—Tome um banho e tenha uma boa noite de sono. Depois, quando estiver descansada, ai sim, você decide.

—Obrigada, boa noite.

Despeço-me de Rosely e sigo seu conselho.

Apago pouco tempo depois de ter deitado na cama. Acordo um pouco depois do nascer do sol, com o céu ainda clareando. Não consigo ficar na cama e dormir mais, então visto o roupão emprestado da Rosely e faço uma caminhada ate a cozinha. No caminho de ida, tem um monte de fotos de Cyrus criança e adolescente. Foi uma criança fofa e corada. Na adolescência já tinha uma beleza imatura. Só tirava fotos fingindo que era durão. Achei fofo. Tinha apenas uma foto com seu pai. Derek não parecia legal nem quando era vivo.

Continuo o caminho até a cozinha, onde passo por uma porta semi-aberta. É mais forte do que eu. Dou uma espiada. Acabo entrando na sala para olhar mais de perto.

Cyrus estava dormindo no divã, com uma mão pendendo para fora e os pés pendurados. O cabelo estava esparramado pelo encosto e brilhava em champanhe e rose. Sua respiração era lenta e os longos cílios dourados brilhavam. Era tão bonito. Não tem nada que eu consiga lembrar agora que é tão bonita. Agacho perto do divã, olhando. É um prazer estranho ver alguém que você ama dormindo. É um momento muito frágil.

Passo o dedo pela fronte de Cyrus, sem tocá-lo. Não queria acordá-lo, mas como foi irresistível, toco seu cabelo. Era realmente sedoso. Enrolo nos meus dedos. Cyrus tem um cheiro bem gostoso. Cheiro seu cabelo. Ele possivelmente usava um conjunto de sabonete e xampu da mesma marca.

Sinto seus dedos acariciando o lombo da minha orelha. Olha para ele. A cor dos seus olhos é o mesmo cinza do céu amanhecendo.

—Bom dia.

Sussurro timidamente, minha voz um pouco rouca. Cyrus sorrir, enquanto se espreguiça e senta no divã. Levanto e coloco as mãos na cintura.

—Bom dia.

Responde a voz também rouca. Ficamos em silêncio por um tempo. Uma sinergia estranha estava acontecendo entre nós dois. O ar parecia quente.

—Dormiu bem?

Pergunta Cyrus prendendo o cabelo em um coque desgrenhado. Ficou charmoso em um nível em que tive que me controlar para não beijá-lo. Respiro e o respondo:

—Sim. Eu apaguei, estava exausta.

—Que bom, eu também.

Aquele ar vibrante entre nós continuou. Eu gostaria e dizer a ele que sinto muito e que deveríamos casar hoje mesmo, para esquecer o que eu disse ontem.

—Eu já avisei para sua Majestade de que você precisa de mais um tempinho. Ele disse que tem que decidir em duas semanas, é todo o tempo que temos.

—Haha. Sim. Obrigada.

—De nada.

—Cyrus...

Chamo-o, me preparando para desabafar. Ele é o maior interessado nisso, então vou ser direta com ele.

—Sim?

—Você não tem medo desse casamento?

—Nunca passou na sua mente se casar comigo?

Pergunta com um dor na voz que não passou despercebida. Respondo rapidamente, por que causar dor no Cyrus, me causa dor:

—Passou, passa direto. É foi muito boom, vocês têm que se casar, xispem, vão para True.

—Se sente forçada.

—Não, Cyrus. Não. Foi repentino. Foi isso. E você não respondeu minha pergunta.

Lembro-o da minha questão. Cyrus pisca e levanta. Vai até a mala que ele trouxe da viagem, pega alguma coisa dentro e volta.

—Eu pretendia pedir sua mão em casamento nessa viagem a Onyx.Primeiro pediria para você, depois apenas para fazer um chamego para sua família, pediria aos seus pais. Era a única maneira que consegui pensar de ficar com você e passar confiança ao seu pai de que estou sério. Não estou brincando. Amo você. Quero passar o resto da minha longa vida com você. Talvez com um ou três divórcios, mas eu casaria com você novamente. E muitos filhos. E cachorros. Talvez um dragão. Moraríamos onde você quisesse e possivelmente seria perto da sua família. Eu teria que suportar Dexter todos os feriados e finais de semana, mas já estou pronto para isso. E minha mãe, se ela quisesse, eu compraria uma casa para ela em Onyx, assim nossos filhos poderiam ser próximos dela também. Eu não trocaria meu sobrenome, ele é da minha mãe, mas nossos filhos seriam todos Blood.

Apertei os dentes para não chorar. Era por isso que ele não sentia tão inseguro quanto eu. Tinha a impressão de que o Cyrus acordaria um dia e se arrependeria de ter se casado comigo. Respiro aliviada. Cyrus segura minha mão.

—Sinto muito, eu fiquei tão feliz com fato que me casaria com você que não me toquei que na verdade eu não fiz o pedido. Então, Zoey Blood, por favor, me dê à honra de se casar comigo. Você aceita?

Propõe Cyrus abrindo a caixinha de veludo. Tinha uma aliança com a pedra verde água dentro. Era muito delicada, com formato de gota e uma borda de folhas prateadas. Fui aos céus e voltei. Olhei para o Cyrus, seus olhos cinza cheios de expectativa e para aquele anel lindo, com a pedra semelhante a cor dos meus olhos. Repito o sim mais umas cinco vezes enquanto me lanço a abraçar o Cyrus. Ele me abraça com força enquanto suspira um graças a Deus em meus ouvidos.

—Sim.

Respondo sorrindo, agora um sussurro atordoado e muito firme. 

 


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