Bell Wants To Kill The Beast escrita por Gapashi


Capítulo 1
One




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Neste dia, o reino de Brasca comemorava. Comemorava a esperança que finalmente conseguiram achar para derrotar o terrível feiticeiro que aterrorizava a população. Uma guerreira de um reino distante ofereceu-se para resolver o problema e matar o feiticeiro, alegando ser a mais corajosa de todos os guerreiros. Desesperado para achar uma solução, o rei Reginald aceitou a proposta sem pensar duas vezes. Portanto, o reino inteiro estava em festa pela chegada de Bela. A jovem estava sentada à mesa do monarca, junto a sua esposa, Susan, degustando das especiarias que ali estavam depositadas. Os cabelos negros, longos e lisos caíam sobre a armadura. Os olhos, de mesma tonalidade, eram atentos a qualquer movimento suspeito entre o povoado.

- Conte-nos mais sobre suas aventuras, Bela! - disse Reginald. Sua barba farta e grisalha estava suja de vinho e carne de porco. - Seus feitos são memoráveis. É uma honra tê-lá conosco.
Bela tornou a taça de vinho exatamente como um homem faria.

- A honra é minha, Vossa Majestade. Ajudar os necessitados é meu dever. Mas não sou tão incrível como o senhor alega que eu seja.

- Acredite em mim. - o homem se aproximou de Bela para que ela pudesse ouvir os sussurros - Uma pessoa com coragem suficiente para enfrentar Lemminkainen e prometer trazer sua cabeça é uma pessoa incrível.


- Concordo plenamente com sua colocação, Majestade.


A voz se elevou sobre os plebeus, fazendo-os se dispersarem. No vácuo, um homem esguio acariciava um corvo em seu pulso. Os cabelos loiros prateados eram longos e bem lisos. No alto da cabeça havia uma coroa de galhos de ferro com folhas laranjas nas pontas. Os olhos azuis muito claros encaravam o corvo com certa afetividade.


- Lemminkainen! - o rei barrigudo exclamou. - HÁ! Hoje não é seu dia de sorte.


- Não, não é mesmo. Procuro por uma senhora que saiba fazer serviços de casa. - o feiticeiro passeava por entre a multidão, encarando bem cada um e demorando-se mais nas mulheres. - Entretanto, receio que nenhuma vá aceitar a minha proposta. Estava pensando em sequestrar uma delas.


- Seu monstro! Saia por vontade própria ou serei forçado a usar a força.


- "Usar a força"? Reginald, já não matei soldados demais? E você ainda quer perder outros?


Reginald ficou vermelho de raiva.


- Ora, seu...! - Bela o interrompeu colocando a mão em seu peito. Encarando profundamente o feiticeiro ela proferiu:


- Eu proponho um duelo. Se eu ganhar, você se rende ao rei Reginald e é executado em praça pública.


- Interessante, senhorita. - ele esfregava os dedos de forma frenética. - E se você perder?


- Se eu perder, serei sua empregada.


- O quê?! - exclamou o rei. Sussurros de surpresa e reprovação tomaram conta da população. Bela agarrou o braço gordo de Reginald e o puxou para perto.


- Perderei de propósito para ir trabalhar na casa dele. Assim ficarei mais perto e poderei estudar seus pontos fracos. - ela sussurrou no ouvido do homem. Reginald a encarou com desconfiança. - Por favor, acredite em mim. - virou-se para Lemminkainen -Temos um acordo?


O homem abriu um largo sorriso.


- Temos, minha senhorita.


- Pois bem. Mostre-me onde queres lutar e eu o seguirei.


- Aqui está bom. - Lemminkainen atacou com uma espada prata que Bela não soube de onde veio. Mas, a menina era ágil e esperta. Desembainhou sua espada a tempo de defender o golpe. Todos os presentes buscaram refúgio nas construções ao redor. Bela começou a atacar, com golpes rápidos com a espada, golpes que humanos normais não aguentariam defender por muito tempo. Porém, Samael defendeu todos eles e conseguiu atacar a menina. Bela deu uma cambalhota por cima da mesa para fugir de um golpe perigoso de espada que poderia ferí-la. Ele é forte! A guerreira empurrou a mesa para cima do feiticeiro, derrubando toda a comida. Ao longe ouviu o grito de Reginald, bravo pela comida desperdiçada.

Bela pegou impulso na mesa derrubada e pulou sobre Lemminkainen com um golpe de espada preparado. Expressando surpresa, ele defendeu o golpe, lançando-a longe. A dor atingiu as costas da menina quando ela caiu sobre os paralelepípedos irregulares, mas isso não a parou. Apoiando o corpo nas mãos, ela pôs-se de pé à tempo de se defender, dando um belo espetáculo ao público. Bela estava esperando o momento certo para fingir sua perda, mas deveria parecer real. Neste momento de devaneio, Bela foi derrubada pelo feiticeiro ao levar uma rasteira e tudo o que pôde fazer foi rolar para desviar do fio afiado da espada. Mesmo assim, o impacto do metal com a pedra foi perto do seu braço, cortando-o. A garota levantou, cambaleando, e parou para verificar o braço contra a parede de uma casa. Aquele era o momento certo para a redenção. Lemminkainen se aproximou num piscar de olhos, cravando a espada na parede ao lado do rosto de Bela. O rosto branco e angulado do homem estava perto o bastante para Bela encará-lo no olho profundamente.

- Parece que irá trabalhar para mim agora. – sussurrou – Porém, não deve se entristecer. A senhorita lutou muito bem.

- Vamos logo ao que interessa. – Bela falou entre dentes. Lemminkainen sorriu ironicamente.

