The Christmas' Angel escrita por Luna Lovegood


Capítulo 2
The Perfect Gift


Notas iniciais do capítulo

Olá, lembram que essa fanfic era um one de natal? Eu já tinha ideia de fazer uma continuação dela, e também recebi alguns pedidos então... aqui estou! Esse é um pequeno presente para quem se permitiu se apaixonar por essa pequena história... Era para ter saído no dia dos pais, mas como sabem eu sou/estou muito enrolada. Então acabou se tornando um capítulo dedicado ao dia das crianças!!!
Coloquem a fic nos acompanhamentos, porque o natal está chegando e eu pretendo deixar um presente aqui em forma de capítulo =D

Espero que gostem!



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Oliver Queen 

A primeira coisa que eu fazia assim que acordava era buscar pelo corpo de Felicity ao meu lado, eu apenas precisava abraçá-la, sentir seu corpo pequeno e preguiçoso junto ao meu por alguns instantes antes de acordá-la com muitos beijos que a faziam abrir um belo sorriso, era esse sorriso que iluminava o restante do meu dia. Depois íamos para cozinha onde eu preparava nosso café da manhã, e tínhamos mais alguns momentos juntos e felizes antes de termos que ir cada um para o seu trabalho. Essa nossa pequena rotina era o que colocava um sorriso contente em meus lábios, e me dava ânimo para enfrentar mais um dia no trabalho.

Mas aquela manhã foi diferente. Não contive o meu suspiro frustrado ao acordar e não encontrá-la ali em minha cama, no lugar o qual ela pertencia. E não ser ela o primeiro rosto que eu via, já era um presságio de que aquele não seria um dia bom. E eu não estava sendo exagerado ao dizer isso, era um fato comprovado pela minha experiência. Ao longo das duas últimas semanas, isso tinha acontecido outras vezes, eu acordava, não a via ao meu lado e então o decorrer do meu dia era simplesmente um desastre. Desde derramar café em mim mesmo, a me atrasar para uma importante reunião e perder um cliente. Embora, é claro que talvez o meu mau humor colaborasse e muito para isso.

Alisei o lençol da cama com minhas mãos, tocando o espaço vazio com saudade. Porque simplesmente não morávamos juntos? A ideia trouxe um sorriso em meu rosto, imaginar sua bagunça misturada na minha, acordar e dormir todos os dias na mesma cama, eu não sei por que ainda não tínhamos tido aquela conversa. Porque passarmos apenas alguns momentos juntos, quando poderíamos aproveitar cada minuto ao lado um do outro? Girei meu corpo planejando afundar meu nariz em seu travesseiro e sentir um pouco do seu aroma ali, mas ao fazê-lo encontrei um bilhete de Felicity:

“Oliver, lamento muito por não estar ao seu lado quando você acordar. Eu precisava chegar cedo ao  trabalho tenho alguns problemas para resolver.

Com todo o amor,

Felicity”

Meneei a cabeça ao ler a pequena nota, trabalho tinha sido a desculpa dela para as outras vezes também. Eu não sabia o que estava acontecendo com Felicity, ela estava agindo estranho na última semana, se esquivando de mim, desmarcando nossos encontros. Ela parecia preocupada também e sempre que eu a questionava, Felicity justificava dizendo que era apenas algo do trabalho. Mas eu sabia que algo estava errado, eu conseguia ver isso em seus olhos azuis claros e brilhantes que se desviavam dos meus sempre que eu tentava fazê-la se abrir comigo.

Aquilo me incomodava, porque nunca tinha sido assim conosco antes. Eu costumava ler Felicity com muita facilidade, e eu nem precisava me esforçar muito para fazê-la desabafar comigo, Felicity normalmente vinha até mim, ela me dizia o que a afligia e eu oferecia o meu apoio, enquanto juntos procurávamos uma solução para o problema. Tinha sido assim desde o começo, nós tínhamos um vínculo único e especial.

Nós estávamos juntos a pouco mais de quatro meses agora. Desde o momento em que um certo anjinho de sorriso acolhedor me colocou no caminho de Felicity, eu nunca mais a havia deixado. E como poderia? Se era em seu olhos que eu encontrava motivos para sorrir? Se era o seu abraço que acalentava meu coração e removia toda e qualquer tristeza? Felicity trouxe de volta uma parte de mim que eu pensei ter perdido há muito tempo, e no pouco tempo em que estávamos juntos ela preencheu minha vida com suas risadas, com seu carinho, com seu amor incondicional.

