Last Breath escrita por Bee


Capítulo 17
Capítulo 17.


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores. Eu deveria estar lendo uns textos pra faculdade, ou dormindo já que amanhã tenho que acordar às 5 da manhã, triste eu sei. Agora, sobre o capítulo de hoje, não tenho nada a comentar além de: "Não me matem"
Boa leitura.



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A saúde de Hugo decaiu muito depois que ele teve sua primeira vez com sua prima. Na prima semana, ele teve dores constantes na cabeça e precisou tomar morfina para que as dores cessassem. Na segunda semana, o médico constatou que os batimentos dele estavam descompassados demais e com um exame posterior, descobriu que os átrios de Hugo estavam deixando de funcionar lentamente.

Porém Lily, sua companheira leal, não saiu do lado dele a menos que tivesse que ir ao banheiro, ou para as aulas. Por mais que ela não quisesse deixar seu primo para ir para a aula, ela se esforçava, mas deixava o celular de Hugo em uma eterna conversa por vídeo com ela, mesmo que ele dormisse, ela estaria o observando e cuidando dele.

Quando saia da aula, Lily corria para casa, tomava um banho, engolia qualquer coisa para passar a fome, e partia novamente para a casa de seu primo. Só dormia na cadeira ao lado de seu primo, e não saia do lado dele. Por mais que Hugo não permanecesse com consciência na maior parte do tempo (tanto pelos remédios que o deixavam exausto, quanto pela dor constante que o afligia), ela ficava ao seu lado, contando sobre o dia dela, ou lendo um livro para ele.

Lilian Luna esperava ansiosamente pelos momentos de consciência dele, os raros momentos que isso acontecia eles conversavam sobre assuntos filosóficos e banais, dependia do dia. Em uma noite, antes de Lily cair no sono na não tão confortável cadeira do quarto, Hugo puxou a mão dela e fez a pergunta mais séria da sua vida.

— Você casa comigo? – ele perguntou com um sorriso doce e acalantado, e Lily não pode evitar de sorrir, ela teria muitas razões para dizer que não poderia se casar com ele, eles eram jovens, ele estava morrendo, ela estava morrendo por dentro, mas as razões para aceitar eram incrivelmente maiores, eles se amavam, e aquela poderia ser a última chance dos dois.

— Claro que vou casar com você. – ela respondeu sorrindo.

— Promete que vai parar de se cortar mesmo depois que eu morrer? – ele pediu, a voz saia arrastada e seca, ele lambeu os lábios com dificuldade, mas não conseguiu umedecer os lábios. – Eu não quero ver você se cortando, isso iria me fazer tão mal. Eu li... – ele umedeceu os lábios novamente e com a mão pediu um copo de água – Eu li em algum lugar que algumas pessoas tatuam uma borboleta ou algo delicado dessa forma onde costuma se cortar, e essa borboleta representa a pessoa que você mais ama. Se você cortar essa borboleta, você está cortando a pessoa. – ele tomava água ocasionalmente quando sentia que sua voz iria falhar ou sua boca secar demais.

— Isso é muito legal, Hugo, eu prometo. – Lily o encarou com um sorriso enorme no rosto, mas logo viu que Hugo já havia perdido da consciência novamente e então voltou a cochilar na cadeira.

Hugo havia dito que não queria ir para um hospital quando sua saúde começasse a cair, ele havia passado metade de sua vida em um hospital, e isso não é de nenhuma forma produtivo ou legal, ele queria morrer em casa, cercado de pessoas que o amavam e estariam ao seu lado.

Havia, claro, uma enfermeira que dormia no quarto de Rose e que cuidava dele com carinho sempre que possível, ela para o ciúmes de Lily dava banho em Hugo todos os dias, e o ajudava a ir no banheiro. Sempre cuidava para dá-lo os remédios certos, e aplicar a quantidade de morfina que o impediria de sentir dor.

Hermione não conseguia ficar muito tempo ao lado do filho, não porque ela não era forte, mas porque ela não tinha mais forças para vê-lo sofrer daquela forma e perceber seu filho ali, estava lutando por um momento de lucidez ou mais alguns minutos de vida. Todos percebiam os olhos dela inchados e a voz embargada sempre que ela tentava conversar animadamente. Todos percebiam, mas ninguém comentaria isso, não próximos a ela.

Ronald por outro lado tentou ser forte, por sua esposa e por seu filho, ele sempre passava as noites junto com Lily apenas olhando para Hugo com aquele olhar de quem se esforça para guardar na lembrança. Lilian não queria admitir para si mesma naquele momento, e talvez não quisesse admitir até que fosse tarde demais, mas Hugo estava morrendo.

