-Já estava a sua espera. – O loiro falou, nem um pouco surpreso.

-Nenhuma surpresa. – Helena falou, olhando rapidamente para Bill que estava sendo segurado por um dos armários. O que era estranho era que ele parecia bastante aconchegado onde estava.

Damiam, percebendo onde os olhos da menina se dirigiam, não reprimiu uma risada, rolando os olhos logo após.

-Eu dei de presente um Tom para ele. – Explicou o garoto, portando um sorriso malvado.

-Magia. – Helena sussurrou, olhando torto para ele. –Golpe baixo.

-Vejo que não está com nenhuma munição, Helena Summer. – Damiam falou alto, a meia-voz. – O que pretende fazer? Lutar judô?

O coração da garota bateu apenas mais uma vez, antes dela correr, segurando o braço esquerdo com a outra mão, onde se formava uma enorme bola de energia azulada.

Rapidamente ela tentou dar um murro em Damiam, mas este se esquivou, juntando as duas mãos no ar, formando uma bola de energia, mas avermelhada.

Avermelhada de ódio.

O choque do poder com o corpo da menina fez com que ela batesse fortemente na porta novamente. Damiam limitou-se a dar um sorriso, acumulando mais energia nas mãos.

-Sempre fui melhor na luta do que você.

-Vamos ver. – Helena falou, meio ofegante, antes de correr em direção a Damiam novamente.

Dessa vez ela acumulou energia nas mãos e fingiu tentar acertá-lo na cabeça. Assim que suas mãos foram aprisionadas, ela transportou a energia acumulada para as pernas e o acertou em cheio no queixo.

O garoto voou longe, batendo as costas na parede e fazendo um buraco na mesma. Helena já preparava mais energia, agora distribuindo para todo o corpo.

-Dei-me o Bill e vá embora que iremos poupar muito tempo aqui. – Helena falou entre ofegos, o olhando duro.

-NÃO ANTES DE EU TE MATAR! – Damiam esbravejou, pulando semelhante ao um felino em cima de Helena.

Uma série de murros foram enviados ao rosto da garota, logo após conseguir vi-lo-á e ficar por cima, Helena retribuiu com socos muito mais dolorosos, entupidos de energia.

Damiam conseguiu lhe dar um chute na coluna e a fez cair no chão, apertando seu pescoço e a sufocando.

-Sua idiota, como pôde vir até a Terra para juntar dois irmãos? – Damiam sussurrou, dando uma risada raivosa.

Ele não recebeu resposta. A cabeça da menina ficava cada vez mais vermelha. Dos olhos transbordavam lágrimas e seu corpo perdia uma grande quantidade de energia.

-Hey, seu idiota, solta ela!

Todas as cabeças ali presentes viraram para ver quem era se surpreendendo.

Nesse momento, a magia feita em Bill se quebrou, o acordando do transe e o tirando dos sintomas das drogas. Logo que conseguira ver que aquele homem não era seu irmão, ele tentou sair de seu colo, mas o homem só o segurou mais forte.

-Tom, Tom! – Bill gritava desesperadamente, apontando as mãos para o irmão que o olhava com o mesmo desespero.

Logo depois de Tom entrar, Zuzk apareceu correndo, apenas de sutiã. Seus cabelos estavam desgrenhados e uma marca roxa perto dos seios.

-Olha, olha se não é sua namoradinha. – Damiam afrouxou a mão no pescoço de Helena e a levantou pelo mesmo, criando mais um acúmulo de energia na mão livre.

Em meio piscar de olhos, Damiam esticou a mão em direção a Zuzk e ela – como se fosse um imã- veio ao seu encontro, ficando no mesmo estado que Helena.

-Querem falar alguma palavra antes de morrerem? – Damiam falou alto, debochado, enquanto alternava o olhar entre Helena e Zuzk. – Nem um beijinho?

-Idi...o-ota. – Helena conseguiu falar, tentando o máximo acumular mais energia, mas sem força ela nunca conseguiria. Ainda se debatia na mão de Damiam, enquanto Zuzk chorava silenciosamente.

Depois de meio segundo, um baque extremamente alto fora ouvido.

Uma fumaça levantada e uma parede demolida.

-Helena! – Tom gritou, com os olhos arregalados, observando agora com clareza o estrago feito.

A parede fora demolida. Helena e Zuzk estavam entre os destroços. A garota de cabelo castanho tentava abrir os olhos, mas algo acertara seu orbe esquerdo. Sentiu-se fraca ao fitar a perna ensangüentada e a cabeça que pingava sangue. Tentou pronunciar alguma coisa, mas um bolo de sangue foi deixado a sua frente.

Já Zuzk não dava nenhum sinal de vida. Continuava parada, mórbida.

O garoto de rastas entrou em desespero total. Hiperventilando, Tom pensava em uma maneira de salvar o seu irmão e as amigas, mas nada vinha em sua cabeça por causa do medo.

-Agora só falta você, não é Tom? – Damiam continuava debochado, lhe lançando um sorriso sacana.

Tom já tremia nas bases. Sua boca entreaberta e as sobrancelhas levantadas entregavam a sua hesitação. O loiro deu uma boa gargalhada, negando algo com a cabeça.

-Você me diverte muito, Tom. – Damiam retrucou, divertido. – Olha a sua cara de medo... Nunca muda, não é?

Uma pontinha de raiva começara a crescer no peito de Tom, o chamando atenção.