Eu amava aquela mulher. Eu amava cada pedacinho dela. Mas acima de tudo, eu amava o modo como me sentia vivo ao seu lado. Amava a sensação de estar de mãos dadas com ela, de abraçá-la e ter a certeza de que tinha tudo de mais precioso em minhas mãos. Eu a amava tanto, que por vezes eu me questionava como um amor assim tão grande era possível.

Mas algo estava errado com ela. E me magoava saber que ela não dividia isso comigo. Esse era um tipo de barreira que nunca tinha existido entre nós antes, então o que poderia estar diferente? O que a fizera se afastar de mim?

Havia uma parte de mim que temia que seu amor pudesse ter diminuído, porque eu sabia como eu me sentia sobre ela, eu costumava ter certeza sobre os sentimentos de Felicity também, mas agora levando em consideração que ela parecia escapar entre meus dedos, eu não sabia exatamente o que pensar. Estaria ela deixando de me amar? Levei meus pensamentos conflituosos para o banheiro, tomei uma ducha fria tentando inutilmente manter minha mente focada e me concentrar para o dia de hoje. Me arrumei para o trabalho e tomei o cuidado de colocar o bilhete de Felicity em meu bolso, eu poderia não tê-la visto naquela manhã, e minha mente poderia estar um pouco confusa em relação a ela, mas ao menos me certificaria de ter algo dela comigo, e seu bilhete com “todo o seu amor” parecia perfeitamente bom.

Sorri tocando o bilhete em meu bolso, talvez aquilo fosse o suficiente para não deixar que meu dia fosse um completo desastre, e para não permitir que minha mente se preocupasse demais. Desci as escadas enquanto checava a hora no meu relógio, não teria tempo para tomar café, precisava chegar cedo a Queen Consolidated, quanto mais cedo eu ajeitasse tudo por lá, mais cedo eu poderia ir até Felicity. Conversaríamos, e eu deixaria claro para ela que seja lá o que estivesse acontecendo, ela teria em mim muito mais do que o seu namorado, ela teria em mim um amigo para o que precisasse. Me senti renovado com aquele pensamento, abri a porta pronto para enfrentar o dia. Mas nada me preparou para o que vi ali.  

— Angie! - exclamei surpreso ao ver o rostinho da garota que sorria abertamente exibindo suas adoráveis covinhas para mim. - Como é possível? O que você está fazendo aqui? Por quê? - Questionei confuso. Às vezes eu me perguntava se aquela noite de natal tinha sido real, porque não fazia sentido uma garotinha simplesmente chegar, mudar completamente a sua vida e desaparecer no instante seguinte. Minha única prova de que tudo não tinha sido uma invenção da minha mente, era porque eu senti. Cada momento em que passei com ela, eu senti meu coração ser aos poucos tocado e curado. E no instante em que ela me indicou o caminho para Felicity, algo dentro de mim mudou, meu coração passou a bater acelerado, rápido e forte. E tem sido dessa forma desde que estive com Felicity junto a mim.

— Estou feliz em ver você também Ollie! -  Ela riu, se atirando e apertando seus braços pequenos ao redor de mim. Correspondi ao seu abraço carinhoso a erguendo em meu colo, e me vi prolongando por muito mais aquele carinho, guardando na minha memória a sensação boa que era tê-la ali. Havia algo em Angie, uma luz própria, algo que fazia meu coração se sentir quente e feliz.

— Eu estou muito feliz por você ter voltado. - devolvi, observando com mais calma as feições de seu rosto angelical, ela não havia mudado nada - Vai ficar por mais tempo dessa vez? - Perguntei, e seu semblante caiu enquanto ela balançava a cabeça em negativa.

— Acho que então teremos que aproveitar o tempo que temos juntos. - falei tocando seu nariz com meu dedo indicador, fazendo-a sorrir novamente. Era engraçado como o sorriso dela tinha o mesmo efeito que o sorriso de Felicity, me trazia uma felicidade pura e despretensiosa quase que instantânea - Que tal eu pegar alguns biscoitos para você, e então vamos até Felicity? - sugeri, adorando aquele plano. Poderíamos passar um tempo juntos, apenas nós três exatamente como no natal passado - Ela vai ficar muito feliz em te ver.

