O vermelho da tua voz escrita por ayavanille


Capítulo 1
One-shot


Notas iniciais do capítulo

Michelly, espero que goste! Fiquei muito feliz de ter saído com uma de apenas três pessoas que queriam kpop. Imagina meu alívio! shauehuhs

Eu fiz essa fic com todo carinho e felicidade que esse ship proporciona, mas como não tenho costume de postar as coisas que eu escrevo, é provável que tenha erros gramaticais e estruturais já que não sou expert então releve hahaha

Ah! Quando chegar a hora (você saberá), dê play na música https://www.youtube.com/watch?v=8r6UJQfvPng

Aproveite :xxxx



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– Meu deus, Jungkookie. Abre logo essa porta que eu estou congelando. – Eu disse enquanto apertava o pequeno botão quadrado do interfone de seu prédio com o nariz.

Minhas mãos estavam travadas em volta das alças das sacolas de supermercado, as quais eu só não joguei no chão para colocar as mãos nos bolsos porque eu não queria que nada quebrasse ou derramasse. Porém, estava cada vez mais difícil agüentar, pois o vento entrava pelos espaços entre minha jaqueta e meu corpo, me fazendo arrepiar e encolher.

Era véspera de natal e todos estavam em suas casas com quem queriam estar e era isso que eu estava fazendo: indo encontrar quem eu queria, apesar de todos os seus protestos pra eu passar com minha família e não ele.

Eu estava quase desistindo e indo embora mesmo. Eu não aguentava mais ficar esperando o indecente do Jungkook apertar o botãozinho para abrir essa linda porta transparente que me separava do calor.

– Bem feito, Taehyung. Quem disse que não precisaria de um casaco extra? “Eu vou ficar apenas em lugares quentes bla, bla, bla”. – Eu disse para mim mesmo, repetindo o que eu havia pensado antes de sair de casa. Agora eu queria me chutar, mas no estado que minhas pernas estavam, se eu chutasse algo, elas iriam quebrar.

Depois de apertar desajeitadamente o botão do interfone novamente com o nariz, ouvi um grunhido abafado pelo vento vindo do comunicador.

– Abreabreabreabreabre – eu disse com urgência.

Ouvir o barulho da tranca se abrindo foi a melhor parte do meu dia! Empurrei a porta com o ombro, rapidamente entrei e a fechei com o pé, aliviado com a sensação do ar quente. Atravessei o lobby do prédio em direção ao elevador. As paredes da recepção estavam enfeitadas com poucas luzes, bonecos do Noel e flores vermelhas. Certamente, ninguém gastou muito tempo na pequena árvore de natal de galhos tortos decorados com ouropeis brancos que estava num canto qualquer do lugar.

Levantei a mão desengonçadamente para chamar o elevador e esperei o famoso “ding” das portas se abrindo. Em um piscar de olhos eu estava em frente à porta do apartamento de Jungkook, a empurrando com o pé e adentrando sem cerimônia.

– Por que demorou tanto? Eu estava quas– fui interrompido por uma mão no meu ombro me puxando para um abraço rápido por trás.

– Você teimou em vir mesmo, hein? – Ele disse, pegando as sacolas das minhas mãos e rumando para a cozinha. – Eu falei que realmente não precisava. Você trouxe lichias! – Jungkook exclama do outro cômodo.

– Minhas pernas estão congelando! Acho que não consigo mais sentir minha bunda também – eu ri e dei pulinhos no ar como se estivesse correndo parado. – Além disso, eu avisei que viria. Me deixar do lado de fora por quase dez minutos foi alguma forma distorcida de teimosia, é? – Questionei ceticamente enquanto ia em direção à sala um pouco bagunçada do apartamento que eu conhecia como o meu.

Havia um sofá preto em frente à TV, da qual se dependuravam fios enrolados e conectados a vários aparelhos eletrônicos. A estante ao seu lado estava abarrotada de livros, CDs e action figures. A decoração era bastante simples e nada relacionada ao feriado, a não ser que se considerasse o enorme tapete vermelho felpudo no chão em frente ao sofá.

Retirei a jaqueta e as botas e os joguei num canto perto do sofá, vestindo apenas com uma camisa verde escuro meio rasgada, calças pretas e meias do Darth Vader. Em seguida, fui para a cozinha

– Não te deixei de fora de propósito – ele respondeu em meio ao som de sacolas de plástico sendo amassadas. – Eu só estava distraído.

Ele já havia tirado tudo das sacolas e colocado em cima da mesa as duas canecas, algumas frutas, pães, chocolates, uma caixa de cereal, um saco de marshmallow e uma lata de chantilly.

– Estava tocando? – Perguntei, lembrando de ver o violão fora de seu lugar habitual na parede.

