Sunshine escrita por Downpour


Capítulo 10
Capítulo 10 - Didn't mean to leave you




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Capítulo 10 - Didn't mean to leave you, and all of those things we had behind

“Parece que eu não atendi as suas ligações durante meses

Não percebi o quão rude eu posso ser

Porque às vezes eu trato as pessoas que amo como jóias”

 Halsey, Sorry.



Minha mente vagava nas minhas mais profundas memórias, memórias que talvez eu nunca gostasse de relembrar de alguma maneira. Naquele momento, eu sentia que podia mudar os meus atos, podia ter sido alguém melhor, tentava me mover lutando contra uma força invisível que me prendia, mas eu continuava assistindo ao meu próprio show de horrores.

—  Minha senhora. —  um homem se prostrou diante de mim e eu estreitei os olhos desconfiada.

—  O quê deseja? —  disse em um tom quase que monótono, — Algo sobre Jadis novamente?

—  Sim minha senhora. —  o homem engoliu em seco ao ouvir eu pronunciar o nome dela com tanto rancor. —  Seus seguidores mataram cem homens nossos ontem a noite.

Meus olhos se arregalaram e eu tremi, mesmo tentando manter a minha postura correta. Inspirei e respirei contando lentamente até três. — Ela o quê? Isto só pode ser uma brincadeira de mau gosto.

—  Temo que não minha senhora. —  ele sussurrou com medo, era assim que as coisas funcionavam por Charn. Eu e Jadis sempre disputávamos tudo, e uma queria a outra morta, agradável não é?

—  Como ela conseguiu se infiltrar? Minha magia a mataria de alguma maneira. —  dei um grito de frustração, eu queria aquela mulher morta.

—  Minha senhora talvez você devesse se acalmar um pouco, e…

Eu fuzilei o pobre homem com o olhar, não era hora para falar de se acalmar e sim de dar um troco nela.

—  Preciso de um exército, daqui uma hora para acabar com tudo o que ela tem. —  grunhi com raiva, enquanto andava em círculos pelo salão real e o vestido se arrastava pelo chão.

—  Minha senhora…

—  Rose. — corrigi.

—  Rose, as coisas não funcionam bem assim. Nós ficaremos muito vulneráveis caso recrutássemos todo o nosso exército para essa missão sem necessidade alguma no momento. —  o homem fala cuidadosa e cautelosamente, era incrível como naquela época todos faziam o possível para não me irritar, porque sabiam que caso o fizessem acabavam mortos.

— Pois bem, eu mesma irei a encontro dela. —  disse com raiva me retirando da sala.

Senti meus olhos lacrimejarem ao me lembrar que após isso eu incendiei metade do reino de Jadis, me lembro de entrarmos em guerra por duas décadas sem parar, nunca tinha percebido quantas vidas eu tinha arriscado por conta de um egoísmo bobo.

Não queria mais lembrar disso, queria acordar.

Foi como se os deuses tivessem atendido o meu pedido, senti minhas mãos se moverem lentamente enquanto a minha cabeça doía, uma dor semelhante a da ressaca só que bem pior. Soltei um gemido pelos meus lábios ressecados e tossi, minha garganta estava seca e ficava mais arranhada a cada tossida que eu dava.

—  Ela acordou. —  uma voz contente anunciou.

—  Pela Juba do Leão, a Feiticeira do Sol acordou! — uma voz mais animada que a anterior anunciou contente.

—  Chamem Edmundo, ele vai adorar vê-la.

Edmundo, Eddie.

Aos poucos as memórias foram voltando a minha mente, e quando eu me senti confiante abri os meus olhos. Sentia a minha vista doer por conta da iluminação mas a ignorei, olhei para o garoto a minha frente e sorri como uma criança que acaba de ganhar um doce. Ele estava vivo, Eddie estava bem, era tudo o que me importava.

—  Você está bem. —  minha voz rouca ressoou pelo quarto, a minha garganta doía mas eu não me importava, sentia pequenas lágrimas de emoção se formarem no canto dos meus olhos. 

— Tragam água para ela. —  Edmundo pediu me olhando preocupado. — Você usou muita magia nessa batalha...Foi incrível...

—  Eu estou b-bem. —  gaguejei ao ver que ele estava muito perto de mim, e me afastei envergonhada com um sorriso bobo no rosto, Eddie retribuiu o sorriso e afagou os meus cabelos de leve ainda mantendo seu olhar de preocupação que eu tanto gostava.

Era tão confuso, eu me sentia tão bem perto dele, mas não era esse “bem”. Ele me fazia sentir de uma maneira que mais ninguém tinha feito antes, fazia com que meu coração se aquecesse com apenas um abraço e, céus, seu sorriso podia iluminar o meu mundo de tal maneira…

A única coisa que eu tinha certeza era de que eu jamais queria perde-lo.

Lúcia entrou correndo no quarto e me entregou um copo de água, eu levei o copo a boca e tomei a água lentamente. Sentindo que eu não bebia água fazia dias, uma sensação de tranquilidade passou pelo meu corpo. Muito melhor assim.

— Obrigada. — falei com a minha voz voltando ao normal.

—  Agora vou deixar você e Eddie a sós. —  ela deu um sorriso misterioso, que de alguma maneira conseguiu fazer com que minhas bochechas corarem.

—  Nós quebramos a profecia. —  Edmundo comentou ficando sério me olhando atentamente, como se esperasse uma resposta de mim. E foi aí que eu me lembrei de ter garantido a ele de que assim que nós quebrássemos a maldição que a Feiticeira lançou eu deixaria o garoto em paz, e ele nunca mais me veria novamente. Até alguns dias isso não seria nada de mais para mim, mas agora partia meu coração de uma maneira inexplicável.

