Legado dos Deuses escrita por Beatrice


Capítulo 3
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

Olá, semideuses! Como estão?

Pessoal, nem sei por onde começar a me desculpar por essa demora enorme em postar o próximo capítulo. Aconteceram várias coisas na minha vida que me deixaram desanimada, não para escrever essa história, mas no geral - e isso me gerou um bloqueio criativo que ainda estou tentando vencer. Peço mil desculpas por demorar a postar e agradeço aos que ainda estiverem aqui! Vocês são muito importantes!

Extsy, Mari, FilhinhaDaDite, bialara, Lilica611 e Alexandria Rogers Wayne, fica aqui o meu muito obrigada a vocês por terem comentado no capítulo anterior! Vocês são lindos *-*

Desejo uma boa leitura a todos!



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II

Ira silenciosa

 

Frank não sabia o que faria primeiro quando entendeu que fora tudo uma mentira: gritar de raiva ou chorar.

A ficha caiu ao se deparar com um grupo de canadenses perto da antiga casa da avó. Embora preferisse chamá-los de lestrigões, o nome dos monstros não importava agora. Estavam esperando por ele, em uma armadilha na qual caíra perfeitamente.

Frank mal teve que pensar duas vezes antes de se transformar em um elefante, a primeira coisa que lhe veio à cabeça grande o suficiente para não ter tanto trabalho. Matar em forma de algum animal sempre era mais fácil; ele descobrira isso da primeira vez que acontecera. Era mais fácil matar quando não era ele mesmo.

O chão pareceu tremer quando os lestrigões se movimentaram em sua direção – ou talvez fosse apenas sua nova forma. Frank se lembrava da outra ocasião em que se transformara em elefante, lutando ao lado de Ares contra os gigantes. Na hora, a adrenalina correndo nas veias e a preocupação de salvar o mundo quase haviam obliterado o fato de que estava em uma batalha junto de seu pai divino.

Só havia parado para pensar nisso mais tarde, depois de toda a guerra no Acampamento Meio-Sangue ter acabado de verdade. E não sabia o que sentir. Ares parecia um louco lutando, e não tiveram tempo de conversar antes de Zeus mandá-los de volta a New Jersey. O contato com seu pai se resumia à voz de Marte em sua cabeça quando os lados romano e grego dos deuses estavam divididos.

O pensamento fez a raiva dentro de si crescer. Ele esmagou um lestrigão sob uma de suas patas e o reduziu a pó em um segundo. Empurrou outro para o lado com uma cabeçada que o derrubou, e entrou em uma luta com o terceiro, avançando para ele do modo mais rápido e forte que seu tamanho permitia.

Eles colidiram, embolando-se, e a força do impacto os derrubou contra uma árvore, que se partiu e os fez cair, o lestrigão por baixo. Ele chutou o peito de Frank para afastá-lo e se levantou, mas não rápido de mais. Frank se recuperou do golpe e aproveitou a posição em que estava para enrolar a tromba no pescoço do monstro, ainda agachado, e estrangulá-lo até a morte.

O último lestrigão estava em cima de si antes que se desse conta. O lado de seu corpo doeu pelo soco que recebeu, mas sua massa impediu que o ferimento causasse maior dano. Frank virou um pardal em menos de um segundo para se desvencilhar dos braços do monstro, subir acima de sua cabeça e voltar à forma de elefante na intenção de esmagá-lo. Aconteceu tão depressa que ele ainda estava confuso pelo desaparecimento de Frank quando era nada mais do que pó.

Frank arfava quando retornou ao seu próprio corpo. A garganta ardia, fechada em um bolo, mas não tinha nada a ver com a luta. Ele olhou para a casa em que costumava morar com a avó antes de seu falecimento.

— MARTE! — chamou para o céu, para o ar, para a floresta e para quem mais pudesse escutar. Estava berrando para si mesmo. — Por que você não me avisou?! Você sabia que não era verdade e sei que pode me ouvir!

