Seddie, a história continua II escrita por Nany Nogueira


Capítulo 9
O castigo de Isabelle




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Isabelle sentou-se à mesa na ponta oposta à mãe, temendo o que viria a seguir:

— Mãe, primeiramente, eu gostaria de te lembrar que bater em criança é crime. Pai, eu gostaria de te lmbrar que serei sempre sua garotinha e que sempre vou te amar mais que tudo e em primeiro lugar...

— Você só é criança quando te interessa! Pula o drama e vamos ao que interessa. Explique o inexplicável – falou Sam, sem paciência.

— Eu ia contar toda a verdade pra vocês, mas eu tinha combinado com o Cris que ainda não era a hora. Aposto que aquele linguarudo já contou tudo pra dinda ou foi a Sophie? Não acredito que dei tantos doces pra aquela menina ficar de bico fechado...

— Você subornou minha filha com doces? - perguntou Carly, indignada – Ela tá com cárie, você sabia? Belinha, foi muito irresponsável! Ainda meteu o Cris nessa história?

— Acalmem-se Carly e Sam. Deixem a Belinha acabar de explicar – defendeu Freddie.

— Não está bravo comigo pai?

— Não apoio o que fez, mas quem nunca falsificou a assinatura da mãe porque não fez o dever de casa? Também não é pra tanto.

— Eu nunca! Isso foi uma mentira! Deveria ter feito como o Cris que veio me contar que não fez o dever. Aprenda com seu amigo que nunca mente – orgulhou-se Carly.

— Vai nessa dinda.

— Quer esclarece a todos o que quer dizer com isso Isabelle? - quis saber Sam.

— Nada! Então é isso... não fiz o dever... peço desculpa... mereço um castigo! Ja sei! Mãe, prometo lavar a louça o mês inteiro.

— Acha o suficiente Freddie? - perguntou Sam ao marido.

— Parece-me muito bom – respondeu Freddie.

— Você não tem jeito mesmo nerd! Essa menina tá estragada de tão mimada por sua causa – ralhou Sam.

— Belinha só me dá orgulho! Pisou na bola, mas já se arrependeu. O importante foi que ela reconheceu seu erro e pronto.

— Eu tenho uma ideia muito melhor para a Belinha reparar seu erro – disse Sam com um sorriso maligno.

— Tô ficando com medo mãe. Vai me mandar para o reformatório?

— Já estive lá, não é tão ruim. Mas, planejo outra coisa...

— Fala logo Sam, até eu já tô ansiosa – pediu Carly.

— Lembram-se que eu falei que precisava contratar mais um funcionário para me ajudar no restaurante? - Freddie e Carly assentiram com a cabeça – Não preciso mais! Já encontrei! Estão olhando para minha nova funcionária: Isabelle Puckett Benson! - apontando para a filha, que arregalou os olhos.

— Mãe, não posso trabalhar! Sou muito jovem e tenho que estudar, fazer deveres...

— Ah, agora a senhorita precisa fazer dever?! Faça a noite! Durante as tardes, nos dias que não tiver aula em período integral e nos sábados, estará ocupada no seu novo trabalho – determinou Sam.

— Mas aí eu não vou ter mais tempo pra sair com meus amigos.

— Saía no domingo. Aprenda a reequilibrar seu tempo. Tá na hora de ter mais responsabilidade.

— Por acaso vai me pagar? Se não me pagarem é trabalho escravo e é crime!

— Vou te pagar um salário mínimo e a partir de agora não tem mais mesada.

— Você é uma tirana! - gritou Isabelle, levantando-se – Pai, faz alguma coisa – olhando para Freddie.

— Sam, eu acho que você exagerou! - defendeu Freddie.

— Tem mais um motivo para eu não querer a Isabelle sozinha pelo Bushwell Plaza no tempo livre – contou Sam.

— Qual é? - perguntaram Carly e Freddie curiosos.

— Ela sabe o motivo, pergutem a ela.

— Porque eu falsifiquei sua assinatura e porque você é louca! - respondeu Isabelle, raivosa.

— É só isso mesmo Isabelle? Vejo que você tem mesmo que aprender a ter responsabilidade. Tá na hora de crescer, de assumir suas escolhar. Trabalhar será muito bom nesse processo de amadurecimento.

— Não sei do que está falando mãe. Com a minha idade você já trabalhava?

— Trabalhei, numa lanchonete.

— E largou o emprego assim que eu e Carly arrumamos o dinheiro que você nos devia. Ainda pagamos um cara para te entregar como uma gorjeta gorda – lembrou-se Freddie, rindo.

