I Bet My Soul escrita por QueenOfVampires


Capítulo 2
II


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Cheguei o mais rápido que pude com o segundo capítulo para vocês! Desde já quero agradecer a quem está acompanhando e fico feliz que estejam gostando da nova história. Qualquer errinho no capítulo, me avisem. Boa leitura.



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Com poucos dias de confinamento, e muito tédio, Crowley me deixou voltar à Terra, só que dessa vez não era como antes. Ele me “promoveu” à Garota de Acordos, um mísero demônio de encruzilhadas. Certo, eu poderia me sentir mais confiante se levasse em conta que nosso Rei já foi um homem desse tipo de negócios, só que era impossível com a idiotice de alguns “clientes”.

– E o que eu preciso fazer para acrescentar mais uns anos? – um senhor de mais ou menos 70 anos, com mais rugas que um cachorro Sharpei, me implorou.

– Não tem o que fazer, vovô. – revirei os olhos – São dez anos e pronto. E olhando pra sua cara de maracujá murcho, já acho lucro.

– Ora, sua...

– Vai querer a droga do acordo ou não?

– Vou! – ele praticamente gritou para mim, então se recompôs, arrumando seu terno barato – E quando eu terei minha parte?

– Imediatamente, claro. Sua linda esposa vai estar lá sem nem sinal de que um dia já foi paraplégica.

– Tudo bem...

O velhinho se aproximou timidamente e deu um beijo rápido em meus lábios para selarmos o pacto. E pronto. Dez anos para se entregar à perdição eterna, de que adianta ter o que queremos se não poderemos aproveitar plenamente?

– Está feito, vovô.

– Obrigado.

– Eu que agradeço. – acenei amigavelmente enquanto ele se afastava, entrando em seu carro e arrancando o mais rápido possível para longe dali.

Assim que sumiu de vista, soltei um suspiro frustrado por ter que voltar ao Inferno até que alguém me chamasse novamente. No entanto, ao me virar na direção oposta, dei de cara com o anjinho domesticado dos Winchesters.

– Castiel? – indaguei erguendo uma sobrancelha.

– Ravenna. – ele assentiu, como sempre uma simpatia em pessoa.

– O que deseja? – cruzei os braços, apoiando todo meu peso na perna esquerda.

– Dean e Sam querem falar com você. Me pediram para localizá-la.

– Do que se trata? Eu meio que tenho um emprego agora, como pode notar. – apontei o local ao meu redor – E não posso ficar por aí.

– Notei que mudou a cor dos seus verdadeiros olhos... – o anjo pendeu a cabeça de lado e eu mostrei meus novos olhos totalmente vermelhos - Enfim, eles querem informações sobre Abaddon.

– E o que eu tenho a ver com isso? Trabalho para o Crowley.

– Apenas venha comigo. – ele ergueu sua mão na direção da minha testa.

– Wow! Nem vem! – me afastei dando dois passos para trás – Da última vez que você ergueu a mão para mim, queria me matar.

– Isso foi antes... Do acordo.

Ah sim! O acordo. Pois então, alguns meses depois de conhecer o Dean na estrada, eu acabei cruzando novamente com os Winchesters. Dessa vez durante uma pequena farra de demônios dentro de uma fábrica abandonada no leste do país, a coisa ficou louca e os caçadores foram obrigados à intervir.

Terence gargalhava alto ao meu lado, ele estava em outro receptáculo, um loiro de olhos azuis, aparentemente uns 40 anos e roupas de detetive, enquanto segurava uma garota pelos cabelos.

– Hora do leilão de virgens! – ele gritou, jogando a garota no chão.

Todos os demônios gritaram em comemoração, alguns pararam o que estavam fazendo, como por exemplo, dissecar idosos, e se aproximaram, cercando a garota que não parecia ter mais que 17 anos.

– Certo, gente. – subi em uma das mesas – Vamos começar com o lance de 10 almas!

– Eu dou dois Winchesters e um anjo! – a voz de Dean vinda da entrada fez todos os presentes virarem em sua direção.

Não preciso nem dizer que os sete demônios no local enlouqueceram, parecia até que ensaiaram o momento de rosnar e mostrar os olhos negros, foi perfeitamente sincronizado.

– Peguem-nos. – Terence ordenou.

