Sunshine escrita por Downpour


Capítulo 6
Capítulo 6 - Babe I’m Gonna Leave You




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Capítulo 6 - Babe I’m Gonna Leave You

“Eu disse baby, você sabe que vou te deixar

Eu te deixarei quando chegar o verão

Te deixarei quando o verão desenrolar”

Babe I’m Gonna Leave You, Led Zeppelin.





Assim que eu saí da tenda senti o Sol cegar as minhas vistas, eu resmunguei de leve enquanto tentava enxergar. Quando me surpreendi com uma multidão a minha frente.

— Rose McCarter, a Feiticeira do Sol! – uma voz anunciou e uma trombeta soou.

— Salve, a Feiticeira do Sol.

Diversos seres místicos estavam na minha frente, centauros, minotauros, qualquer tipo de animais – falantes ainda por cima! Todos eles faziam reverências a minha pessoa e me saudavam calorosamente, por mais que eu não merecesse qualquer saudação da parte deles. Senti minhas bochechas queimarem e dei um sorriso tímido.

— Obrigada. – fiz uma reverência para eles, tentando ser o mais humilde possível, o que surpreendeu os narnianos.

Não estava acostumada a fazer reverências a ninguém, mas talvez, tudo de fato tivesse a sua primeira vez.

— Rose. – ouvi uma voz familiar e me virei sorrindo, fazia tanto tempo, eu mal podia acreditar! Um calor se preencheu no meu peito, me fazendo dar uma risada.

— Aslan! – exclamei me aninhando no leão que fez um barulho semelhante ao de uma risada.

— Venha criança, precisamos tratar de assuntos importantes a sós. – ele declarou e eu me recompus pondo-se de pé. Fiz um breve aceno aos narnianos, agradecendo pela recepção.

— Sim Aslan.

Nós caminhamos pelo enorme acampamento dos narnianos, até chegarmos em um lugar mais isolado onde o leão julgou ser mais silencioso.

— Vejo que tens diversas perguntas, faça-as.

Eu dei um suspiro pesado, sentindo o meu corpo ficar mais tenso.

— A profecia não aconteceu, e eu não entendo isso. Edmundo não me salvou, e nem eu salvei ele. – murmurei confusa.

Aslan parecia estar pensativo enquanto observava um passarinho sair de seu ninho no topo de uma árvore. – Nárnia ainda está sobre a posse de Jadis criança, enquanto os quatro Pevensie não se sentarem no trono de Cair Paravel, Nárnia ainda será dela.

Senti meu corpo tremer.

— Isto quer dizer que...– meus olhos lacrimejavam enquanto imagens de eu presa no Castelo de Gelo pairavam na minha mente. – eu não quero voltar para lá Aslan, prometi a Edmundo que não o incomodaria mais e partiria assim que o deixasse com os irmãos.

Estava bem visível que eu estava hesitante, não queria deixar Edmundo sozinho de novo embora o garoto estivesse seguro com os irmãos. Mas eu sabia que com Jadis a solta, Edmundo ainda corria perigo.

— Rose, – o leão falou suavemente – a sua missão ainda continua. A profecia está mais próxima do que nunca. 

— Eu juro que não entendo, – murmurei – qual o sentido de eu estar aqui em Nárnia? Eu era tão desprezível e… – novamente as lágrimas vinham à tona, não me sentia merecedora daquilo, não merecia nenhuma reverência, nenhum sorriso.

Parte de mim tinha acreditado que a minha prisão no castelo de Jadis fora por merecimento.

— Porque eu lhe dei uma chance de recomeçar criança, – senti pequenas lágrimas começarem a se formar no canto dos meus olhos, essa era a grande questão, Aslan era bom demais comigo e eu não merecia nada daquilo. – embora você tenha reparado que sua magia não é mais a mesma coisa.

Eu acenei com a cabeça enquanto secava uma lágrima. Odiava chorar e demonstrar fraquezas, mas diante de Aslan as minhas muralhas caiam completamente, ele era como uma figura paterna que sabia de todos os meus problemas com apenas um olhar, e podia me reconfortar com poucas palavras. – Sim, minha magia está mais limitada do que antes, de fato, isso é um incômodo para mim, mas acho que dá pra relevar.

