Marinette sempre foi supersticiosa.

Talvez um pouquinho demais, mas grande parte disso vinha de seu pai. Nunca deixava o pão de cabeça para baixo, tomava todo o cuidado do mundo para não derramar sal na mesa, e no dia em que encontrou na calçada uma moedinha com seu ano de nascimento, ficou radiante pelo resto do dia.

Ela acredita que não se deve quebrar frascos de perfume, abrir o guarda-chuva dentro de casa e muito menos quebrar um espelho.

Ela também acredita que os olhos são o espelho da alma.

E por isso, presta atenção nos olhos de Adrien desde que ele começou a frequentar sua escola. Em como seus olhos eram de um verde relva, tristes e oblíquos nos primeiros dias. Como eles foram se abrindo e se clareando quando sua amizade com Nino começou. A forma estranhamente especial como eles brilhavam ao contemplar o resultado de suas provas. A ferocidade do verde flora durante as aulas de esgrima – As quais ela dava um jeito de ver sempre que podia, escondida. A forma como seus olhos se escureciam quando ele recebia "aquelas ligações", mostravam aquela alegria fingida que mascarava uma ferida aberta, bem lá no fundo.

Ela nunca vai esquecer seus olhos naquele dia de Natal.

Um verde vívido, pulsante e tão inebriantemente alegre. O sorriso de Adrien chegou ao seus olhos antes mesmo de chegar à sua boca – Um sorriso tão genuíno e puro que Marinette jurou que poderia morrer ali mesmo, na frente de todos. A forma como ele aceitou seu presente com gentileza, segurando o embrulho com ambas as mãos, com um carinho que fez seu coração se derreter. Daquele agradecimento sussurrado, envergonhado.

E daquele abraço caloroso que veio logo depois.