After Midnight escrita por Mare


Capítulo 19
Guns




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—-Agente 522! Preste atenção, olho no alvo e não na arma!—o coordenador do setor de armas gritou com a garota.
—-Me desculpe,senhor.—Amaya disse assustada e tentou prestar atenção no alvo. Mas era difícil se acostumar com a ideia de machucar alguém, algo lá no fundo dizia que aquilo não era da natureza dela. E que alguém não gostaria de vê-la assim.
—-Am, vamos lá. Você era ótima com armas. —Dorian disse atrás dela, posicionando o revólver da garota na maneira correta.
—-Eu era?—Ela disse insegura, atirando algumas vezes contra o alvo. Ela tinha finalmente acertado o centro.
—-522, vamos trocar o armamento. —O coordenador disse, trocando o revólver por uma arma maior e mais pesada. Amaya olhou para seu irmão e ele deu um sorriso encorajador enquanto brincava com um revólver prata nas mãos.

Dias depois

Amaya – ou 522, como atendia agora - pulava entre os obstáculos da sala e se escondia atrás de pequenos blocos de concreto. Seu corpo pequeno permitia que ela se escondesse atrás até mesmo de pequenas lombadas da sala de treinamento.

—-NÃO É SÓ SE DEFENDER,522!—Seu treinador gritou da parte mais alta da sala.

Amaya se ergueu da lombada e puxou seus dois revólveres mirando no alvo que se mexia por toda sala. Outro agente com uma roupa especial a prova de balas – que ainda estava em teste- corria por toda a sala. Ele era bem mais experiente que Amaya, mas aceitou servir de alvo vivo para o treinamento dela.

As balas e o barulho dos tiros ecoavam por toda a sala. Marcas eram deixadas na roupa especial do soldado. 522 tinha evoluído muito em poucos dias e já era capaz de acertar alvos a 20 metros de distância. Ela tinha se tornado mais familiar com as armas que ofereciam, Dorian tinha muita influência nisso, sempre dizendo como ela ia se sentir mais poderosa tendo uma delas em suas missões e como ela “só usaria para defesa”.

Até 522 sabia que aquilo era mentira.

Ela tinha diferentes fuzis em seu quarto agora, sua magnum apoiada em sua cintura quase o dia inteiro. Mas hoje ela disparava contra o alvo com duas Skorpions em mãos. Elas tinham um formato estranho, pareciam pequenas metralhadoras, mas eram as preferidas de 522.

—-Cessar fogo.—Seu treinador gritou do alto e ela imediatamente abaixou as duas armas e as colocou em seus apoios encontrados nas pernas da agente.

—-Bom trabalho,522. Me acertou 2 vezes no coração e mais de 15 na perna.—O “alvo” disse.

—-Eu poderia ter feito melhor.—Ela disse oferecendo um sorriso para ele.

—-E vai, só precisa de mais treinamento.—Seu treinador desceu as escadas. Quando não o chamava de “senhor”, usava o codinome 481. Os números se tornaram nomes muito fácil para Amaya, afinal, ela não tinha lembrança de quase nenhum nome, a não ser o dela e de seu irmão.

—-Acho que ela merece uma folga,481.—O alvo disse, tirando algumas partes do uniforme a prova de balas.

—-Concordo,053. E você vai precisar,522. Amanhã seu treino de combate corpo a corpo começa de novo. Seu irmão mencionou que você era ótima, quero por isso em prova e te levar ao seu limite.—O treinador disse e com um movimento de mão, liberou a garota para voltar para seu quarto.

Amaya já tinha se acostumado com tantos números, eram como nomes mas muito mais fáceis de memorizar. Dorian pediu para que ela não o chamasse de 518, porque percebeu em como ela estava tão confortável com tudo aquilo. Mas ele ainda queria manter um elo de irmandade com sua pequena garota.

Amaya por outro lado agora queria crescer naquele pequeno império da ADHL, ela não pensou que aquilo era tão divertido. As armas lhe davam uma energia que ela nunca tinha experimentado, e saber que ela era boa em combate corpo a corpo fazia seu ego inflar. As mudanças que a Agência causou na garota não paravam apenas na sede de poder.

Seus sentimentos foram privados, sua voz, antes tão cheia de energia e alegria, agora era robótica e fria. Exibindo apenas um pouco de arrogância quando ela falava sobre como ela estava melhorando em seu treinamento com armas brancas. Facas eram sua especialidade.

