"Então quem é você?" senti os seus dedos me puxarem o braço direito e me trazer para cima, eu entrei logo em desespero, eu estava contra o seu corpo e ele me mantinha firme, o meu olhar caiu aos nossos pés e eu não conseguia falar, eu estava sob pressão e Nico não me conhecia de lado algum, e provavelmente se sentiria traído pela a minha família por me esconder dele seis anos seguidos.

"Eu ... " eu sussurrei e rapidamente pude sentir o meu corpo ser brutamente jogada contra a parede atrás de mim, eu arregalei os olhos enquanto sentia a minha respiração ficar falha e meu coração se agitar, muito contato físico e visual.

"Então, você irá falar?" ele sorriu maliciosamente enquanto me via estática contra a parede, raiva e poder borbulhavam em seu olhar e eu só queria desviar, mas o que era impossível, algo naquele olhar me atraía.

"Nico! Mas que porra você está fazendo?" ouvi a voz desesperada do meu irmão, logo ele viu que Nico me prensava contra a parede e puxou Nico de cima de mim. Os braços de Jason estavam em volta do meu ombro enquanto ele pressionava a minha cabeça contra o seu peito de modo acolhedor que me deixasse menos assustada.

"O que está acontecendo?" ouvi a voz do meu pai e da minha mãe, rapidamente baixei o meu olhar e me encolhi mais para Jason que me apertava fortemente. Todos tinham a atenção em Nico, logo eu fiz o mesmo e pude reparar no corpo moreno de tronco nú e calças de moletom, ele tinha algumas tatuagens espalhadas pelo o corpo e os cabelos negros.

"Essa garota invadiu a casa dos senhores, e agora Jason está acolhendo ela" a voz rude e irritada do Nico soou e eu resmunguei comigo mesma, sentia a minha respiração voltar aos poucos.

"Não Nico! Essa garota é a nossa filha" minha mãe disse enquanto se aproximava de mim e Jason.

"O que?" ele gritou indignado. A verdade é que Nico não vinha muito cá em casa, só me lembro de Jason falar que ele esteve aqui duas vezes e com essa três, normalmente era Jason que dormia na casa de Nico, então não era tão difícil me esconder.

"Sim Nico, ela é minha irmã" Jason disse severamente, ouvi alguns passos na escada e vi que meu pai havia ido novamente para o seu quarto.

"O que? Como assim?" Nico gritou e pude ouvir um zumbido no meu ouvido, o grito de Nico era agudo e esse ruído não me deixava no melhor estado. Jason logo percebeu o meu êncomodo e me puxou um pouco para trás.

"Nico para de gritar" Jason rosnou para ele e eu fechei os olhos fortemente.

"Porra Jason! Me explica isso" ele gritou mais uma vez e eu me soltei de Jason indo para trás dele e abraçando a sua cintura, Nico percebeu a minha reação

"Ela está com medo de mim?" ele perguntou, talvez um pouco mais baixo.

"Não" Jason disse. Eu apertei a cintura de Jason, a verdade é que sim, eu estava, ele era um tipo de ameaçava a minha mente, se ele gritasse, se aproximasse demais, os meus neurônios romperiam os ligamentos.

"Por que todos vocês me esconderam isso? E como?" Nico perguntou um pouco mais baixo.

"Você só precisa saber que isso é necessário e precisa ignorá-la como se ela não existisse, entendeu?" Jason falou. Sabia que Jason não estava falando por mal e sim para me proteger assim como pedi, eu não queria ser conhecida, não queria ser observada e falada em nem um aspecto, eu quero viver apenas no meu pequeno e solitário mundo.

"Posso ao menos saber o nome dela?" Jason olhou ligeiramente para trás e eu não tive reação.

"Thalia" Jason enfim disse e eu só queria me esconder em algum tipo de poço, ou cova e nunca mais sair.

"Thalia ... bom gosto" Nico disse o meu nome com cautela, como se o examinasse, logo senti os dedos de Nico soltarem os meus braços da sua cintura e eu resmunguei com a falta deles.

