Angels escrita por LiFeltonLynch


Capítulo 3
"Diria que você está com ciúme."


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Boa leitura!



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1993

–Vá lá, Charlie!-implorava Ev, puxando o braço de sua amiga com força, enquanto a outra tentava ir embora.

–Ev, não pode ser…você tem de aprender a fazer os trabalhos, não a os copiar por mim!-exclamou a loira, e com um puxão, conseguiu se largar da outra garota, que por sua vez, correu atrás dela, para a apanhar.

–É só dessa vez, eu prometo! Não tenho culpa de ter adormecido na aula em que deram isso!-amuou Evelyn, cruzando os braços e fazendo beicinho. Charlotte a olhava com uma sobrancelha arqueada, contendo o riso.

–Tem sim.-ela disse com uma voz grave e autoritária.-Pronto, só dessa vez.

–Ah, muito obrigada!-agradeceu a garota, abraçando a amiga enquanto lhe dava um beijinho na bochecha.-Muito obrigada!

–Está aí tudo-anunciou Charlie, entregando um pergaminho escrito à menina. Ela o recebeu contente e correu para a biblioteca.

Quando entrou nessa, parou. Olhou em redor, reparando o quanto vazia estava. Conseguia ver um menino estudando na outra esquina da sala, e duas garotas que conversavam mais do que faziam os trabalhos.O silêncio era interrompido apenas pelas meninas e pelo som dos sapatos de Ev batendo no chão ,enquanto ela se encaminhava para a sua mesa preferida. Uma mesa na esquina daquele lugar,ao pé de uma das grandes e estreitas janelas.

Ela fechou os olhos por um minuto e suspirou, relaxando o corpo. Se concentrou ao máximo no que estava a fazer e tirou o pergaminho que tinha na sua bolsa, assim como tirou também a pena e a tinta para começar o seu grande, enorme trabalho para Severo Snape. Charlotte detestava o professor, apesar de ele ser o “líder” dos sonserinos. Podia ficar horas insultando o facto de ele ser tão arrogante para os alunos, de ser tão cruel e do cabelo dele ser tão horrível, o que fazia rir Evelyn.

Já esta, não gostava nem desgostava do professor. Na verdade, ele nunca havia implicado muito com ela nem com Draco, o seu melhor amigo, eram os únicos.

Eles ficavam perto um do outro na sala. Por vezes, se ajudavam mutuamente, quando Snape não via. Sim, ele podia não dar sermões aos dois sonserinos, mas que era capaz de os expulsar pelo que eles faziam, isso era.

Draco e Ev haviam-se aproximado muito um do outro no decorrer do segundo ano, talvez até demais. Ela sabia que o sonserino não tinha um coração bom de todo. Ele criticava os nascidos de trouxas sem alguma razão,(um dos seus grandes alvos era Hermione), criticava a família de Ronald Weasley, esse mesmo e também o famoso Harry Potter. Por vezes Evelyn achava que ele tinha alguma inveja do grifinório, por ser sempre o centro das atenções. Haviam vezes que ele também insultava Ev sem motivo algum, porém, esta parecia nunca se importar, e não se importava mesmo. Esboçava um sorriso e brincava com o que ele dissera, ignorando por completo a crítica, porque ela gostava de conversar com ele, de o ter por perto. Ela sabia que não podia esperar muito dele, visto que os seus pais eram tal e qual os dela. Frios, cruéis, e Draco só era assim porque havia recebido uma fraca educação.

Não tardou muito para que ela já estivesse farta de escrever. A sua mão direita apoiava a cabeça, e, de vez em quando, ela soltava suspiros longos e profundos ao mesmo tempo que se perguntava como conseguia Charlotte gostar de estudar. Por mais que ela se esforçasse, Ev nunca iria conseguir alcançar excelentes notas, como a sua melhor amiga. E isso a desanimava, porque ela sabia que era capaz, só que no momento onde tinha de fazer um exame, a sua cabeça parecia congelar e era impossível terminar a prova com tudo feito.

Continuou copiando na sua letra apressada, contudo, bonita. As duas garotas conversadoras acabaram por sair da biblioteca, assim como o menino que, quando passou pela mesa de Ev, esta se apercebeu que ele era da Grifinória. Ele sorriu para ela, assim, do nada. Evelyn arqueou uma sobrancelha enquanto o viu saindo, perguntando a si mesma quem era aquele garoto para sorrir a ela. Deixou o trabalho de lado e pensou, pensou, pensou até se relembrar de onde o conhecia. Era o menino que sorrira também para ela quando Ev estava sendo selecionada para a Sonserina!