Sua voz ecoou ao redor e pássaros levantaram voo, mas, além disso, não houve nenhum outro som.

— Você me deixou vir até aqui e não disse nada!

Quando ninguém lhe respondeu, Frank desistiu de gritar. Não havia sentido, de qualquer forma. Nenhum deus, muito menos Marte, havia lhe respondido antes, não sem querer algo em troca ou oferecer uma missão. Estava se iludindo ao esperar o contrário. Todos estavam.

Um vento cortante atravessou as árvores, repentino e veloz demais para ser natural.

Nem um minuto depois, Frank ouviu a voz.

— Frank?

Ele se virou.

Era Hazel, acabando de descer de Arion, seu cavalo. Ela vestia a armadura do Acampamento Júpiter, e parecia receosa de chegar perto demais, como se temesse sua reação. Frank teve certeza de que ela o ouvira gritando.

— O que aconteceu? — ela perguntou, chegando mais perto. Arion relinchou baixinho. — Você sumiu e só deixou uma carta. Todos nós ficamos preocupados.

— Sinto muito — disse Frank. E realmente sentia. Fazer Hazel se preocupar e ter todo o trabalho de ir procurá-lo não era sua intenção. — Eu... tive um sonho. Achei... Achei que minha vó ainda pudesse estar viva.

Falando em voz alta, parecia algo ainda mais tolo agora. É claro que fora uma armadilha. Frank havia partido no meio da noite anterior depois de escrever um bilhete para Reyna e Hazel avisando vagamente o que pretendia fazer e aonde ia. Talvez já devesse estar acostumado a não ter mais a avó por perto, mas os sonhos eram tão vívidos...

— Você está bem? — Hazel indagou. Ela pegou sua mão para confortá-lo. Frank assentiu. — Vamos, temos que voltar. Eu vim sozinha, já que Arion era o modo mais rápido de chegar até aqui.

— Mais alguém sabe?

— Só Reyna. Ela tem Nova Roma sob controle — Hazel garantiu, e Frank não duvidava.

Ao montar no cavalo e tomar o caminho de volta para casa, Frank se sentiu ainda pior. Era o pretor de Nova Roma, não podia desaparecer no meio da noite por causa de um sonho estúpido. Ele admitia, mais para si mesmo do que para qualquer outra pessoa, que a função de pretor não era livre de pressões; na verdade, era mais pressão e responsabilidade do que algum dia já haviam posto em suas mãos.

Mas Frank estava se esforçando. E continuaria, pois, além de um dever, era uma honra ser parte de Nova Roma. Faria o que pudesse para ajudar os novos semideuses a se adaptar.

Quando alcançaram o Acampamento Júpiter, antes do que seria um tempo razoável, o sol já estava nascendo. Eles atravessaram o rio Tibre e desmontaram do outro lado. Como Frank não tinha levado nenhuma arma consigo, apenas esperou Hazel retirar suas coisas da sela em silêncio.

— Tem certeza de que está bem? — ela voltou a perguntar.

— Sim — mentiu Frank. — Tenho que preparar o treino dos campistas agora. Obrigado por ir atrás de mim.

— Não por isso.

Frank plantou um beijo leve em seus lábios e se virou para ir. Hazel o observou com um incômodo na boca do estômago, acariciando a crina de Arion. Ela tentou espantar aquele sentimento, mas estava cada vez mais preocupada com o namorado.

Se fosse sincera consigo mesma, admitira que estava preocupada com muito mais coisas desde que a guerra havia acabado. Antes, ela tinha a ideia de que, uma vez que derrotassem Gaia, teriam paz. Isso não aconteceu, no entanto. Havia um “depois” que era pouco mostrado, no qual todos eles, os semideuses que lutaram, tinham de lidar com seus próprios fantasmas, e era tão aterrorizante quanto a guerra. Ela não estava preparada para o “depois”; ninguém estava. As coisas não tinham voltado a ser como antes de Gaia, os problemas não desapareceram, muito menos as lembranças.

