Lá E De Volta Outra Vez escrita por Pacheca


Capítulo 41
Adoções


Notas iniciais do capítulo

Hello, personas, estou de volta :3 Espero que gostem, aproveitem ♥



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O pet shop era do lado oposto da minha casa, bem arrumado, apesar de ainda ter aquela fragrância de cachorro molhado. Um lugar agradável, pelo menos. Nathaniel olhou por cima das prateleiras, provavelmente procurando algum atendente. Claro que a irmã dele só sabia falar.

─ Quando vai ir escolher?

─ Preciso achar um vendedor antes.

─ Ah, eu queria ir ver os gatinhos.

─ Odeio admitir, mas eu também. ─ Sorri para ele, segurando a alça da mochila.

─ Dá para agirem feito adultas, hein? ─ Ele riu, empurrando minha testa com o dedo. ─ Não fiquem tão animadinhas, eu não vou levar nenhum hoje.

─ E por que não?

─ Não funciona assim, Ambre. Não é um bichinho de pelúcia que ele pode vir aqui e trocar.

─ Sim, isso mesmo. Bom, tem alguém ali. Venham.

Por incrível que pareça, eu não estava com vontade de matar Ambre. Na verdade, mal estava me lembrando da presença dela. Nathaniel conversava com seu atendente, enquanto eu olhava umas coleiras. Ele teve que me cutucar para me trazer de volta ao mundo e olhar os gatinhos.

─ Oh, são tão fofinhos.

─ Quanto custam? ─ Ambre perguntou, olhando um deles.

─ Todos os nossos animais estão para adoção, querida. Afinal, não se pode por um preço na vida, mesmo que de um gato.

─ Pensando por esse lado, seria como cobrar por um bebê.

─ Exato. Os desse lado são os machos, os de lá as fêmeas.

─ Bom saber. Obrigado. ─ Ele se abaixou e a vendedora nos deixou sozinhos. ─ Diz ai, qual delas acharam mais fofinha?

─ Tem preferência por uma fêmea, é?

─ Ouvi dizer que são mais fáceis e dóceis. Além disso, exigem menos espaço porque não querem ficar saindo de casa. Excelente para um apartamento, não acha?

─ Parece que sim. Bom, eu adorei aquela ali de três cores e os olhinhos amarelos, mas parece que essa branquinha está bem interessada em você.

─ E você, Ambre?

─ Gostei do cinza. É o que menos tem cara de vira lata. ─ Esquece, a vontade de cometer um homicídio tinha acabado de voltar. Revirei os olhos e voltei a endireitar a coluna, esperando ele se levantar também.

─ É, ótimo. Vou voltar depois que me certificar de tudo. Vamos embora?

─ Quantas horas? Eu bem que podia aproveitar sua companhia.

─ O sol ainda não parece ter se posto. Ambre, você tem que voltar para a escola, sim?

─ Uhum, papai já deve estar chegando.

─ Okay. Anna, precisa mesmo que eu vá?

─ É, não. Parece mesmo que ainda está claro. Bom, eu já vou indo então. Beijos, lindo. Tchau, Ambre.

Deixei os irmãos sozinhos e fui com passos rápidos para casa. Minha mãe estava sabendo que eu ia passar no pet shop com Nathaniel, então eu não ia ter que explicar que tive que ficar até mais tarde na escola. Aleluia.

─ Boa noite, meu bem. ─ Fechei a porta antes de respondê-la com um sorriso. ─ Como foi seu passeio?

─ Ah, bem. Agora vou passar uma semana pensando em como seria ter um gato, mas...já sei que minha resposta é não, vou superar.

─ Bom que sabe. Não vou deixar um felino acabar com meu sofá. Seu pai já vai acabar o jantar, vai deixar sua mochila lá em cima.

Bati continência antes de sorrir e subir as escadas de dois em dois degraus, já tirando a mochila das costas. De volta ao andar debaixo, jantei, fiquei responsável pela louça, lavando tudo com os fones de ouvido me isolando no universo da pia. Uma noite normal.

No dia seguinte, na escola, eu reparei na conversa animada de Alexy e Rosalya no corredor, mas acabei não tendo tempo para falar com eles. Chegar atrasada realmente não me ajudou muito naquele ponto. Entrei correndo na sala, tendo que sentar junto do Armin.

─ Oi, gata. Bom dia.

─ Ei, Arms. A aula já vai começar.

─ E dai?

