Aventuras de Jack e Branca escrita por Emmy Tott


Capítulo 3
A traição de Branca




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Parte I – A Água da Vida 

Capítulo 3 - A traição de Branca

 

 

O Capitão Barbossa finalmente tinha encontrado terra firme, mas a pequena ilha era deserta e ele não poderia reabastecer o Pérola ali. Atracado na areia da praia, o Pérola terminava de ser restaurado pelos marinheiros, que usavam a madeira das árvores da orla da enseada. Barbossa não via Branca há quase uma hora. A pretexto de explorar a ilha, ela tinha se embrenhado na densa mata e o seu retardamento já começava a preocupar o Capitão do Pérola.


Barbossa já estava a ponto de ir atrás de Branca, quando ela apareceu, ofegante, e, correndo em sua direção, foi logo dizendo:


—Capitão! Não sabe o que acabei de descobrir no interior da mata!


—Espero que não seja nenhum mal! - exclamou Barbossa.


—Ah, não! Creio que gostará muito do que tenho a lhe mostrar. - falou Branca, com um sorriso irresistível no rosto.


—Ah... acho que estou entendendo onde quer chegar! - respondeu Barbossa, retribuindo o sorriso de Branca.


—Venha comigo, Capitão! Eu lhe mostro o caminho.


—Creio que não irão precisar de mim por enquanto. Então vamos!


Branca foi na frente, para mostrar o caminho, mas Pintel, percebendo que Barbossa iria se embrenhar na mata, gritou para ele:


—Capitão! Onde está indo?


—Vou me ausentar por uns instantes para verificar uma coisa com a Srta. Branca.


—Não quer que eu vá junto, por segurança?


—Não será necessário! E volte já ao seu trabalho porque quando eu voltar quero ver esse navio brilhando. - ordenou Barbossa, impaciente.


—Sim, Capitão! - assentiu Pintel.


E eles entraram na mata. Branca havia feito uma trilha com sua espada, mas mesmo assim eles tiveram dificuldade em caminhar entre as árvores pouco espaçadas. O caminho escolhido era longo e Barbossa parecia impaciente demais para esperar por mais cinco minutos:


—Não acha que já fomos longe o bastante? Porque não paramos por aqui mesmo?


—Calma, Capitão! Nós já estamos quase lá!


Alguns metros à frente eles entraram em uma pequena clareira, onde Branca finalmente parou e se virou para Barbossa, sorrindo:


—É aqui.


—Ah, sim, realmente é um ótimo local. - disse Barbossa, retribuindo o sorriso de Branca.


Ele encarou Branca por um momento, mas como ela não falou mais nada, foi se aproximando dela aos poucos, enquanto ia dizendo:


—Sabe, de todas as mulheres que tiveram a honra de me ter como companhia, você é a que tem maior personalidade. Você sabe o que quer e sabe escolher o lado certo.


—Ficar do lado perdedor seria tolice, não é?


Agora Barbossa já estava muito próximo de Branca. Ele a agarrou pela cintura, mas antes que pudesse beija-la, Branca deu um chute certeiro entre as pernas de Barbossa, que o fez dobrar de dor. Branca, se aproveitando da situação, o empurrou para dentro de um buraco que estava escondido entre as folhagens e Barbossa caiu, enquanto lutava inutilmente para se segurar na margem.


—Mas o que significa isso? - gritou Barbossa, furioso.


—Quem disse que o lado certo é o seu lado, Barbossa?


—Como ousa me deixar aqui nesse buraco, sua traidorazinha nojenta?


—Um homem na sua idade devia saber que mulheres não são nem um pouco confiáveis. E mulheres piratas, menos ainda. - concluiu Branca, com um sorriso triunfante.


—Espere até eu sair daqui e por as minhas mãos em você!


—Você não está em posição de fazer ameaças. Mas para ver como não sou tão ruim assim, vou deixar seu macaquinho pulguento para lhe fazer companhia. E não se preocupe, Jack Sparrow cuidará muito bem do seu navio. Adeus, Barbossa!


Branca foi se afastando de Barbossa, enquanto ele gritava:


—Volte aqui, sua cobra traidora! Isso não vai ficar assim, escute o que estou dizendo!


Quando ela já tinha saído da clareira, ainda ouviu Barbossa berrando aos quatro ventos:


—MALDIÇÃO!!!

 

***

 

Quando Branca chegou à praia novamente, Jack já tinha abordado do Craca e tentava convencer os marujos de que ele era o verdadeiro Capitão do Pérola, mas eles o ameaçavam com suas armas e já estavam prestes a atirar quando Branca interveio:


—Esperem! 


—Onde está Barbossa? - perguntou Pintel, desconfiado.


—Ficou para trás! E se vocês quiserem continuar na sua aventura, terão de aceitar Jack como seu Capitão.


Os homens relutaram em aceitar, mas acabaram cedendo quando perceberam que não tinham outra escolha. Jack logo subiu a bordo do Pérola e ficou admirando o seu precioso navio por um instante, depois ordenou:


—Homens, levantar âncora, içar velas, a todo pano!


