Seddie, a história continua II escrita por Nany Nogueira


Capítulo 4
A armação de Isabelle


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo quentinho! Espero que estejam gostando da continuação.



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Cristopher esperava ansioso por Brenda na Praça de Alimentação do Shopping, olhava a hora no celular a cada minuto e já havia se desesperado ao se dar conta de que a menina estava 10 minutos atrasada.

– Ela desistiu! - concluiu ele, em voz alta.

– Quem desistiu? - perguntou a ruiva com um lindo sorriso, parada atrás de Cris.

– Ninguém. Nada. Quer se sentar? - preguntou Cris, sem graça, puxando a cadeira para ela.

– Obrigada, você é muito gentil – elogiou Brenda, sentando-se e arrumando uma mecha do cabelo ruivo que havia caído sobre a face.

Perto dali Isabelle obseravava tudo com um sorriso maroto.

Cris levantou-se e foi comprar o lanche para eles. Eddie e Nick viram a bolsa de Brenda na cadeira ao lado dela. A menina estava entretida no celular.

– Eu vou lá e pego a bolsa, você fica na retaguarda. Qualquer coisa distrai a menina – pediu Nick a Eddie.

– Ok – concordou Eddie, nervoso.

Nick, com uma caixa nas mãos, foi se aproximando de Brenda. A menina pegou a bolsa para guardar o celular e Nick fez sinal para Eddie entrar em cena.

Eddie apareceu na frente de Brenda com cara de choro:

– Eu me perdi dos meus pais, pode me ajudar?

– Claro, fica calmo. Onde você os viu pela última vez? Você tem o número deles? - perguntou ela preocupada.

– Tenho, liga pra mim?

– Sim – disse Brenda com o celular na mão – Pode dizer.

– Vem mais pra cá moça – puxando Brenda da mesa e fazendo-a se afastar da bolsa – Aqui o sinal costuma ser ruim.

– O sinal tá normal – tentando voltar pra mesa, sendo puxada novamente por Eddie, que começou a chorar.

– Me dá um abraço? - pediu ele.

– Claro – disse Brenda, comovida, abraçando o garoto.

Nick colocou o que queria dentro da bolsa de Brenda e fez sinal para Eddie, que soltou Brenda, dizendo:

– Valeu moça, mas acabei de ver meus pais lá – correndo na direção que Nick apontou.

Brenda voltou a se sentar sem entender o garoto.

Cris chegou com uma badeja com dois hambúrgueres, duas porções de batatas fritas e refrigerantes. Colocou sobre a mesa e sentou-se diante de Brenda.

– Demorei? - perguntou o menino.

– Não, mas nesse meio tempo aconteceu algo bem estranho.

– O que?

– Um garoto se aproximou, disse que tinha se perdido dos pais, mas depois disse que já tinha achado e saiu correndo.

– Menos mal. Vamos comer?

– Claro. Só deixa eu guardar o celular – falou Brenda, pegando a bolsa.

Quando ela abriu a bolsa, um sapo pulou de dentro no colo dela. A menina começou a gritar desesperada, chamando a atenção de todos em volta. Sem saber o que fazer, Cris abriu os copos de refrigerante e atirou em cima do sapo, molhando Brenda.

O sapo pulou e Brenda chorava nervosa, perguntando:

– Isso foi o melhor que pôde fazer? Estou toda molhada!

– Eu acho que sim. Fiquei nervoso, agi por impulso, desculpe. Eu tenho pavor de sapo. Eu posso comprar uma roupa nova pra você.

– Não quero! Vou ligar pro meu pai, quero ir pra casa.

– Eu te acompanho.

– Não precisa.

De longe, Isabelle, Eddie e Nick riam e comemoravam a vitória.

No dia seguinte, no Ridgeway, Cris, Isabelle e Alison pegavam o material escolar nos armários quando Cris viu Brenda passando e foi falar com ela:

– Oi Brenda, tudo bem? Deu pra tirar a mancha do seu vestido?

Brenda olhou feio para Cris e nada respondeu, passando.

Isabelle não perdeu a oportunidade e disse:

– Pelo visto seu encontro foi um fracasso Cris – rindo – Também, o que esperar de um mané como você? Tenho pena da Brenda.

– Será que o sentimento é esse mesmo Belinha? Ou seria inveja em vez de pena? - revidou Cris.