Quando todos partiram para cima dos irmãos e do tal anjo que eles rebocavam para todo lugar, eu puxei a menina para trás e a tranquei numa sala que servia como depósito de produtos de limpeza. Assim que voltei minha atenção à luta, notei que estávamos perdendo. Aquele anjo era um robô louco de matança!

– Ei, nerd! Cuidado! – gritei para Terence ao notar Sam Winchester correndo em sua direção com uma Lâmina antiga dos Curdos, um presentinho dado pela retardada da Ruby há anos atrás que nunca foi reavido pelo Inferno.

Ele notou o homem e logo escapou do corpo, num timing perfeito, pois o bonitinho de cabelo esvoaçante esfaqueou o corpo mesmo assim. Quando a fumaça escura passou por mim, andei até o Winchester mais novo e o soquei diretamente no nariz certinho dele. Aproveitando que ele deu passos para trás, com a mão no rosto devido á dor, puxei a faca do corpo e a guardei comigo.

Pretendia fugir correndo de lá, não queria abandonar meu receptáculo pois não sabia se teria chance de recuperá-lo e eu gostava muito desse corpo. Mas era óbvio que seria impossível, os demônios que não foram mortos, fugiram, eles me notariam facilmente. Foi então que tive a arriscada ideia de me fazer de boa moça.

Um dos demônios se aproveitou do momento de fraqueza do Sam e o puxou pelo pescoço, apertando com tanta força que as veias do garoto pareciam que iriam estourar a qualquer momento, então, num impulso heróico, eu fui até lá e enfiei a lâmina na lateral da cabeça do demônio.

Foi. Muito.Legal.

Eu já tinha esfaqueado crânios antes, mas nunca o de um demônio que brilha e solta faíscas amarelas! Adorei tanto que não pude evitar um pequeno sorriso nos lábios. Quando o aperto em volta do pescoço de Sam afrouxou, ele se jogou para frente tentando recuperar o fôlego.

– Você de novo, bitch? – Dean veio pra cima de mim, mas antes que eu pudesse ao menos pensar em correr, Castiel apareceu com os olhos brilhando intensamente e ergueu sua mão, pronto para me matar.

– Não... Eu... – implorei, fechando os olhos com força.

– Espera! – Sam gritou – Ela acabou de salvar minha vida!

– Como assim? – o anjo fechou a mão e retornou seus olhos ao normal.

– É um demônio, Sam! – Dean exclamou, jogando os braços para cima.

– Que me salvou! – o mais novo insistiu.

– Qual o seu problema com monstros?

– Com licença... – pedi, erguendo o braço – Eu o salvei porque notei que não teria chance contra vocês e... Eu não quero morrer. – fiz minha melhor cara de cachorrinho que caiu da mudança na chuva – Já é horrível ser um demônio, olha o tipo de coisa que fazemos!

– Ela está tentando nos enganar. – Castiel afirmou com um tom de voz duro.

– Não! Eu não estou! – ergui a mão com a lâmina dos Curdos – E como prova, estou devolvendo isso à vocês.

É, eu tinha planos para pegar de volta, mas naquele momento, tudo que importava era escapar ilesa.

– Tudo bem, vamos te deixar ir dessa vez. – Sam se aproximou.

– Hum... Sua vida só vale isso? – cruzei os braços – Eu quero propor um pequeno acordo.

– Ah, lá vem... – Dean cruzou os braços.

– Eu notei que somos propensos à nos cruzar por aí várias vezes... – dei uma piscadela para o loiro, deixando os outros dois confusos – E seria mais prudente se fizéssemos um trato para que um não interfira no que quer que os outros estejam fazendo.

– Claro que não! – Castiel resmungou – Até parece que deixaríamos um demônio fazendo o que bem entende solto por aí.

– Eu sou comportada! Acreditem quando eu digo que tem seres mais travessos com quem se preocupar.

– É o seguinte... – Dean se aproximou de mim, apontando a lâmina na altura dos meus olhos – Eu vou te deixar ir agora, mas se da próxima vez te encontrarmos numa situação dessas, eu mesmo vou cortar sua língua fora.

– E eu prometo que não quebro a coluna de vocês. – ergui a mão direita – Palavra de Escoteira.

– Tenho certeza que você não é uma escoteira. – Castiel estreitou o olhar.

