Thalia?" Dra.Solther parecia surpresa por estar ali, rapidamente me aproximei dela que estava na recepção encostada logo ao bancão principal.

"Olá" eu disse sem graça por aparecer sem ter uma consulta marcada e tão cedo.

"A nossa consulta não é só as quatro horas da tarde?" ela disse enrugando o cenho e eu assenti.

"Sim, mas eu preciso falar um pouco" eu murmurei baixo enquanto sentia o olhar da recepcionista em mim.

"Claro, vamos para a minha sala" ela disse andando para os enormes corredores pintados de branco, olhei as diversas portas no caminho e me perguntei o que cada uma escondia atrás delas, finalmente chegamos a sua porta e ela abriu a mesma e deu espaço para eu entrar enquanto a fechava, fui até o sofá preto e me sentei nele.

"Então Thalia, o que aconteceu?" ela disse enquanto se sentava com um pequeno caderno em mãos.

"Eu hoje tentei sair" eu disse baixo e ela ficou me encarando, eu estou quase a me habituar a conversar com ela, o que é bom.

"Mas, quando eu saí, eu fiquei apavorada com os barulhos e um carro buzinou logo ao meu lado" eu reprimi os lábios e ela assentiu.

"Então eu me sentei no chão, e fiquei parada esperando a minha angústia e minha dor de cabeça parar" eu respirei fundo.

"O que aconteceu depois?" ela pediu gentilmente enquanto colocava o seu óculos de grau e começava a escrever na caderneta.

"Nico" eu simplesmente disse e ela me olhou confusa.

"Quem é Nico?" ela disse confusa e eu respirei fundo.

"É aquele amigo do meu irmão, que eu mencionei em uma das nossas conversasr" eu resmunguei e ela pareceu se lembrar.

"Pois! Continue" ela pediu gentilmente e eu respirei fundo.

"Ele apareceu lá, e bom, ele foi bastante grosso como sempre, e eu odeio o fato de parecer que ele fica me seguindo e de um jeito ou de outro eu paro sempre no banco do passageiro dele" eu cruzei os braços amuada com o acabará de falar.

"E você não gosta disso? De ter alguém ao seu pé?" ela perguntou enquanto se levantava e vinha até perto de mim, me fazendo recuar um pouco com as costas.

"Eu apenas fui acostumada a crescer sozinha, é estranho ter alguém ao seu lado sabe, te observando, justo eu que sempre fui discreta" eu falei baixo enquanto mordia o meu lábio.

"Já pensou em o agradecer?" ela disse suavemente enquanto pegava em um mexa de cabelo minha e colocava gentilmente atrás da minha orelha. Confesso, eu me encomodei com o seu gesto.

"Não" eu disse baixo e ela se afastou enquanto anotava algo de novo.

Dois toques leves foram soados na porta e Dra.Solther resmunguei um pedido de 'desculpas' enquanto ia até a porta.

"Sim?" ela disse simpática e eu fiquei a apreciar como ela era realmente boa nisso.

"Doutora, tem cá um rapaz" a mulher do outro lado disse baixo e eu franzi as sobrancelhas.

"É o Jason?" ela perguntou pelo o nome do meu irmão.

"Não, é um rapaz moreno" a outra mulher, cuja eu pouco me importo com o seu nome disse e senti o meu estomago a se revirar.

Nico estava na sala de espera, e provavelmente furioso como sempre.

"Ah sim, já irei lá" ela disse fechando a porta gentilmente.

"Thlia, eu preciso ir lá fora tem um rapaz-" eu a interrompi

"É o Nico, ele que me trouxe cá depois de me enfiar no seu carro" eu disse baixo e ela me olhou perplexa.

"Bom, então irei lá o chamar"

"Não!" eu a parei rapidamente

"Não o faça por favor" eu pedi enquanto agarrava a sua mão.

"Thalia, vamos lá" ela me incentivou e eu neguei.

"Não, ele nem ao menos me conhece, por favor, isso não" eu choraminguei e ela respirou fundo.

"Ok, o irei pedir para ir embora" ela disse lentamente e eu assenti.

"Muito obrigada" eu enfim agradeci e ela sorriu-me enquanto me deixava na sala, eu engoli em seco odiando a idéia do Nico saber que eu tenho uma psicóloga, e que eu preciso de uma, odeio o fato de ele já ter presenciado uma dos meus ataques, o odeio simplesmente por gritar comigo sem importância, ou sem perceber de como isso mexe comigo.

"Voltei" a porta se abriu e Dra.Solther apareceu dentro da sala.

"Boa" eu simplesmente disse e ela sorriu-me de lado.