— Eu gosto desse plano, principalmente se os biscoitos forem de chocolate. - Eu ri, meu riso vinha tão fácil com Angie, cada reação feliz ou animada dela, provocava em mim uma emoção igual, era estranho ter tamanha empatia com alguém. Levei-a até a cozinha, e a coloquei sentada sobre a bancada. Retirei dos armários um pacote de biscoito  e entreguei a uma Angie contente.

Eu não conseguia não olhar para ela, eu tinha medo de me mover ou piscar e de repente ela desapareceria novamente. Lembrei-me da primeira vez que ela apareceu em nossa vida, de que ela tinha vindo até nós com uma missão. Qual seria a missão dela dessa vez?

— Angie... Porque está aqui? - externei minha preocupação, olhando diretamente em seus olhos. Eu nunca tinha notado antes, eles tinham uma tonalidade de azul muito distinta, eram claros como o céu.

— Você estava triste, então eu pensei em escapulir e te fazer companhia por um tempo. - Respondeu erguendo uma das mãos que estava suja com farelo de biscoito e tocou suavemente o meu rosto, não me importei que ela estivesse me sujando, porque seu toque era quente e confortável, e me fazia sentir uma emoção única.

— Escapulir de onde? - Sondei, mas ela apenas sorriu, Angie era esperta e não iria me dizer isso assim tão fácil, optei por outra questão - Como sabia que eu estava triste?  - a questionei.

— Porque tem uma ruga bem aqui. - Seu dedinho se colocou entre minhas sobrancelhas pressionando o lugar, eu sequer tinha notado que tinha o cenho franzido. - O que eu não sei é... porque você está triste, Ollie?

— Eu estou preocupado na verdade - comecei, e de repente eu me vi contando tudo a Angie, por algum motivo eu, um homem já feito estava abrindo o meu coração para uma garotinha de seis anos de idade - Eu acho que talvez Felicity pode estar deixando de me amar. - Confessei o meu maior medo.

— Não seja bobo! - disse como se eu tivesse dito o maior absurdo do mundo - Você pode até pensar isso, mas o seu coração sente que ela te ama. - ela disse com uma naturalidade incrível, e suas palavras realmente tiveram o poder de me acalmar um pouco.

— Mas algo está errado com ela Angie, eu acho que há algo que pode estar deixando ela triste também. - Expliquei.

— Eu não gosto de ver as pessoas que amo tristes, Ollie. - Angie murmurou, parecendo um pouco cabisbaixa com aquilo.

— Eu também não gosto minha pequena. - Acariciei suas bochechas, chateado por ter feito seu sorriso murchar falando daquilo  - Alguma ideia do que podemos fazer para deixar Felicity feliz?

— Eu acho que deveríamos fazer uma surpresa para ela! E talvez... Você pode dar a ela algo que faça a tristeza dela ir embora, um presente... Chocolates sempre me deixam feliz - Sugeriu, parecendo animada.

— Eu acho que sei perfeitamente que presente é esse, e é muito melhor do que chocolate. -  Angie piscou os olhinhos para mim, curiosa para saber qual seria o meu presente perfeito. Mal sabia ela que meu presente perfeito estava bem ali na minha frente, piscando seus olhinhos claros e exibindo as mais adoráveis covinhas.

***

Eu tive que passar na Queen Consolidated e assinar alguns documentos inadiáveis, informei minha assistente que tiraria o restante do dia de folga e pedi que passasse tudo o que tivesse de mais urgente para o vice presidente. Ninguém pareceu compreender meu súbito motivo para não trabalhar naquele dia. Mas era Angie. Ela estava ali comigo, eu não sabia por quanto tempo ela ficaria, mas eu precisava aproveitar o máximo possível dessa surpresa.

— E quem é essa garotinha? - Me vi ser tomado pela completa surpresa quando meu amigo e sócio entrou em minha sala e a primeira coisa que fez, foi se abaixar na frente de Angie e sorrir.

— Oi, eu sou a Angie. - Ela disse o cumprimentando, esticando a mão para ele e retribuindo o seu sorriso, com outro igualmente satisfeito.

