Insurgent escrita por GG


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores!
Fico feliz que ainda tenha gente acompanhando a fanfic, e espero que os leitores fantasmas se manifestem em breve para me alegrar ainda mais. Bem, eu só tenho a agradecer a todos vocês. Boa leitura ♥



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No dia seguinte eu desperto de um angustiante pesadelo com Lola. Agarro-me aos lençóis da cama em que passei a noite e sinto-me ofegante, as bochechas suadas e uma necessidade gigantesca de banhar-me com água fria o quanto antes. Demoro um pouco para perceber que não estou na cama do dormitório dos iniciados e sim em um quarto desconhecido no complexo da Amizade.

Me sinto desesperada por estar sozinha em um lugar completamente desconhecido, logo ponho-me de pé e tateio a arma sob meus jeans, não encontro a arma e tampouco estou vestindo os jeans. Estou usando calças largas e blusas que não servem-me também, estou mais nervosa ainda. Onde foi parar minha única chance de defesa?

— Procurando por isto? — Tobias segura a arma com uma grande facilidade e naturalidade, sinto minha respiração normalizar e corro para abraçá-lo, é algo tão automático que nem penso em sua hesitação ou desconforto possível mas não seria necessário pois ele retribui o abraço na hora.

— Pensei que fosse bom ter algo assim por perto, ia entregar-te quando o encontrasse. — eu digo quando nos soltamos do longo abraço.

— Foi bastante inteligente, e muito bom também. — ele assente. — Já que a única coisa que Tris conseguiu manter foi uma discreta faca, mas é sempre bom mantermos tudo por perto.

— Como…como ela está? — eu pergunto me referindo a perda dos seus pais.

— Está péssima mas ela é forte. — ele diz. — E sua perna?

— Já esteve melhor. — dou de ombros. — Mas agora não dói tanto quanto ontem.

— Eu deveria ter visto tanto sangue na sua calça. Podia ter perdido o movimento da perna, sabia disso? — ele diz com aquele tom de voz protetor e ao mesmo tempo soando culpado por tudo de ruim que me acontece, o mesmo que usava quando eu fazia alguma besteira quando crianças.

— Confesso que nem vi isso, estava tão preocupada com outras coisas que nem me dei conta. — eu defendo-me e ele concorda parecendo me entender.

— Bem, você tem meia hora para se aprontar, a Amizade estará se reunindo para decidir nosso futuro aqui, em duas horas. — ele diz. — Eu e Tris vamos te esperar ali fora para tomarmos o café juntos, pensei que não quisesse ficar tão sozinha por aqui.

— Está certo. — eu digo. — Não demoro.

+++

Me sinto uma completa estranha com essas vestimentas da Amizade, é como se não estivesse no lugar correto, elas não combinam comigo. Esse vestido amarelo me irrita profundamente, e eu sinto falta dos jeans que usava antes e da gama de blusas a minha disposição. Mesmo com as pernas levemente marcadas pela gentileza de Marcus eu coloco o vestido já que não tem mais nada que eu possa usar, a única roupa que me foi deixada hoje cedo.

Pode parecer loucura mas me sinto feliz por nunca ter escolhido a Amizade como facção, é nisso que penso enquanto caminhamos até o refeitório, observo todas aquelas pessoas felizes e bobas o trajeto inteiro e parece-me até que elas usam algum tipo de drogas ou sei lá… como alguém pode ser assim o tempo inteiro?

— Acho que você está certa, dizem que o pão tem um chamado Soro da Paz. — diz Caleb quando eu levanto minhas suspeitas. Automaticamente empurro o pão que havia posto no meu prato para bem longe de mim, eu não me atreveria a consumir algo possivelmente contaminado com essa droga que os embasbaca dessa forma.

— Obrigada pela dica, eu não suportaria acabar daquele jeito. — digo horrorizada.

— Todas as pessoas da Abnegação sabem que vocês são filhos do Marcus? — questiona Caleb com aquele ar curioso de sempre.

— Não, e você não vai ficar falando isso por aí. — diz Tobias automaticamente.

— Gostei de como ficou seu cabelo, está lindo. — eu digo para Tris, ela cortou os cabelos na altura do queixo, talvez ontem tarde da noite ou hoje mais cedo.

— Obrigada, Lena. — ela diz e logo um pequeno sorriso manifesta-se naquele rosto triste e distante.

— Queria pelo menos minhas calças de volta. — eu digo pensando nas marcas em minhas pernas.

— Está melhorando, logo não vai haver mais nada em suas pernas. — diz Tris como se pudesse ler os meus pensamentos, oferece-lhe um sorriso sincero e nem um pouco forçado.

Terminamos de comer e todos que estão no complexo da Amizade são convocados a irem até um edifício de vidro para a decisão de manter ou não os 'refugiados de outras facções', tomamos o caminho juntos até o edifício e eu fico fascinada fitando os mínimos detalhes de todo esse lugar. As portas do edifício se encontram abertas, o lugar está pronto para acolher todos aqui, em seu centro está uma árvore bonita que tem seus ramos espalhados pela maior parte do lugar, as suas raízes aparentes acima do solo vão formando uma rede de casca. Encaro maravilhada o espaço entre as raízes já que não há vestígio algum de sujeira e sim água deslizando e barras de metal prendendo-as no devido lugar.

