Castiel estava parado, olhando Kentin de uma forma totalmente estranha. Eu ainda estava em cima do Kentin, eu estava sem reação, assim como o mesmo. Rosa estava de boca aberta, e depois fez um sinal para eu explicar para ele.

Eu me levantei, me limpei e o olho.

— Não é nada disso que você está pensando. – Tento acalmá-lo.

— Então explique. – Ele estava de braços cruzados.

Eu olho para trás, onde estava Kentin, e depois para ele. Ele pareceu entender o recado e Rosa entendeu também, mesmo eu não tendo olhado diretamente para ela, Rosa entrou no taxi e não sei se Kentin entrou. Nós fomos para a pracinha que ficara na frente do hospital. Sentamos-nos em um dos bancos.

— Agora fale. – Ele ordena.

— Bem... Foi assim, eu estava saindo do Hospital com ele, e ele feliz, me levantou e começou a me rodar. Porém, quando ele me botou no chão, nós dois tropeçamos e eu caí em cima dele. Feliz? – Explico.

Ele fecha os olhos e respira fundo.

— Por que você tem tanto ciúmes? – Pergunto a ele.

— Desculpa é que... Eu não quero te perder de novo sabe?

— De... Novo? – Pergunto.

— Exato. – Ele confirma. – Não se lembra de mim mesmo não é?

—... Não.

Ele ri de leve e depois me encara.

— Pode parecer realmente idiota o que eu vou te falar, mas é a verdade. – Ele avisa.

— Fale, a verdade é o que importa. – Eu peço.

— Em torno de 2008, eu fui passar seis meses na Austrália, lá pelo litoral. Eu fui morar com minha tia, já que naquela época, eu ficava com minha avó e ela estava meio doente, e como você sabe meus pais não param em casa. – Ele recupera o fôlego. – Durante aqueles seis meses, eu conheci uma garota de cabelos negros e olhos bicolores, e um garoto que também era meu amigo. Ela era minha vizinha e também havia virado minha melhor amiga. Passávamos as tarde juntos. Ela chorava muito às vezes, pois seus pais estavam em uma época de brigas, ela chorava com as brigas, e toda vez ela ia para um rochedo pequeno perto do oceano, ela gostava de lá, pois o mar a acalmava. Toda vez eu ia atrás dela, eu acalmava ela, e sem perceber, eu já amava ela. Ela é muito importante para mim, eu era apenas uma criança, e me apaixonei profundamente por ela, e aqueles foram os melhores seis meses da minha vida. Porém, como eu disse, eram apenas seis meses. Quando chegou em Janeiro do ano seguinte, meus pais vieram me buscar, e antes de ir, eu dei um cordão para ela, porém eu entreguei para seu pai, e ele entregou para ela. Nesse colar, havia um pingente de um headfone, pois ela amava a música, e eu queria que ela se lembrasse de mim. – Ele sorri. – E essa garota incrível, eu a encontrei depois de oito anos, e agora ela está na minha frente, ouvindo toda essa história.

Eu não sabia o que dizer. Comecei a olhar bem para sua face, e percebi que ele era realmente o garoto que conheci naquela época, eu achava que seu nome era uma mera coincidência, já que não sabia seu sobrenome.

— Eu... Eu... Eu nem sei como falar. – Tento me explicar.

Castiel pegou mão, olhou em meus olhos e falou:

— Apenas... Sinta. – Sorriu.

Ele se levanta ainda segurando minha mão, eu me levanto também. Ele me puxa contra ele, a outra mão desocupada ele coloca em minhas costas. Ele começa a dançar e a cantar baixo.

Gotas de chuvas começam a cair.

— Well open up your mind and see like me. Open up your plans and damn you're free. Look into your heart and you'll find that the sky is yours… - Ele me olha como se pedisse para mim continuar.

— Please don't, please don't, please don't. There's no need to complicate. Cause our time is short. This oh this oh this is out fate... – Eu canto e espero ele finalizar comigo.