Depois de se lembrar, voltou a escrever, ignorando o tal menino. Qual era o interesse mesmo? Ela não percebia. Todos os dias ela podia ver muitas alunas do segundo até ao sétimo ano de Hogwarts sempre falando de garotos, e como eles as convidaram para um encontro, e, por vezes, assistia a uma “desilusão de amor” nos corredores. Consistia em: chorar descontroladamente ,abraços de amigas e desabafar o quanto ele partira o coração dela. Até Charlotte parecia cada vez se interessar por um menino chamado Aaron Bradford, da Lufa-Lufa. Tinha cabelo castanho claro, como o grifinório que sorria a Ev e olhos cor de mel. Se ela estava muito apaixonada? Estava pois.

Evelyn era mais de ficar só, encontrar a felicidade sozinha, que incluía música e pular em cima da cama. Isso sim, era alegria.

–Está fazendo o quê?-perguntou uma voz feminina vinda de trás da sonserina. Ela voltou-se, para ver a quem pertencia e encontrou Hermione, carregando dois grandes livros velhos e de capa dura.

–Acabando o trabalho do Snape.-respondeu Ev, transmitindo logo a ideia que não estava gostando absolutamente nada.-Você já fez o seu?

–Fiz assim que ele o marcou.-disse a grifinória, enquanto se sentava numa cadeira ao lado de Evelyn. Esta esbugalhou os olhos de espanto, perguntando a si própria como ela conseguia fazer aquilo.-Sabe, se os fizer logo depois pode relaxar, em vez de ficar copiando.

Ela pegou no pergaminho de Charlotte e o começou lendo, talvez estivesse vendo se estava tudo correcto. Ev ficou olhando para Hermione, esperando a sua aprovação.

–Está tudo certo!-exclamou a amiga do Harry Potter, sorrindo de orelha a orelha.-De quem é isso aqui?

–Da minha amiga, Charlotte.-esclareceu a sonserina, enquanto a outra menina lhe dava o trabalho para as mãos, para que ela acabasse finalmente aquilo.-Vocês se dariam muito bem, são muito parecidas.

–Não me parece que uma sonserina se queira dar com a sangue ruim.-murmurou Hermione, baixando a cabeça enquanto suspirava.

–Não diga isso, principalmente a parte de você ser uma sangue ruim. O Draco não sabe o que diz.-declarou Evelyn, enquanto a grifinória fixava o seu olhar nela.-Aliás, se eu me dou bem com você aposto que a Charlie também daria! Ela gosta de todo o mundo!

–Pensava que você era a única sonserina com personalidade doce.-contou Hermione, pondo uma mecha do seu cabelo curto e com cachos atrás da orelha direita.

Evelyn arqueou ambas as sobrancelhas, surpreendida. Demorou a conseguir responder, mas assim que o fez, perguntou:

–É isso que dizem de mim?

–Sim, mas não se preocupe.-a confortou , sorrindo amigavelmente.-Isso é um elogio, porque ninguém na sua casa é assim, tirando pelos vistos sua amiga.

Evelyn retribuiu o sorriso, relaxando. Então era isso o que dizia. Que ela era uma sonserina com uma personalidade doce. Bem, não havia com o que se preocupar, dizerem isso era muito bom, ótimo.

De súbito, Ev estremeceu. Uma dor de ouvidos começou a aparecer, e parecia aumentar a cada segundo. Ela tentou inspirar e expirar profundamente e de uma forma calma, mas isso não parecia estar a ajudar. Parou de escrever e fechou os olhos, se encostando completamente às costas da sua cadeira.

–Está tudo bem?-interrogou Hermione, claramente preocupada. Ela pôs uma das suas mãos no ombro esquerdo de Ev, enquanto essa abanava com a cabeça de modo a dizer “não”.-Você quer ir ver se se passa algo?

–Não, eu estou…-dizia Evelyn, mas foi cortada por um gemido seu. A dor latejava dentro dela, e os seus olhos lacrimejavam. Apesar de querer ser forte, ela acabou por concordar com a grifinória, que por sua vez a ajudou a ir até à ala hospitalar da escola.

–Pode deitar aqui, querida.-disse amavelmente madame Pomfrey, enquanto preparava um medicamento com uma cor estranho.

Hermione estava um pouco afastada, mas não tirava sua atenção de Ev, que ainda se agarrava aos ouvidos. Ela era uma boa companhia, e depois disso, também era uma boa amiga.

–O que vestiu hoje?-questionou a enfermeira, não tirando os olhos do remédio que preparava. Evelyn baixou o seu olhar, comprimindo os lábios. Mordia o interior do de sua bochecha, nervosa.

–Acho que perguntou mal, senhora.-corrigiu Hermione, cruzando os braços. Ela estava zangada, a sonserina podia ver isso perfeitamente. E parecia estar assim porque se preocupava com a sua recém amiga, o que até era uma atitude bonita, se ela não começasse dando um sermão à garota.-Pergunte antes o que é que ela não vestiu.

