Lá E De Volta Outra Vez escrita por Pacheca


Capítulo 70
Confrontos


Notas iniciais do capítulo

Alo, pessoas. O primeiro do ano, e porque não matarmos a saudade de uns capítulos mais curtos, sim? Aproveitem ^~^



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    Aquele dia tinha sido bem complicado. Fiquei com Alexy até os pais dele aparecerem para busca-lo. Ele tremia, sem saber o que pensar sobre o próprio irmão ser preso. Até mesmo que Armin estivesse mexendo com algo relacionado a drogas ele teve medo. E claro que eu tentava me manter forte para ele, mas eu também estava desesperada. Ele tinha dito que não era por culpa minha, mas nada garantia que realmente não fosse. O que mais ele poderia ter feito de ilegal?

    Quando finalmente cheguei em casa, eu só quis tomar um banho e dormir. Nem mesmo jantei com meus pais. Mesmo assim, acordar no outro dia pareceu tortura. Eu não estava muito afim de voltar para a escola, mas sem outra opção me arrumei e deixei o apartamento.

    Passei pela rua das lojas, ainda fechadas naquele horário, apenas para gastar mais tempo. Eu iria até o parque, mas não queria reviver toda a caçada agora. Mesmo assim, não me demorei mais que dez minutos do curso normal para chegar até o colégio. No entanto, logo antes de retomar meu caminho, vi duas figuras conhecidas. A mãe e o irmão de Iris. Os dois pareciam radiantes logo pela manhã.

    – Oh, Anna, quanto tempo. – A mãe de Iris me deu um daqueles sorrisos calorosos, ao que eu logo retribui. – Dando um passeio logo cedo?

    – De certa forma, sim. Já estava indo para a escola.

    – Que ótimo. Olha, eu queria te agradecer. Desde que você começou a ajudar Iris nas aulas ela tem se mostrado bem melhor. Obrigada, querida.

    – Imagina. Eu fico feliz de ter ajudado.

    – Não vou mais te atrasar. Até mais, querida.

    Os dois me acenaram e finalmente voltei ao meu caminho normal. Cheguei à escola bem no horário, peguei meu jaleco no armário e fui para a aula de ciências. Encontrei Rosa na escadaria, ajeitando a própria mochila.

    – Bom dia, atrasada.

    – Você também está atrasada, atrasada. – Respondi, segurando o jaleco dela enquanto ela fechava a bolsa.

    – Tudo bem com você?

    – Na medida do possível. Eu consegui resolver aquela história sobre a Iris, mas agora tem o Armin delinquente e...Ambre.

    – O que ela fez dessa vez?

    – Nada ainda. Não sei. Ela me viu com o Lys ontem no corredor, mas acho que já me conformei com a ideia de toda a escola saber a essa altura.

    – Bem, a gente sabia que em algum momento esse relacionamento ia se mostrar, não é?

    – É, lógico. Agora só falta a parte dentro de casa, né?

    – Vai dar tudo certo. E se quisermos estar vivas para ver tudo dando certo, é melhor subirmos agora. Venha.

    Sorri, subindo atrás dela enquanto ela finalmente vestia o jaleco e o abotoava. Eu já usava o meu, então simplesmente entrei e fui pro meu lugar com Melody. No meu trajeto até a mesa, reparei a ausência dos gêmeos, o que me preocupou, e de Charlotte, que me fez querer soltar um rojão de felicidade.

    Depois de me ajeitar, reparei Lysandre conversando com Castiel de pé perto dele. Quando ele me viu, deu um sorriso discreto. Respondi, vendo Castiel nos encarando com aquela cara de criança enojada. Acenei pra ele, ainda com o sorriso doce. Vi ele bufar e se sentar.

    E o olhar de Ambre que poderia abrir um buraco nas minhas costas qualquer hora. A encarei por um segundo, registrando o sorriso debochado. Indiquei Priya com o queixo e antes de ver sua reação, me virei na cadeira.

    Com o fim das aulas, decidi juntar minhas coisas e deixar o material de ciências no armário. Encontrei Iris na porta da sala, como se ela me esperasse, e finalmente lembrei que não tínhamos falado de Charlotte.

    – Oi, Anna. Como foi ontem?

    – Ei, Iris. Hum, foi do jeito que eu planejei, deu certo. Pode ficar tranquila. – Ela concordou, esperando eu completar. – Olha, eu te conto depois com mais calma. Quer voltar para casa junto comigo hoje?

    – Claro, eu te espero no portão. Até lá.

  Finalmente caminhei até meu armário, colocando minha senha distraída, com o jaleco dobrado na outra mão.

    – Você é uma safadinha mentirosa. – Dei um pulo com a voz no meu ombro e me virei, batendo o ombro na porta do armário. Peggy tinha aquele sorriso estranho dela de quando tem alguma notícia incrível. E pelo visto era eu a notícia.

    – Que susto, Peggy. Bom dia. Posso saber o por quê da acusação?

    – Você sabe bem, mas vou te ajudar. A Ambre não para de falar para os outros sobre seu relacionamento com o músico torturado, como diz ela.

    – Ah, é. Convenhamos, me chocaria se ela guardasse o segredo. Ainda mais meu. – Voltei a me virar para o armário, ajeitando minhas coisas lá dentro. Peggy simplesmente se escorou nos outros armários para manter o contato visual.

    – É, eu sabia. Vocês não eram muito discretos, sabia?

    – Olha só, e eu não fui a capa do seu último jornal?

    – Eu já disse que não me meto mais na vida alheia. – Ela soltou com um suspiro discreto. Concordei, fechando a portinha finalmente.