— I'm yours! – Terminamos as músicas juntos.

Ele sorri e depois junta meus lábios com os dele. A chuva caía com mais intensidade, sentia os pingos escorrerem pelo meu rosto, parecia uma cena de filmes românticos.

— Essa era sua música preferida. – Ele comenta.

— Ainda é. – Eu o corrijo. – Principalmente depois disso. – Completo.

Meus braços estavam em volta de seu pescoço, e o seu de minha cintura. Nós olhamos para o céu e eu fechei os olhos para sentir as gotas de chuva, eu soltei seu pescoço, e ele começou a me girar. Depois disso, eu o abracei forte.

— Eu sempre te amarei. – Ele sussurra no meu ouvido.

Nós ficamos assim durante muito tempo. Eu havia acabado de descobrir que ele havia sido o meu primeiro amor, e agora estamos juntos de novo.

Castiel me soltara e depois pegara algo em seu bolso, ele se ajoelha e pega a minha mão.

— E-Eu não sei como fazer isso, mas pelo o que eu te conheço isso seria o melhor pedido do mundo... – Ele começa.

Meu rosto ruborizava, eu estava com ansiedade correndo solta pelas minhas veias.

Ele tira duas pulseiras, uma tinha o pingente de Ying, e outra Yang. Ele pega a pulseira com Yang e a coloca em meu pulso.

— Você aceitaria ser a luz da minha vida? – Ele pergunta esperançoso.

Eu senti um nó na garganta, engoli meu nervosismo e respondi.

— Claro. – Sorri para ele e o mesmo retribui.

Ele levanta e me pega nos braços, ele começa a me girar novamente e dessa vez estávamos sorrindo e rindo de tanta alegria.

Cinco meses depois

Já se passou muito tempo depois do dia na chuva, aquele dia foi inesquecível. Castiel viajou com seus pais para uma especialização em música, eu estava morrendo de saudades dele, e ele havia me dito que toda vez que sentisse sua falta, acariciasse o pingente da pulseira.

Kentin havia me esquecido romanticamente, ele estava feliz por mim e era quase como meu irmão. Ele e Priya se deram muito bem, tanto que nesse verão eles viajaram juntos para o Havaí passar as férias.

Debrah havia visto eu e Castiel juntos, e tentando uma façanha contra minha pessoa, foi expulsa da escola.

Ambre não aceitou muito no começo o meu relacionamento com o ruivo, porém logo ela aceitou e acabou conhecendo melhor Viktor quando foi para a França.

Rosa e Kyle acabaram assumindo o seu namoro para nossos pais, no momento eles entraram em choque, porém logo foram aceitando e disseram que o fato deles se casarem não iria fazê-los irmãos biológicos.

Nathaniel havia se emancipado dos pais, eu tive que ter muita coragem para ligar ao disque 100. No momento, Nathaniel havia ficado chateado comigo, porém ele percebeu que o que eu fiz foi o correto, ele sofria desde criança maus tratos vindo de seu pai.

Agora nesse momento, eu estou esperando o meu moreno... Sim, moreno. Castiel voltou para suas raízes naturais. Estou no aeroporto esperando seu avião pousar, estou extremamente ansiosa.

— O vôo 312, vindo de Paris, acaba de pousar. – Avisam nos autos falantes.

Eu levantei-me e o procurava por todo canto, até que meus olhos finalmente pousaram nele, que estava pondo as malas no carrinho. Eu corro imediatamente ao seu encontro enquanto gritava seu nome.

— Castiel! Castiel! – Gritava.

Ele me olha e depois sorri, o mesmo abre os braços e me levanta. Eu dou um abraço apertado nele, e o mesmo retribuí.

— Que saudades... – Sussurro.

— Você não sabe o quanto. – Ele completa.