— Oi Angie, eu sou o John. - Correspondeu ao aperto de mão.

— Você consegue vê-la? - Perguntei abismado me aproximando dos dois, desde que eu havia entrado na Q.C., segurando ela pela mão, John tinha sido o único a notá-la, todos os outros agiram como se ela simplesmente não estivesse ali.

— É claro Oliver, eu não sou cego. - respondeu rindo - É por causa desse pequeno anjinho que vai tirar o dia de folga?

— Sim, - confirmei - a levarei até Felicity e aproveitaremos o dia juntos. - Expliquei. John não me perguntou quem ela era, qual era sua ligação comigo e Felicity. Era algo que eu admirava nele, ele não se intrometia, não forçava nada, ele apenas ficava sempre ali, para o caso você precisar de um ombro amigo.

— Não quero atrasar vocês, eu só vim pegar os documentos que você assinou.

— Estão sobre a minha mesa. - indiquei para John, que assentiu indo até lá. Peguei Angie pela mão, sentindo uma estranha animação percorrer minha pele.

— Pronta para fazermos uma surpresa a Felicity? - Questionei e a vi assentir efusivamente, se colocando de pé imediatamente.

— Tchau John! - Ela balançou a mão, se despedindo do meu amigo enquanto deixávamos a minha sala - Espero ver você novamente!

— Vai me explicar porque eu tenho a impressão de que algumas pessoas simplesmente não conseguem vê-la e já outras...? - Questionei, ao mesmo tempo em que comprovava a minha teoria ao ver o olhar confuso que minha assistente Isabel Rochev me lançou.

— O senhor disse algo Senhor Queen? - Neguei com a cabeça ela parecia completamente alheia a presença de Angie, logo ali em frente a ela.

— É simples Ollie, algumas pessoas veem apenas com os olhos, e outras usam o seu coração. - Sua resposta simples fazia todo o sentido para mim.

***

Felicity estava ocupada.

Eu me senti culpado por aparecer no seu trabalho, ela havia comentado que estava com alguns problemas para resolver ali. Mas eu não me perdoaria se a privasse de ver Angie mais uma vez. Para a nossa sorte o assistente dela me conhecia bem, e não se importou que Angie e eu a esperássemos na sala dela. Curiosamente, assim como Diggle ele também havia conseguido ver Angie.

— Oliver, eu vim o mais rápido que pude, você disse que era urgente?  - Escutei sua voz preocupada, juntamente com o passo de saltos altos enquanto ela entrava na sala dela. Girei a cadeira giratória, ficando de frente para Felicity, surpresa genuína e felicidade tomaram conta de seu rosto.

— Oh meu Deus! - Exclamou, seus olhos brilhando emocionados ao olhar para a Angie que estava sentada no meu colo, mas que no segundo seguinte se levantou correndo para os braços de Felicity, que a envolveu num abraço afetuoso erguendo-a eu seu colo.

— Senti saudades. - Angie confessou, seu rostinho se afundando nos cabelos de Felicity.

— Eu também senti. - apertou ainda mais temendo que ela pudesse desaparecer a qualquer momento - Como isso é possível Oliver? - Lançou a indagação para mim e balancei a cabeça, queria ter aquelas respostas.

— Ela apareceu, e eu apenas pensei que deveríamos passar o máximo do tempo que isso durar juntos. - Expliquei, e Felicity assentiu ainda sem soltar Angie. Me aproximei delas e envolvi ambas ao redor dos meus braços também. Nós três juntos trazia uma sensação de mais absoluto amor. Lembrou-me um pouco da época em que meus pais eram vivos, e eles envolviam a mim e minha irmã Thea em um caloroso abraço em grupo. Aqueles abraços tinham gosto de família.

E esse de agora também tinha.

***

O tempo que passamos com Angie, não tinha sido nada menos do que absurdamente feliz. Nós fizemos um piquenique em um parque próximo ao trabalho de Felicity. E brincamos com ela de todas as brincadeiras infantis que conseguimos nos lembrar, embora a favorita dela, pique e pega, teve o poder de drenar todas as minhas energias e as de Felicity também. Mas aquele momento parecia tão certo, eu, Felicity e Angie, juntos. Nossas risadas se misturando, nossos sorrisos silenciosamente disputando qual deles era o mais feliz.