–Menina Beckett, você sabe que se tem de agasalhar! Estamos em uma altura de baixas temperaturas, se se expuser ao frio pode apanhar doenças!-exclamou madame Pomfrey, lhe entregando um copo com um líquido branco sujo lá dentro. Ev torceu o nariz, aquilo não ia definitivamente saber a guloseimas.

–Agora o seu castigo é beber isso.-disse Hermione, saindo de rompante da ala hospitalar.-Adeus, vou para a minha aula com o Hagrid. E você vinha comigo, se estivesse em condições.

–Você vai passar o resto do dia e a noite aqui, e vou obrigar a menina a se agasalhar adequadamente quando sair daqui.-anunciou a enfermeira, enquanto a sonserina se debatia com o sabor amargo que estava agora na sua garganta e tencionava não sair. Ela cruzou os braços e franziu o sobrolho, amuando.

–Tudo bem, desde que não volte a fazer esse suco.

–Não volto a fazer se você se vestir direito.-ela pôs a condição, deixando de seguida aquele espaço, e Ev ficou ali, sozinha.

(…)

–Madame Pomfrey!-gritou alguém, perto das portas da ala hospitalar. Uma grande figura apareceu na visão de Ev, ganhando a sua atenção.

Hagrid caminhou em um passo acelerado até a uma cama, que por sua vez era a do lado esquerdo de Evelyn. Ele trazia alguém ao colo. Assim que o professor deitou esse alguém a sonserina tentou se sentar na cama, pronta para ajudar aquela pessoa.

–Draco!-exclamou Ev, pondo ambas as mãos em frente à boca, assustada. Ela tentou se levantar da cama, mas a enfermeira chegara e não a deixou. Contra a sua vontade, Evelyn permaneceu deitada, esperando que tratassem de um dos seus únicos amigos.

–O que aconteceu?-questionou a senhora por entre um dos muitos gemidos de Draco.

–Foi o Bicuço…ele se exaltou depois do menino Malfoy se aproximar demasiado e…

–Tentar impressionar.-completou Ev, enquanto Hagrid assentiu com a sua cabeça.

Ele sempre fazia aquilo. Tentava impressionar e saía sempre tudo para o lado errado, contudo, o “lado errado” nunca fora tão grave como o que estava acontecendo agora.

Várias horas se passaram, e Draco parecia a cada momento ficar melhor. Quando entendeu que Evelyn também estava na ala hospitalar, ele se assustou e perguntou o que se passara, sendo a menina forçada a contar o que sucedera. Ele parecera bastante preocupado, e isso fez a sonserina se sentir melhor. Os dois conversavam bastante, visto que não havia mais nada para fazer além de dormirem e tomarem medicamentos. Até riam, apesar de isso causar uma pequena dor a Ev.

Estavam eles falando como seria espetacular o próximo jogo de quadribol quando ouviram passos. Uma Pansy Parkinson apareceu alarmada, e correu para a beira do Draco, perguntando se ele estava bem. Evelyn relaxou, pensando que o garoto a iria ignorar, e continuaria a falar com a sua melhor amiga, mas se enganou.

–Estou bem.-ele respondeu, olhando para o braço onde o hipogrifo o atacara. Ev abriu a boca, surpresa. Ele não a estava a ignorar, muito pelo contrário, parecia estar a gostar de falar com ela.

Foram precisos trinta minutos para que ela se decidisse ir embora. A essa hora, Evelyn estava entediada, só de ouvir as conversas bobas que eles tinham. Assim que percebeu que Parkinson se fora embora, ela se voltou para Draco, atraindo sua atenção.

–O que aconteceu aqui?-indagou a menina, de sobrancelha arqueada. Ele lhe respondeu calmamente, como se nada se passasse.

–Ela se preocupou comigo e me veio ver, simples.

–Simples? O ano passado você a evitava por tudo e por nada!-exclamou num tom de voz um pouco mais alto que o normal, o que, pelos vistos, apanhou Draco desprevenido, porque este esbugalhara os olhos.

–Aprendi a não fazer isso, pelo menos com ela.-respondeu Draco, mais interessado no seu braço ferido do que na conversa.

–Eu diria que está apaixonado por aquela falsa…

–E eu diria que você está com ciúme.-contrapôs ele rindo da cara da garota, ao mesmo tempo que lhe piscava o olho.

–Vá se ferrar.-respondeu ela, furiosa. Era incapaz de suportar aquela Pansy, e agora o seu melhor amigo parecia estar apaixonado por ela. Como se lidava com isso? Como?

E não falaram mais naquele dia. Evelyn adormeceu virada de costas para Draco, com os punhos ainda cerrados devido à ira que estava sentindo. Não entendia como ele podia gostar daquela manipuladora, não entendia mesmo.


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Notas finais do capítulo

Bom 2016 a todos os leitores!



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