- Vamos sim. – com força, ele a segurou pelo braço machucado e a sacudiu. Bela soltou um gemido baixo de dor. – Espero que não fique triste, Vossa Majestade. Aliás, - ele gritou – os termos do acordo eram bem claros. Agora ela me pertence. Está sem esperanças, Reginald.

Bela sentiu a ferida sumir sob o aperto quente da mão grande de Lemminkainen. Tentando se desvencilhar, ela procurou o rosto de Reginald no meio da multidão que, aos poucos, saía das casas. Ele estava ali, de frente para ela. A linha que seus lábios formavam era dura e fria.

- É o que veremos, Lemminkainen.

Sem dizer mais nada, Lemminkainen arrastou Bela para fora do reino, abrindo caminho na multidão. Chegando perto do começo da estrada, ele soltou a jovem.

- E agora? Para onde vamos? – ela abriu os braços – Não vejo nenhuma propriedade ao redor do reino.

- Não disse que morava perto do reino. – ele apontou para as montanhas no horizonte – Minha propriedade se encontra na fronteira.

É por isso que Reginald quer vê-lo morto. Provavelmente, Lemminkainen não permite que passem pela fronteira, impedindo o reino de Brasca de comercializar com seus vizinhos.

- E não vamos para lá a pé, eu espero.

- Não. – o feiticeiro encarou o céu azul – Nossa carona já está chegando.

Bela seguiu o olhar.

- Não vejo...

Com um estrondo, um dragão branco pousou ao lado de Lemminkainen, provocando tremores no chão. Bela estava boquiaberta.

- Essa é a nossa carona.

Lemminkainen subiu no pescoço do animal e estendeu a mão para ajudar a garota a subir. Bela abraçou o homem, certificando-se de que estava bem presa. Com um assovio, o dragão alçou vôo. Bela só abriu os olhos quando eles estavam planando. A paisagem abaixo era de tirar o fôlego. Enquanto fazia o retorno sobre o reino, a menina pôde contemplar o castelo gigante de Reginald abaixo e a cidade em volta. Nenhuma muralha a circundava. Era um lugar extremamente calmo. Logo depois, o verde dos arredores de Brasca tomaram seus olhos e ela sentiu uma certa tranqüilidade no coração ao pensar que aquilo lhe lembrava de sua terra natal.

- Peço-lhe perdão por tê-la machucado, senhorita. – Bela ouviu a voz de Lemminkainen através de suas costas.

- Pedir perdão não parece ser do seu feitio.

- De fato não é. Mas, é menos ainda fazer algo sem querer e não me redimir. Estamos chegando.

Bela arriscou-se a olhar para frente. Um palácio de gelo se erguia sobre as pedras íngremes das montanhas. Era enorme, com várias janelas e uma plataforma para o dragão pousar. Após descerem do animal, este desceu pela montanha, indo abrigar-se em uma caverna abaixo do palácio.

- Siga-me. – disse Lemminkainen frio. – Vou lhe mostrar seus aposentos.

Bela o seguiu. Dentro da propriedade era incrivelmente quente. O feiticeiro tirou o casaco e o pendurou ao lado da porta. Estavam de frente para uma porta de carvalho margeada de escadas brancas com tapetes em vinho. Lemminkainen subiu pela esquerda, onde Bela se viu em um corredor comprido e cheio de portas. No final do corredor havia mais uma escada branca em formato de caracol. No topo da escada havia um corredor horizontal cujo final levava à outra escada de caracol que descia para o corredor direito. No meio deste corredor havia uma porta dupla de marfim. Ao entrarem, Bela achou estar sonhando. Estavam em uma biblioteca que possuía a altura de quatro andares. As estantes estavam abarrotadas de livros. As paredes leste e oeste possuíam uma sacada cada, fechada por vidros, onde se via sofás de veludo vermelho destinados à leitura. Estava tão encantada que nem percebeu quando parou.

- Podemos prosseguir? – Lemminkainen a tirou de seu devaneio.

- Me desculpe. – ela abaixou a cabeça.

- Passará por aqui todos os dias. Seu quarto fica logo depois da porta.

À frente, depois da porta, havia uma pequena escada que levava ao topo de uma das torres. O recinto era circular e tinha uma janela apenas. Estava arrumado com uma cama de solteiro feita de madeira simples e um guarda-roupa médio feito do mesmo material. O quarto estava estranhamente limpo.

- É aqui que ficará de agora em diante. No guarda-roupa há vestidos que, acredito eu, devem servir em você. Quando estiver pronta, desça e prepare o chá da tarde.

- Mas o chá da tarde só deve ser servido às quatro horas. Pelos meus cálculos, estamos beirando o meio-dia. Por que deveria fazê-lo agora?

- Estou te dando este tempo para encontrar a cozinha e os ingredientes para o chá. – Lemminkainen esgueirou-se pela porta.

- Espere! Você não me dará nem uma dica?

- Seja bem-vinda, Bela. – e bateu a porta atrás de si. Bela bufou.

Não vai ser fácil tirar alguma informação desse cara. Matá-lo será pior ainda. Preciso conhecer a casa antes. Começando pela cozinha.

Dentro do guarda-roupa havia uma infinidade de vestidos. Bela pegou um vestido de veludo vermelho com mangas brancas e bufantes. Os ombros ficavam expostos. Prendeu as mechas negras em um coque firme e trocou as botas de ferro da armadura por um sapato preto e confortável. Observou com determinação pela janela. Podia ver Brasca dali.

- Que tenha início a tentativa de assassinato.


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Notas finais do capítulo

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