Ele respirou fundo, deixando o corpo cair sobre a cama sem mesmo tirar antes o pesado paletó branco, indiferente ao fato de que ouviria reclamações por isso depois.

Revirou-se na cama desconfortavelmente, soltando pequenos resmungos e encarando a janela aberta de seu quarto grande e tão ridiculamente vazio. Os fogos, as luzes e os burburinhos que vinham do salão no andar inferior só faziam piorar o vazio do seu quarto, que rastejava para dentro dele e se cravava dolorosamente na margem de seu consciente. Adrien ouvia discursos inteiros sobre como o Ano-Novo era especial, um momento de mudanças e comemorações.

“Mas nada parece diferente”

Ele pensou amargamente, erguendo-se apenas o bastante para tirar o paletó e o jogar sobre a cadeira, ouvindo um gemido doloroso. Adrien se esquecera que Plagg estava no bolso do paletó.

O Kwami saiu em silêncio, voando até a cama improvisada sobre a mesa e deixando o menino sozinho em sua raiva, ciente de não havia muito que pudesse fazer para apaziguá-la. Adrien então se deitou de barriga para cima, encarando o teto de seu quarto e forçando os burburinhos para longe de sua mente. Não tivera muitas esperanças quando seu pai o convocou para um evento de Ano-Novo no salão, mas não esperava ser despachado logo após dar meia-noite. Ele subitamente se odiou por ter alguma expectativa, alguma esperança de ser algo mais que um belo enfeite ao lado esquerdo de Gabriel Agreste, enquanto o mesmo falava para as câmeras de todos os jornais de Paris.

Ele ficou em silêncio por um longo tempo, se auto-depreciando.

Até que o celular tocou.

O som agudo e o brilho súbito da tela indicavam uma nova mensagem, a qual ele ignorou firmemente, pelo menos até que outra chegasse. Apoiando os cotovelos no colchão e com um grunhido irritado, alcançou o celular ao lado do travesseiro e o ligou, esperando uma mensagem de Nino perguntando sobre a Festa.

Mas o número não estava registrado em seus contatos.

“? – Adrien?

A– Quem é?

? –Marinette

? – A amiga da Alya”

Ele sentou-se na cama de má-vontade, a imagem dela vindo à sua cabeça enquanto ele a cadastrava nos contatos de seu celular. Adrien estranhou a mensagem, dado o fato de que ela nunca falava mais de três palavras com ele antes de entrar em colapso ou se afastar subitamente.

Sinceramente, ele considerou que Marinette não gostava muito dele.

“M – Desculpa, é uma hora ruim?”

Adrien encarou a tela de seu celular e riu. Um riso curto e quase sem som, mas um riso. Provavelmente o som mais entretido que fez desde que acordou.

“A – Não, tudo bem.

M – Você está bem?

A – Sim, por que?”

A resposta demorou a vir.

“M – Nino me contou da festa.

A – Oh

M– Adrien?

A– ? “

A ansiedade queimou dentro dele quando o símbolo de reticências apareceu na tela, e ele reclamou consigo mesmo novamente por criar tamanha expectativa por algo tão pequeno.

“M– Feliz Ano-Novo~”