—  Você quer que eu vá? —  sussurrei sentindo meu coração bater mais rápido, esperando ansiosamente a resposta dele.

—  De maneira alguma, —  ele murmurou tornando a ficar mais perto de mim —  eu gostaria de pedir para que você viva conosco em Cair Paravel.

Minhas bochechas coraram e eu entreabri a minha boca um tanto surpresa com o convite dele, eu sinceramente não achava que merecia morar ali.

—  Por favor?

— Tudo bem. —  eu sorri, jamais conseguiria negar algo a ele.








(...)





Eu estava em um vestido azul marinho praticamente enorme que Susana escolheu, (depois de eu ter basicamente me sacrificado por Eddie ela passou a gostar de mim), era incrível como aquele vestido caiu perfeitamente bem em mim. O vestido era simplesmente lindo, e se arrastava pelo chão. Eu calçava um salto preto, tinha tido um pouco de dificuldade de me equilibrar no sapato, mas estava me esforçando porque afinal de contas, era a coroação dos Pevensie.

Todos tinham ficado tão felizes quando eu tinha acordado, comemoram uma noite inteira e eu nunca me senti tão grata por isso. Aos poucos eu fui percebendo que eu não podia deixa-los, que meu lugar era ali com eles, ali com ele. Entretanto, eu era como um pássaro, nunca ficava presa em uma gaiola, e cedo ou tarde eu iria partir, mas o tempo que eu pudesse ficar com eles eu iria aproveitar o máximo. Eu devia isso a todos eles.

E a coroação ia se passando enquanto eu ficava de pé observando o nome dos reis serem chamados, enquanto o meu sorriso não conseguia sair do meu rosto, pensar que eu tinha ajudado para que tudo isso acontecesse e, eu finalmente pudesse ser livre me fazia sorrir contente.

— Rei Pedro, O Grande.

Pedro se dirigiu majestosamente até o seu trono, e eu não conseguia parar de sorrir. Finalmente estávamos livres de Jadis, Nárnia voltaria a ser um lugar pacífico.

— Rainha Susana, A Gentil. —  Susana se dirigiu até o seu trono com um sorriso enorme, ela estava linda. Era difícil pensar em uma situação em que Susana não estivesse maravilhosamente bonita e estonteante.

— Rei Edmundo, O Justo. —  Eddie passou por mim com seus olhos brilhando, como se ele tivesse esperado por esse momento já fazia muito tempo. Sorri timidamente para ele, Eddie merecia aquele momento só para ele.

— Rainha Lúcia, A Destemida.

Lúcia sorria para todos, principalmente para o Sr. Tumnus, o simples fato da pequena estar sorrindo fazia todos ao redor ficarem felizes também.

E foi ali que que percebi, que embora eu tenha prometido ficar, aquele momento pertencia única e exclusivamente a eles.







(...)





Eu estava sentada na praia, já fazia algum tempo que eu não voltava ali, ouvia o nome dos irmãos Pevensie ser comentado por toda a Nárnia, e embora eu estivesse focada em viajar e recuperar a minha magia, não podia deixar de sentir falta deles. E agora, anos depois que eu tinha voltado, estava apenas de passagem. Mas uma parte de mim queria continuar ali por um tempo.

Dei um suspiro cansado, talvez eu simplesmente devesse parar de levar tudo isso tão a sério, talvez eu devesse aproveitar o tempo que eu tinha com Edmundo e não fugir dele e dos meus sentimentos por ele. E talvez fosse por causa disso que tinha voltado feito uma covarde.

Me levantei da praia me limpando da areia e me dirigi até o Castelo de Cair Paravel.

— Olá Mary. — falei para uma das mulheres que ficou completamente boquiaberta ao me ver ali. — gostaria de falar com os irmãos Pevensie.

—  Oh… — a mulher falava baixo sem acreditar que eu realmente tinha voltado para onde eu pertencia. —  Os reis partiram faz algumas semanas para a caça do Veado Branco, entretanto nunca retornaram. Rei Edmundo deixou uma carta para você na cabeceira de seu quarto.

Senti meu coração apertar com aquelas falas, mas mesmo assim continuei com a minha postura e me dirigi ao meu quarto, ele continuava arrumado, como se eu nunca tivesse de fato saído de lá. A única mudança era a carta amarela na cabeceira.





“Querida Rose,

 Me lembro como se fosse ontem de te ver partindo com lágrimas tristes nos olhos, me lembro de vê-la andar pela praia e não te impedir de ir embora. Por muito tempo eu fiquei confuso, não conseguia entender. Você tinha me prometido que não iria partir, mas você partiu. Demorei muito para entender que eu não podia te prender a mim, e isso era algo que ninguém nunca mudaria em você.

Passei a analisar a sua personalidade todo esse tempo, e fui entendendo que você passou a vida inteira solitária e estava mais do que acostumada em viver sem depender de ninguém. Quando você disse que nunca mais iria se intrometer na minha vida novamente, eu percebi que você tinha hesitado, que você tinha medo do que fosse acontecer depois.

Posso ter sido egoísta por não querer que você tenha partido, e você pode ter sido teimosa por ter partido, mas isso são coisas nossas que não podem ser mudadas com tanta facilidade.

O que eu quero dizer é, não te culpo por ter ido embora. Mas sinto a sua falta todas as noites, e penso como seria se você não tivesse ido. Contudo se lembre que quando você quiser voltar, sempre terá aqui seu ombro amigo.

Espero te reencontrar novamente.

Com carinho,

Edmundo.”






“Me perdoe por ter sido tão cega

Não queria abandonar você

e tudo o que tínhamos.”


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