No fim, acabamos os três nos deitando sobre a grama, completamente exaustos enquanto contemplávamos o céu claro e sem nenhuma nuvem daquele dia. Como da outra vez, Angie estava deitada no meio de nós segurando as nossas mãos unidas junto a dela. Eu sentia uma sensação gostosa começar em nossas mãos, e ir se espalhando por cada parte do meu corpo. Era felicidade, simples em sua forma mais pura.

— Eu amo vocês. - Ela disse, com um sorriso nos lábios e os olhos fechados. Suas palavras tiveram o poder de encher o meu coração com o mais puro amor que um dia senti.

— Nós amamos você também Angie. - Felicity e eu respondemos em uníssono.

Suspirei audivelmente, após pressionar meus lábios em um lado de seu rosto, e Felicity fazia o mesmo ato. Angie havia simplesmente adormecido ali, ela parecia feliz, nós três parecíamos mais felizes do que eu sonhei um dia ser possível. Como sobreviveríamos se ela nos deixasse novamente?

— Eu não quero ela vá Oliver. - Felicity disse parecendo ler meus pensamentos.

— Eu também não, mas eu não sei como ela voltou para nós. Como posso fazer para mantê-la conosco? -  Eu estava irritado com a minha incapacidade de encontrar uma solução.

— Não parece certo, tê-la por mais um tempo para depois vê-la partir. - Felicity havia se sentado, e agora suas mãos acariciavam os cabelos de Angie com ternura. Vi  o instante em que seu semblante foi tomado por uma emoção que eu não conseguia definir, seus olhos marejaram e as lágrimas começaram a cair sem ela se dar conta.

— Felicity? O que há de errado com você? - Me preocupei, tomei uma de suas mãos na minha esperando que o meu toque a acalentasse. Pareceu funcionar, seus olhos azuis brilhantes voltaram para o meu rosto - Isso não é apenas sobre Angie, é? Tem algo lhe preocupando e já tem alguns dias... Fale comigo, amor. Eu estou aqui por você. - Ergui uma de minhas mãos e toquei seu rosto de leve, secando cada pequena lágrima que caia. Eu não gostava de vê-la triste ou chorando, eu queria vê-la sempre feliz, assim como ela estava instantes atrás quando brincávamos com Angie.

— Oliver eu... - Ela começou a dizer, eu sabia que ela iria me explicar tudo naquele momento, mas então seu celular tocou Felicity desviou os olhos para o aparelho parecendo alarmada com o que via ali - Eu preciso ir, eu sinto muito, muito mesmo. Por favor, não deixe Angie ir embora. Me espere na sua casa e eu estarei lá o mais rápido que conseguir, e te explicarei tudo.  - Falou apressada, seus lábios pousaram um beijo rápido sobre os meus, ela pegou os sapatos de saltos que estavam espalhados na grama e correu de volta para o prédio da Palmer Tech.

Eu continuei sentado ali confuso, apenas observando-a partir. Desejando ter o poder de ler sua mente, e talvez assim descobrir o que a afligia.

— Ela parece nervosa, devíamos ir com ela. - A voz de Angie me despertou.

— Você acordou rápido.

— Eu sequer dormi, Ollie! - Declarou  como se aquilo fosse óbvio - Eu só estava dando a vocês um pouco de privacidade. - Sorri ao ouvir isso, Angie estava sempre aprontando.

— Eu deveria ir até ela? - Perguntei.

— Sim. - Concordou - E lhe dê um abraço. Abraços sempre acalmam as pessoas. - Aconselhou.

— Você é uma garotinha muito esperta, sabia disso?

— Sabia! - Respondeu se colocando de pé e estendendo a mão para mim. Eu a aceitei, contente por sentir sua mãozinha pequena junto a minha. Como se aquelas mãos fossem feitas para se segurarem uma na outra.

***

Estávamos de volta ao trabalho de Felicity,  seu assistente não estava na sala adjacente então tomei a liberdade de ir diretamente até a sala dela. Eu empurrei a porta apenas um pouco, e a visão do que vi ali me fez paralisar. Eu apertei a mão de Angie mais firme na minha, agradeci mentalmente por ela não ter visto aquilo também, dei um passo para trás, fechando a porta e desejando tirar a imagem do que eu tinha visto da minha mente.