"Vamos Lia, suba" Jason me puxou pela a mão me fazendo ficar entre os dois

"Ela não fala?" Nico ergueu a sobrancelha e eu queria por muito revirar os olhos, mas eu não tinha reação.

"Foda-se Jason! Cale a boca" Jason o confrontou e o mesmo jogou os braços para cima como se estivesse brincando, logo senti a mão de Jason no final das minhas costas me auxiliando a subir as escadas e ir para o meu quarto. Chegamos enfim ao meu quarto e ele abriu-me a porta ligeiramente.

"Me desculpe por isso, eu sei como você não queria ser reconhecida por ninguém" ele me abraçou e logo eu retribui.

"Não faz mal" eu murmurei baixo para ele e senti um beijo no topo da minha cabeça.

"Amanhã eu falo com ele melhor" eu apenas assenti.

"Eu não quero nunca mais ver ou falar com Nico, tudo bem?" eu falei para o meu irmão e o mesmo assentiu, eu não sou muito boa em socializar com as pessoas e principalmente garotos. Eles podem falar que sou muito bonita, mas não tenho confiança nisso, não tive boas experiências.

Logo entrei no meu quarto fechando a porta e se despedindo do meu irmão, tranquei a mesma e fui até a cama, me enfiei demais dos lençois e me cobri até o pescoço, fechei os olhos e podia ouvir ruídos mínimos que me davam e me auxiliavam no sono, e rapidamente adormeci.

Dois toques na porta era tudo o que eu ouvia, logo eles se transformaram em pequenos ruídos e eu abri os olhos ligeiramente.

"Lia acorda, vai se atrasar de novo" a voz cansada do meu irmão falou, esquecime de deixar a porta destrancada a noite.

"Já vou" resmunguei para ele e logo me levantei da cama sendo atingida por uma onda de tontura.

"Tudo bem?" ele perguntou quando não ouviu mais nem um barulho feito por mim.

"Sim Jason, já estou indo" disse mais severamente e logo fui ate a porta a destrancando e vendo o meu irmão já vestido.

"Pronto, vai se arrumar e desce para tomar café da manhã, vou estar te esperando" ele deu-me um beijo na bochecha e eu cocei os olhos preguiçosamente. Dei meia volta fechando a porta do quarto e fui para o meu banheiro, despi a minha roupa e não tardou muito a eu entrar em um duche quente e acolhedor que me acalmasse.

Existe vários tipos de ruídos, alguns me irritam, mas eu consigo suportar, alguns me acalmam e me deixam bem, outros me dam voltas a cabeça, me fazendo chorar e me apertar. Por exemplo: sons agudos de guitarra fazem um zumbido enorme na minha cabeça, e a bateria também, esses são instrumentos pesados nas quais eu odeio ouvir. Já os barulhos que me acalmam são os da chuva caindo, do barulho do chuveiro, as canções que meu irmão toca no piano, esses ruídos entre outros me acalmam. E tem enfim os ruídos suportáveis, esses são os mais irritantes gerados da boca das pessoas da minha sala, dos gritos dos meus professores e das palavras irritadas da minha mãe.

Assim que sai do banho fui novamente ao armário, no meu colégio não tinha um uso formal de uniforme, mas eles pediam que não usasse roupas curtas ou decotadas, o que eu acho que as garotas do segundo e terceiro ano não conseguem entender. Vesti-me com umas calças jeans um pouco justas e uma blusa cinza de mangas, os calçados eram os usuais tênis brancos da adidas. Deixei os meus cabelos negros soltos e despenteados. Com muita ou talvez pouca coragem fui até a frente do espelho e encarei os meus olhos azuis.

Sem ânimo de passar alguma maquiagem no rosto, eu optei por não usar como sempre. Sai do meu quarto enquanto pegava na bolsa de costas azuis e fechava a porta do meu quarto, podia ouvir algumas vozes lá em baixo, e uma em si chamou a minha atenção. Nico di Angelo.