Bell Wants To Kill The Beast escrita por Gapashi


Capítulo 2
Two


Notas iniciais do capítulo

Estou começando a criar um sentimento forte pelos personagens dessa fic...isso não é bom...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/669332/chapter/2

Bela realmente demorou para achar a cozinha. No final, descobriu que era no lugar mais óbvio. A porta dupla de carvalho em frente a entrada, entre as esca-das, era a entrada da cozinha. Lá dentro era enorme, assim como os outros cô-modos. Havia três bancadas de madeira, as paredes eram cercadas por armários com a louça, a prataria e os condimentos. Ao fundo havia um depósito onde e-ram guardadas as carnes e os vinhos. No teto estavam presos sacos com batatas, cebolas e trilhas de cabeças de alho. Bela passou um dedo em cima da bancada do meio. Estava estranhamente limpo. Todo o cômodo estava limpo. Quem limpou tudo isso? Bela encarou o relógio. Os ponteiros marcavam 15:30. Apressou-se para achar as caixas de chá, torcendo para ter duas ou três. Por azar, havia uma parte de um dos armários que era abarrotado de caixas de chá, um mais diferente do outro. Pegou aquela que mais lhe chamou atenção, uma caixa preta escrita “Black Tea from Chang’an”. Chang’an era a capital da China e terra natal de Bela. Seu nome verdadeiro não era Bela, era Hēi Què. Pardal Negro. Mas, devido a todos chamarem-na de Bela, por causa de sua beleza extraordinária, ela adotou o apelido como nome.
A água no fogão à lenha ferveu e Bela, com o conjunto de chá já pronto, der-ramou a água fervente no chá. Especialista em ervas venenosas como era, Bela não deixou escapar a chance de tentar matar Lemminkainen pela boca. Ali entre as ervas havia frutos de Nuz-vômica verde-alaranjados, uma planta nativa da Índia e do sudeste asiático. A guerreira amassou as sementes e as mergulhou no chá. Deixou por alguns minutos, sempre de olho no relógio, para que o veneno se espalhasse. Trinta miligramas de sementes eram suficientes para causar uma morte dolorosa em um adulto. Faltavam dez minutos quando Bela coou o líquido e subiu com o chá. Achar o escritório de Lemminkainen não foi difícil. Bela já havia achado quando explorou a casa em busca da cozinha. Seguindo pela escada da direita, Bela estava em um corredor onde havia apenas uma porta, de frente para ela. Seguiu-o até o fim. Bateu na porta três vezes.
– Senhor Lemminkainen, eu trouxe o chá.
– Entre. – as portas abriram-se sozinhas. A claridade lá dentro era super agradá-vel. Uma das paredes do cômodo era feita de uma espécie de gelo muito fino, que o fazia parecer uma janela gigante. Havia uma parede cheia de pergaminhos. Devem ser feitiços. Lemminkainen encontrava-se na mesa feita de carvalho, onde estava com uma expressão de dúvida. A ponta da pena negra roçava seus lábios distraidamente. Os cabelos platinados caíam sobre os ombros e ele já não usava a coroa com galhos e folhas laranjas. Usava uma espécie de casaco preto que descia até seu joelho, com botas e calça de couro marrom. Em silêncio, Bela depositou a bandeja de prata na mesa, colocou o chá preto na xícara e o serviu sobre um pires.
– Deseja algo mais, senhor?
– Não, pode ir. Parabéns por conseguir ser pontual.
Bela fez uma reverência, pegou a bandeja e dirigiu-se à porta.
– Bela. – ele chamou antes que ela pudesse sair da sala.
– Sim, senhor Lemminkainen? – ela o encarou.
– Você acha que sou burro?
Bela piscou duas vezes, fingindo não saber do que ele estava falando.
– Perdão, mas eu não entendi o que o senhor quis dizer.
Lemminkainen se levantou e caminhou até a menina. Com um soco ele fez a bandeja descer ao chão, quebrando o jogo de louças e sujando o carpete verme-lho. Por fim, jogou a xícara também.
– Por que fez isso?! Se não gostou do chá era só falar!
– Menina tola! Eu não sou tão burro a ponto de não reconhecer o cheiro de uma erva mortal! Não será tão fácil me matar! – ele gritou e agarrou os braços de Bela, sacudindo-a e jogando-a contra o chão. – Sei sobre seu plano. Sei que perdeu de propósito para se aproximar de mim, para cumprir sua promessa com o rei. – Lemminkainen a encarou de cima. – Lamento, mas você nunca mais sairá desta casa.
– Não tenho medo de você. – Bela disse entre dentes.
– Ora, querida, digo o mesmo de você. – ele sorriu – Será muito divertido brincar com você até eu me encher e matá-la vagarosamente.
– Seu monstro! – ela gritou.
– De fato sou. – ele deu as costas à menina – Limpe esta bagunça.
– Limpe você, foi sua culpa. – ela saiu pela porta. – Aproveita que você tem a magia como companhia. E só ela. – disse antes de bater a porta. Bela correu para o seu quarto, as lágrimas desciam queimando pelo seu rosto. Mas não eram de tristeza ou medo. Eram de raiva. Vou matá-lo! Não importa o quão difícil seja, eu irei conseguir! Então, adormeceu depois de tantas lágrimas.