Johanna está em um conjunto de raízes preparando-se para seu discurso. Sinto-me apreensiva pois se não pudermos ficar aqui teremos que correr para outro lugar, mas onde podemos nos abrigar? Talvez a Franqueza…

— Estamos reunidos aqui para decidirmos uma questão urgente, como iremos nos portar neste momento tão conflituoso, de modo que continuemos em paz?

É bizarro o jeito que eles decidem as coisas por aqui, todos vão falando aos poucos, mas é uma espécie de grupo fechado apenas para os integrantes da Amizade, não para nós de outras facções.

— Acho tão estranho isso… O jeito que eles tomam decisões, quero dizer.

— Eu acho bonito de uma forma diferente. — diz Tobias quietamente. — Cada um tem um papel bastante importante na comunidade deles, todos são importantes para que tudo funcione direito.

— Não funcionaria na Audácia. — eu digo com os pensamentos distantes apenas imaginando as divergências de opiniões e as brigas que seriam consequências dessa tentativa pacífica de manter decisões sempre próximas da vontade de cada um dos integrantes, realmente não daria certo.

— Não mesmo. — concorda Tris.

O debate entre os integrantes da Amizade parece se arrastar por uma eternidade, ou talvez seja minha ansiedade pregando peças como sempre.

— Eles provavelmente vão nos deixar ficar. — diz Marcus e eu o encaro apenas sem querer, seu olhar fixa-se em minhas roupas, ele logo encara demoradamente as marcas em minhas pernas. — Deveria esconder isso.

— Assim como deveríamos esconder o que o querido líder da Abnegação fazia, não é mesmo? Você que fez isso com ela, você a espancava, seu covarde.

— Ora, seu garoto idiota…

Não consigo acompanhar a briga, só consigo escutar os gritos que tentam apartá-la.

Acho que acabamos de destruir nossa chance de continuar aqui.

+++

Johanna chama-nos: Tobias, eu e Marcus.

Estou sentada encarando Johanna Reyes, que parece cansada e meio apreensiva com aquela conversa. Tobias e Marcus saíram alguns minutos atrás e o silêncio se fez naquela saleta irritante, estou o tempo inteiro tentando entender o motivo deles terem sido levados para outro cômodo. Quando eles finalmente retornam Johanna abre um sorriso encorajador.

— Oh, Lena, querida, eles tomaram uma pequena dose do Soro da Paz, assim evitaremos mais conflitos. Não é ótimo?

— Você os drogou? Mas que inferno você…! — eu começo a me irritar.

— Pare com isso, não seja uma garota má. — censura Tobias com uma voz de idiota péssima que não combina nem um pouquinho com ele. Solto um gemido de ódio daquela porcaria de Soro da Paz, minha teoria de drogas estava completamente correta, é assim que eles são tão pacíficos.

— Eu não os droguei, Lena, eu os mantive sob controle. É completamente diferente. — defende-se Johanna com um sorriso amistoso.

— Que seja… — eu digo balançando as mãos com raiva.

— Ora, querida, quem sabe você não fique melhor tomando uma dose também?

— Não se atreva. — eu praticamente rosno, não me importo com o fato dela poder me expulsar agora mesmo daqui.

— Então melhore um pouco. — ela me instrui com a mesma voz metódica das professoras do colégio, quase ensaiada.

Ficamos novamente em silêncio.

— Bem. — ela recomeça. — Decidimos que vocês e os outros refugiados podem ficar aqui enquanto mantiverem a paz, não podem arranjar conflitos como esse ou se enfurecerem como você agora mesmo, querida, ou então seremos obrigados a convidá-los a se retirarem daqui.

Eu mantenho o silêncio de antes, eu deveria dizer 'obrigada' mas não consigo, Johanna me irrita.

— Boa estadia. — ela diz quando percebe que eu não vou dizer mais nada, e abre um sorriso gigantesco para mim.

+++

— Inacreditável! — exclama Tris quando Tobias volta ao normal, demorou meta de do dia mas finalmente o verdadeiro Tobias se junta a nós. — Não vamos conseguir aguentar ficar aqui por muito tempo.

— Não mesmo. — concorda Tobias avidamente. — Por mim partiríamos agora mesmo mas é muito perigoso, antes precisamos descobrir o máximo possível de informações sobre a situação lá fora, qualquer coisa pode nos ajudar agora.

— Não gosto de Johanna… — eu digo quietamente.

— Também não estou feliz com ela. — diz Tobias.

— Não, eu não gosto mesmo. — digo tentando me explicar de uma maneira melhor. — Algo nela me perturba.

— Talvez seja só impressão. — diz Tris.

— É, talvez seja. — eu concordo mesmo não achando que seja apenas impressão.

Naquela noite eu retorno para o meu quarto provisório e não consigo dormir, tudo que consigo pensar é no que nos espera do lado de fora do complexo da Amizade, e talvez aqui dentro mesmo.


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