— Ollie? O que aconteceu? - Angie perguntou, parecendo ler em meu rosto que eu não estava bem.

— Precisamos ir embora, pequena. - Falei, pegando-a em meu colo. Eu sentia que estava morrendo por dentro, mas ao menos eu tinha Angie ali, em meus braços e apenas isso era capaz de conter a minha dor.

Eu soube que Felicity era para ser minha no instante em que olhei nos seus olhos pela primeira vez, eles me chamaram, despertaram algo dentro de mim. Nós compartilhamos algo mágico, tínhamos um vínculo único e Angie era boa parte disso, é claro. Mas eu amava, em cada parte de mim, com toda a minha alma e coração eu amava aquela mulher. Inteiramente. Desesperadamente. Era o tipo de amor que me aquecia por dentro, eu não conseguia sequer cogitar um futuro em que eu não estivesse com ela.

Mas talvez para Felicity não fosse dessa forma.

Dizem que para alguns o amor não vem uma única vez e dura para sempre.  Apenas isso justificaria eu tê-la visto parecer tão feliz nos braços de outro homem. Toquei seu bilhete em meu bolso, agora duvidando dos dizeres “com todo o amor”.

***

Eu havia voltado para a minha casa, o caminho foi difícil, eu apenas consegui fazê-lo porque Angie estava ali por mim e eu me concentrei nela. Mas no momento em que chegamos em casa Angie desatou a chorar, enquanto eu me desesperava por não saber como parar suas lágrimas que pareciam me machucar ainda mais do que ver Felicity com outro. Eu não havia contado nada a Angie, mas ela simplesmente parecia sentir que algo estava errado.

— Angie, fique calma tudo vai ficar bem, minha pequena. - Eu dizia tentando confortá-la enquanto acariciava suas costas e ela molhava toda a minha camisa com suas lágrimas.

— Como vai ficar tudo bem Ollie, se você tá magoado com a Felicity? - Fungou, erguendo seus olhinhos tristes para mim. - Você vai terminar com ela? - Perguntou, o lábio inferior dela tremia com medo da resposta. Como eu poderia dizer a ela que não havia modo de ficar com Felicity sabendo que talvez ela amasse outra pessoa? Não existia um modo de dizer isso a uma criança.

— Apenas se acalme. - Insisti, abraçando-a firme.

— Me desculpe Ollie, eu arruinei tudo. - sua voz soou abafada dentro do meu abraço.

— Nada disso é sua culpa Angie - Assegurei, liberando-a um pouco do aperto do meu abraço e mirando seu rostinho, cujo um pouco da luz parecia ter se apagado. - Às vezes isso acontece, é a vida.

— Não é assim que era para ser. - afirmou, contrariada - Vocês foram feitos para ficarem juntos! Mas eu vim aqui, e quebrei todas as regras e agora vocês vão se separar e eu...  - ela fungou, sua tristeza partia meu coração em milhões de pedacinhos - Eu nunca vou ser a f...

Ela não chegou a terminar sua sentença, porque naquele instante a campainha tocou. Levantei do sofá, e deixei um beijo casto na testa de Angie enquanto me afastava para atender a porta. Não demorei mais do que cinco segundos no ato de abrir a porta e fechá-la ao constatar que não havia ninguém. Mas quando me virei, meus olhos varreram o sofá em busca de Angie, ela já não estava mais lá.

Havia simplesmente desaparecido.

Não bastava perder Felicity, eu havia perdido Angie também.

***

Angie

Gabriel havia descoberto minha trapaça.

Eu não me importava que ele fosse brigar comigo por quebrar as regras e fugir para terra. Eu estava com saudades dos meus pais, eu vi uma oportunidade e aproveitei para passar um tempo com eles. Mas agora eu estava assustada, porque alguma coisa tinha acontecido e Ollie estava triste e magoado com Felicity, eu tinha a sensação que talvez eles não fossem mais ser meus pais.

—... Compreende que o que fez foi errado Angie? - Escutei apenas o final do sermão de Gabriel, eu ainda estava muito triste. Não conseguia esquecer o olhar de Ollie, o quanto ele parecia machucado. Ao invés de responder a pergunta eu apenas solucei, voltando a chorar.