Bela acordou quando já estava de noite. Havia adormecido sobre a cama arruma-da e com o vestido de antes. Havia uma vela sobre uma penteadeira negra ao lado da cama. Ascendeu-a com o fósforo para iluminar um pouco o recinto. Nisso, sua barriga roncou. Que fome! Imaginou que o feiticeiro já devia estar dormindo a essa hora, então, decidiu descer para a cozinha para preparar alguns biscoitos de nozes. Seguiu em silêncio pela casa até as portas duplas de carvalho. Estavam semi-abertas e luz era jorrada de dentro. Ao se aproximar, assustou-se com o estrondo que uma panela fez ao cair no chão. Arriscou-se a espiar pela fresta. Lemminkainen praguejava pela queda da panela, além da bagunça que ela havia feito em cima da bancada do meio com farinha, água, açúcar e várias frutas amassadas e algumas inteiras. Eu vou ter que limpar tudo isso quando amanhecer... Que coisa! Pare de bagunçar a casa! De repente, o feiticeiro olhou na direção da fresta, o que congelou a espinha de Bela. A menina se aprssou a sair dali silenciosamente. Quando estava quase chegando ao seu quarto, uma voz atravessou a biblioteca e chegou aos seus ossos.
– Ainda acordada, Bela?
– Eu fui ao banheiro. Se me permite, voltarei aos meus aposentos. – ela deu mais dois passos.
– Então, por que desceu até a cozinha?
Bela virou-se e o encarou sem nada a declarar. Ele a pegou.
– Você está com fome. Eu também. Por que não cozinhamos juntos?
– Por que eu deveria? Você é um grosso atrapalhado e nada amigável. Além do mais, me tratou rudemente ontem à tarde.
– Você tentou me matar.
– Bastava não tomar o chá. Não precisava quebrar tudo.
– Muito bem, não vamos brigar agora. Não estou no clima de briga. – ele come-çou a se aproximar. – Nós começamos com o pé esquerdo. – Lemminkainen pegou a mão de Bela e levou aos lábios, beijando delicadamente. O coração de Bela bateu mais forte ao ter um par de olhos muito azuis encarando-a. – Muito prazer. Eu sou Lemminkainen, feiticeiro habitante de Brasca.
Bela puxou a mão.
– O prazer é meu, senhor. Me chamo Bela e venho da Ásia.
– Ásia? – ele indagou. – De onde especificamente?
– Por que quer saber?
– Motivos pessoais.
– China.
– Interessante. – ele ofereceu o braço à Bela – Eu já estive na China.
– E o que achou de lá? – Bela aceitou sua oferta.
– É um país extremamente receptivo e adorável. Eu adorei visitá-lo.
– Sendo assim me sinto honrada com suas palavras.
Os dois desceram até a cozinha, onde Bela obrigou Lemminkainen a ajudá-la na limpeza de sua bagunça antes de ensiná-lo a fazer biscoitos de nozes. Conversa-ram muito sobre a China, sobre como ela mudou após doze anos em que o fei-ticeiro esteve lá. Por fim, sujaram toda a cozinha de novo. Lemminkainen jogou farinha em Bela enquanto os biscoitos assavam no forno à lenha. Bela revidou, iniciando uma brincadeira que entreteu os dois até os biscoitos estarem prontos. Cansados demais para limparem a farinha, Bela e Lemminkainen pegaram os bis-coitos e foram comê-los na biblioteca. Enquanto o feiticeiro ficava deitado no sofá comendo, Bela estava de pé, procurando alguma leitura interessante quando achou a história de Alice no País das Maravilhas, mas estava um pouco mais alto que ela. Mesmo ficando na ponta dos pés Bela não conseguira pegar. Quando estava quase encostando na ponta da lombada do livro, um calor humano a cobriu e a mão de Lemminkainen tocou a sua ao pegar o livro.
– Aqui está. – disse ele estendendo o livro. Bela o pegou com um pouco de vergonha.
– Obrigada. Devo ir dormir agora. – ela fez uma reverência – Boa noite, Senhor Lemminkainen. – ela passou por ele e seguiu até a porta. Antes de fechá-la, Bela chamou a atenção do homem, que já estava saindo da biblioteca. - Lemminkainen! – ele se virou para ela – O senhor não é tão monstruoso, afinal.
Bela pôde sentir o sorriso dele em sua pele, mesmo do outro lado da sala.
– Boa noite, Bela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

https://www.facebook.com/groups/beta.fisk/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bell Wants To Kill The Beast" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.