After Midnight escrita por Mare


Capítulo 18
Disguises




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Assim como Amaya passou vários dias passando pelas mãos da ADHL, Blade passou esses dias com Anthony em busca do rosto dela em imagens de segurança. Todos os frames e vídeos eram cortados e colocados em um dos 5 pen drives que eles usavam. Era só mais um dia quando Blade acordou na cadeira do barco de Anthony, cercado por garrafas de energético e com um cobertor no colo. Anthony estava no computador, olheiras se formando umas sob as outras e um copo de café ao seu lado.
–-Me diz que não passou outra noite acordado.—Blade disse removendo o cobertor e caminhando até as pilhas de papéis que Anthony tinha deixado na mesa. Endereços,códigos de IP, conversas por telefone,nomes. Tudo que Blade poderia usar para encontrar uma base da ADHL e talvez Amaya.
–-Quero terminar o mais rápido possível.—Anthony respondeu e jogou algumas peças de roupa para Blade. –Se troca, essa roupa não é nada discreta.
–-Ok,conseguiu alguma coisa?—Blade disse avaliando as roupas em suas mãos.
–-Um apartamento e um emprego. Pra você.—Anthony respondeu rapidamente e colocou todos os papéis de pesquisa e pen drives em uma pasta.
–-Apartamento? Você quer que eu saia?
–-Sim. E ainda hoje, essas são as chaves do apartamento e essas da minha moto,pode levar.—Anthony colocou as chaves na mão do garoto junto com um pequeno pedaço de papel—Esses são o endereço do apartamento e do bar onde te consegui um emprego, é como barman, mas vai servir pra te ajudar a pagar umas coisas quando seu dinheiro extra acabar.
–-Anthony, o que está acontecendo?—Blade perguntou enquanto era empurrado para fora do barco. Ele pulou para o píer e se virou para o lego amigo. Anthony suspirou.
–-Um cara apareceu me procurando para cuidar do barco dele. Ele já sabia meu nome e perguntou quem era o rapaz que rondava o píer onde eu trabalho,falei que você é meu sobrinho.
–-Talvez seja um cliente antigo. Ou um cara curioso.
–-Trabalhei tempo demais para pessoas perigosas,garoto. Mais do que você. E ele não é cliente meu. Se ele for da ADHL, não quero que você corra riscos.
E com isso,Blade se afastou do barco e correu para a pequena cabana perto do píer. Ele sabia que Anthony não faria algo assim a toa, ele realmente tinha que ir. Assim que trocou suas roupa pesadas por uma camiseta e uma calça jeans, jogou suas coisas na moto de Anthony e acelerou para seu novo endereço.
Blade sabia que tinha que mudar caso alguém da ADHL aparecesse, mas não sabia que seria tão cedo. Isso incluía lentes, mudar o cabelo e até mesmo sua voz. Com anos de trabalho,Blade sabia como mudar sua voz e postura facilmente. Ele saiu em busca de roupas e passou por seu novo emprego. Um bar nos limites da cidade, frequentado por viajantes e motoqueiros, mas ele só voltaria a noite para trabalhar, primeiro ele precisava ter certeza que estava irreconhecível.
Ele comprou roupas novas, um óculos e lentes verdes, uma tesoura e uma máquina para raspar o cabelo, ele podia decidir o que fazer em casa. Enquanto ele caminhava de volta para o apartamento passou por ruas pavimentadas com seus pensamentos indo para longe, para uma garota que ele não tinha certeza se voltaria a ver. Ele queria explodir todos que se envolveram no sofrimento de todos, ele queria voltar e explodir o rosto de Max com um tiro. Mas ele tinha que primeiro encontrar Amaya e ter certeza que ela estava segura, garantir que ela estava feliz e com sua família. Depois disso ele se vingaria de todos, mesmo que isso significasse se afastar dela.
Ele quase passou direto de seu apartamento enquanto estava em seus pensamentos. Eram só dois cômodos montados em um prédio de quatro andares. O primeiro andar era uma loja de discos e os outros 3 eram o lar de alguma pessoa. Blade subiu as escadas correndo e começou suas mudanças.
Ele não fazia a barba a tempos, mas ele aproveitou para aparar um pouco com o estilete que estava escondido no banheiro. Ele colocou as lentes e o óculos e testou sua voz um pouco. Ele jogou suas roupas de agente na mochila e colocou suas roupas novas no armario. Camisetas de bandas,jaquetas e calças jeans eram o suficiente para ele. Ele se preparou na frente do espelho e arrumou seu cabelo com os dedos.
Ele não queria cortar seu cabelo.
–-Isso é ridículo.—ele riu de si mesmo e puxou a tesoura para perto de seu cabelo. Mas ele não tirou mais do que as pontas. Ele precisava mudar sua aparência mas ele se recusava a cortar. Aquilo era muito ridículo para ele.
De repente ele ligou a máquina e aproximou de sua lateral esquerda. Ele respirou fundo algumas vezes e começou a raspar seu cabelo. Mas apenas a metade.
–-Porque eu não consigo fazer isso? Vou deixar só esse lado pelo jeito.—ele riu e se viu no espelho. Ele sabia porque não conseguia.
Amaya.
Ele se lembrava das vezes em que as mãos delas passaram pelo seu cabelo, foram só duas vezes, mas era o suficiente para que ele não quisesse cortar. Ele queria ter aquela sensação de novo.
Ele se arrependia de não ter beijado ela na última noite em que estavam juntos. Ela não parecia tão infantil quanto na primeira vez em que se viram, ela parecia a mulher que ele queria ter em sua vida pra sempre. Alguém com quem ele fugiria, que ele levaria para a praia só para ver aquele mesmo sorriso que ela deu. Ela era alguém por quem ele viveria e morreria.