No dia seguinte, após a aula, Lily demorou para chegar na casa de seu primo. Queria fazer uma surpresa para ele naquele dia. Por isso assim que pode ela correu para a casa, e se surpreendeu ao encontrar Hugo sentado confortavelmente em uma cadeira de balanço do lado de fora da casa, com Mary, a enfermeira ao seu lado e Rose do outro conversando com ele. Hugo se mostrou muito conversador naquele dia.

Ele contou piadas e perguntou a todos sobre como estava o seu dia. Ele estava muito lucido e isso fazia com que todos ali se sentissem aliviados e felizes. Principalmente Lily. Quando Mary e Rose entraram na casa conversando animadamente, Lily aproveitou para mostrar sua novidade para Hugo.

— Ei, amoreco, você lembra do que falou para mim ontem? Sobre algo que você leu em algum lugar que as pessoas usam uma técnica para parar de se cortar, onde eles tatuam algo delicado? – ela perguntou, mas o olhar confuso que ele lançou para ela respondeu sua pergunta. – Tudo bem. – ela prolongava as palavras. – Mas você disse, e bom, eu tatuei hoje, mamãe me deu dinheiro e como já tenho mais de 16 posso tatuar. E eu tatuei você. – Lily mostrou os dois gatinhos com uma cabeleira ruiva ridícula, mas que lembrava sim o olhar e o jeito de Hugo, nos dois pulsos. – Agora se eu me cortar, estarei te machucando. E eu nunca quero te machucar.

— Uau, essa é uma grande besteira, mas se servir para você não se cortar mais eu acho incrível. – ele disse brincalhão passando a mão lentamente pelo cabelo, algumas mechas saíram entre seus dedos e ele encarou aqueles fios ruivos em sua mão. – Ótimo, vou ficar careca e cabeçudo.

— Você não sabia que é dos carecas que elas gostam mais? Mary parece gostar de carecas. – a ruiva riu apontando para a casa com um sorriso brincalhão no rosto.

— Ela vive dizendo que ela quer me dar banho, não acho certo. Eu sempre digo que tenho uma namorada incrível que pode chegar a qualquer momento. – ele brincou pegando a mão dela com carinho.

— Quem é a maluca que namoraria com você?

— Você, pelo menos eu acho que somos namorados. – ele sorriu e Lily sem nem ao menos perceber se inclinou um pouco para a frente e o beijou delicadamente nos lábios.

Ela sentia os lábios secos dele contra os seus, e as mãos dele passeando pelos cabelos dela. Ela não queria que ele esquecesse dessa conversa inocente, mas sabia que provavelmente no dia seguinte ele já estaria lutando por momentos de lucidez.

Ela subiu junto com ele para o quarto, e ficou o observando dormir. Queria ficar ao lado dele e ouvir aquela respiração até que seus ouvidos se acostumassem a ela, queria reparar naquele rosto como nunca havia feito, queria contar quantas sardinhas ele tinha no rosto, no peito, nos braços e nas mãos. Queria guardar todo e qualquer detalhe dele.

Não percebeu quando caiu no sono, mas caiu da mesma forma que havia se apaixonado por seu primo, de maneira calma e repentina. Teve sonhos agitados naquela noite, sonhou que Hugo caia de um precipício enorme e sem fim, e ela nunca conseguia salvá-lo, ela tentava segurar sua mão e o puxar para cima, mas nunca conseguia.

Ela acordou inquieta algumas vezes, e segurou a mão de Hugo fortemente. A sua mão estava gélida, e ela sabia disso, por isso tentou esquentá-la nas de seu primo. Ajeitou-se novamente na cadeira e sorriu quando Mary entrou no quarto para checar tudo. Mary era uma mulher de no máximo 35 anos, e era bonita, negra e incrivelmente dedicada, ela ficava o dia todo cuidando de Hugo – Lily sabia disso já que passava a maior parte de seu dia ali, e a outra metade observando Hugo.

Ela havia contado para seus pais no inicio da semana que ela estava apaixonada por Hugo, que ela o amava mais do que uma prima ama um primo. E por incrível que pareça seus pais não pareceram chocados, apenas tristes por toda a situação, e Lily percebeu que cometeu um erro ao não se abrir com eles logo no inicio.

E por ela ter se aberto em relação ao seu amor pelo primo, eles a deixaram livre para passar um tempo com ele e aproveitar. Eles sabiam, Hermione e Ron sabiam, Rosie sabia e Mary também, até mesmo Hugo sabia que deveriam aproveitar agora, antes que fosse tarde demais. Mas Lily se negava a acreditar em algo tão horrível, ela amava Hugo demais para admitir que ele estava morrendo.

Quando Lily voltou durante as próximas duas semanas, Hugo se alternava entre momentos de lucidez total e momentos de confusão, isso deixava Lily esperançosa e deprimida. Quando ele estava lúcido, ela acreditava que ele iria sobreviver e eles seriam felizes. Mas nos momentos de confusão ela só conseguia chorar quando ia ao banheiro.