– Inveja do que? De sair com você? Me poupe! Vê se te enxega, te olha no espelho. Até parece que vou querer ser vista na sua companhia. Isso vai queimar meu filme.

– Eu é que não quero ser visto com a Rainha da encrenca por aí.

– E eu com o Rei dos manés!

– CHEGA!!! - gritou Alison, fazendo Isabelle e Cris se calarem.

Richard se aproximou:

– Eu tinha algo legal pra falar, mas tô vendo que não é um bom momento – tentando dar meia volta.

Isabelle foi rápida e segurou Richard pela mochila quase o derrubando.

– Não precisa me jogar no chão Belinha, basta me chamar de volta – reclamou o garoto.

– Acontece que ela é grossa e sem educação – provocou Cris.

– Nem vou me ofender, já sei que tá mal-humorado porque levou um fora, quer descontar suas frustrações em cima de mim. Você me desperta pena Cris – respondeu Isabelle.

– Pelo menos eu tenho com quem sair, já você, quando foi mesmo que teve um encontro? - indagou Cris.

– Eu poderia ter vários se eu quisesse, acontece que sou muito ocupada.

– Ou será que é apaixonada por outro garoto?

– Quem sabe né? - perguntou Isabelle, piscando para Richard, que ficou surpreso.

Isabelle passou um dos braços sobre os ombros de Richard e disse em tom de flerte:

– Agora conta gatinho, qual a novidade?

Richard ficou ruborizado, respirou fundo e disse:

– Vai ter acampamento do colégio no próximo final de semana.

– Eba! Adoro acampamento! - comemorou Alison.

– Eu também! Companheiras de barraca? - perguntou Isabelle para Alison.

– Claro, companheira – concordou Alison.

As duas meninas bateram as mãos.

Richard indagou a Cris:

– Eu e tu na barraca?

– Quem sabe – respondeu Cris com a cara fechada, subindo as escadas em direção à sala de aula.

Depois das aulas, Isabelle chegou em casa empolgada com uma autorização para passeio escolar em mãos, colocando na mesinha central da sala em frente a Sam e Freddie que assistiam televisão abraçados. Bolinha cochilava no colo de Sam.

– Sai da frente da TV garota – pediu Sam, empolgada com “Celebridades em baixo da água” - Tá na prova final.

– É rapidinho, só assinem essa autorização – pediu a menina.

Freddie pegou para ler, enquanto Sam continuava vidrada na TV evitando movimentos bruscos para não perturbar o sono de Bolinha.

– Autorização para um acampamento no final de semana – constatou Freddie da leitura do documento – Não sei se isso é seguro. Belinha, você é alérgica a picada de insetos...

– Eu uso repelente pai.

– Mas você é muito nova para ficar sozinha, no meio do mato, com pouca supervisão e no mesmo local que garotos com hormônios a flor da pele, você sendo linda desse jeito – preocupou-se o pai.

– Pai, eu sei me cuidar. Vou dividir a barraca com a Alison e não quero saber de garoto nenhum. Só quero me divertir. Qual o problema? Nunca acampou na minha idade.

– Acampei, por isso mesmo não acho uma boa ideia você ir.

– Dá para calarem a boca? Quero ouvir o programa! – pediu Sam, impaciente, fazendo um movimento brusco que despertou Bolinha meio tonto. O cachorro pulou em cima de Freddie rosnando, pensando que ele o tivesse despertado.

– Tira essa fera de cima de mim! - gritou Freddie defendendo-se com uma almofada.

Sam começou a rir e Isabelle pegou o cachorro no colo, rindo também.

– Na boa Freddonho, você consegue ser mais comédia que essas celebridades decadentes – zombou Sam.

– Acha graça porque não era você que essa cachorro queria morder! Ele me odeia! - falou Freddie, nervoso.

– Menos drama, amorzinho – pediu Sam.

– Papai é mesmo muito dramático, né mãe? Mas, você não! Por isso tenho certeza de que não vai achar nada demais eu ir num acampamento do colégio no final de semana e vai assinar essa autorização.

– Não vou mesmo.

– Por que? - perguntou Isabelle em tom choroso.

– Você tá de castigo, lembra?

– O que foi que eu fiz?