Ele estava radiante por ter conseguido passar a perna em Barbossa e recuperado o Pérola. Mas ele sabia que a ajuda de Branca tinha sido imprescindível, por isso foi até ela. Mas não deu tempo de dizer nada, porque Branca, ao notar sua aproximação, deu-lhe um tapa na cara que o fez estremecer.


—Mas o que foi que eu fiz dessa vez? - quis saber Jack.


—Jack Sparrow, você é um mentiroso! - Branca parecia fora de si.


—É mesmo?


—Não me disse nada sobre a água da vida! Mentiu pra mim!


—Na verdade, eu não lhe contei porque não sabia se você era ou não confiável. E pra falar a verdade, eu ainda não sei. - Retrucou Jack.


—Que injustiça é essa? Eu te ajudei a recuperar o Pérola, você devia me agradecer ao invés de desconfiar de mim.


—Acontece, Srta esquentadinha, que ainda não sei qual é o seu real propósito em Corazón del Fuego.


—Isso não é da sua conta! - respondeu Branca, indignada.


—Posso saber pelo menos se tem algo a ver com o fato de o novo Comodoro também estar indo pra lá?


—Não, não pode! E saia da minha frente! - Ao dizer isso, Branca empurrou Jack para o lado, quase o fazendo cair, e, logo em seguida, desapareceu das vistas de todos.


Jack, furioso, arrancou seu chapéu e começou a soca-lo, aparentemente para desamassar, mas desprendendo uma força muito acima do necessário. Em seguida, ajeitou o chapéu novamente na cabeça. Lucy, que assistira toda a cena, se aproximou timidamente de Jack e lhe falou, como se quisesse desculpar o mau jeito de Branca:


—Não ligue para o que Branca fala... ela é um pouco dura com as pessoas ás vezes, mas é porque já sofreu muito na vida... mas no fundo, ela é uma boa pessoa.


—Tem certeza de que ela não tem uma pedra no lado esquerdo do peito? - retrucou Jack.


—Ah, não!... Branca tem um bom coração. - concluiu Lucy, meio constrangida.


—Vou fingir que acredito! - disse Jack, com desprezo.


Assim que pôde, Lucy foi atrás de Branca e quando a encontrou, ainda estava muito brava.


—Branca você não devia ter dado aquele tapa...


—Ele merecia coisa muito pior - cortou Branca - Como uma pessoa pode ser tão... tão... irritante assim?


—Já reparou como você vive implicando com ele?


—Que quer dizer com isso? - desafiou Branca.


—Eu... nada... eu não quis dizer nada... só o que eu disse. - respondeu Lucy, atrapalhada.


—Esqueça Jack, Lucy! Preciso lhe contar o que descobri! - todo o seu semblante se iluminou quando ela disse isso.


—O que você descobriu? - Lucy arregalou os olhos.


—Sabe essa tal água da vida que o Jack está atrás? Sabe o que ela pode fazer?


—O que? - Lucy estava curiosa.


—Ela pode ressuscitar pessoas. - os olhos de Branca brilhavam.


—Branca, você não está pensando em... - disse Lucy, lentamente.


—É claro que eu estou! Eu tenho uma chance de ver meu pai vivo novamente, e isso é tudo o que eu mais quero no mundo!


—Pensei que o que mais queria fosse encontrar Engles.


—Vou encontra-lo mais cedo ou mais tarde e quando isso acontecer, cuidarei dele pessoalmente! Agora, quanto à água da vida, só há uma pessoa que vai usa-la, e ela será meu pai!


—Mas Branca, isso é loucura! Os mortos não revivem - Lucy parecia assustada.


—Revivem sim! E ninguém merece tanto quanto o meu pai uma segunda chance. Você sabe que ele era o melhor homem do mundo, o quanto era generoso, justo e humilde! Eu mal posso esperar para abraça-lo de novo! Imagine só Lucy: meu pai vivo!


Branca estava tão contente com a possibilidade de ter o pai de volta, que Lucy não se atreveu a dizer mais nada. Ela sabia o quanto o pai significava para Branca e não queria estragar aquele momento de êxtase da amiga, mas, no fundo, achava impossível que qualquer pessoa pudesse voltar à vida. De repente, veio ao pensamento de Lucy que Branca era mesmo uma pirata diferente. Qualquer outro iria querer a água da vida para si mesmo, para se tornar imortal e invencível, enquanto que a única coisa que sua amiga ansiava era por uma nova chance de ser feliz, poder dizer coisas a muito esquecidas e recuperar o tempo perdido. O tempo que a vida tinha arrancado brutalmente de Branca quando ela ainda era apenas uma criança.


Subitamente, a lembrança de Jack se sobrepôs aos pensamentos de Lucy que, incapaz de se controlar, perguntou a Branca:


—E quanto ao Jack? Tudo o que ele mais quer é a água da vida. Ele  não vai entrega-la assim, de mão beijada.


Branca riu.


—Ora, Lucy! Nem parece que você é um pirata!


—Se não se lembra, eu só me tornei pirata por sua causa, Branca! Para te ajudar!


—Sei disso, sua boba! E lhe sou muito grata por isso. - disse Branca, meigamente. - Mas não se preocupe com Jack, darei um jeito de afasta-lo da água da vida quando chegar a hora certa. - ela acrescentou, encerrando a conversa, pois estava muito cansada e precisava dormir.


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