A Lenda dos Semi-Titãs escrita por TheGodessofElves


Capítulo 6
Vocês são semideusas - Capitulo Extra




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– Vamos criatura Gollum, renda-se!

A garotinha de sete anos apontava sua espada feita de papelão e fita adesiva à sua irmã, que jazia no chão, fingindo estar morrendo. Arrastando-se dramaticamente até os pés de sua irmã mais nova, Maria Helena imitou a voz de seu vilão favorito.

–S-smeagol... Nunca se rende!

Gritou. Pulando na direção de Milena, ela a derrubou no chão e imobilizando-a apertou os dedos contra suas costelas.

– N-não, para! P-ara! Cócega não vale!

Gargalhava Milena.

– Meninas, parem...vocês vão acabar ficando suadas! Já estamos prestes a sair!

Repreendeu seu pai, aproximando-se da sala de estar.

– Ahhhhhh.

Lamentaram em uníssono.

– Nada de “ahhh”! Vão pegar seus sapatos, rápido!

As meninas correram até seu quarto, pegando em baixo de suas camas – que se encontravam uma ao lado da outra. – seus pares de calçados favoritos, cujo eram exatamente iguais um ao outro: tênis vermelhos da All Star. Após terem calçado-os e vestido seus casacos, as irmãs foram recebidas pelo pai, que estendeu as mãos a elas. Levantando-se apressadamente, cada uma das duas pegou em uma mão. Juntos, os três se encaminharam animadamente até a sala de estar, conversando sobre a sua data festiva preferida que estava por vir: o maravilhoso natal.

– Então, qual será a cor do nosso pinheirinho?

Perguntou Josh.

Torcendo os rostos, as duas pensaram por um instante.

– Que tal branca...?

Sugestionou Maria Helena.

– Com enfeites azuis?

Completou Milena.

Josh soltou um pequeno risinho e acenou positivamente com a cabeça.

– Claro! Com decoradoras como vocês, ela ficará maravi...lhosa.

Ao levantar o olhar, o policial assustou-se, dando de cara com um homem que parecia estar o esperando no meio de sua sala e que aparentemente aparecera do nada.

– Olá Sr. Hawkings!

Cumprimentou o homem com um sorriso. Este usava um terno risca de giz preto com uma gravata violeta, os cabelos grisalhos e lambidos haviam sido penteados para o lado e sua barba estava muito bem aparada. Ele segurava em suas mãos, à frente de seu corpo um caduceu.

– Argh... O que você quer desta vez?

Perguntou-lhe Josh, irritado. Suas filhas colocaram-se atrás dele, assustadas com o estranho que invadira sua casa. O homem desfez seu sorriso.

– Nêmesis e Hécate, fazem sua última exigência.

Respondeu-lhe secamente.

– Diga a elas que eu não tenho medo de suas ameaças.

O estranho homem grã-fino bufou.

– Joshua Hawkings, não é uma ameaça, é um aviso. Eu já não aguento mais ter de vir todo mês aqui para fazer com você mude de ideia. Leve-as até o acampamento Meio -Sangue, ou EU tomarei minhas próprias providências!

– Papai, do que ele está falando?

Sussurrou Milena.

– N-não é nada querida... Está tudo bem.

– Oh, eu não posso acreditar! Você ainda não contou a elas?!

– Contar, o que?

Questionou Maria Helena.

– Quer parar de falar tão alto Hermes?! Não! Eu ainda não contei!

Disse ríspido.

– Pois, já está mais do que na hora. Não acha?

– Papai, do que ele está falando? Quem é ele?

Josh voltou-se para suas filhas, acariciando suas bochechas, com paciência no olhar.

– Vão para o quarto. Mais tarde eu lhes explico tudo.

Pediu suavemente.

– Mas...

Protestou a mais velha.

– Por favor, querida, só... vão para o quarto. Eu e este senhor temos muito que conversar.

Com os olhares voltados para baixo, as duas crianças caminharam até o cômodo, fechando a porta atrás de si. As irmãs sentaram-se na cama de Milena, cujo ficava mais perto da porta, na tentativa de ouvir a conversa. Seus olhos estavam arregalados de preocupação e medo.

***

– Hermes, por favor! Peça a elas que me deem apenas mais alguns anos com as minhas filhas!

Implorou-lhe.

– Me desculpe Joshua, mas as meninas devem ser levadas ao acampamento e permanecer até lá, até que seu treinamento seja completo.

– Quer dizer...que eu nunca mais vou vê-las?

Essa possibilidade fez com que seu coração se apertasse e seus olhos encheram-se de lágrimas. Não conseguia imaginar a vida sem elas, não imaginava sua vida sem contar histórias quase toda noite, sem ajuda-las a fazer bonequinhos de massinha, sem cuidar delas quando ficam gripadas, e sem dar o carinho e o amor que elas mereciam e que ele nunca teve. Tanto mais sabendo que monstros tentariam tira-las de sua existência a cada dia. Josh sentou-se pesadamente no sofá, soluçando alto.

– Bem... Eu... eu poderia dizer que até as meninas completarem vin-

– Que tipo de Olimpiano é você?! – Gritou ele. – Que aceita ordens de deusas menores?! Não pode fazer sua própria vontade, já que você as odeia?

Hermes o fuzilou com o olhar. Enraivecido, deu um passo a frente, seu punho apertou-se ao redor do caduceu.

– Não ouse falar neste tom comigo, mortal! Não faço isso, por que sou obrigado! Eu nunca faria algo por um deus menor, mas os poderes de suas filhas representam perigo a todos nós! Se elas caírem em mãos erradas,os danos serão maiores do qualquer um de nós pode imaginar! Você não tem escolha a não ser deixa-las no acampamento!