Passei meus dedos pelo meu cabelo como se o penteasse, procurando uma distração, para não olhar diretamente nos olhos do leão, falar sobre o meu passado era muito desgastante e muito vergonhoso. Se eu pudesse, esqueceria tudo o que tinha feito, mas eu não podia voltar no tempo.

— Vejo que você e Edmundo tiveram alguns problemas para interagirem. – o leão comentou e eu desviei o olhar, agora sentindo um pouco de vergonha. Será que eu tinha sido muito dura com o garoto?

— Eu não sei explicar! – bufei bagunçando nervosamente o meu cabelo, como se eu não quisesse admitir. – Ele é legal, um bom menino... Só que....Eu sinceramente não consigo acreditar que ele vai me ajudar em alguma coisa. Quer dizer...Eu sou uma feiticeira e ele um mero mortal.

Aslan novamente fez um barulho parecido com o de uma risada e eu bufei, em que mundo aquilo era engraçado? Cruzei meus braços como uma criança emburrada.

Talvez fosse um pouco de prepotência da minha parte, mas eu não conseguia imaginar um humano salvando a minha vida.

— Vocês dois tem uma ligação. – Aslan comentou naturalmente enquanto meus olhos se arregalaram.

— Como assim uma ligação? – perguntei já sentindo a minha curiosidade se aguçar.

Por mais que Edmundo me irritasse em alguns momentos, eu sentia que ele era uma pessoa legal, embora ele fosse um tanto egoísta, se Aslan realmente falou que temos uma ligação, eu poderia ajudá-lo com isso. Já que a profecia não tinha se completado eu teria que continuar ao lado de Edmundo, e logicamente, teria que conhecer os seus irmãos, algo que eu não estava muito animada sobre.

— Certas coisas você deve descobrir por si só, – ele falou sério e eu suspirei frustrada. – você tem um destino para trilhar Rose, é crucial que você fique com os Pevensie.

— Tudo bem. – me dei por derrotada, não iria abandonar Edmundo por tão cedo.

Com um suspiro cansado eu resolvi sair dali, eu certamente não queria ficar ali com os Pevensie, estava tão acostumada a trilhar o meu caminho sozinha, que estar com um grupo muito grande de pessoas era assustador. Eu só queria andar pela floresta sozinha, ou me sentar na beira de um riacho e pensar no que iria acontecer com a minha vida. Não era de fazer muitos planos, mas me sentir sem motivos e sem desejos para alcançar era horrível, depois de anos e anos ansiando pela minha liberdade, eu não tinha mais nada. Isso me fazia se sentir tão vaga e vazia, não ter nada a esperar porque tudo o que um dia eu já tive de verdade estava em Charn, e Jadis destruíra Charn. Talvez a única coisa que me restasse fosse uma vingança apenas, nada além do sangue de Jadis em minhas mãos.

Uma garota de estatura baixa ao me ver abriu a boca e fechou várias vezes, ela exibiu um sorriso meigo e veio na minha direção. Ela tinha olhos castanhos de aparência amigável, seus cabelos eram lisos e castanhos que lhe caíam nos ombros. A garota trajava um simples vestido bege com alguns detalhes em vermelho, e calçava uma simples sapatilha preta.

— Você é a feiticeira que tanto falam! – ela exclamou sorrindo ao mesmo tempo. – Prazer, sou Lúcia, a irmã do Eddie.

Dei um sorriso tímido para a garota, meio que sem saber o que fazer.

— Olá. – falei tentando soar amigável, algo que eu não soube fazer direito, nunca tive muito jeito para lidar com crianças. – Hã, acho que não sei o que falar.

Minhas bochechas coraram ao extremo quando Lúcia deu risada. – Não tem problema!

— Ok então. – esbocei um sorriso de verdade mostrando a minha covinha no queixo.

— Enfim, muito obrigado por ter ajudado Eddie, ele é realmente um cabeça dura. – a menina suspirou e eu compreendi a garota.

— O importante é que ele está a salvo. – falei tentando animá-la. – não deixarei a Feiticeira fazer mal algum a ele, e a nenhum de vocês. Eu estou aqui agora, e ela não pode me impedir.

— Muito obrigada por isso. – os olhos de Lúcia brilharam emocionados.

E eu me senti mal, por que eu nunca conseguiria parar Jadis quase sem poderes. Teria de confiar apenas na minha força física e na minha estratégia, o que era assustador.

 


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