Tinha acabado de amanhecer. Um sol bonito iluminava a cidade com uma luz alaranjada sobre seus largos prédios e monumentos.

A cidade do conhecimento acordava acariciada por amenos e gelados ventos, próprios de Owner. Mas que apesar de tudo, hoje, regados ao sol, só traziam um ar conhecido de união e felicidade aos seus habitantes.

Foi assim naquele espaçoso, porém aconchegante apartamento naquela manhã.

Próximo ao último andar, naquele prédio metalizado e sóbrio. Um apartamento. Que agora era um lugar deles.

Normalmente envolvido em penumbra cinzenta, hoje parecia sorrir na cozinha, apesar de ainda manter os tons esbranquiçados. Provavelmente isso se devia a estonteante figura ali presente.

Uma legítima e pura descendente Krasfgår, a última original de sua raça.

Considerada a raça mais bela já reconhecida pelo universo, desde suas mulheres com aparência delicada aos seus homens com traços selvagens.

Eles possuíam as mais exóticas características, fruto de milhares e milhares de anos de tradição de seres que inicialmente foram considerados como místicos. Eles eram de cores ávidas, cores que refletiam seu comportamento direto e prático. Guerreiro por natureza. Seus olhos e cabelos avermelhados, pele muito clara... Eram traços que marcavam entre eles.

Mas a que estava ali, informalmente, na cozinha aquela manhã, era a princesa deles todos.

Não estava sendo uma princesa no entanto, até porque estava bem longe de Krasfgår. MaySteel MeyFlaire de Skriptfür, no seu caso, possuía a pele branca como a neve e suave como a seda. Mas seus longos cabelos eram loiros e não tinham cachos, eram ondas.

O que era sem dúvida sua marca Krasfgår eram seus olhos, os mais deslumbrantes já descritos. Sua íris era rosa e parecia brilhar como se tivesse gliter por ali, cercado de um mar esbranquiçado e liso, cortinado por longos cílios escurecidos.

A junção do todo era divina. Seu corpo era de uma bailarina, delicado e suave. Hoje pela manhã só em um vestido solto bege, se moldando pelas curvas bem desenhadas de seu corpo.

A parte de guerreira ficava mais para sua personalidade, que considerando em tempos mais tranquilos do que guerras, servia mais para lhe dar alguns traços de teimosia... Nada muito elevado, se você ignorar o fato de que ela fugiu de casa. Porque esse, ela teve motivos.

Um bom motivo. Lindo motivo. A razão dela respirar se quer saber... E ele acabara de entrar na cozinha.

Ele era alto de ombros largos. Seus músculos eram somente os mais desenvolvidos que eles podiam ser e isso não queria dizer nada sobre tamanho, muito pelo contrário. Tamanho e o desenvolvimento deles, de nada se relacionava.

De qualquer forma, era uma figura grande, mas esguia e que, assustadoramente, você podia só de olhar perceber o poder que exalava dali... Ele não era algo natural tampouco... Mas quem se importa com isso agora?

O rapaz estava com uma calça larga e sem camisa. Seu cabelo aloirado, do mesmo tom da garota, estava bagunçado sobre seu rosto como alguém que acaba de levantar e suas mãos estavam nos bolsos quando ele entrou pela sala.

- Não sabia que ia levantar tão cedo. – Ele disse com ar informal e se sentou à mesa de granito, onde a garota trabalhava em um prato. Ele ficou a olhando, ainda sem tirar as mãos dos bolsos, era muito provavelmente mais um dos trejeitos humanos que ele gostava de ter do que realmente frio.

MaySteel tinha seus olhos nele quando o cumprimentou com um meio sorriso sexy:

- Bom dia, Li. – Logo se voltando ao seu trabalho sobre a mesa, mas mantendo o sorriso insinuante em seus lábios, com o brilho e calor que subia ao seu rosto ao vê-lo.

Ele riu dela, deixando se formar um sorriso que ficava lindo em seu rosto, para em seguida se tornar sério novamente. Então, com um movimento de sua cabeça indicando os pratos ao lado, ele perguntou:

- Vai me dizer o que é isso?

