A Lenda dos Semi-Titãs escrita por TheGodessofElves


Capítulo 2
Você sempre vai estar em meu coração: Maria Helena POV


Notas iniciais do capítulo

Bem pessoal, desconsiderem o prólogo por alguns capítulos até a história começar a se tratar dos nossos justiceiros. Os capítulos seguintes irão se tratar apenas das nossas heroínas semideusas, por enquanto ;)



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– Pai... Eu não aguento mais. Podem ir sem mim.

Eu arquejava. Já não me restava fôlego algum. Meus pulmões ardiam e minhas pernas tremiam; como naquele dia horrível.

Aos poucos, fui perdendo o equilíbrio e a força, caindo em meio às raízes e folhas do chão. Meu pai virou-se de imediato e correu até mim, assustado, pronto para me carregar em suas costas.

– Está louca?! Eu nunca vou te abandonar.

Consegui sorrir em meio àquele caos. Já o ouvira dizer aquilo tantas vezes, mas a frase ainda surtia o mesmo efeito em mim.

Mas agora...

Dói.

De repente, o chão desabou aos pés dele. Na mesma hora, saltei para frente, reunindo as forças que ainda restavam dentro de mim e agarrei sua mão com rapidez. Ouvimos um uivo demoníaco, que não parecia ter vindo de muito longe, então o desespero tomou-me por inteiro.

– Eles estão vindo. Minha filha, saia daqui. Você precisa correr, pegue sua irmã, vão para o acampamento Meio-Sangue. Estarão seguras lá.

Seu tom de súplica cortou meu coração em um milhão de pedaços.

– NÃO! Eu não vou deixar você morrer! Ficou doido? Suba pai, vamos lá!

– E-eu...eu não vou conseguir, a terra vai ceder ao meu peso. Prefiro que você me solte ao te levar junto para este buraco.

Fechei os olhos com força e balancei a cabeça fortemente.

– Maria Helena! Os cães estão perto! Vão matar vocês duas, se você não for!

Gritou ele.

– Eu não me importo! É melhor do que nunca mais poder te ver.

– Me escute. O seu destino ainda está por vir, eu já cumpri com o meu. É por isso que você e sua irmã têm que viv-

– Não posso fazer isso pai!

Ele olhou no mais profundo de meus olhos. Ainda me lembro de seu rosto tão passivo, observando-me cair no sono, quando era criança...

Dói.

– Você disse que nunca me abandonaria, vivia dizendo isso. E agora...sou eu quem não vou abandoná-lo.

Ele apenas sorriu, deslizando propositalmente a mão da minha. Em pânico e com raiva por ele estar fazendo aquilo, tentei agarrar seu braço desesperadamente, mas isso só o fazia tentar se soltar cada vez mais.

– PARA COM ISSO! Tente subir!

Gritei tão alto que por pouco não estourei a garganta. Lágrimas escorriam pelas minhas bochechas, uma atrás da outra, como duas pequenas cachoeiras.

– Tem que proteger a sua irmã. – Disse ele, com a voz também embargada pelo choro. – Prometa que vai protegê-la.

– E-eu pro-prometo p-papai.

Solucei.

– Essa é a minha menina...

Novamente, ele sorriu. Mas desta vez havia dor em seu olhar.

Depois de um longo e horrível silêncio, ele suspirou profundamente. E por fim, disse:

– Eu amo vocês.

E com essas ultimas palavras, soltou a minha mão.

***

Acordei gritando, mas os outros nem pareceram perceber. Estava encharcada de suor e percebi que meu rosto estava molhado por causa das lágrimas.

Isso dói.

Inspirei e respirei fundo, lembrando-me de como eu e minha irmã chegamos ao acampamento, há três meses; exaustas, assustadas e destruídas por dentro.

Olhei pela janela do chalé; a lua estava cheia, a noite, surpreendentemente estrelada e podia ouvir as ondas do mar se quebrando nas rochas. Joguei os cobertores para o lado e andei nas pontas dos pés até a porta. Já do lado de fora, silenciosamente me esgueirei entre os chalés e desci o pavilhão, tomando o cuidado para que nenhuma harpia da limpeza ou um espírito da natureza me avistasse. Sem muito esforço, aliás, porque quando se é filha de Hécate, a noite está sempre ao seu favor.

Ao chegar à encosta. Tirei as sandálias para sentir a areia entre meus dedos e sentei-me pesadamente, enterrando o rosto entre as mãos. Pouco tempo pareceu se passar, quando ouvi passos às minhas costas e fiquei aliviada em pressentir que não era uma harpia, ou outro campista de Hécate...

– O que faz acordada à essa hora?

Perguntei, sem lhe dirigir o rosto.

– Simplesmente não consegui dormir sabendo que estaria aqui.

Afastei as mãos do rosto e voltei-me para ela; uma figura de pijama azulado com desenhos de flores havaianas vermelhas e casaco preto, os cabelos loiros e volumosos presos em um coque desajeitado e olhos verdes que reluziam a luz lunar.

– Sonhei com papai outra vez... O dia em que-

Eu engoli em seco o resto da frase. Meus olhos ameaçaram se encher de lágrimas e meu queixo começou a tremer, mas antes que ela pudesse notar, escondi novamente o rosto nas mãos. Com um suspiro profundo, Milena sentou-se ao meu lado e tocou meu ombro.

– Você não teve culpa de nada, tentou o que pôde para salvá-lo. Mas sabe que ele sempre zelou muito mais pelas nossas vidas. Ele sempre nos protegeu de toda maneira... até tentou nos esconder no Brasil! – Brincou. – Ele nos amava... Sinto tanta falta dele.

Dói. Isso dói muito.

Encarei o mar e me perguntei o porquê de os mortais amarem muito mais seus filhos semideuses, do que os próprios deuses. Isso é mais uma prova para mim, de que eles não são nada. Eu não ligo se minha mãe é uma deles. Não sinto raiva dela... Eu só não me curvaria diante de um Olimpiano.

Pensei nas inúmeras histórias que os campistas mais antigos me contaram, as histórias sobre um garoto. Percy Jackson, filho de Poseidon. Ele deve estar com sua mãe, que tanto o ama, agora. Gostaria de poder conhecê-lo, no próximo verão. Connor disse que, sem ele, eu e minha irmã não estaríamos aqui agora. Quer saber?...acho que preferiria assim. Com o meu pai vivo e minha antiga vida de volta.

– São poucos os que amam os seus filhos da maneira que nosso pai nos ama.

Eu disse, finalmente.

Milena assentiu com um sorriso, abraçando-me ternamente.

– São sim, minha irmã... São sim...


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Notas finais do capítulo

Música tema: https://youtu.be/Uar862lwqSI
Pai de Milena e Maria Helena: http://www-images.theonering.org/torwp/wp-content/uploads/2013/05/luke-evans-1.jpg



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