White Blank Page escrita por Enya Flowers


Capítulo 6
I will follow you with my hole life




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Ramsay se casou com Sansa e Theon Greyjoy acreditou que o seu mestre agiria diferente com a esposa. Fedor sabia a verdade sobre a natureza do bastardo do Forte do Pavor e não se permitia ser enganado mais nenhuma vez. Contudo, não foi Fedor quem foi obrigado a assistir a consumação do casamento e sim Theon. Com lágrimas nos olhos o ex-protegido dos Stark viu a sua primeira paixão ser violentada em sua frente. Ele foi a testemunha de Ramsay sobre a noite de nupcias. Nada mais poderia separar aqueles dois pombinhos. A alegação de que o casamento não fora consumado não se aplicaria mais nesta boda. Não havia nenhuma fé nos Sete Reinos que tirasse o direito do marido possuir a mulher da forma que desejasse e sem o consentimento dela e se Sansa fosse azarada e engravidasse naquela ação, então o Norte seria oficialmente dos Bolton, pois nenhum aliado da Casa Stark se voltaria contra a última Stark viva.

Se eu não tivesse traído Robb, então isto não estaria acontecendo. O remorso era grande e foi Theon quem mais chorou naquele quarto. Em contra partida, foi os gritos de Sansa que ecoaram por Winterfell. Não era assim que era pra ter sido, os tremores o atacavam a cada segundo que passava enclausurado ali.

Quando enfim o ato acabou e foi concedido ao Fedor a permissão para se retirar, as imagens do que acabara de acontecer ainda invadiam a sua mente e de forma mecânica voltou ao canil com o seu elegante traje festivo.

Nos dias que se passaram, as demandas de Ramsay por ele diminuíram. Fedor poderia ficar contente por isso; havia menos chances de ser punido por pequenos erros cometidos na frente de seu senhor, em contra partida Theon entendia que a razão por não estar sendo requisitado era porque Ramsay estava se ocupando com a esposa, mas não de uma forma honrada e apaixonada. Ele culpava Sansa pelo fracasso de sua Casa não ser aceita pelos nortenhos. Na verdade a culpa disso pertencia ao seu pai, Roose Bolton, que assassinara a sangue frio o Rei deles durante o banquete de casamento de Edmure Tully nas Gêmeas.

Nem a descoberta da morte de Robb o deixara tão abalado quanto agora. Claro que na época Theon era só um fantasma para Fedor e se ele não conseguisse voltar a se controlar por bem, ambas suas identidades se tornariam assombrações daquela fortaleza. A ideia de morrer que um dia lhe fora tão tentadora agora lhe dava medo. Se ele morresse, ele não poderia fazer nada para salvar Sansa. Ele estava decidido a salvá-la, entretanto quando foi posto a prova ele falhou.

Ao invés de acender a vela que Sansa lhe dera na Torre Quebrada, o que ele fez foi entregar o plano de Sansa para Ramsay. Por que ele fez isso, Theon não sabia dizer. Força do hábito, Fedor respondeu por ele. Pela força do hábito ele viu aquela velha senhora esfolada ser exposta no pátio de Winterfell e forçou-se a visualizar o seu rosto no dela para controlar seus arrependimentos. Entretanto, foi a face de Sansa que lhe veio a mente. A sua traição à ela podia ter custado a vida dela... A vida dela! Se ela morresse, que direito teria ele de respirar!?

Para ele, a garota era sua última chance de redenção. Através dela ele poderia se redimir de todo o mal cometido. Talvez fosse justamente por isso que os Deuses Antigos não pediram à sua vida.

Os Velhos Deuses... foi para o Bosque Sagrado que Theon fora enquanto Ramsay saia para guerrear com os soldados de Stannis que batera em suas portas. Aquela foi a primeira falsa liberdade que tivera desde que havia sido capturado. O Bosque Sagrado já não parecia rejeitar a sua presença. Ele sentiu-se bem ali durante o casamento de Ramsay com Sansa. Naquele dia os olhos ensanguentados do represeiro não o condenavam, ele parecia chorar por seu estado e não por sua causa. Theon gostou disso. Pelo menos alguma coisa lamentava o seu destino. Ajoelhando na neve recém caída que cobria a terra, pediu coragem aos Deuses do Norte. Coragem para cumprir a sua missão de vida, independente de qual fosse ela, ele queria se redimir e iria pagar o preço que fosse. Hoje ele não permitiria que Fedor assumisse o controle do seu corpo. Aquele pedaço de carne mutilada era de Theon Greyjoy. Cada pedacinho que ainda restava era seu e cabia à ele decidir o que faria. Com o castelo com meia dúzia de soldados e repleto de mulheres, velhos e crianças, não seria difícil tirar Sansa de lá enquanto os homens estivessem fora.

Com passos decididos retornou para a fortaleza e subiu as escadas que daria ao quarto de Sansa. Na ausência de Ramsay, ele lhe conferira as chaves daquele aposento em que sua prometida era mantida. Ele deveria levar comida para ela três vezes ao dia e garantir que ela estivesse bem e limpa, pois quando retornasse a primeira coisa que faria seria vê-la.