- Oh! – Ela acompanhou a visão até onde ele indicou e viu os 3 pernis semi-prontos ao lado, parecendo só então se lembrar deles novamente. – Falhas. – A princesa constatou sem problemas. – Um não dourou, o outro o recheio caiu para fora e o outro... – Ela apontava listando os problemas. – Ah, o outro, eu acho que você pode ver o que aconteceu...

MaySteel parecendo querer ignorar aquele último, revirou os olhos e se concentrou em cortar os pedaços de limão para um novo recheio... Mas nesse momento, Liam já estava caindo na gargalhada do outro lado da mesa.

- Então talvez você devesse tomar cuidado com isso que está no fogo... – Ele falou em meio as risadas...

Ela olhou para trás assustada vendo que tinha uma panela com manteiga no fogão, queimando nesse momento.

- Oh, droga! – Tirou do fogo a panela, mas... – Merda, eu vou ter que fazer outro! – A linda princesa amaldiçoava, algo comum desde que saiu de Krasfgår...

O rapaz ria ainda mais, até que tentou se acalmar para constatar enfim:

- Eu definitivamente não estou indo comer isso.

- Liam! – Ela gritou o nome dele, o fuzilando com os olhos e ele só riu. – Eu estou tendo um super trabalho aqui... E eu estou fazendo isso para você.

MaySteel com aqueles seus brilhantes e incríveis olhos que conseguiam o fascínio de qualquer um, parou e o encarou na cozinha. Liam controlou sua risada, mantendo somente aquele seu conhecido sorriso sexy e ligeiramente travesso no rosto e sustentou o olhar da garota.

Ela era tremendamente linda, ele sabia o que ela estava tentando e não só sobre o pernil, mas, naquele momento, o olhando daquela forma. De qualquer jeito ela deveria admitir, era uma negação na cozinha.

Liam não sabia porque ela ainda se esforçava, mas talvez, lá no fundo, mesmo que ele dificilmente iria admitir, ele gostava de vê-la tentar. No entanto sua resposta foi:

- Não. Eu disse não. Se você está fazendo isso por mim, pode parar agora. Porque eu. Não vou comer isso. – Então ele riu mais uma vez de como o rosto dela se fechou para ele, mas logo o ignorou se levantando. – Eu vou abrir a porta.

- Por quê? Ninguém tocou a campainha... – E a própria garota se interrompeu, ao ouvir alguém abrir a porta, se xingando por dentro por ainda questionar. – É claro que ele sabia... – Ela sussurrou voltando ao recheio do seu pernil.

A garota que entrava não costumava precisar que abrissem para ela as portas. Então como de costume, ela fez ela mesma.

Liam se aproximou da entrada parando no meio da sala, enquanto via a Cleo entrar. Uma garota pequena, aproximadamente a mesma altura que a MaySteel, na verdade elas eram até bem altas, dependendo do referencial, é só que isso não era nada quando comparado a um cara como o Liam. Não que a Cleo tivesse qualquer problema com isso.

Tinha cabelos loiros também, mas um pouco mais escuros do que o casal ali dentro. Seus fios desciam lisos e formavam lindos cachos nas pontas. Ela usava uma calça apertada, um casaco de malha de qualidade e bonitos saltos naquela manhã. Seus cabelos estavam jogados para um lado e as diversas sacolas que carregava foram colocadas próximas a cozinha antes dela jogar os braços ao redor do rapaz, em um abraço caloroso.

Não era algo em especial, apesar dela gostar muito do Liam. Era simplesmente porque ela gostava de abraços, abraços de verdade, principalmente nas pessoas que ela que estima.

Então Cleo o soltou e olhou com seus brilhantes e otimistas olhos castanhos para ele. Eles se cumprimentaram silenciosamente com um sorriso, antes de ela dizer:

- E aí, como está a manhã de vocês?

- Muito bem, quase nem precisávamos de você... – Para logo ele completar: Se quiséssemos ter nossa casa em chamas...

