Eu continuava a fitar o seu, ele não tinha reação assim como eu. O meu coração estava acelerado, eu o correspondi e eu gostei da sensação dos seus lábios, era leve e tinham um sabor de chocolate, ou algo do tipo, o meu corpo pareceu explodir em sensações.

"Desculpas" eu pedi olhando para os nossos pés e os deles se mexeram novamente para perto de mim.

"Não fuja de mim" ela pegou em meu queixo e o fez o olhar. Ele não queria que eu fugisse dele, mas estava um pouco difícil com ele fazendo essas coisas.

"Nico" eu funguei o seu nome e senti os seus lábios passaram por cima dos meus.

"Sem timidez, querida" ele chamou-me enquanto voltava a colar os nossos lábios. Eu fechei os olhos com o nosso contato e o meu interior vibrou com a sensação, nunca havia experimentado isso e eu sou completamente inexperiente.

Ele agarrou a minha cintura e fez o seu corpo chocar contra o meu. A sua cintura se pressionou mais sobre a minha e senti o meu estomago ferver com a sensação. Coloquei a minha mão sobre os seus braços e deixei que os beijos prosseguissem, sem me preocupar com nada.

Suas mãos passaram pelo os meus lados e subiram pelo os meus cabelos os agarrando pela a nuca, a minha falta de ar se agravou e eu separei os nossos lábios, ela mordeu o meu e eu senti o meu corpo se estremecer, como todos os pelos da minha nuca se arrepiarem.

"Estou indo embora, seu irmão falou que você não gosta da minha presença" ele apoiou os seus braços dos meus lados e eu respirei fundo.

"Sim" eu falei e ele riu.

"Espero ter mudado sua opinião" ele falou perto da minha orelha enquanto deixava um beijo logo abaixo dela. Ele se virou e andou para fora da cozinha, deixei que as minhas pernas fraquejassem e respirei fundo enquanto me sentava no chão.

A minha cabeça doí de tantos pensamentos que estão surgindo e podia sentir as minhas bochechas corarem fortemente enquanto me lembrava do que eu acabei de fazer.

Nunca eu iria fazer isso, desse jeito, com ele e aqui na cozinha, não sou desse tipo. Minha cabeça fervia com esses pensamentos e eu estou completamente confusa do que acabou de acontecer. Como que eu me rendi assim? Como que eu apenas deixei estar e não o afastei? Por que? O que está acontecendo.

"Thalia?" ouço o meu irmão me chamar e me levanto rapidamente do chão.

"Oi" gaguejo e ele entra na cozinha, ele me olha com o cenho franzido e se aproxima.

"Pedi para Nico sair, ok?" ele pega um copo e eu assinto rapidamente.

"Vou subir, irá sair hoje?" eu perguntei.

"Sim, tenho uma festa"

"Mathew Rudson" disse revirando os meus olhos e ele me olhou surpreso.

"Como sabe?" ele ergueu a sua sobrancelha enquanto enchia o corpo de água.

"Folhetos e mensagens foram enviados" eu cruzei os braços e ele assentiu.

"Vai ser legal" ele apenas disse e eu senti que ele queria dizer algo a mais.

"O que foi?" eu pigarrei e ele deu de ombros

"Fala logo" "Eu estava pensando, os meus pais não vão estar em casa e você vai ficar sozinha então-" eu o cortei.

"Nem pensar! Da última vez que você me forçou a ir em uma festa eu tive um ataque na frente do seu amigo! Não vou, e eu não suporto festas" eu praticamente gritei com ele.

"Lia! Você tem quase 17 anos de idade e não curtiu nada da vida, e aquele dia você só não se divertiu porque estava nervosa demais" Jason resmungou e eu ri sem graça

"Vamos comigo, por favor, eu quero te ensinar a aproveitar, eu quero que você experimente tudo o que eu já experimentei, e eu não estou falando de bebidas e essas coisas, eu só quero te ensinar como aproveitar a vida na nossa idade" ele chegou mais perto de mim e eu neguei.

"Jason, por favor não" eu gemi em reprovação.

"Vai Lia por favor" ele pegou em minhas mãos e eu joguei a minha cabeça para trás.

"Não quero Jason, não quero ter um ataque ou ficar me esfregando nas pessoas, eu nem ao menos sei dançar, nunca bebi" eu baixei o meu olhar e ele me abraçou.

"Pelo menos pensa, eu sei como te ajudar com isso, eu nunca quero fazer nada de mal para você Lia, mas eu também não quero te privar do mundo, você precisa conhecer um pouco pelo menos" eu falou contra os meus cabelos e eu fechei os olhos.

"Vou pensar, agora eu vou pro quarto" eu respirei fundo e saí do seu aperto.

"Por favor" ele pediu de novo com aqueles olhos esverdeados a me fitarem.

"Vou ver" resmunguei e saí da cozinha subindo calmamente para o meu quarto.

A casa estava silenciosa como sempre e novamente eu estava presa em meus pensamentos. Abri a porta do meu quarto e fui para a cama me sentar. Eu poderia muito bem sair de casa e ir até o Central Park, ou vagar pela as ruas agitadas de Manhattan, mas isso não é possível, visto que eu tenho um ataque a cada barulho. Eu sei que eu deveria me auto-ajudar e sair de casa, ou talvez ouvir uma música agitada, deveria caminhar por aí e explorar, mas a verdade é que eu tenho medo.

Acontecerem muitas coisas na minha vida, já apanhei muito, já fui ameaçada dezenas de vezes, já me bolinaram entre outras coisas. Eu não gosto do toque das pessoas, causa um efeito negativo em mim, não gosto de me olhar ou fitar os meus olhos, não gosto de enxergar o mundo de maneira diferente mas depois que eu adquiri esse distúrbio tudo mudou.

 O meu comportamento, a maneira de falar, de ouvir, de ver as coisas, tudo mudou, e não é algo que eu queria, mas são vários fatores e traumas que me deixaram deste jeito.

Olho tudo ao redor tão cinza e sem cor e me pego imaginando eu correndo por aí, tocando a neve e gritando enquanto brinco com o meu irmão, me imagino por meros segundos em uma festa e a ser normal como o meu irmão, ser rodeado de amigos e pessoas que gostem de mim, me imagino sendo feliz pelo menos uma vez, sem toda essa inocência do mundo e das pessoas, eu me imagino em tantos lugares e me imagino de tantos jeitos que me pego querendo ser tudo isso, mas o meu medo me impede, e não é somente por aquele homem me ameaçar, por muitas outras coisas, e eu odeio ser medrosa.

XXX