Não havia o que temer enquanto subia as escadas, ninguém o deteria, nem o puniria. Ele estava cumprindo a sua obrigação, porém algo dentro de si se debatia com ânsia. Fedor, é Fedor que está inquieto, disse à si mesmo em pensamentos. A obrigação que estava cumprindo não foi dada por Ramsay e sim pelos Deuses. Mas Ramsay se vê como um Deus, constatou, no entanto ele não passa de um Demônio e estou cansado de servi-los. Foi inevitável correr no último lance de escadas. Com as mãos trêmulas, demorou mais do que o necessário para encontrar as chaves no seu bolso e quando enfim chegou até a porta do quarto de Sansa, ele percebeu que a porta já estava aberta.

– Não... - O lamento escapou de seus lábios rachados.

A chave utilizada era um abridor de garrafa que destruiu a fechadura ao funcionar como chave.

– Fedor! - Seu nome foi pronunciado por uma mulher. Myranda, ele a reconheceu antes de se virar para ela - Onde está Sansa?

Ele optou pelo silêncio. Não era mais Theon quem estava no comando naquele momento. Sentia-se incapaz de pronunciar qualquer coisa, estando ciente da traição que não chegara a cometer. Se havia alguém tão perverso quanto Ramsay, com toda certeza aquela mulher era a escolhida.

Com um menear de cabeça, apontou para a porta do quarto.

Myranda não demorou a entender o que aconteceu e ordenou que Fedor a acompanhasse. Com passos firmes e apressados, tomou a frente da busca e na primeira oportunidade se muniu com o seu arco-e-flechar de caçada.

Ambos demoraram um bom tempo para encontrar Sansa. Eles andaram em cada canto de Winterfell, só restando as amuradas e foi lá que eles a encontraram. Myranda a viu, antes que Sansa a visse e de prontidão apontou uma flecha para a fugitiva. Ela vai atirar... Mas nã para matar. Myranda nunca atirava nas mulheres em suas caçadas para matar. Ela só as atrasava.

– Minha senhora, eu vim acompanhá-la de volta para o seu quarto - Myranda a informou com a voz mais doce e irônica que possuía.

– Vá com ela! - Fedor ordenou. Percebendo a autoridade que tinha na voz, abaixou a cabeça e completou com humildade: - Por favor.

Sansa não ameaçou ceder. Continuou parada naquela amurada estreita, encarando-os com a cabeça em pé. Mesmo depois de tudo o que ela passou, ela continuava a ser uma lady em cada fibra de seu ser. Theon a admirou.

– Eu sei o que Ramsay é. Eu sei o que ele fará comigo - Sansa comentou - Se eu vou morrer, que seja enquanto algo de mim ainda resta.

Theon gostaria de ter sido morto antes de dar vida à Fedor. Fedor o fazia respirar dia após dia, mas aquilo estava longe de ser uma vida. Se Sansa fosse quebrada como ele, ele lamentaria o inferno que ela passaria com duas identidades dentro de si, sendo uma altiva e outra submissa. Assim, como eu.

– Morrer? Quem disse algo sobre morrer? - Myranda abaixara o arco e flecha.

A resolução de Sansa era o pior que ela podia ter feito. Se Myranda era boa com as armas, era ainda melhor com o terrorismo psicológico. Enquanto a mulher morena começava com a sua ladainha, Theon lutava com Fedor e descobriu que até sua outra identidade desejava ajudar Sansa. Aquele era o momento e aquela era a hora. Quando Myranda tornou a mirar sua flecha em Sansa, ameaçando machucá-la e não matá-la até que Ramsay fizesse um ou dois filhos com sangue Stark, Fedor se suicidou quando partiu para cima da mulher armada e a jogou amurada abaixo para a própria morte.

Naquele mesmo instante uma corneta soou no pátio de Winterfell, anunciando o retorno de Ramsay.

– Ele voltou... - O desespero o dominou.

Eles esperaram muito tempo para fugir. Não conseguiria garantir que estivessem em segurança antes que Ramsay desse pela falta de ambos. Retornar ao quarto de Sansa não era a melhor opção, não depois de Myranda ter sido assassinada e Fedor estar morto dentro de si. Theon não sabia mentir e mesmo que soubesse, um homem esfolado não consegue guardar segredos.

Tomando a mão de Sansa na sua, obrigou-a a correr com ele até o ponto mais alto da muralha do castelo. Ele subiu com facilidade, guiado pela adrenalina que corria solta em sua veia e auxiliou a garota a imitá-lo. Lá embaixo, do lado de fora daquela prisão de pedra não tinha mais nada para amparar a queda deles que não fosse a neve.

Theon encarou a mulher que estava ao seu lado. Sansa estava disposta a fazer o que ele fizesse. Ela me perdoou, pensou. Ela poderia voltar para Ramsay e colocar toda a culpa em Fedor. Theon de bom grado daria sua vida para salvar Sansa, mas ela não faria isso, ele percebeu. Ela queria a liberdade e foi esse desejo que levou ambos a pular. Se o pior acontecesse e eles morressem na queda, eles estariam livre de Ramsay para sempre e se caso contrário vivessem, eles garantiriam que o Demônio do Norte nunca mais voltaria a colocar os olhos sobre eles.

De mãos dadas e abraçando o destino que os Deuses Antigos guardaram para eles, Sansa encontrou sua liberdade e Theon sua redenção, mas o pior não aconteceu.

Eles não morreram.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado da fic!
Dou-a como concluída, apesar de ser um final em aberto, rs.
Agradeço desde já todos os comentários recebidos!



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