Gostaria de poder a dizer a vocês e a Lily que tudo iria melhorar, que Hugo se curaria da noite para o dia, ou que um milagre ocorreria. Mas essa não é uma dessas histórias, nessa história Hugo está no estágio 4 de um câncer agressivo, e ele não iria regredir mais. Hugo irá morrer antes que uma lágrima escorra de seus olhos.

E não demorou para acontecer finalmente isso. Não demorou muito para a morte chegar e pesar sobre aquela casa antes tão alegre. No sábado Lily tinha ido rapidamente para sua casa, tomar um banho e comer alguma coisa, quando Rose chegou correndo.

— Hugo acordou e quer falar com você. – Rose disse com dificuldade por causa da corrida e pela tristeza que comprimia seu peito, ela já havia ouvido falar de pessoas que nessa fase do câncer chamaram seus entes queridos para o último adeus.

— Tudo bem, vamos lá. – Harry disse vestindo o tênis e pegando a chave do carro. Ginny e Harry ainda estavam de pijamas, e ambos só colocaram um tênis que não combinava em nada com a roupa e seguiram para o carro as pressas. Lily ainda estava com uma toalha na cabeça e roupão, mas não se importou, correu descalça e de roupão para o carro. Jogou a toalha que estava em seu cabelo e tentou arrumar o emaranhado que se formara em seu cabelo com os dedos.

Chegaram em menos de dois minutos a casa de Hugo, e subiram para o quarto. Primeiro Ginny e Harry falaram com o garoto que agora parecia muitos quilos mais magro, e depois com um olhar condescendente, eles saíram do quarto abrindo caminho para que os dois conversassem. Lily se aproximou lentamente do primo, e beijou aqueles lábios, pelo que ela sabia poderia ser a ultima vez.

— Você vai ficar bem? – ele perguntou sério para ela.

— Como nunca antes. – ela disse apenas, tentando se manter forte, mas sabia que as lágrimas estavam se formando e deixando seus olhos marejados.

Com um sinal Hugo pediu que ela deitasse rapidamente ao lado dele e segurasse a mão dele com força, isso o acalmava para o que poderia vir a seguir naquele momento. Eles ficaram se encarando, imersos naquele silêncio delicioso que só se compartilha com seu verdadeiro amor, onde nada precisava ser dito, apenas sentido.

— Eu estou com medo. – ela disse séria o encarando.

— Eu também, mas acho que é normal. Mas eu estou feliz por ser você que está comigo aqui nesse momento. – ele sorriu levemente para sua prima, mas o sorriso logo se fechou – Eu sempre sonhei em morrer nos braços da mulher que eu amo. Mas eu esperava que isso acontecesse quando eu fosse bem mais velho.

—Você é um idoso, e eu também. – ela se conteve em dizer, mas com um tom jocoso acrescentou – Você sempre disse que eu tenho cento e cinquenta anos.

— Verdade, você é uma idosa. – Então Hugo bocejou calmo e sorriu para ela. – Quer dormir ao meu lado uma ultima vez?

Lily não dormiu, apenas Hugo. E dormiu eternamente. Lily ouviu calmamente a respiração de Hugo se acalmar, e por fim ele dar seu ultimo suspiro, e ela gritou. Gritou com sua alma. Mary subiu correndo com Ronald e Harry em seu encalço, Hermione veio amparada por Ginny, quando chegaram na porta, e viram o olhar de Lily e de Mary, elas sabiam o que havia acontecido, e então Hermione começou a chorar desesperadamente.

Lilian chorava desesperadamente, a mão de Hugo ainda sobre a sua e todos ali a encarando. Harry segurou a filha nos braços, e ela chorou ainda mais. Ela não ouviu nada do que disseram, mas isso não a incomodou, seu pai a levou no colo para fora do quarto, e a levou até a sala. Ginny apareceu com Hermione em um estado de desespero parecido. Harry e Ginny as deixaram sentadas sobre o sofá e foram para a cozinha, voltando alguns minutos depois com um chá e algumas pílulas.

Pílulas que fizeram as duas pararem de chorar e dormir. Quando Lily acordou no dia seguinte, ela se arrumou e desceu correndo para a cozinha, onde ela gritou para a mãe que iria ver Hugo. Ginny derrubou a xicara que ela segurava, e encarou a filha com uma cara perdida e entristecida.

— Querida, você não pode mais ir ver o Hugo, ontem você sabe, ele morreu.


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Notas finais do capítulo

Podem chorar, podem gritar, o que acharam? Não consegui fazer o Hugo sofrer, ele morreu tranquilamente, enquanto dormia, então não me julguem. Bom, qualquer erro me avisem, não tive tempo de revisar, preciso dormir. Beeijos, amo vocês.



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