Ele limpou os cabelos do chão e se jogou na cama com o notebook e os pen drives de Anthony. Ele via frames de várias pessoas reconhecíveis, com quem ele já tinha trabalhado antes, mas nenhum deles era Amaya.
A tarde tinha passado rápido demais, ele tinha que se ocupar com seu emprego e ele só tinha analisado um pen drive inteiro.
–-Droga.—Ele resmungou e colocou uma jaqueta jeans sob sua camisa branca e disparou em direção aos limites da cidade.
Ele pulou para dentro do bar e direto para o caixa, onde um homem tatuado e por volta de 60 anos contava o dinheiro. Eles se olharam e o senhor deu um sorriso largo.
–-Você deve ser o sobrinho do Anthony. É Christopher,certo?—ele perguntou e esticou sua mão para cumprimentá-lo.
–-Isso mesmo. Ele me disse que você poderia me oferecer um emprego por aqui, senhor...?
–-Pode me chamar de Matt, nada de senhor. Aqui me chamam também de Howley, nunca entendi porque.—Ele riu e Blade ofereceu um sorriso.—É bem fácil, você serve os caras e anota o que eles consumiram, depois disso você entrega o papel pra mim com o nome deles. Kristen vai te ajudar com isso.
Howley apontou com a cabeça para uma garota de cabelos pretos e curtos que usava batom vermelho. Ela parecia ignorar a todos que cantavam ela, mostrando o dedo do meio para alguns que pareciam conhecê-la bem.
–-Ela parece um doce de pessoa.—Blade disse irônico.
–-Só saber o espaço dela,garoto. Ai vocês podem se dar bem. Segura.—Howley disse e jogou um bloco de comandas e uma caneta. Blade pegou-as e foi para trás do balcão ao lado de Kirsten.
–- Não estrague nada, só sirva as bebidas e não fale comigo.—Ela disse enquanto empurrava a bebida para um cara.
–-Não que eu tenha vontade.—Blade respondeu no mesmo tom—Mas meu nome é Christopher,caso mude de ideia.
–-Novo barman?—Um cara bem maior que Blade apareceu do outro lado.—Pode me servir duas cervejas aqui?
Blade empurrou duas garrafas para o cara e anotou junto com o nome dele.
A noite foi longa demais para o gosto de Blade, duas brigas para separar, uma delas envolvendo Kristen e um cara do dobro do tamanho dela. Além de ter que limpar o lugar junto com Howley, que tinha um péssimo gosto para música. Blade só não pularia fora porque ele tinha um aluguel para pagar, e porque era divertido ouvir os motoqueiros contar uma história falsa atrás da outra sobre como mulheres gostosas corriam atrás deles e como era fácil matar uma pessoa no deserto.
Blade sabia que eram todas mentiras.
Matar alguém no deserto é horrível.
Ele seguiu de volta para o seu apartamento as 3 da manhã com uma cerveja na mão e um hambúrguer feito por Kristen na mochila. Ele não via a hora de devorar aquilo e dormir até a hora do almoço.
Mas ele não conseguiu. Seu corpo teve comandos diretos para o computador para que ele abrisse mais um pen drive. Ele se alimentava enquanto seus olhos criavam mais olheiras e doíam pela luz do notebook. Mas algo pegou sua atenção.
Uma van suspeita entrando em um prédio abandonado, mas não tinha como dar zoom ou ver por outro ângulo, mas ele sabia que aquilo era algo para investigar. Ele anotou o nome da cidade e da rua onde o prédio era localizado. Mais alguns e vídeos e ele vê 3 motoqueiros saindo de cena direto para uma casa abandonada, pequena demais para ser uma base, mas suspeito o suficiente para que ele anotasse.
–-Se Anthony estivesse aqui seria mais fácil.—ele resmungou colocando seus fones. Anthony era incrivelmente rápido para descobrir algo, ele não precisaria ver o vídeo inteiro para saber que era uma base. Ele não teria dúvidas como Blade.
Ele passou pelo resto do pen drive sem sucesso com as outras imagens. Ele resolveu pegar os papéis e começar a trabalhar para separar as cidades. Eram muitos frames impressos com informações, as cidades ficando cada vez mais distantes de sua localização e até de Yacanto, mas não era surpresa. A ADHL sabia como se mover sem ser notada, eles tinham bases vazias espalhadas por todo o país, poderiam sair de oeste para leste em dois minutos. E aquilo piorava a situação de Blade.
Ele estava pronto para deixar de lado quando um frame com zoom chamou sua atenção. Ele não conhecia aquele agente, era estranho, ele conhecia todos os agentes da ADHL, ele era quase como um líder ou exemplo para os outros, e frequentemente treinava os agentes para que eles se parecessem com ele. “O agente perfeito” de acordo com seus Superiores.
Mas ele nunca viu aquele garoto, não na agência. Ele tinha cabelos curtos e usava as roupas de agente com orgulho, ele tinha o queixo erguido e segurava uma arma perto de sua perna, pelo distintivo em seu peito, ele estava fingindo ser policial para passar despercebido pelos civis. Mas tinha uma coisa em seus olhos que deixou Blade inquieto e assustado. Heterocromia.
O garoto tinha os olhos como os de Amaya, na verdade, todas as suas feições se assemelhavam a da garota... Aquele era o irmão de quem ela tanto falava? Pois ele não parecia o garoto fiel e verdadeiro de quem ela tanto falava.
Ele parecia um agente da ADHL. Um dos que jamais desobedece uma ordem.


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Notas finais do capítulo

Lindxs desculpem a demora pelo cap meeeeesmo
Mas é super difícil conciliar estudos+escrever+viagens
Vou tentar atualizar o mais rápido essa fic sempre, mas eu logicamente não vou ter mais aquela rapidez das férias :c



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