– Foi o que você não fez e não foi pouca coisa. Eu posso começar a enumerar: não arrumou seu quarto, não lavou a louça no seu dia, não buscou seus irmãos no clube AV e no jogo de basquete, não levou o Bolinha pra passear a semana inteira, e, principalmente, não devolveu o meu sapato de salto predileto!

– Eu devolvi seu sapato.

– Sim, com o salto quebrado!

– Foi um acidente.

– Então pegue o dinheiro da sua mesada e me compre um sapato idêntico novo.

– Se eu fizer isso posso ir?

– Não! Se você fizer isso, lavar a louça até o final da semana, levar o Bolinha pra passear todos os dias, não esquecer mais de buscar seus irmãos e arrumar o seu quarto.

– Fechado – aceitou Isabelle, estendendo a mão para a mãe.

Sam apertou a mão da filha, concordando com o acordo.

– Agora assina – pediu a loirinha.

– Claro que não. Só assino depois que você cumprir a sua parte no acordo. O acampamento é só no final de semana e ainda estamos na segunda-feira, tem tempo.

– Vai ser uma longa semana – reclamou Isabelle.

– Uma longa semana de aprendizado. Espero que a senhorita fique mais responsável depois disso.

– Sabe que a vovó Pam vive me contando o quanto você era uma adolescente mil vezes mais preguiçosa que eu?

– Quer mesmo que eu assine isso? - perguntou Sam.

– Sim mamãe, esquece o que eu disse – respondeu Isabelle, resignada, caminhando para o quarto.

Freddie falou para a esposa:

– Tem certeza de que a Belinha não vai dar conta de tudo né?

– Tanto faz. Se ela cumprir o acordo, assino a autorização.

– Mas pode ser perigoso a nossa garotinha sozinha no meio do mato com um monte de tarado em volta.

– Deixa de ser super-protetor gatinho. Belinha não é a típica mocinha indefesa. Agora, fica quietinho e me abraça. Quero ver o programa juntinho.

– Assim? - perguntou Freddie, aconchegando Sam em seus braços.

– Isso mesmo. Merece até um beijinho – dando um beijo estalado nos lábios do marido.

Enquanto isso, no apartamento 8C, Cris chegou do colégio e se jogou no sofá desanimado. Carly trabalhava com o notebook aberto sobre a mesa da cozinha, enquanto Gibby desenhava com Sophie sentado no chão.

– Tá tudo bem querido? Como foi a aula hoje? - perguntou Carly, levantando-se da mesa e indo se sentar ao lado do filho no sofá.

– Foi normal.

– Nada de novo?

– Só um acampamento no colégio no final de semana, mas nem quero ir.

– Por que não? Eu acho acampamento muito legal!

– Eu também! Uma vez eu fui a um acampamento! - contou Gibby, empolgado.

– E? - perguntaram Carly e Cris ao mesmo tempo.

– E nada. Só fui mesmo. Nem toda história precisa ter algo interessante – respondeu Gibby, frustrando a esposa e o filho.

– Vai ao acampamento meu amor, vai ser bom pra você. Tô te achando chateado desde o encontro com aquela menina. O que aconteceu? - perguntou Carly ao filho.

– Nada mãe, além do fato de que sou um medroso desastrado.

– Como assim?

– Nada, deixa quieto, vou tomar banho – disse Cris, pegando a mochila e indo em direção ao quarto.

Carly falou ao marido:

– Gibby, conversa com ele. Cris tá precisando de uma conversa de homem pra homem.

– Acha que eu já não tentei? Ele não quer conversar comigo. Adolescentes não querem mais os pais em suas vidas.

– Está sendo exagerado mozão. Eu mesma vou convencê-lo a ir a esse acampamento, vai ser bom pra ele.

– Boa sorte mozinho.

Carly abraçou Sophie, dizendo:

– Cresce bem devagar amorzinho.

– Eu já sou uma mocinha, mamãe – falou Sophie.

– Não – choramingou Carly, rindo na sequência e fazendo cócegas na barriga da filha, arrancado risadinhas.

No decorrer da semana, Isabelle arrumou o quarto, lavou a louça todos os dias, nunca mais esqueceu os irmãos em atividades extra-curriculares, levou Bolinha para passear todos os dias, porém, encontrar os sapatos de Sam parecia uma missão impossível.

Da mesma forma, para Carly convencer Cris a ir ao acampamento parecia uma missão impossível, apesar das constantes insistências.


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