Fui obrigada a rir. Eu devia imaginar que ele não ia parar de jogar no PSP só porque ia ter um professor em sala. Revirei os olhos e peguei meu caderno, esperando para anotar a matéria. Aproveitei meus minutos livres e fui reler alguma das coisas que tinha escrito nas últimas páginas. Acabei fazendo aquilo pelo resto do horário.

─ Okay, vocês dois, podem ir abrindo essa boca e me pondo a par da situação. ─ Encontrei Rosa e Alexy saindo da sala, ainda risonhos. Rosa olhou para mim antes de responder.

─ Se tem alguém devendo explicações aqui é você. Que papo é esse de estar cheia de intimidade com o representante, hein?

─ Hum, ele é meu amigo? Assim, eu achava que estava até um pouco “afastada”, mas…

─ Deixa ela curtir, Rosa. Temos planos para você.

─ Nós temos? ─ Perguntei, cruzando os braços.

─ Uhum, era do que estávamos falando. Vamos te levar ao shopping, depois das aulas. Você aproveita e nos conta como foi sair com Nathaniel, de quebra te conseguimos uns modelitos novos. ─ Alexy sorriu. Concordei, dizendo que ia ter que passar em casa antes.

Até o horário do almoço, fiquei com meus amigos. Só consegui falar um minuto com Nathaniel, num dos intervalos na sala, perguntando se ele iria voltar ao pet shop. Ele disse que ainda tinha que se ajeitar no apartamento, então só iria no dia seguinte. Antes que eu continuasse, Melody parou ao lado dele como um cão de guarda e comentou algo sobre papelada. Ele se desculpou e pediu licença.

─ Aquilo que eu vi foi ciúme? ─ Peggy parou do meu lado, sorrindo de lado. Dei de ombros, apanhando a mochila.

─ Melody consegue ser detestável sempre que eu falo com ele. Enfim, vai almoçar?

─ Atrás de você, querida.

Depois de comer conversando com as meninas, eu fui para a sala de aula. Castiel e Lysandre estavam sentados, discutindo algo. Pus minha mochila no chão, enquanto os dois me olhavam. Lysandre nem parecia o mesmo do dia anterior, então arrisquei me aproximar.

─ O que vocês dois estão fazendo?

─ Não é da sua conta. Ouvi que você e seu amiguinho idiota conseguiram até sair juntos.

─ É, ele queria que eu fosse com ele ao pet shop.

─ Pra que?

─ Ora, Castiel, o que mais se faz num pet shop além de arrumar o cabelo e fazer as unhas?

─ Só não te mando ir cagar porque a ideia de ver seu amigo loiro montado de drag queen é divertida. ─ Ele tentou me dar um peteleco na orelha, mas eu dei um tapa em sua mão. ─ Bom, até não é má ideia, eu preciso de uma coleira nova pro ingrato do Dragon.

─ Hum, tem algum tempo que não vejo coelhos, poderia ir com você. Viu algum deles por lá, Anna? ─ Lysandre tinha mesmo comentado que adorava os coelhos da fazenda dos pais.

─ Eu não prestei atenção, na realidade. Fiquei mais concentrada nos gatos mesmo. Mas eu vi as coleiras, Castiel, tem uma rosinha que ia ficar um luxo.

─ Se for boa, eu não estou nem ai. Não é como se o cachorro fosse perceber.

─ Eu tava falando era pra você.

─ Okay, foi boa, eu cedo.

─ Obrigada. De todo jeito, Nathaniel vai voltar lá amanhã, se quiserem vir também.

─ Nah, dispenso a companhia do seu amado.

─ Meu bem, se eu não matei a Ambre ontem, você não o mata mais.

─ Ela foi? ─ Lysandre perguntou, afobado. Aquilo era choque ou alívio? Porque eu juro que o vi dar um sorriso muito rápido. E eu ainda não tinha enlouquecido. Concordei, suspirando.

─ Tive o desprazer da companhia, sim. Bem, pensem com carinho, eu tenho certeza de que ele não vai se incomodar. ─ Deixei-os sozinho e fui pro meu lugar, quando a sala começou a encher.

Mais tarde, depois de passar em casa para pegar meu dinheiro guardado e ir para o ponto de ônibus, encontrei meus dois amigos no shopping, tomando um sorvete enquanto me esperavam.

─ Prontinho, agora vocês podem gastar meu dinheiro.

─ Até que enfim. Eu estava precisando comprar um colar novo. Leigh me fez um vestido lindo, mas nenhum acessório meu combina. ─ Rosa ficou de pé, pegando seu sorvete. ─ Vamos, eu já sei onde procurar.