Naquele dia eu aprendi duas coisas, a primeira é que anjos não entendem referências e a segunda é que os Winchesters são muito burros e ingênuos.

– Tudo bem, patinho feio. – dei de ombros – Me leve para os irmãos.

Com um meio sorriso, Castiel nos levou até uma cabana de madeira mofada, que eu não fazia ideia de onde era, haviam folhas espalhadas pelo chão, goteiras incansáveis devido à forte chuva que caía do lado de fora e o vento forte trazia mais alguns pingos para dentro através das janelas quebradas.

– A visita chegou. – Sam anunciou ao notar-nos ali.

– Lugar interessante... – franzi o cenho – Mas esperava algo mais... “Padrão Winchester”. – fiz aspas com a mão.

– Não queríamos levar um demônio para casa. – Dean deu de ombros.

– Faz sentido... Mas enfim, me digam para quê precisam de mim.

– Abaddon. Ela anda recrutando demônios e queremos saber o objetivo dela com isso, achamos que você possa dar a informação.

– Ela quer tomar o Inferno das mãos do Crowley, mas está sendo meio que uma democracia.

– Como assim? – Castiel questionou.

– Eles estão nos dando o direito de escolher, acho que por medo de uma rebelião.

– E você está de que lado? – foi a vez de Sam perguntar.

– Crowley, é claro. – me aproximei dele – Sabe o caos que, não só Inferno, vai virar?

– Achei que demônios gostassem disso.

– Eu não sinto tanta necessidade de sair por aí fazendo mal como os outros... Quer dizer, eu amo o que faço, mas não é essencial na minha existência.

Os três ficaram me encarando, sem acreditar em uma palavra minha. Mas era verdade! A única coisa que me dava uma real satisfação física era a falta de fé dos seres humanos, ainda mais quando eu era a causa.

– Certo. – Dean falou ironicamente – Você sabe como matá-la?

– Arcanjos, eu acho. Foram eles que mataram os outros, não?

– Mas não existem arcanjos vivos.

– Ah, então eu não sei! Não sou a nerd aqui. – olhei sugestivamente para o anjo.

– Tudo bem, eu posso tentar descobrir algo. – e sumiu no ar.

– Cass... – Dean tentou chamá-lo, mas não adiantou.

– Um pouco rude... E ele era minha carona de volta. – senti que alguém estava me chamando – Ou não, tenho que voltar ao trabalho, garotos.

– Trabalho?

– É! – exibi os olhos vermelhos – Sou uma mulher de negócios agora.

Voltei para a encruzilhada num piscar de olhos, se perdesse algum pacto por estar de conversinha com os Winchesters, Crowley me mataria ou me trancaria no Inferno novamente. Porém, quando cheguei ao mesmo lugar, não encontrei mais ninguém.

– Droga... – resmunguei, batendo o pé no chão.

– Segura essa raiva aí, mocinha. – aquela voz irritante e repetitiva sussurrou por cima do meu ombro.

– De novo? Você não cansa? – me virei na direção de Abaddon.

– Não. – acenou negativamente com um sorriso nos lábios – Você vai me ajudar, Ravenna.

– Eu não vou! Eu não sei porque você quer que eu te ajude! O que eu posso fazer que qualquer um dos outros que você recrutou não pode?

– Tudo! – ela deu um passo na minha direção, arregalando os olhos brilhantes em uma expressão maníaca – Você pode ser mais comigo, mais do que um simples demônio de encruzilhadas.

– Eu não quero ser mais nada!

– Mas você já é. Apenas não sabe disso por causa do seu querido Rei.

– Você pode falar claramente? – revirei os olhos – Essas suas charadinhas são cansativas demais e não estou com a menor paciência hoje.

– Infelizmente eu não posso, ninguém pode. Você tem que descobrir sozinha, mas saiba que você é mais do que um demônio e o Crowley esconde isso porque tem medo que você o supere.

– Manipulação? – a voz do Rei do Inferno veio do lado oposto onde estávamos – Isso é patético até mesmo para você, Abbie.

Um arrepio percorreu todo o meu corpo, com certeza não era seguro ficar no meio daqueles dois, principalmente se decidissem que era um bom lugar para brigar.

