Por um instante parecia que eu podia mover meus braços novamente mas aquela droga ainda estava fazendo efeito. 

Algo na casa bateu.

Uma porta.

Ela estava vindo.

Foi aí que eu percebi que não estava sozinha naquele lugar, várias meninas, garotas que estavam assim como eu vestidas como bonecas sentadas em meio às flores, uma em especial chamou a minha atenção.

Ela era exatamente igual à Diana, com cabelos dourados soltos usava um vestido branco enquanto o de todas as outras era vermelho, sua expressão era tão triste...e seus olhos pareciam focados em mim , aqueles olhos eram tão familiares 

Minha cabeça doía, minha vista estava escurecendo novamente, mas ao invés de desmaiar e não ter que presenciar nada daquilo era mais como se eu olhasse uma cuja camada superficial se desprendesse mostrando que havia algo atrás.

Atrás da imagem das flores com a boneca Diana no meio havia a verdadeira Diana com o celular na mão saindo de uma casa lotada de gente dançando ao som de música alta, tentei gritar seu nome mas nada saía, era como um dos meus piores pesadelos, onde eu tentava correr e pedir ajuda mas minhas pernas não se moviam e ninguém me ouvia.

A imagem rapidamente se desfez voltando ao campo , havia uma mulher me observando da porta de trás da casa. Ela era alta, tinha cabelos negros curtos, não conseguia ver seu rosto, tudo parecia meio embaçado mas podia ver que ela usava uma roupa parecida à do sequestrador e segurava uma pequena boneca loira de porcelana enquanto se aproximava.

Passei a sentir algo ruim com sua aproximação, eu não sabia explicar exatamente o que era, mas era como se eu tivesse comido um sanduíche estragado ou algo assim. A senhora sentou-se a minha frente e serviu-se de uma xícara de um chá vermelho. Esperei que ela tomasse no entanto ela colocou o líquido na minha boca e me obrigou a tomá-lo, resisti o máximo que pude porém parei ao perceber que conforme eu o tomava meu corpo voltava ao normal.

Ao fim eu me sentia melhor, mas continuava a não conseguir me mexer , dessa vez por medo de me darem aquela droga novamente 

A mulher sorriu e fez um gesto com a mão para que as outras garotas vestidas como bonecas se aproximassem, todas sentaram no chão à nossa volta com exceção da boneca Diana.

—Garota ingrata - ralhou a mulher olhando-a antes de se dirigir a mim - Estive procurando por você querida, onde esteve?

Me recusei a responder mas ela só riu e tocou no meu braço, no momento em que suas mãos tocaram minha pele uma energia estranha passou pelo meu corpo

—Fugindo do homem estranho, na cada da madrinha de Lynn - soltei 

—Ah, Agatha ... darei um jeito nela  depois - riu - Mas antes preciso que me faça algo, querida, algo que nenhuma das minhas outras queridas conseguiu.

—Não vou fazer nada pra você - me rebelei - Quero que você me leve de volta pra casa

—Ah, eu vou levar , mas tenho minhas prioridades, você vai fazer querendo ou não ...vai saber o que é quando chegar lá, espero.- falou pensativa - Queridas, levem a sua irmãzinha , vejam se esta consegue passar . - deu de ombros voltando à casa.

As outras garotas vieram de todos os lados agarrando meus braços e pernas enquanto eu me debatia para fugir.

—Parem com isso ! - gritou a boneca Diana finalmente se movendo em nossa direção.

—Vá embora pária! A mãe nos deu uma ordem, não se meta. - ordenou uma a que liderava o grupo

—Vocês são tão estúpidas! Vocês sabem que se ela não passar vai ficar presa aqui assim como todas nós... vocês não lembram como era bom antes daquela bruxa nos aprisionar nesses corpos humilhantes ? 

—Calada! Não me importo nem um pouco com ela, se eu fizer o que a mãe me ordenou vou ser recompensada... agora se me dá licença ... - empurrou a loira que caiu no chão com uma cara mal humorada.

—Diana! - gritei mas ela não reconheceu o nome.

Elas me levaram para dentro do campo de flores, parecia ter degraus escondidos entre a vegetação, quanto mais descíamos mais escuro ficava... até um ponto onde os degraus passaram a ser iluminados por uma fraca luz roxa. As meninas-bonecas pararam ao fim dos degraus e mesmo que não houvesse uma porta ali elas não continuaram . Na verdade não parecia ter nada ali, a luz roxa não iluminava o interior do comodo.

Me soltaram e ajudaram-me a ficar de pé, arrumando meu vestido e meu cabelo.

Então me empurraram para a escuridão.