— Não sem antes barbarizar o lugar – completou Carly, rindo também – Durou o quê? Uma semana? Depois ainda usou o dinheiro para comprar um pula-pula em vez de nos pagar!

Carly e Freddie riam sem parar.

— Muito obrigada por me ajudarem a educar minha filha. É essa mesma a função do pai e da madrinha – ironizou Sam.

Carly e Freddie se calaram. Sam prosseguiu:

— Isabelle, não tem mais nada que queira nos contar?

— Não.

— Ótimo, você começa no restaurante amanhã.

Isabelle foi para o seu quarto, sentou-se na cama, pensativa.

“Sam poderia saber do seu relacionamento com Cris?” - essa pergunta não parava de atormentar Isabelle.

Na cozinha, Carly levantou-se e disse aos amigos:

— Preciso voltar pra casa, Gibby disse que iria preparar um prato especial pra mim hoje. Ele é um amor!

— O gordinho te pegou pelo estômago – comentou Sam.

— Não só por isso. Enfim... Sam, você pode ficar com a Sophie nesse final de semana? Eu e Gibby vamos ao campeonato de xadrez do Cris e ela não para quieta, destesta isso.

— Por que será? - perguntou Sam, rindo e imaginando o quanto poderia ser tedioso um campeonato de xadrez – Claro que eu fico com minha afilhada. Adoro a Sophie, até porque ela me conta coisas incríveis, nunca esconde nada da madrinha favorita.

— Sam, você é a única madrinha, então não pode ser a favorita – observou Freddie.

— Foi jeito de falar patetão.

— Sam, não gosto quando me chama assim, nem de brincadeira. Vou passar a vida repetindo isso?

— Então pare de repetir.

— Já vi que os dois vão começar... partiu 8C – saindo do apartamento.

No dia seguinte, no colégio, Isabelle chamou Cris para conversar a sós na hora do intervalo. Os dois sentaram-se num banco do pátio à sombra de uma árvore, onde anos antes Cris havia zombado de Isabelle por ter perdido o primeiro dente de leite.

— Vai terminar comigo Belinha? - perguntou Cris, apreensivo.

— Não é nada disso. Só estou preocupada. Acho que minha mãe descobriu o nosso namoro ou, ao menos, desconfia. Deu-me um castigo de trabalhar no restaurante para eu amadurecer e aprender a assumir meus atos. Começo lá hoje.

— Vai ver ela só quer que você amadureça como ser humano.

— Claro que não bobalhão! Conheço minha mãe! Ela fez insinuações, perguntou várias vezes se não quero contar nada.

— Não precisa me ofender, só quis ajudar.

— Mas não tá ajudando em nada! Não vê que tô apreensiva com essa história? Minha mãe parece cão de guarda, não quer mais me deixar sozinha. Quer que eu esteja sob a vista dela o tempo todo!

— Simples, vamos contar a todos que estamos namorando.

— Daí mesmo que minha mãe vai me trancar no quarto a pão e água.

— Belinha, seus pais me conhecem desde que eu era criança. Não irão achar tão ruim eu ser seu namorado. Melhor eu que um desconhecido.

— Diz isso para os neuróticos dos meus pais!

— Sabe o que eu acho Belinha? Que a neurótica com essa história é você! Não tinha nada demais contar a verdade para os seus pais e pra todo mundo! O medo de assumir relacionamento é seu e não deles!

— Não é nada disso!

— Ah não? Então deixa eu te acompanhar até o restaurante da sua mãe e nós contamos juntos aos seus pais.

— Eles estão bravos comigo, não é a hora.

— Claro que não é a hora! Nunca vai ser a hora! Você não quer ser minha namorada para valer! Até parece que você tem vergonha de mim!

— Você tá interpretando tudo errado. Por que eu teria vergonha de você? Eu te amo Cris!

— Belinha, um dia você falou que assumiríamos um namoro quando você estivesse pronta, mas vejo que não está! Sua mãe tem razão, você precisa amadurecer. Não duvido que me ame como eu te amo, mas não é a hora! Pra mim já deu. Diga pra sua mãe relaxar. Não terá mais ninguém para namorar escondido – falou Cris, magoado, caminhando em direção à área interna do colégio.

— Espera Cris! - gritou Isabelle, sem ser atendida.

Atrás da árvore, Richard ouvia a tudo e sorriu espontaneamente, ideias se formavam na sua cabeça.


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