– Não estou manipulando ninguém. Você sabe todo o potencial escondido por esses olhinhos misturados. – a ruiva agarrou meu rosto e rosnou no meu ouvido – Esses olhos não são assim por acaso.

Olhos? Que olhos? Os de demônio ou do receptáculo? A cada segundo eu me convencia de que Abaddon era perturbada. Os olhos do meu receptáculo eram diferentes, a garota tinha heterocromia, ou seja, cada íris tinha uma cor... Mas isso não significava nada.

– Qual o seu problema? – empurrei sua mão – Eu já disse que não vou com você!

– Que cadelinha fiel. – ela resmungou enquanto eu andava em direção ao Rei do Inferno.

– Não a provoque, Abbie. – Crowley advertiu, a fuzilando com o olhar.

– Vai viver para sempre assim, Ravenna? Obedecendo ordens de um duende? – a escutei gargalhar nas minhas costas – Sendo medíocre?

Se achei graça da forma que ela chamou o Crowley? Achei. Mas ninguém fala daquele jeito comigo. A olhei por cima do ombro direito e fechei o punho com força.

– Ops... – Crowley deu um passo para trás.

Ouvi a ruiva engasgando e me virei em sua direção. Comecei a me perguntar se eu estava fazendo aqui com um Cavaleiro do Inferno e se realmente era mais do que um simples demônio. Só havia um jeito de descobrir.

Ergui a mão aberta e Abaddon foi jogada para longe como um saco de batatas.

– Mas que merda é essa? – perguntei para mim mesma.

– Viu só? – a criatura levantou-se com um sorriso vitorioso – Você me derrubou como se eu não fosse nada!

– Isso foi encenação sua, muito ruim por sinal. – Crowley veio até mim – Vamos, querida. Essa pobre criatura está visivelmente louca... Nem sabia que era possível, mas pode ser contagioso.

O Rei do Inferno me ofereceu seu braço e sem dizer uma palavra, eu aceitei e caminhei ao seu lado de volta para casa. Abaddon não nos seguiu, mas eu sabia que ela podia fazer isso e por algum motivo nunca o fez e Crowley também não parecia se preocupar com essa possibilidade.

– Eu a derrubei mesmo? – o perguntei.

– Com certeza, mas não de verdade! – ele se aproximou mais de mim – Ela vai falar e fazer de tudo para tirá-la de mim, Rav.

– Por que você se importa tanto comigo?

– Porque eu sou um Rei que cuida bem de seus súditos.

– Achei que odiasse o Inferno e todos nós.

– De onde tirou isso?

– Bom, senhor, todos sabem que nos considera vermes imprestáveis e por isso passa mais tempo na Terra com os Winchesters. – dei de ombros.

– Er... Boa parte de vocês, sim. Mas os especiais e civilizados como você, não.

– Obrigada, eu acho...

Nós paramos de frente para seus aposentos e ele me largou.

– Eu tenho que resolver umas coisas, mas peço que não se preocupe com Abaddon e esqueça tudo que ela te disse.

– Sim, senhor. – assenti – Até mais.

Ele entrou e eu segui pelo corredor, indo até a sala do trono para encontrar Terence. Ao chegar lá, vi que ele estava acompanhado de mais três demônios e o lancei um sinal com o olhar e indiquei o corredor com a cabeça. Saí da sala e depois de alguns minutos o desgraçado finalmente apareceu.

– O que deseja, Corvo?

– Posso confiar em você? – cruzei os braços e o encarei.

– Claro que não, esqueceu o que somos?

– E se eu falar que derrubei Abaddon sem nem chegar perto dela? – sussurrei.

– Como é?

– Senta aí, moço... – assenti – a história é longa.


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Notas finais do capítulo

E é isso aí por hoje.
Gente, não sei se notaram na capa, mas a Ravenna tem um olho azul e outro verde. A atriz que estou usando para interpretá-la, a diva Meghan Ory, não tem, mas dei meu jeitinho e se vocês olharem com atenção, vão notar. Enfim, coisas que tem motivos e serão explicadas depois.
Bom, queria desejar um Feliz Ano Novo para todos que estão acompanhando e tudo de bom. Queria agradecer também pelo ano maravilhoso com vocês aqui acompanhando minhas outras fics, principalmente a Eyes.
Até o próximo, aguardo comentários. Beijos!



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