POV. PERCY

Tudo o que eu menos queria era ir nessa viagem de negócios. Além do mais, eu sabia que essa viagem não era apenas de negócios.

Bem, primeiro vou me apresentar. Meu nome é Perseu Jackson. Mas nunca me chamem de Perseu, exceto quando estiverem bem bravos comigo. Prefiro que me chamem de Percy. Tenho 17 anos e sou o príncipe do reino Maré Alta. Não me pergunte o porquê desse nome, juro que não sei! Eu tenho cabelos pretos e olhos verde-mar. Sou alto e um pouco musculoso (modéstia a parte). Meu pai é o rei Poseidon Jackson, e minha mãe, Sally.

Voltando ao assunto principal, tudo começou nesta manhã. Eu acordei e fui até a sala de jantar para tomar café da manhã (?). Vi que meus pais estavam lá, conversando sobre alguma coisa, mas pararam assim que me viram.

—Percy,-disse meu pai- precisamos conversar.

—Ah, não.-respondi, me sentando a sua frente- o que eu fiz?

—Você não fez nada, Percy.- respondeu minha mãe. Bela e gentil, como sempre. O reino tinha sorte em tê-la como rainha.- Só queríamos conversar com você. Sabe, Percy, estávamos pensando... Você tem dezessete anos agora! Já está mais que na hora de ter sua primeira namorada!

Não respondi. Eu sei o que você deve estar pensando. “Primeira namorada? Ela deve estar blefando.” Mas, na verdade, ela não está. Eu nunca tive uma namorada porque todas as garotas com quem eu ando são como irmãs pra mim, ou já entregaram seu coração a outro. Vejamos, tem a minha prima Thalia, que eu e meus amigos encontramos às escondidas desde que ela fugiu do castelo do pai. Tem a Silena, filha do chefe da guarda, mas tenho certeza de que ela gosta do irmão de um dos meus amigos, um dos filhos do ferreiro. Além do mais, ela é muito... rosa... pra mim. E tem minha prima Bianca, mas como já disse, ela é minha prima.

Além do mais, eu nunca me apaixonei, ou ao menos gostei de uma garota de uma forma maior que a amizade.

— Mãe, você sabe bem que o motivo de eu nunca ter tido uma namorada antes é o fato de eu nunca me apaixonar antes!

—Nós sabemos, filho.-disse meu pai- Mas você precisa se esforçar! Logo será rei! E um rei precisa de uma rainha para governar ao seu lado.-ele pegou a mão de minha mãe- Mudando de assunto, farei uma viagem a negócios ao reino vizinho, e você irá comigo.

—Qual reino?-perguntei.

—O dos Dare’s.- respondeu minha mãe. – Caso não se lembre, eles tem uma filha, acho que Rachel é o nome dela. Você poderia tentar se aproximar dela! Vocês eram tão próximos quando crianças!

—Mãe-cortei-Eu não falava nada com ela, ela não parava de falar!

—Bom, então tente conversar com ela agora!-disse Poseidon- Conversa encerrada. Percy, arrume suas coisas, saimos assim que o sol se por.

***

Assim que saí da sala de jantar, fui ver meus amigos. Saí pela saída secreta em meu quarto (só eu e meus amigos conheciamos) e chegei a caverna em que costumávamos nos encontrar com minha prima Thalia.

De fato, todos estavam lá. Com todos quero dizer todos mesmo. Jason Grace, meu primo, estava lá com seus cabelos louros, os olhos azuis elétricos e a cicatriz no canto esquerdo do lábio superior. Luke Castellan, também louro de olhos azuis, mas com uma cicatriz riscando a bochecha. Leo Valdez, com seus cabelos encaracolados e olhos agitados, ambos castanhos, mexia em alguns botões. Nico di Angelo, pálido com olhos e cabelos escuros, conversava sériamente com Jason.

As meninas também estavam lá. Silena Beauregard, com seus cabelos pretos e sedosos, feições delicadas e gentis olhos azuis, estava com seu típico vestido rosa. Bianca di Angelo, irmã de Nico, tinha pele morena, e cabelos e olhos tão negros quanto os do irmão. Thalia Grace estava em um canto conversando com Luke. Seus olhos azuis elétricos ficavam incrívelmente assustadores contrastados com os cabelos pretos curtos. Percebi que ela estava de vestido, e segurei o riso. Thalia odiava vestidos desde que se entendia por gente. Mas agora usava um vestido marrom e simples, como os que as aldeãs usavam no vilarejo. Lembrei-me que agora ela tinha que se disfarçar de aldeã se quisesse continuar longe do palácio.

Porém, também percebi que ela usava uma jaqueta de couro preto. Então, aparentemente, ela continuava a mesma.

—Cheguei muito tarde?-perguntei. Todos os olhares de voltaram para mim.

—FINALMENTE!!!!!!-gritou Thalia.-Estávamos esperando você a horas! O que aconteceu?

— Em primeiro lugar, eu só me atrasei meia hora. E segundo, me atrasei porque meu pai quer que eu vá com ele em uma viagem a negócios para o reino dos Dare’s. Meus pais acham que posso acabar me apaixonando pela princesa Rachel.

—Aquela tagarela?-perguntou Bianca- Acho que primeiro você precisa amordaçá-la para falar com ela!

—Acho mais fácil eu enfrentar um troll do que eu conseguir falar com ela, mesmo que esteja amordaçada. Mas obrigado pela dica.

—Espera, tempo!-disse Jason- Só tem um caminho para o reino dos Dare’s, e é o caminho da Grande Floresta.

— Tá, e...?-perguntou Luke.

—Ouvi dizer que aquela parte da floresta está sofrendo assaltos frequentes. É um risco enorme passar por lá.

—Isso é verdade! Meu pai vem tentando pegar o ladrão a meses, mas nunca conseguiu!-disse Silena. Já tinha quase me esquecido que o pai dela é o chefe da guarda do reino.

—Tem que ter um jeito de pegar esse ladrão!-disse Nico.

—Não se preocupem. Se eu for assaltado, corro atrás do ladrão até pegá-lo!-eu disse.-Agora, mudando de assunto, Thalia, eu percebi que até agora você não reclamou dos seus sapatos de aldeã! Você está doente?

—Claro que não, seu idiota! Não reclamei porque uma amiga me arranjou essas belezinhas aqui!- disse ela levantando a barra do vestido, deixando a mostra um par de botas ded couro marrom escuro.

—Não sabia que tinha arranjado amigos nessa sua nova vida!-disse Luke.

—Luke, meu caro, me ame menos! E sim, arranjei muitos amigos novos. Tanto que conheci uma das irmãs da Silena, e também o meio-irmão do Leo.

—Eu o quê?-disse Leo, que até agora estivera obsorto em seus botões (literalmente).

—Thalia estava nos dizendo que conheceu seu meio-irmão.-disse Luke.

—Sério?-respondeu ele.

—Tanto ele, quanto muitos outros amigos-disse Thalia.

Ficamos conversando por um longo tempo, até que me lembrei da viagem.

—Gente, a conversa ta boa, mas eu tenho que ir arrumar as coisas para a viagem!-disse eu, me levantando da grande pedra em que estava sentado.

—Já vai tarde!-disse Thalia, sorrindo.

—Também te amo, prima!-respondi, rindo junto com os outros.-Tchau!

E então subi para meu quarto, indo arrumar as coisas para a tal viagem a “negócios”.