Eu viro meu rosto para encontrar o dele, nos encaramos por um tempo breve e depois ele me beija. Passamos um bom tempo assim, até eu me lembrar que tínhamos de nos arrumar para o casamento de meu pai com Crys.

— Anda Cast! Se não iremos nos atrasar. – Eu o aviso.

Nós fomos correndo até o taxi, e depois ele nos leva em direção à minha casa.

(...)

Quando chegamos, a primeira coisa que eu disse para ele foi: “Seu smoking está no quarto de Kyle”, e depois fui em direção ao meu quarto me arrumar.

O meu vestido era um cinza com decote em “V”, curto na frente e longo atrás. Eu havia colocado brincos pratas e saltos de mesma cor. Meu cabelo foi partido de lado e minha maquiagem foi um pouco leve para não dar um ar pesado ao estilo. Estava pronta.

No momento em que saio, me deparo com Rosa. Ela estava com um vestido azul bem escuro, ele era estilo tomara-que-caia, mas era sustentado por uma grande parte de renda na frente e atrás; o seu cabelo estava partido ao meio; sua maquiagem também estava leve; seu salto era um bege um pouco mais escuro e fechado na ponta; ela não estava usando brincos.

— Mia! Que linda! – Ela me elogiou sorrindo.

— Obrigada! – Sorrio. – Você também está bem gata hein? – Comento e rio. Ela ri comigo.

— Obrigada Mi. – Ela sorri. – Eu decidi seguir sua sugestão de um vestido escuro e maquiagem um pouco lev...

Ela foi interrompida pelos rapazes que acabara de sair do quarto.

— U... A... U! – Eu e Rosa falamos maravilhadas.

— Como estamos? – Meu irmão e Castiel dão uma volta sorrindo.

— Não diria lindos... – Rosa começa sorrindo com um tom brincalhão.

Eles fecham a cara.

— Diria bem gatos! – Completo e nós rimos.

Os dois se aproximam.

— Vocês são impossíveis. – Castiel comenta sorrindo.

— Igualmente. – Respondo.

Kyle dá um selinho em Rosa e Castiel um em mim.

Nós descemos até o jardim, pois lá ocorreria a cerimônia. Estava tudo muito bonito e delicado. Havia fileiras de cadeiras brancas de jardim, e em cada fila tinha um vaso de rosas vermelhas e brancas; havia também um lindo tapete vermelho na grama verdinha entre as cadeiras que levava ao altar; no altar havia um arco de flores vermelhas, rosas e laranjas; do lado do local da cerimônia, havia um tipo de salão; lá continha o palco para músicos ao vivo; o Buffet que iam de carne até fontes de chocolate; as mesas estavam cobertas de um pano branco e por cima um vermelho; em cada mesa havia um arranjo de flores com vários tipos; tinha também uma pista de madeira em frente ao palco para a dança; e por fim o bolo dos noivos.

Meu pai já estava no altar junto ao padre; eu, Rosa, Kyle e Castiel nos sentamos na frente. Eu olho para trás na esperança de encontrar Kentin, mas daí lembro que o mesmo está a viajar nesse momento. Eu havia esquecido também do piano ao lado do altar, o mesmo começa a tocar nesse exato momento, avisando a chegada de Crys.

Crys estava magnífica, seu vestido era simples, porém sofisticado; no vestido havia uns detalhes em renda, principalmente na parte de cima; o seu cabelo estava preso em um coque, e no coque estava o véu; os seus saltos eram prata e fechados; sua maquiagem era uma mistura de preto e branco; e seu buquê continha somente a cor vermelha para não desaparecer perto do lindo vestido branco.

Ela andava calmamente e sorrindo enquanto o piano tocava; ela chorava de alegria, mas por sorte a maquiagem era a prova d’gua e nada se desfez. A cerimônia começa e os dois trocam votos.

—... Na saúde e na doença, até que a morte os separe? – O padre pergunta ao meu pai.

— Sim! – Ele sorri e coloca a aliança no dedo de sua amada.