— Eu estraguei tudo, e agora eles não serão mais meus pais! - Lamentei entre soluços - Eu sinto muito Gabe, tem um jeito de desfazer minha bagunça? - Perguntei esperançosa.

— Eu não posso apagar isso Angie, - falou, o tom repreensivo do sermão desaparecendo completamente e soando muito mais compreensivo dessa vez - mas não se preocupe o amor sempre encontra seu caminho de volta. E seus pais se amam tanto, que algo tão simples não será capaz de mantê-los separados. - Suspirei, eu não tinha certeza daquilo até que Gabe retirou do bolso o meu globo de neve, o sacudiu e quando me entregou e a visão do futuro que eu via ali, imediatamente me fez voltar a sorrir.

***

Oliver Queen

Encarei o sofá ainda choque, pisquei várias vezes na esperança de que Angie voltasse, mas nada se alterou. A não ser a campainha que voltou a tocar, abri a porta rapidamente esperando ver seu rostinho redondo, e as covinhas fofas emoldurando o seu sorriso. Mas não era ela, embora a imagem de quem estava ali, também fizesse meu coração se alegrar igualmente como com Angie.

Talvez um pouco menos agora.

— Oliver. - Felicity disse meu nome numa nota de desespero. - Nós precisamos conversar. Fechei meus olhos dando-lhe passagem, seria agora que ela me diria que havia se apaixonado por outra pessoa? - Onde está Angie? - Perguntou, fazendo uma busca no lugar.

— Ela se foi. - vi a tristeza real tomar conta de seu semblante ao escutar minhas palavras.

— Pelo menos tivemos um pouco de tempo com ela. - disse, sua voz inundada pela tristeza. Senti uma vontade de puxá-la para meus braços, para que juntos  acalmássemos os corações um do outro. Mas não o fiz, não tinha certeza se o meu abraço era o que ela precisava.

Felicity notou minha hesitação, e suspirou parecendo chateada com aquilo. Sua mão pegou a minha e ela me puxou em direção ao sofá, onde nos sentamos.

— Eu sei que você acha que viu algo quando esteve na Palmer Tech pela segunda vez. - Começou. - Jerry disse que te viu sair da empresa com Angie parecendo abalado.

— Eu não acho que vi, eu certamente vi algo. - Eu vinha contendo parte da raiva enquanto Angie estava aqui, porque não queria que ela presenciasse esse tipo de sentimento negativo, mas agora que ela tinha ido eu não conseguia mais me segurar. - Você parecia muito feliz abraçada com aquele homem. - Minha acusação continha cada pedacinho da raiva que me consumia por dentro.

— Não Oliver! Você entendeu tudo errado! Eu não estava traindo você! Como pode sequer cogitar isso? Não percebe o quanto eu o amo? - justificou-se com urgência.

— Você tem estado distraída, ausente, preocupada com algo e se recusa a se abrir comigo! Então sim, eu cogitei que você poderia estar repensando esse relacionamento, deixando de me amar aos poucos...

— Oliver, - Felicity pegou minha mão e desenhou pequenos círculos em seu interior com seus dedos. - Você sente isso? Como se parte de você se despertasse quando nos tocamos? O meu coração acelera, e passa a bater no mesmo ritmo que o seu e sou tomada por uma sensação que minhas mãos foram feitas para se entrelaçarem nas suas. - disse, fazendo exatamente aquilo. Era engraçado como nossas mãos se encaixavam tão perfeitamente - Eu só sinto isso com você. Porque você é o único que eu amo, e eu não acredito que esse sentimento vai mudar, ainda mais depois do dia de hoje, dessa experiência que tive com você e Angie. Não duvide desse amor, por favor. - Suas palavras me tocaram e eu sabia que aquilo era real, porque Felicity descrevera com precisão exatamente o que eu sentia por ela.

— Então quem era aquele em seu escritório? - Questionei, o ciúme falando por mim.

— Eu te contei que cresci em um orfanato, lembra? - assenti - nos últimos dias, eu descobri que tenho um irmão, eu não te contei nada porque a agência pede sigilo até que seja confirmado. E hoje, naquela hora que  tive que sair apressada, era ele. Ele tinha vindo aqui me conhecer, mas teria que partir logo e não sabia quando voltaria. - Era o irmão dela, disse a mim mesmo. Era por isso que ela parecia tão feliz ao abraçá-lo. Deixei o ar sair, o peso em meu coração foi retirado e eu me senti muito mais leve - Ele se chama Barry Allen, a propósito.