Seu rosto agora exibia uma maquiagem escura e um batom vermelho sempre que ela saía de seu quarto. Sua nova máscara não se desmanchava durante seus treinos, seu rosto dividido pela heterocromia agora formava algo assustador por inteiro. Seu olho castanho parecia acender a fagulha, enquanto seu olho azul acendia o fogo.

Ela já tinha se apropriado de parte da história da Agência também, ela sabia onde ela tinha começado: como uma pequena agência de segurança, e como agora ela dominava metade do país com câmeras e pessoas influentes em todo lugar. A história do agente 027 também era algo interessante.

Ele era um dos melhores agentes, comandando grandes forças armadas para missões impossíveis. Sempre sendo tão discreto em missões de busca de aliados.

027 parecia um numero reconhecível para Amaya. Era como se ele estivesse em algum lugar da mente dela, mas ela não poderia remover de lá.

Sempre que ela lia sobre o agente que havia desaparecido sua cabeça doía. Seu irmão pediu para que ela se mantivesse fora daquele assunto e que parasse com tantas perguntas sobre o agente.

—-Amaya?—Dorian correu atrás da garota que ainda seguia em direção ao seu quarto.

—-Olá.—Ela disse em um tom muito frio.

—-Se empolgue, Amaya. Você foi liberada mais cedo.—Dorian disse tentando animar sua irmã, ou o que havia restado dela.

—-Pra...? Vou apenas dormir.—Ela disse abrindo a porta do seu quarto, apenas para que Dorian a fechasse novamente.

—-Dormir? Não, você vem comigo.—Ele riu e puxou a mão da garota, que soltou um suspiro irritado.

Dorian sempre a levava para o mesmo lugar: o terraço. O lugar perfeito para se ver toda a cidade de cima. O contraste da cidade e do deserto era realmente lindo, mas Amaya já não lembrava como apreciar aquilo.

Assim que ele abriu a porta do terraço, a respiração de Amaya ficou presa em sua garganta.

Várias rosas amarelas presas em um buquê gigante com uma caixa redonda de chocolate se encontravam no meio do terraço.

—-Feliz aniversário, monstrinha.—Dorian falou baixo.

Já era um milagre deixarem que ele presenteasse a irmã no aniversário, uma coisa que era totalmente contra os protocolos. Mas sabiam que não deviam mexer com nenhum dos Merrick, eles eram peças importantes demais para se perderem.

—-Aniversario? Eu não lembrava...—Amaya se abaixou para pegar o buquê e os chocolates.

—-Tudo bem, eu achei que você não ia se lembrar. Queria te fazer uma surpresa.—Ele disse colocando as mãos nos bolsos da jaqueta preta e erguendo um pouco seus ombros.

—-Obrigada,Dorian.—Amaya sentiu seu coração esquentar um pouco e deixou que um pequeno sorriso surgisse. Ela tinha uma vaga lembrança de um presente que ela tinha ganhado antes...Vestidos...

Ela já tinha ido a alguma festa para ganhar vestidos? Talvez sim...

—-Eu acho que vai chover, quer ficar aqui ou prefere voltar?—Dorian disse olhando para o céu que se tornava cada vez mais negro.

—-Vou ficar...Você pode levar seus presentes pro meu quarto? Vou deixar os chocolates pra depois.—Amaya disse dando um sorriso, mas claramente expulsando Dorian para que ela ficasse sozinha. Dorian não se importou, ele tinha conseguido um sorriso de sua pequena irmã.

Amaya se sentou embaixo da área coberta e observou a chuva cair aos poucos.

Como eu queria me lembrar de alguma coisa...

A garota puxou uma folha de papel do bolso e desamassou ela para ter uma vista melhor da foto. A cara séria do agente 027 a encarava de volta. Ela tinha se interessado demais naquele agente que ela nunca conheceu, talvez fosse a história dele e todo o papo conspiratório que rondava sua figura.

Alguns diziam que ele tinha 30% do cérebro deformado e reformado pela agência. Outros diziam que ele tinha nascido com aquela deficiência. E até diziam que ele tinha escolhido.

A maioria evitava falar sobre ele, pelo menos quando 522 estava no mesmo local.

Ela também tinha ouvido falar que ele nasceu na agência, crescendo para ser o agente perfeito. Sabia montar e desmontar um revolver com apenas 12 anos. Teve sua primeira missão bem sucedida aos 16. Se tornou treinador de outros agentes aos 18 e começou a comandar seu próprio grupo aos 19.

Amaya estava interessada nele e em sua história, mas ela só queria saber apenas uma resposta.

Porque ela conhecia tão bem o rosto dele sendo que nunca o conheceu pessoalmente?


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