-Eu vou começar pelo seu irmão então. – O garoto decidiu, pegando Bill que se rebatia ainda, da mão do homem-armário. – É uma pena ter que te matar, Billzinho... Uma pena mesmo. Poderíamos fazer tantas coisas juntos, não é? – Damiam sussurrava no ouvido de Bill, olhando para Tom com um sorriso maroto.

-Não! Se quiser me matar, vá em frente. Mas, pelo menos, poupe a vida do meu irmão. – Tom suplicou, retorcendo a boca em uma careta de desgosto.

-Se eu não matar o Billzinho, Tom, vocês vão ficar juntos, sabe? – Damiam afinou a voz, falando que nem uma criançinha, enquanto acariciava os cabelos de Bill, que o olhava com nojo. – E então, aquele fedelha ali. – Apontou para Helena. – Vai poder voltar para o outro plano com toda a glória de sempre e blá, blá, blá...

-E o que tem isso de demais? – Tom tentava entender, sentindo a raiva ferver e subir mais um pouco, travando seus dentes ao ver Damiam distribuir beijos pelo rosto de Bill.

-EU SOU O MELHOR, NÃO ENTENDE? – Damiam berrou, soltando Bill de qualquer jeito no chão, que logo tentara engatinhar até o irmão, mas o loiro percebera e pisou com tudo em sua perna, a quebrando. – E você, quietinho, meu amor.

O ódio de Tom subira em um nível consideravelmente perigoso. Suas bochechas já estavam ficando avermelhadas e a veia de seu pescoço começava aparecer entre a pele.

-Helena é uma abestalhada. Ela chegou ao outro plano cheia de planinhos felizes para todo mundo. Pra ela tudo é conto de fadas, onde irmãos gêmeos PODEM FICAR JUNTOS! – Gritou no final, deixando uma pequena risada escapar dos seus lábios. – Vocês acham isso certo? Ficar juntos? Transar com seu próprio irmão?

Bill choramingava ao pé de Damiam, segurando sua perna com as duas mãos, enquanto começava a chorar, sussurrando o nome do irmão repetidas vezes.

-Tipo, o que vocês têm na cabeça? Amar uma cópia sua? – O garoto loiro carregava um ódio na voz e olhava profundamente para Tom.

-Qual é o problema de amar? – Tom o surpreendeu, perguntando timidamente, olhando para o chão.

-Se você não fosse doente... Quer dizer, se VOCÊS não fossem doentes, nada disso estaria acontecendo, Tonzinho. – Damiam falou quase gentilmente, olhando piedosamente para Bill, que segurava a barra de sua calça, implorando alguma coisa. – Por isso, terei que levar o Bill para o outro plano.

-NUNCA! – Tom berrou, deixando ser levado pela sua raiva. – Eu vou te matar antes!

-Cala a boca, sua bicha humana imprestável. – Damiam falou arrastado, logo depois de pegar Bill pela blusa e o segurá-lo no ar. – Seu irmão vai morrer e você vai ficar aí quietinho, assistindo tudo de camarote.

Tom engoliu em seco ao fitar Damiam retirando a blusa de Bill de qualquer jeito. O abraçou fortemente, segurando sua cabeça, para que ele olhasse para Tom.

-Dê um tchauzinho para seu irmão, Billzinho. – Damiam sussurrou quase inaudível, logo após lambendo o seu pescoço. – É a última vez que você o verá.

-TOM, ME SALVA, TOM! – Bill começou a gritar, começando a se debater nos braços do loiro.

-Tom... – Helena conseguiu falar, depois de cuspir uma enorme quantidade de sangue. – Salve-o.

Agora tudo estava nas mãos de Tom, que mal sabia o que fazer. Sentiu a responsabilidade pesando em seus ombros e as segurou, soltando por vez todo seu ódio por aquele ser na sua frente.

Tom olhou para baixo, controlando as lágrimas e sentindo uma coisa quente em suas mãos.

Não pensou, atacou Damiam apenas com seus instintos, o acertando na cabeça de surpresa, o fazendo bater no vidro da janela e quebrá-lo totalmente, o jogando fora do prédio.

Arregalou os olhos, olhando para suas mãos, cobertas de energia esverdeada. Cerrou os punhos novamente, os sentindo mais fortes. Sorriu para si mesmo perversamente, olhando para Damiam, que escalava por fora do prédio, logo subindo novamente e entrando pela janela quebrada.

-Tom! – Bill fora esquecido no meio deste caminho e ele gritava desesperado, olhando Damiam voltar com mais raiva ainda.

Rapidamente –mais rápido do que ele esperava- Tom carregou Bill nas costas e voltou para o seu lugar, onde estava antes. Uma das mãos de Bill agarrou o pescoço de Tom, fazendo um longo carinho.

-Obrigada. –Sussurrou, emaranhando as pernas ao longo da cintura do irmão e segurando seus ombros com as mãos, a fim de não fazer muito peso.

-É por nós. –Tom respondeu, defendendo um soco de Damiam que quase pulou em cima dele. Revidou, acertando em cheio seu maxilar.

-IDIOTA! – O loiro gritou, dando-lhe um doloroso murro duplo, acertando suas duas orelhas. – De onde tirou essa energia, hein?

Tom se agachou, tentando se recompor. Bill que o fitava preocupado colocou as mãos em seus ouvidos, como que quisesse curá-los, deixando algumas lágrimas derrotadas caírem.

-Vamos, Tom, você consegue... Por nós. – Bill sussurrou, esperando alguma reação do irmão.

Tom, com aquelas palavras, rapidamente levantou-se, ainda olhando para baixo.

-Você confia em mim? – Tom murmurou para Bill, cerrando os punhos.

- Para sempre.