Sinceramente, eu não entendia como aqueles dois gostavam daquilo. Fazer compras era muito chato. Rosa passou mais de meia hora olhando diversos colares, pra no fim escolher um dos primeiros e ir pagar. E então eu virei a vítima.

─ Gente, eu já comentei que odeio compras?

─ Por um acaso, já.

─ É, então eu vou dispensar.

─ Ai, menina, para de ser sem graça. Quem não gosta de ter uma roupa e pensar “nossa, como eu fiquei gata”? Eu em?

─ Eu, Rosa. Até porque, roupa não faz milagre genético.

─ Não reclama que você tem um corpaço.

─ Sou obrigado a concordar, amiga. Se você escutasse mais a Rosa, a escola toda ia estar aos seus pés. Aliás, mais ainda.

─ Não fiquem massageando tanto meu ego, eu vou acabar virando a Ambre. ─ Comentei, passando alguns cabides sem ânimo. Alexy resmungou e voltou a olhar algumas blusas.

─ Por que não fazemos assim, então? Eu e Alexy vamos te provar que conseguimos te deixar mais gata e sem sair do seu gosto, enquanto você vai tomar o seu sorvete, hum?

─ Bom, mas não extrapolem porque eu vou quebrar depois disso.

─ Só vai, te mandamos uma mensagem quando tivermos escolhido. Alexy, vou caçar uns vestidos, quer vir?

Acabei concordando com a ideia para poder sair dali. E valeu a pena, aquele sorvete estava maravilhoso. Até ai, eu sempre ia adorar sorvete. Consegui tomar um e ainda olhar umas vitrines antes de ser convocada de volta. E então Rosa e Alexy me fizeram sentar e decidir em duas blusas e um vestido.

─ Começando pelas blusas, eu escolhi a vermelha e a rosa. Rosalya preferiu a azul.

─ Dois pontos pro Alexy. Não que a azul seja feia, mas é colada demais.

─ Ai, okay. Agora os vestidos. O verde é meu, o roxo é dele.

─ Ponto seu, Rosa. Agora eu posso experimentar?

─ Temos quase certeza dos tamanhos, mas se te faz sentir melhor… ─ Tomei os cabides e fui para um provador. É, eles realmente já tinham gravado minhas medidas. O vestido ficou um pouco mais curto que o esperado, mas eu já tinha me acostumado. ─ Pronto?

─ Bom, tchau dinheiro. Vou pagar, espera ai.

O total ia dar 190, mas o vendedor disse que por ser à vista e no dinheiro podia me dar desconto. Continuou meio caro, mas ainda era melhor que o valor original. Peguei tudo e prometi usar uma delas para o dia seguinte.

A escolhida para o dia foi a rosa. Tinha um vento leve soprando, e ela tinha mangas compridas que me deixava numa temperatura confortável. Fui para a sala de aula e confirmei com Nathaniel nossa nova visita ao pet shop. Castiel acabou concordando em ir com Lysandre, e no fim do dia, Alexy incluiu a si mesmo, o irmão e Kentin na visita. Então, no fim da aula, fomos todos juntos.

─ Eles tem variedade, sim? ─ Alexy comentou, olhando um dos peixinhos no aquário. Nathaniel foi para os fundos da loja, onde estavam os gatos. Deixei-o ir e pensei em comprar algo de presente pra nova coleguinha. Castiel estava parado, avaliando uma coleira preta.

Lysandre reparou que eu tinha pegado uma das coleiras e estava aproveitando a distração do colega para caminhar até suas costas, fingindo de besta. Abri a coleira e, tomando coragem, prendi o apetrecho no pescoço do garoto cabeludo.

─ Ara, sua…

─ Lys, vamos ver os coelhos. ─ Agarrei sua mão e o arrastei comigo para longe, ainda vendo Castiel com a coleira rosa no pescoço. Eu estava rindo, quando paramos e eu o soltei. ─ Foi mal.

─ Não, tudo bem. Ele não parece bravo.

─ Bom, pode aproveitar e realmente ver os coelhinhos. Leigh se incomodaria se você tivesse um?

─ Provavelmente. Ele sempre se certifica de que eu saiba que não estou muito apto a assumir responsabilidades desse porte.

─ Ora, bobagem. Você sempre lembra de coisas importantes, sim?

─ Assim imagino.