— Venha, Arion — ela chamou, puxando as rédeas. — Vamos limpar você.

Ela o puxou em direção aos estábulos. Arion era outro assunto que lhe causava dor de cabeça. Os deuses haviam pedido (ou exigido) a custódia dele, alegando ser um animal mitológico e poderoso demais para pertencer a um semideus.

“Mas Arion diz que quer ficar com Hazel”, Percy argumentara com Zeus, como se fosse algo normal ele poder falar com cavalos. Embora Arion não fosse seu maior fã, eles pareciam se entender muito bem naquela ocasião.

“A opinião de um cavalo dificilmente importa, no momento”, Zeus respondeu de forma cínica.

Arion relinchou, indignado.

“Hazel devia mantê-lo”, dissera Piper com naturalidade. “Eles já criaram um laço”.

E a conversa acabara ali. Depois de suas palavras, até mesmo Hazel, que não abriria mão do cavalo, ficou convencida de que ficar com ele era absolutamente certo. Não havia outra opção. Aparentemente, Zeus também.

Hazel guiou Arion para os estábulos e o deixou aos cuidados de um campista responsável. Seu cavalo era arisco, não gostava de muitas pessoas além dela, mas aceitava ser tratado de vez em quando.

— Comporte-se — ela falou ao ir embora. Tirou do bolso uma pedra preciosa e entregou a ele como recompensa, sem ninguém ver.

Lá fora, ela avistou Frank já organizando os semideuses para o primeiro treino da manhã.

— Em formação! — ele deu a ordem. — E não se esqueçam quando estiverem em uma luta: isso é sobre irmandade, não glória. Semideuses estão unidos como um e lutam contra monstros por nossa segurança, não para ter algum benefício dos deuses. Aqui embaixo, somos apenas nós.

Hazel sentiu o coração apertar. Tanta raiva guardada, pensou. Frank tinha seus próprios meios de expor o que sentia, assim como todo mundo. Ela sequer sabia qual era o seu. Havia se encarregado de tomar conta de algumas coisas, para evitar pensar muito sobre isso. Uma delas era o graveto da vida de Frank, que Hazel mantinha escondido, em segurança, em seu quarto e checava sempre que podia para saber que permanecia lá.

Contudo, até isso a estava deixando nervosa ultimamente. Se alguém soubesse sobre seus sonhos...

Ela ouviu os cachorros antes de vê-los.

Aurum e Argentum, os cães de metal de Reyna, passaram correndo por ela e seguiram até Frank. Logo depois, a pretora a alcançou.

— Hazel, que bom que já está aqui. — Reyna tinha uma ruga de preocupação entre as sobrancelhas, e seu olhar sério inabalável. Não era a toa que se tornara pretora. — Estou indo chamar Frank. Vamos convocar uma reunião para discutir algumas coisas. Uma carta do Acampamento Meio-Sangue acabou de chegar.

— Aconteceu algum problema? Todos estão bem? — Hazel perguntou enquanto a acompanhava atrás dos cães.

— Acredito que sim. Mas falaremos sobre isso daqui a pouco. O Acampamento Júpiter recebeu um pedido para ir até o Meio-Sangue.

O nervosismo de Hazel só cresceu.

— Então, acho que o problema também não é simples.

Reyna olhou para ela.

— Não é.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Não deixem de comentar, é muito importante para mim saber o que vocês acham e todo comentário é um incentivo a continuar *-*
Que personagem querem ver no próximo capítulo? Contem-me o que esperam ver na história, o que pensam que vão acontecer, tudo é válido haha. Sugestões, críticas construtivas e elogios também são muito bem-vindos!

Obrigada a todos que leram, vocês são demais! A quem começou a ler agora, sinta-se abraçado e muito bem-vindo também!

Beijos e até mais o/



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