Legado dos Deuses escrita por Beatrice


Capítulo 2
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

Olá novamente!

Muuito obrigada a todos que comentaram, que favoritaram e que decidiram ler e acompanhar Legado dos Deuses! Vocês são lindos e fazem uma autora feliz *v* Sejam muito bem-vindos!

Esse capítulo se passa pouco antes do prólogo. Espero que gostem dele também e comentem no final. Boa leitura a todos!



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"Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para

não tornar-se também um monstro.

Quando se olha muito tempo para um abismo,

o abismo olha para você"

— Friedrich Nietzsche

I

Prelúdio de discórdia

A pancada que Percy deu com o cabo de Contracorrente na cabeça do titã menor serviu para desorientá-lo ainda mais. Cansado da luta e com icor escorrendo dos cortes que a espada de bronze celestial abrira em seu corpo, o titã cambaleou para trás.

Percy, por outro lado, não se sentia cansado. Não enquanto lutava perto do mar, na costa de Long Island. Péssimo local você escolheu, ele pensou, vendo enquanto o oponente respirava fundo.

— Seus deuses são cruéis, manipulativos — disse o titã, enquanto tampava o buraco que se transformara sua orelha. — Eles não mantêm as promessas e não dão valor às vidas. Mas aqui está você, Percy Jackson, preparado para arriscar a sua por eles mais uma vez.

— Bem — Percy respondeu —, pelo menos eu sei de onde consegui a minha personalidade.

Ele ergueu as duas mãos, e, imediatamente, o titã começou a engasgar. Os olhos se arregalaram e sua pele, que já tinha uma coloração diferente, ficou roxa quando as veias saltaram. Ficava cada vez mais fácil controlar o sangue dentro do corpo dos outros conforme Percy usava sua nova habilidade aprendida no Tártaro, com a deusa da miséria, Akhlys. Usar a água presente no sangue contra a própria pessoa. Ele bem que queria ter aprendido a fazer isso antes.

O titã terminou de sufocar e, em questão de segundos, era uma pilha de pó no chão. Percy se aproximou dele, colocando a tampa de volta na espada para que ela virasse uma caneta.

— E você não era realmente uma ameaça à minha vida, para ser honesto — disse para o montinho de areia.

Quantos monstros já havia matado daquela forma até agora? Mal se lembrava. Desde que a guerra contra Gaia acabara, ele vinha se voluntariando imediatamente para sair em missões quando elas apareciam – e sempre ia sozinho. Não queria mais ninguém consigo. Só queria matar a maior quantidade de monstros que conseguisse sem arrastar ninguém junto, e o modo mais rápido de fazer isso era controlando o sangue deles.

No entanto, estava tentando diminuir o uso dessa tática, mesmo contra a vontade. Zeus o havia proibido de fazer aquilo, não muito tempo atrás. Não quisera dar explicações, apenas dissera que era muito perigoso. Percy não ligava. Nunca gostara muito de seguir regras, de qualquer forma.

Guardou a caneta no bolso da calça e olhou para o horizonte, onde o sol se punha lentamente. Era hora de retornar ao Acampamento Meio-Sangue.

No Olimpo, ele não podia imaginar que Zeus vira toda a luta e, ao invés de ficar irritado com o comportamento do semideus, sentiu o incômodo do medo crescer dentro de si. Medo que muitos deuses estavam começando a nutrir com as novas atitudes de alguns jovens após a guerra.

ΩΩΩ

— Pronto, agora vou te deixar com seus irmãos — disse Annabeth, guiando o novo campista pelo acampamento enquanto finalizava o tour. — O seu chalé é o de número 12. Amanhã, vamos procurar uma arma para você.

— Certo! — o garoto exclamou, animado demais com a ideia de ser um semideus. — Obrigado, Annabeth!

— Mas lembre-se, David — ela avisou —, os deuses não são perfeitos. Eles nem sempre são os mocinhos, e é bom não achar que a vida de um meio-sangue é só feita de flores.

— Vou me lembrar — ele garantiu, assentindo, e depois sorriu. — Até mais tarde!

— Procure-me se precisar de qualquer coisa! — ela disse quando ele se afastou. David acenou por cima da cabeça, e Annabeth ficou observando-o pelo caminho que fez até o chalé.

Suspirou. Sabia que tinha que se controlar ao falar com os novos campistas. Não queria assustá-los nem desmotivá-los com seus discursos sobre a verdadeira face dos deuses, mas sentia que era necessário. Sentia-se no dever de ensinar tudo a eles, e isso incluía desiludi-los a respeito de novos poderes e uma nova vida permeada pela mitologia grega. Já bastava de crianças que se decepcionavam ao descobrir a realidade da pior forma.

Annabeth olhou para a entrada do Acampamento Meio-Sangue, onde ficava o antigo pinheiro de Thalia. Queria que Percy voltasse logo, ainda que ele só estivesse fora há poucas horas. Não gostava nada da ideia de ele ir sozinho em missões, mas Percy era irredutível quanto a isso e, por ter deveres dentro do acampamento, Annabeth acabava concordando. Confiava que ele voltaria a salvo. Se ele podia atravessar o Tártaro, o grande abismo do Mundo Inferior que acolhia os monstros, então ele sobreviveria a missões menores.

— Ei, Annabeth! — uma voz conhecida a chamou. Piper McLean se aproximou dela, com suas habituais tranças no cabelo. — Quíron está nos chamando na Casa Grande. Parece que Katoptris mostrou novos relances do futuro.

— Vamos.