- Cala a boca, não pode estar tão mal. – A bela e estilosa garota lhe deu um empurrão jocoso, que nem sequer moveu o rapaz e se virou para a cozinha que era anexa a sala.

MaySteel já os olhava, a princesa revirou os olhos da conversa entre eles e se fingiu de brava com um bico em seus lábios ainda cortando os limões.

- MayMay... – Cleo falou controlando o aparecimento de seu sorriso divertido como o Li, mas puxando a princesa para um abraço tão forte e caloroso quanto o anterior.

- Aw, você vai quebrar meus ossos.

A Cleo então riu.

- Foi mal. Olha o que eu trouxe. – Disse colocando as sacolas na mesa enfim. – O que vocês já fizeram?

- Eu estava fazendo um pernil, mas... – MaySteel colocou a mão na cintura e apontou de relance tentando ignorar os restos ao lado.

- Wow, o que são todos esses...? – Cleo disse após reparar no que May indicava.

- Falhas... – May divagou e balançou a cabeça. – Eu não quero falar sobre isso de novo.

Liam só se sentou novamente onde estava e roubou um salgado das sacolas que Cleo abria. Ela o ignorou, assim como ele parecia ignorar a conversa delas.

- Está tudo bem, cada um desses pode alimentar umas 7 pessoas...

- Ou matar elas você quer dizer...

As duas olharam para o Liam e ele só sorriu forçadamente para as garotas, colocando um novo pedaço daquela carne picada na boca.

- E o seu prato qual vai ser? Porque como você sabe, cada um tem que levar um. – Cleo o fuzilou com os olhos em defesa da amiga.

- Prometo comprar algo antes de ir. – Ele rebateu amigavelmente.

- Feito de próprio punho. – A nova garota completou, aumentando seu sorriso para ele.

- E quem inventou essa regra? – Liam questionou se debruçando sobre a mesa e se aproximando delas.

Ele era grande e ficar ao seu redor, definitivamente intenso.

Isso nunca foi um problema para a Cleo.

Ela só sorriu meiga para ele e encolheu os ombros.

- Vem cá e ajuda pelo menos. Nenhum dos meninos está fazendo de verdade. Pelo menos eu sempre coloco o Shaw para cortar cebola, é o que eu mais odeio. – Cleo confidenciou se voltando para a amiga. – Eles vão se envergonhar quando o Neo chegar com o prato dele...

Cleo divagava ali do lado na cozinha, um pouco alheia ao casal próximo.

MaySteel cortava os temperos para o recheio. Liam se aproximou por trás dela e a envolveu com seus braços, colocando suas mãos sobre as da princesa que desajeitadamente cortava os vegetais.

Então com uma habilidade sobrenatural, que poderia fazer dele um verdadeiro e maravilhoso Chefe se quisesse. Mas que no entanto, foi conseguida com outro propósito e cortando outros tipos de coisas, que não plantas. Ele guiou a mão dela em cortes rápidos sobre a tábua.

A garota real não estava somente impressionada com a habilidade dele, mas ela mal podia respirar naquele momento, com ele tão próximo. Ela levantou o rosto e o virou para olhar para o incrível loiro atrás dela, seus rostos estavam muito próximos. Liam a encarou raspando seus lábios na pele macia de May como uma provocação e logo inalou seu perfume que tinha um estranho poder de arrepiar a pele do rapaz.

Ele gostava disso.

- Ei... – Cleo olhou para eles. – Sério... O que vocês estão fazendo? Larga ela...

Liam se afastou obedecendo a Cleo e levantando as mãos.

- O que você mandou. Estava ajudando...

- Eu não acho uma boa ideia, ele nos ajudar... – MaySteel disse a amiga.

- É, você tem razão...

O rapaz deixou surgir em seu rosto uma sombra de seu sorriso travesso que tanto tentava impedir de aumentar. Logo antes de dizer:

- Ok, eu estou indo abrir a porta.

MaySteel o olhou instantaneamente balançando a cabeça, ela ficava realmente perturbada com aquilo. Não havia nenhum barulho.

Até que alguém tocou mesmo a campainha.

Já Cleo pareceu nem reparar.