─ E além disso, olha que fofinho. ─ Eu peguei um dos menores na gaiola e mostrei para ele, sorridente. ─ Eu adoraria ter um, mas minha mãe não me deixa ter nem um hamster, que é bem menor.

─ Gosta de roedores?

─ Bom, eu gosto de animais. Sou tão fã de gatos quanto Nath, mas até ai, se me dessem a opção de ter um cachorro ou coelho eu não negaria.

─ Parece que temos algumas coisas em comum.

─ Eu gosto de achar que vivo menos no mundo da lua que você. ─ Ele riu, pegando o coelhinho das minhas mãos. Senti um vazio repentino, mas não foi exatamente do calor do coelhinho, mas sim o de certos dedos. ─ Bom, eu vou ver se Nathaniel já escolheu.

─ Oh, tudo bem.

─ Já volto. ─ E deixei-o com o coelhinho malhado nas mãos, pensativo. Enquanto isso, Nathaniel estava sentado no chão da loja, com as gatinhas ao seu redor. A branca estava tentando morder sua mão, enquanto as outras exploravam o ambiente. ─ Acho que alguém já escolheu.

─ É, eu não posso mais fugir dela. Olha esss olhinhos. ─ Ele a pegou no colo com o maior cuidado e a ergueu até eu vê-la de perto. Sorri, acariciando sua cabecinha. ─ Bom, eu já posso ir. Os outros…?

─ Não sei. Armin e Kentin saíram andando, acabei de deixar Lysandre com um coelho depois de colocar uma coleira em Castiel. A vendedora está aonde?

─ Ali. ─ Ele acenou, segurando a branca nos braços. ─ Pode guardar as outras, senhora. Obrigado.

─ Só um minuto e eu lhe atendo no caixa.

─ Caixa? Não eram para adoção?

─ É, ela me disse anteontem que cobram uma taxa para registrar o bichinho e ajudar a manter os que são deixados.

─ Oh. Bom, eu vou na frente e vou conferindo quem vai embora também. Licença.

Quando voltei ao caixa, Castiel já tinha se livrado da coleira rosa e Lysandre esperava com ele, sem coelho. Ele não parecia muito feliz, mas não ia forçá-lo a tomar decisões. Armin e Kentin estavam chegando também, o primeiro com um furão no ombro e o outro com um filhote relativamente grande. Ele sorriu para mim quando eu mexi com o bichinho.

─ Prontinho. Nossa filha. ─ Nathaniel deixou a gata comigo enquanto pegava o dinheiro da taxa no bolso da casa. Afaguei a gata, reparando que Alexy riu de como ele apelidara a gatinha.

─ Nossa filha ia ser a de três cores. Essa aqui é só minha enteada.

─ Boba. Pronto, pode me passar. Vocês vão levar também?

─ Não preciso de outro e Lysandre ficou com medo de perder o bicho.

─ Olha só, lembrei de alguém, né Anna?

─ Cala a boca, eu realmente não sabia que ele ia conseguir entrar no buraco do sofá.

─ Como é? Que papo é esse?

─ Eu costumava um passarinho des estimação, aquelas calopsitas, até o dia que a doida tacou o bicho dentro do sofá.

─ Ele entrou por conta própria. E eu tirei ele de lá, seu pai é quem não te deixou mais tê-lo.

─ Anna, que coisa horrenda.

─ Foi acidente e eu tinha cinco anos.

─ Seis.

─ Fica quieto que você também não era esse cuidado todo, não.

─ Bom, meu pai sempre gostou de cães, e minha mãe vai adorar o Cookie.

─ Meu irmão ainda quer me matar.

─ Quero mesmo, bom que sabe. Tanto bicho pro Armin escolher e ele pega o que? Um furão. Esse bicho fede.

─ Não fala assim, cachorro também tem cheiro. ─ Armin deixou o furão descer pelo seu braço, sorrindo só para provocar o irmão. Eu tive que intervir.

─ Não é um videogame, hein? Não esquece de alimentá-lo.

─ Quem você acha que eu sou?

─ Alguém que ignoraria o bicho por uma partida de lol.

─ HA, até ela. ─ Alexy riu, apontando.

─ Bom, eu tenho que ir. Amo vocês, beijos. ─ Soprei um beijo pros meninos e deixei a loja, vendo o sol já se pondo. É, ao que parecia eu e Lysandre seríamos os únicos aproveitando nossa própria companhia, sozinhos nos nossos quartos.


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Notas finais do capítulo

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