Sua voz grave e autoritária alarmou os sentidos de Josh. Este se afastou ofegante, sabendo que o deus poderia queima-lo a qualquer minuto.

– Você tem mais quatro anos para ficar ao lado de suas filhas. Este é o último prazo. Ou vamos toma-las a força de você.

Com essas palavras, Hermes bateu o caduceu no chão e desapareceu em um clarão.

O policial golpeou a testa com a mão e apertou os olhos com os dedos. Seu coração não suportaria ficar longe de suas filhas, mas ao mesmo tempo, ele sabia que elas estariam mais seguras no acampamento. Josh não tinha certeza se os outros semideuses também adquiriam as mesmas habilidades que Maria e Milena hoje tinham. As palavras de Hermes ecoaram em sua cabeça:

“Os poderes de suas filhas representam perigo a todos nós! Se elas caírem em mãos erradas, os danos serão muito maiores do que qualquer um de nós pode imaginar!”

Não. Ele não acreditava que suas filhas poderiam ser influenciadas pelo mal. Não iria deixar que os monstros pusessem as mãos nelas, ele às defenderia até a morte. Acalmando-se, ele foi até o quarto das meninas, onde elas o esperavam, agarradas a almofadas e com olhares assustados.

– Pai...do que aquele homem estava falando?

Perguntou Milena, suavemente.

– Ah minhas filhas!

Ele sentou-se à beira da cama e as abraçou fortemente. Pequenas lágrimas desceram sobre suas bochechas.

– Tenho algo para lhes contar...que já devia ter contado a muito tempo.

As meninas entreolharam-se, tendo consciência uma da angústia da outra. Posicionaram-se de uma forma confortável para ouvir, mas mesmo assim, suas mãozinhas ainda tremiam de ansiedade. Seus coraçõezinhos avisaram que essa conversa não seria nada boa.

– Lembram, quando eu contava para vocês as histórias sobre os deuses da mitologia grega?

As duas concordaram.

– Essas histórias, são verdadeiras, minhas filhas. Os Olimpianos existem e tudo o que demais envolve a mitologia também. O homem que estava lá na sala era um deles, ele era Hermes.

Seus olhos se arregalaram. Não conseguiam acreditar no que estava ouvindo. Apenas sabiam que era verdade, por que quem contava era seu pai, não aceitariam se fosse outra pessoa.

– Quer dizer que...os monstros das histórias existem?

Questionou Maria Helena, com medo da resposta do pai.

– Sim, infelizmente.

A pequena estremeceu.

– O pior é que...vocês lembram dos heróis metade humanos, metade deuses que derrotaram esses monstros?

– Sim.

– Pois, queridas... Vocês são como esses heróis, vocês são metade humanas e metade deusas...vocês são semideusas.

Maria Helena lembrou-se de repente, do que seu pai havia lhe contado há um ano atrás. Quando ela descobrira que não era sua filha de sangue, que ele a encontrara abandonada na porta de sua casa. Muitas perguntas se formaram em sua cabeça e ela não sabia como iria incluir todas em uma questão só. Mas uma questão em particular, prevaleceu acima de todas.

– Se...eu sou adotada, mas mesmo assim sou uma semideusa, como o senhor diz, então...o senhor sabe quem é minha mãe ou o meu pai de sangue?

Perguntou-lhe, com o coração repleto de expectativas. Josh suspirou profundamente, não sabendo como iria responder aquela pergunta.

– Sim, minha querida...sua mãe é Hécate, a deusa da magia. Dois dias depois de eu te encontrar, sua mãe mandou Hermes pela primeira vez, trazendo uma mensagem de agradecimento, por eu ter te acolhido.

– Mas, então se é assim...quer dizer que ela me trouxe até aqui? Para que o senhor cuidasse de mim?

– Talvez...seja um pouco complicado de se entender Maria, mas...não. Deuses não podem interferir na vida de seus filhos, mesmo que estes sejam apenas bebês...

A menina voltou o rosto para baixo. Se sua mãe não poderia tê-la salvo, ao menos ela saberia por que seu pai verdadeiro a abandonara.

– Por que ela nunca veio falar comigo, por que nunca pôde me explicar o que aconteceu?

–Oh minha filha. – Josh colocou a mão em seu rosto. – Como eu disse, é complicado...deve difícil para eles serem “pais presentes”.

– Que tipo de deuses eles são, que não sabem nem cuidar de seus próprios filhos?

Fungou ela. O policial concordou com ela em sua mente.

Maria Helena o abraçou e enterrou o rosto em seu casaco, afim de segurar o choro. Josh apertou os braços em volta da menina e beijou sua cabeça, sabia como aquilo tudo deveria estar sendo difícil para ela. Milena assistia a cena, com pena da irmã. Mesmo sendo pequena, era inteligente o bastante para entender tudo o que estava acontecendo, ainda assim, não tinha reação para a revelação que acabara de ouvir.

– P-papai... – Gaguejou. – quem é a minha mãe?

Ele voltou o olhar em sua direção e respondeu com um sorriso nos lábios.

– Nêmesis. Sua mãe é a deusa da vingança.

– E-e...você a a-amava? M-mesmo ela sendo a d-deusa da v-vingança?

Perguntou com inocência.

– Muito, filha.

A garotinha loira sorriu, mesmo sabendo que talvez nunca a conheceria.


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Notas finais do capítulo

Música tema: https://youtu.be/ZlFqz7NnoX4



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