O padre se dirige agora para Crys, e lhe faz a mesma pergunta. A mesma olha para todos sorrindo e diz:

— Diante de tudo e de todos aqui presente, eu digo sim! – Ela sorri.

— Pode beijar a noiva! – O padre concede com um sorriso.

Os dois se beijam muito felizes, meu pai chega a rodá-la no ar durante o beijo.

(...)

Estávamos no salão, já haviam cortado o bolo e todos estavam servidos.

— Mi, o que acha de fazermos um discurso? – Rosa me propõe.

— Porque não, né? – Confirmo.

Nós duas nos levantamos e puxamos Kyle conosco.

Pedimos aos músicos para fazer o discurso e ele nos concede. Rosa é a primeira a discursar.

— Olá a todos! Eu gostaria de sua atenção para comentar um pouco sobre este lindo casal que acaba de se juntar. – Ela começa. – Eu presencio o amor dos dois todos os dias, e sei que é algo muito lindo o que presenciamos hoje; eu desejo tudo de bom e do melhor para esse casal magnífico, um brinde aos dois! – Ela termina e me passa o microfone.

Eu me dirijo ao centro do palco um pouco nervosa.

— Boa noite. Ééé... Eu não sou muito boa com essas coisas, porém quando se trata desse casal, eu sei perfeitamente o que falar. – Eu olho para meu pai que está ao lado de Crys a sorrir. – Eu sei o que meu pai já passou à procura de uma amada, e sei que uma delas que não deu certo foi minha mãe. Eu nunca tinha visto meu pai sorrir de uma forma tão pura como ele sorri ao lado de Crys, eu nunca vi alguém olhar tão apaixonado para alguém como ele a olha. Eu sei que meu pai a ama muito, eu sei que ele sabe que ela é a sua alma gêmea, porque eu vi isso no exato momento em que presenciei os dois juntos; então minha gente, o que vocês viram aqui hoje, irá durar para vida toda, pois não adianta quantas vezes você desviar, o destino sempre irá te levar para a pessoa certa. – Eu sorrio.

— Um brinde para esse casal exemplo em nossas vidas! – Meu irmão me abraça de lado e ergue uma taça de champanhe sem álcool.

Todos no salão fazem o mesmo, levantam as taças e falam: “Um brinde aos noivos!”

Eu desço do palco com meu irmão, meu pai vem com Crys em nossa direção e nos abraça. Depois de nos liberar do abraço, meu pai me olha sorrindo.

— Gostei do que você falou filha, foi tão bonito. – Ele sorri.

— Foi cheio de amor, papai. – Eu respondo sorrindo.

— Você é mesmo uma garota de ouro, Mi. – Crys sorri e depois me abraça forte.

— Bem vinda à família! – Sussurro em seu ouvido.

Ela me abraça mais forte ainda.

— Querida, desculpe interromper. – Meu pai a chama e nós o olhamos. - É o momento de jogar o buquê.

— Preciso ir. – Crys avisa e me dá um beijo na testa antes de subir ao palco.

Um aglomerado de pessoas ficou na frente do palco, não só mulheres, como também gays presentes na festa. Eu fiquei lá trás apenas observando, a contagem começa.

— Três... Dois... Um! – Todos contam.

O buquê é arremessado no ar e o mesmo cai em meus braços que estavam cruzados, eu o pego e Rosa levanta meu braço.

— A Mi o pegou! – Ela avisa vitoriosa como se fosse ela mesma a ter pego.

Todos aplaudem e Castiel se aproxima.

— Agora você está destinada a se casar, e prometo que será comigo. – Ele alerta sorrindo.

— Eu lembrarei disso. – Sorrio e dou um beijo nele.

A nossa música começa a tocar e eu o tiro para dançar. Eu encosto minha cabeça em seu ombro.

— Te amo, Mia. – Ele sussurra.

— Te amo, Castiel. – Eu retribuo.