    – Bem, muito obrigada pela discrição então. Todo mundo sabe do meu segredinho, mas pelo menos não foi por você. No fundo a gente sabe que pode confiar em você. – Soltei, ajeitando a mochila nas costas. Aquilo pareceu agradá-la, porque ela deu um sorrisinho e se endireitou. – Você vem almoçar?

    – Claro. Agradeço a confiança, mas seus casos também não interessam tanto, né? – Ela sorriu e foi até a cantina com sua pilha de jornais. O problema da Peggy era justamente esse. Ela até era divertida e tudo, mas essa mania de querer saber mais que todo mundo e se aproveitar disso cansava qualquer um.

    Assim que eu passei pela porta da cantina, o falatório começou. Entrei na fila, respirando fundo. E não demorou pras duas ratazanas pararem atrás de mim. Ambre começou falando baixo, como se para me provocar sem ninguém perceber.

    – Todo mundo já sabe do seu segredinho, hum. Eu não sei o que o Lysandre viu em você, mas eu te garanto que não vai durar. Você é muito sem sal.

    Li reforçava cada vez que Ambre destilava seu veneno. Olhei para elas pelo canto do olho enquanto esperava a fila andar. Meu silêncio não a impediu de continuar.

   – O que você pretende fazer depois que ele te jogar fora? Se esconder num canto escuro? Ah, já sei. Você vai picotar seu cabelo igual quando brigou com o Nathaniel. Pobrezinha. – Ela tinha mesmo usado o drama do próprio irmão pra jogar algo na minha cara? Nojenta. Tentei ignorar, mas ela soltou a gota d’água. – Aposto que ele vai te comer o quanto quiser e depois te dispensar, você não dá nem pra umas 3 vezes.

   Ai eu não segurei a resposta. Peguei a bandeja mais uma vez e acabei de encher meu prato enquanto me virava para ela, bem plena, e jogava na cara dela.

   – Dá pra sentir o gosto do seu veneno de longe, Ambre. Diz aqui, cadê a Charlotte hein? Ah, se bem que você não precisa dela porque no fundo essa amizade suas é só uma faixada na qual vocês três se escondem para disfarçar o quão patética cada uma de vocês é. Uau. Me deixa em paz.

   – Cala a boca, a Charlotte só está doente. Você acha que eu sou feito você que depende de suas amiguinhas psicopatas para me botar pressão. Eu decidi parar de ser tão legal.

   – É realmente, sua preocupação com sua aparência te deixou bem divertida mesmo. – Revirei os olhos, tentando finalmente me afastar. O refeitório quase todo já nos encarava.

   – Muito engraçadinha você, não é? Pois você...

   – Eu o que? Ninguém tem medo de você, Ambre, nem a Bia mais liga pros seus joguinhos. E a Li só continua aqui porque ela é burra, literalmente. Cai fora, vai. – E finalmente, sem espaços para uma resposta, eu a deixei de pé, completamente desestabilizada e fui para minha mesa.

   Kim, Rosa, Priya e Iris me olhavam quando eu finalmente joguei a bandeja sobre a mesa e me sentei, respirando fundo. Rosalya me pediu detalhes da discussão já que ninguém tinha conseguido escutar o início. Ainda bem.

   – Ela quis falar merda e eu a cortei. Não vou mais aturar essa palhaçada dela, e ela parece ter entendido bem.

   – Olha só, nossa Anna finalmente saindo da sua concha. – Kim respondeu, aparentemente satisfeita pela minha nova autoconfiança. Ela lembrava bem quando eu corria de um lado pro outro sendo humilhada pela Ambre.

   – Sim, acho bom que você mesma a colocou no seu lugar. Mas eu ainda posso ajudar se precisar. – Priya gesticulou uma tesoura com os dedos, mas dispensei com um sorriso forçado.

   Mesmo vendo que Ambre estava arrasada em sua mesa, não me senti mal. Era bom inverter o jogo às vezes. Iris sorriu e repetiu o que ela já tinha me dito em privado.

   – Eu já disse, mas acho que vocês dois vão dar super certo.

   – Você sabia? Eu nem reparei. – Kim comentou. Iris deu de ombros.

   – É que os dois me ajudaram a estudar recentemente.

   – Nossa, que fofo. – Rosalya falou, pronta para inventar alguma provocação boba, quando a voz arrastada falou logo atrás de nós.

   – Hum, oi meninas. Será que eu...posso... – Ele parecia hesitante, mas na mesma hora as meninas se reorganizaram o dando espaço. Ele se sentou ao meu lado, calmo como sempre. Meu estômago já estava igual a um borboletário, mas quando ele me deu um beijo na bochecha eu quase derreti.

   – Você está linda hoje. – Sorri feito uma bobona para ele, ouvindo as outras meninas começarem as brincadeiras, todas inocentes lógico.

   – Ai meu deus, eu vou embora antes que a coisa desenvolva. – Kim começou a se levantar. Eu dei um chute de leve na canela dela por baixo da mesa, falando com a cara fechada.

   – Senta essa bunda, ai. – Ela riu e tudo voltou ao normal. Não demorou, o refeitório voltou a murmurar sobre algo, e ficamos curiosas. Iris pediu um exemplar do jornal da Peggy para a mesa vizinha e começou a passar as folhas, até que ela congelou. Priya a cutucou.

   – O que foi, Iris? – Meu coração gelou com a possibilidade de ser algo sobre as tais fotos, mas ela gaguejou e finalmente soltou.

   – O Armin...ele foi preso. Mas não diz a causa. – Ela parecia chocada. É verdade que quando ele foi levado não tinha muita gente do lado de fora. De novo, comecei a ficar com raiva. Tomei o jornal das mãos de Iris e pedi licença.

   – Eu vou falar com a Peggy, já volto. – E sai batendo pé pela cantina afora, procurando a garota do gravador.             


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