Elas seguiram até a sala da Casa Grande, onde o centauro já as aguardava. O Sr. D, diretor do acampamento, não estava presente; raramente ficava ali, para falar a verdade, visto que passava a maior parte do tempo no Olimpo agora. Piper havia decidido deixar Katoptris, sua adaga, como um instrumento para avisos ao invés de usá-la como arma. Agora, ela só usava o charme, o poder de convencimento da voz, para lutar. Annabeth achava aquilo arriscado, e várias vezes já falara com a amiga sobre isso.

— Como estão as aulas do charme? — Annabeth perguntou enquanto andavam.

— Estão ótimas — Piper respondeu. Estava ensinando alguns semideuses a como usar a voz para controlar os outros, normalmente filhos de Apolo que usavam a música ou filhos de Afrodite que, de fato, possuíam o charme, como ela. — Daqui a pouco vou para lá. Só vim avisar sobre a visão antes, já que Rachel, bem...

Ela não completou. Rachel Dare, o Oráculo de Delfos responsável pelas profecias, não tinha nenhum poder desde o fim da guerra. Annabeth e Piper desconfiavam que era algo relacionado à punição de Apolo por deixar que a Profecia dos Sete fosse revelada e, supostamente, causado a guerra, mas não podiam ter certeza.

Além disso, Rachel e Annabeth haviam parado de se falar. Muita coisa havia mudado desde a derrota de Gaia – incluindo Annabeth. Ela sabia que Rachel sentia que algo estava errado com todos eles e, pior, havia percebido que a amiga tinha medo dela.

O olhar de Annabeth foi atraído para Nico di Angelo e Will Solace, que caminhavam por perto. Eles passavam muito tempo juntos ultimamente, ela observou. Tinha certeza de que Piper também notava isso, sendo filha de quem era. No entanto, elas não tiveram tempo para falar nada, pois adentraram o salão da Casa Grande.

— Annabeth, que bom que chegou — Quíron a cumprimentou assim que a viu. O centauro carregava uma expressão séria e preocupada, para dizer o mínimo.

— O que Katoptris mostrou? — foi a primeira coisa que Annabeth quis saber. Quíron era outro que a incomodava. Parecia que, finalmente, ela tinha aberto os olhos para ele. Mesmo que ele tivesse sido bom para ela, ela começou a ver relances do fato de que ele não mostrava muito carinho por nenhum outro campista além de alguns poucos que eram valiosos ou que conhecia desde sempre.

Ele lhe esticou a adaga, que recebera o nome de “Espelho”, em grego.

— Ela tem mostrado as mesmas imagens desde hoje de manhã — Piper explicou. — Isso nunca aconteceu antes.

Annabeth sacudiu a cabeça para se livrar dos devaneios e pegou o cabo da adaga. Fitou a lâmina, que não tardou a revelar a cena.

Annabeth viu fogo, muito fogo. Uma cidade grega em ruínas: pilares caídos, mármore quebrado, estátuas partidas ao meio, bronze derretido, formando um caminho de escombros. Uma explosão de luz tão forte que foi como ver o Sol de perto, e então um homem jovem e bonito de pé sobre uma colina ensolarada.

Tudo foi muito confuso, e logo havia acabado. Annabeth piscou, tentando entender o que era aquilo. Quase pôde ouvir os sons de destruição da paisagem.

— O homem... era Apolo — constatou. Quíron assentiu. — O que você acha que isso significa?

— Não faço ideia, para ser sincero. Mas isso indica batalhas, e tudo o que menos precisamos, no momento, é de uma nova guerra.

— Você nunca nos disse o que aconteceu com Apolo depois da bronca de Zeus — disse Piper.

— Bem, nada nos proíbe de dizer, mas achei adequado manter a questão em silêncio. — Quíron suspirou. Seu rabo balançava de um lado para o outro, agitado. — Apolo foi aprisionado em uma cela que restringe seus poderes. Zeus ficou furioso por achar que ele desencadeou o quase despertar de Gaia, a Mãe Terra.

— Então parece que ele vai se libertar da cela — disse Annabeth.

— É impossível — afirmou Quíron. — Ela foi reforçada pelo próprio Zeus. Seria necessário uma força incrível para quebrá-la ou abri-la sem autorização.

Annabeth olhou para a adaga novamente, mas a visão já havia desaparecido, deixando apenas o brilho da lâmina para refletir seu rosto. Será que a liberdade de Apolo resultaria em desastre? Ela detestava ter dúvidas. Quase pediu à sua mãe, Atena, uma reposta, mas abandonou a ideia tão logo a teve. Não queria mais contato com ela.

— Mais alguém já sabe disso? — indagou.

— Ainda não. Mas, logo, o Acampamento Júpiter virá nos visitar, e eu pretendo convocar uma reunião com os semideuses que tiveram maior participação na guerra para ver se devemos fazer algo ou não. Uma carta aos pretores já foi enviada.

Annabeth estava prestes a dizer mais alguma coisa quando um dos campistas responsáveis por vigiar os limites do acampamento entrou na sala e os interrompeu.

— Annabeth — disse —, Percy voltou.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Não muito aconteceu, mas é para começar a mostrar as mudanças que todos estão sofrendo por causa da guerra. Comentem comigo suas opiniões, eu vou adorar saber! Se tiverem alguma sugestão ou algo que queiram ver na fic, podem me dizer também que eu vejo se consigo colocar :3

No próximo, vamos dar uma olhadinha no que está acontecendo no Acampamento Júpiter o/

Espero que estejam gostando. Obrigada por lerem e sintam-se à vontade para comentar ou o que mais quiserem fazer, eu adoro conversar *-* Beijos e até os reviews e o próximo capítulo!



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