"Ele é mesmo muito bonito, mas bem arrogante" pude a olhar pelo o canto do olho revirar os olhos e eu ri.

"Sim, ele é" eu cruzei as minhas pernas enquanto arrancava as luvas e a toca do meu corpo, sentindo uma onda de calor na sala.

"Ele pediu para te avisar que irá permanecer ali, e que já avisou o seu irmão" ela pareceu lamentar isso e eu apenas assenti enquanto baixava o meu olhar.

"É isso que eu não gosto, a maneira como ele não pode ter ficado na dele e me ignorado como todo mundo, ou como ele só fala comigo agora depois que descobriu que eu sou irmã do seu melhor amigo" eu brinquei com os meus dedos em cima das minhas pernas e senti o olhar dela ficar sobre mim.

"Calma Thalia, isso irá mudar" ela me incentivou e eu assenti sem ânimo.

Ficamos em um constante silêncio ouvindo as árvores do lado de fora se balançarem, eu respirei fundo em frustração e ela pareceu notar.

"Acho que você é a minha única paciente que eu não sei do passado, quer falar um pouco?" ela voltou a me pressionar sobre isso, eu sem paciência levantei da cadeira e fiquei a olhando.

"Não" eu disse rudemente enquanto voltava a colocar as minhas luvas.

"Oh vá lá Thalia, quantos segredos mais você pode guardar?" ela disse baixo e eu neguei.

"Adeus Dra.Solther" eu disse enquanto colocava a minha touca, eu suspirei enquanto abria a porta e me preparava para as perguntas de Nico.

Sai dos corredores e pude ver o moreno em pé olhando para a enorme vidraria que dava a rua, ele batia com o pé freneticamente no chão me irritando em poucos segundos, ele parecia tirar a calma do lugar; ele pareceu ouvir os meus passos e olhou para trás me encarando com os braços cruzados no peito.

"Vamos" ele disse friamente enquanto me olhava, eu fiquei parada no lugar enquanto o olhava sair pela a porta, eu senti a minha garganta ficar seca enquanto ele lentamente virava a sua cabeça para o lado me dando a perfeita visão do seu maxilar cerrado.

"Ok" eu simplesmente disse para mim mesma enquanto caminhava lentamente atrás dele, saímos do espaço quente e senti o frio de Nova York embater contra o meu corpo me fazendo tremer, sem muita coragem corri até o carro e me coloquei no banco do passageiro sentindo uma pequena fresta de luz pegar sobre o meu rosto.

O carro foi ligado assim que ele entrou no mesmo, o seu rádio foi igualmente ligado e eu rezei mentalmente para que se passasse uma música calma, o som se fez ouvir e eu enruguei o cenho ouvindo leves sons de um baixo, as batidas da música eram calmas e eu fiquei curiosa por esse som não me perturbar, mesmo sabendo que em uma elevada altura isso me perturbaria.

"Qual-" eu parei de falar me batendo mentalmente por querer perguntar quem cantava, obviamente ele deve estar nervoso demais para isso.

"Qual?" ele incentivou sem muita importância enquanto me olhava pelo o canto de olho.

"Quem canta?" eu sussurrei.

"O que?" ele virou o seu rosto para mim enquanto parava em um farol, eu fitei rapidamente os seus olhos caramelos e desci para a sua camisa.

"Eu perguntei quem canta" eu disse um pouco mais alto.

"Uma banda, The XX" Ele deu ombros enquanto direcionava sua mão até o suporto a minha frente, eu recuei o meu corpo e logo ele abriu o pequeno compartilhamento na frente e pegou em uma caixa de CD.

"Aqui" ele me deu a embalagem do CD, ela era preta e continha um enorme X branco na capa com o fundo preto.

"Obrigada" eu agradeci baixo enquanto ele virava na rua da minha casa.

"Thalia" ele me chamou com o seu típico sotaque britânico.

"Eu não quero voltar a te dar carona, então foda-se, se cuida" ele amaldiçoou no meio da frase e eu assenti.

"Sim" eu apenas disse enquanto ele parava mesmo em frente da minha casa.

"Adeus" ele disse assim como eu.

"Adeus" eu tirei o cinto do meu corpo enquanto me forçava o meu corpo para fora do carro.

Fechei a porta e o vidro fumado logo se abriu.

"Aliás, eu ainda quero o meu casaco de volta" ele riu ironicamente enquanto voltava a fechar o vidro e arrancar com o carro.

Droga!. Respirei fundo vendo uma fumaça a se formar na minha frente e fui até a porta da minha casa me preparando mentalmente para as milhares de perguntas e palavrões que o meu irmão falaria assim que eu explicasse tudo.