— Me perdoe por julgar tudo tão apressadamente. - me desculpei enquanto capturava uma mecha de seu cabelo entre meus dedos. Felicity suspirou aliviada ao perceber que nós estávamos bem.

— Eu tenho minha parcela de culpa. - falou parecendo chateada consigo mesma - Você tem razão, eu tenho estado diferente com você há alguns dias, e não é por causa do meu irmão.

— Então o que é? - perguntei, ansioso para saber o que a afligia e ajudá-la.

— Nós nos conhecemos há apenas quatro meses Oliver, - franzi o cenho ao escutar o caminho que aquilo estava tomando - Eu sei que nesse curto tempo eu vivi os melhores momentos da minha vida, eu sei que nos amamos, eu sei que é intenso e verdadeiro. Mas também é recente, e às vezes relacionamentos assim não consegue resistir e desmoronam quando as coisas mudam... - Ela estava tagarelando, Felicity fazia isso quando estava nervosa com algo.

— Do que você está falando Felicity? - Eu simplesmente não estava entendo mais nada.

— Eu estava com medo Oliver, medo de dizer que eu estou grávida. Porque eu sei que é cedo demais, que não planejamos, que... - Não deixei que ela terminasse de falar, eu apenas em escutar a frase “estou grávida” e me movi para ela rompendo a pequena distância entre nós e reivindicando seus lábios. Coloquei todo o meu amor por ela naquele beijo, eu queria que ela não tivesse mais dúvidas, tudo o que eu queria para ela, para nós era pura felicidade.

— Quando eu penso que você não pode me fazer um homem ainda mais feliz, você me surpreende. - Eu disse, afastando nossos lábios enquanto roçava meu nariz com o dela, havia um sorriso imenso em meu rosto agora.

— Tem certeza que está pronto para isso Oliver? É uma grande mudança nas nossas vidas. - Felicity questionou, seus olhos grandes e azuis me fitando ainda sondando se havia qualquer dúvida em  mim. A puxei para meu colo abraçando-a, a imagem de nós dois e uma garotinha sapeca brincando num parque surgiu em minha mente, e me senti ansioso para viver aquilo outra vez.

— Se for como o dia de hoje, eu, você e Angie. Não tem como ser mais perfeito, amor. - Ela assentiu seu corpo se aconchegando ainda mais no meu, e o sorriso mais belo que já vi surgiu em seus lábios, e como sempre esse sorriso me fez sorrir de volta.

— Se eu disser algo, você não vai achar que eu sou louca? - Sondou, piscando os olhos azuis para mim.

— Diga. - pedi curioso - E eu prometo, que ainda que eu te ache louca isso não me fará a amar menos. - Ri, porque a mera ideia de amá-la menos era impossível.

— Eu sinto a presença de Angie Oliver, o tempo todo - não a compreendi de imediato - Ela está bem aqui. - Explicou, buscando a minha mão e a colocando sobre seu ventre ainda plano, prendi a respiração ao ser dominado por aquela emoção que só sentia quando estava junto de Angie.

  - Eu sinto isso também, amor. - falei, verdadeiramente emocionado - Eu acho que nosso anjinho vai voltar para nós muito em breve, e dessa vez para sempre. - Puxei seu rosto para mim e juntei nossos lábios num beijo suave e sem pressa. Eu queria saborear aquele beijo que tinha o sabor da mais sublime felicidade.

Há muito tempo que eu sentia que nunca mais sentiria felicidade ou amor. Assim como eu, Felicity era alguém igualmente quebrada por dentro. Mas Angie apareceu nas nossas vidas vida, e nos colocou no caminho um do outro, curou nossos corações e trouxe o amor de volta a nossas vidas. E agora nós poderíamos retribuir aquilo.

Daríamos todo o nosso amor à ela quando nosso anjinho voltasse para nós.


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Notas finais do capítulo

Hey! Eu fico muito feliz por ter conseguido continuar essa fic, e espero muito que vocês tenham gostado desse novo pedacinho da história de Felicity e Oliver, e desse pequeno anjinho que apareceu na vida deles ♥

Se gostou não custa deixar um comentário não é?