– Acordei inspirado. É um milagre de natal – ironizou. – Falando nisso, eu tenho um presente para você – ele disse caminhando ate a sala.

– Mesmo?!

Fui atrás dele e me joguei no sofá, me enrolando numa almofada e o observei pegar o violão e sentar do meu lado. Não dissemos nada, apenas nos olhamos. Sorri o encorajando a começar.

As primeiras notas dedilhadas vieram suaves. Elas vinham dos mesmos dedos que passeavam pelo meu braço quando estávamos deitados no sofá, que seguravam minha mão quando caminhávamos pela rua e que também levantavam meu rosto para roubar um beijo quando eu menos esperava.

Suave, assim como as notas do violão, sua voz me pegou de surpresa, pois sempre que ele abria a boca eu me encantava como se fosse a primeira vez que eu a escutava.

A sala se iluminou como se um foguete tivesse sido acendido bem no meio dela. Quando ele cantava, a cor da sua voz ficava mais forte, me tirando o fôlego. A tonalidade do vermelho variava de acordo com as notas, mas nunca deixava de ser vibrante e marcante assim como ele.

Joguei a almofada no chão e me aproximei mais dele. A sensação de ouvi-lo fazia meus dedos do pé se enrolarem e um calor percorrer minha coluna num arrepio.

Eu estava tão concentrado nas sensações que mal notei quando a música acabou e ele, sorrindo gentilmente, empurrou meu queixo para fechar minha boca que eu nem percebi que estava aberta.

Sem falar nada, tirei o violão de seus braços e fiquei em seu lugar. Enlacei meus braços por seu pescoço e minhas pernas por seu tronco; ele descansou o queixo no meu ombro e abraçou minha cintura. Ficamos assim por alguns momentos apenas ouvindo a respiração tranquila um do outro enquanto eu brincava com os fios pretos de cabelo na sua nuca. Fiz uma trilha de beijos da orelha até seus lábios, minhas mãos encaixadas em sua clavícula.

– Acho que você gostou do presente – ele se afasta um pouco e quebra o silencio.

Apenas sorri e me levantei, o puxando pelo braço para levantar também.

– Pega uns casacos para nós? Me espere na porta – eu disse o empurrando em direção ao quarto.

Ele pareceu confuso, mas não questionou. Desde sempre, ele nunca fez perguntas, apenas entrava na minha onda e abraçava nossas aventuras e eu amava isso nele. Por exemplo, quando saímos pela primeira vez, enquanto caminhávamos até um restaurante, eu não resisti às luzes incandescentes do parque de diversões que estava na cidade e o arrastei ate lá.

Eu ouvi seus passos no outro cômodo e as portas do armário se abrindo e fechando enquanto eu calçava as botas. Quando ele apareceu vestimos os casacos, peguei sua mão e o puxei pra fora do apartamento.

O vento ainda soprava tão frio quanto antes, balançava os galhos secos das árvores e varria a fina camada de neve que caia e se acumulava nas ruas praticamente vazias mesmo no centro da cidade. No caminho até nosso destino, que não era muito longe dali, conversávamos sobre coisas aleatórias. Ele sentia falta da família, mas entendia que eles não podiam viajar ate Seul devido ao trabalho de enfermeira da mãe na pequena cidade onde nasceu.

– Você me trouxe num lugar onde temos que ficar sem roupas?! – Ele exclama ao ver a placa do pequeno prédio com o jardim iluminado. – Wow você se superou dessa vez – ele solta uma risadinha.

– Primeiro, ficaremos de toalha. Segundo, eu sempre quis ir numa sauna. – Puxei sua mão. – Vem, vai ser legal para relaxar.

Tirando o fato de que quando entrei na cabine extremamente quente meu corpo quase derreteu, aquele lugar era realmente relaxante. Sentamos em silencio e eu apenas o observava. Ele era tão bonito que nem parecia real. Tudo em sua aparência era marcante: seus olhos, nariz e orelhas eram grandes, mas estavam em perfeito equilíbrio com as proporções do rosto. Não era a primeira vez que eu o via seminu, mas eu ainda ficava meio sem graça ao reparar nos músculos definidos de seu corpo.

– O que você está pensando? – Ele se aproximou e pergunta num sussurro, pois havia mais pessoas na sala.

– Nada – balancei as mãos na água fazendo ondinhas. – O que você está pensando?

– Estou feliz por você estar comigo, Tae. – Ele sorri, me fazendo sorrir também.

Não conversamos muito, apenas aproveitamos o local. Ficar perto do Jungkook era fácil, pois nos entendíamos com poucas palavras e seu tom de vermelho me trazia tranquilidade.

Não sei quanto tempo se passou e nem vi quando as outras pessoas saíram, mas ficamos lá até o senhorzinho com a voz amarela da recepção nos avisar que eles terão que fechar mais cedo por causa do feriado.

Quando saímos do prédio, a camada de neve estava mais grossa e cobria grande parte das ruas que há essa hora estavam completamente vazias. Estávamos quase chegando em seu prédio, mas parei e me abaixei para amarrar o cadarço da minha bota. Meu pé se afundou na neve e então senti algo molhado e gelado escorrer pelos meus cabelos.

Levantei a cabeça e Jungkook me olhava, tentando conter o riso.

– Você não fez – o olhei seriamente.

– Eu fiz – ele sorri mostrando os dentinhos de coelho.

Rapidamente, juntei um punhado de neve e joguei nele que desviou facilmente.

– Você não vai conseguir me acertar! – Ele disse e me jogou uma bolinha de neve, a qual desviei me jogando no chão.

– Então é guerra! – Gritei e corri para atrás de uma lixeira.

A cada bolas de neve jogada, ele revidava com a mesma intensidade. Ele tentava se esconder atrás de uma árvore que dava uma posição estratégica para me acertar, então me muni de algumas bolas e saí correndo em sua direção. Ficamos correndo, rindo e nos provocando até chegarmos no prédio.

– Trégua! – Eu gritei, me jogando na grama do jardim, tentando recuperar o fôlego.

– Então você admite derrota, mero mortal? – ele se deita ao meu lado, usando meu braço de travesseiro.

Estávamos molhados de neve e suor, nossas respirações fazendo fumacinha no ar.

– Claro que não – eu digo, passando os dedos por seus cabelos molhados bagunçados para tirar um pouco de neve. – Eu não perderia para você.

– Ah, claro. Você me acertou apenas duas vezes.

– Mas as duas foram na cabeça, então eu ganho pontos extras por isso.

– Não importa, eu ainda ganho. Apenas admita que eu sou melhor que você nas guerras de bola de neve. – ele me provoca, sentando na minha barriga.

– NÃO MESMO! – o empurrei de volta para o chão e fiquei por cima – Quero revanche!

– Aish... – ele balança a cabeça e joga as mãos para cima, desistindo.

– HA! Eu sabia que você ia enxergar a verdade que sou melhor – eu ri da cara contrariada dele.

Quando comecei a me levantar, ele me empurra de novo para o chão subindo em cima de mim, o que vez neve voar para todo lado.

– Você é um idiota por achar que eu ia ceder – ele sussurra no meu ouvido e morde minha bochecha – mas vou ser bonzinho e aceitar seu pedido de revanche.

Ele puxou meu rosto com seus dedos suaves e frios e depositou um beijo rápido em meus lábios.

– Estou com fome – ele diz, se levantando e me puxando junto. – Não vamos desperdiçar aquelas coisas que você trouxe, não é mesmo? Além disso, estou congelando aqui fora.

Concordei com um aceno, ainda meio afobado. Tirei o excesso de neve das minhas roupas enquanto ouvia-o tagarelar sobre suas táticas de guerra de bola de neve. Entrelacei meus dedos nos seus e entramos no prédio.

...

– Esqueci o chantilly – ele murmura, indo até a cozinha e voltando com a lata. – Você quer?

– Quero – respondi enquanto pegava um DVD qualquer da estante e colocava na TV.

Ele espremeu o creme nas canecas com chocolate quente que estavam no chão perto do tapete coberto de almofadas e cobertores e depois apertou diretamente na boca.

– Esse treco é tão gostoso, apesar de ser muito doce – ele falou com a boca cheia.

Ah, eu também queria daquele jeito. Chamei-o com o dedo para me trazer a lata, mas ele a apertou sobre os lábios e se posicionou na minha frente. Ele inclinou a cabeça e fez biquinho. Eu ri e coloquei minhas mãos em seu rosto, acariciando sua bochecha com o polegar de uma mão enquanto a outra corria por seu pescoço. Aproximei meus lábios dos seus e o beijei, aproveitando o literalmente doce beijo que ele me dava. Sempre dava. Suguei seu lábio inferior como um pirulito e suas mãos deslizaram pelas minhas costas, aprofundando o beijo. Sem quebrá-lo – impressionante, devo dizer – ele me deitou no tapete em meio aos travesseiros, onde ficaríamos até o leite quente ficar frio.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostou? Se não, minta e diga que gostou agsuahsuahush Ah, e eu avisei que seria bem fluffy! xD

Por ser apenas uma one-shot, eu tive que cortar algumas partes mas espero que tenha ficado coeso. Eu queria dar mais detalhes da sinestesia do Tae porque acho uma coisa extremamente interessante e imagino que seja muito impactante na vida da pessoa, mas o foco é na relação deles mesmo.

Se alguém além da Mi leu, eu agradeceria se deixasse um review porque eles me deixam felizona!

Até a próxima o/