Trilogia Aventuras 02: AFA - A Nova Aventura escrita por Renny Gouveia


Capítulo 9
Capítulo 08: Aliança final! "Protejam o Art Fest Animation!"


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, perdoem-me pelo atraso exagerado. Não previ que esse último capítulo seria tão difícil de se finalizar, nem muito menos que eu seria atacado por diversos problemas pessoais nos últimos dias. Espero que me desculpem. Caprichei o máximo possível neste capítulo para agradá-los. Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/667798/chapter/9

CAPÍTULO 08

ALIANÇA FINAL!

“PROTEJAM O ART FEST ANIMATION!”

— Você não pode morrer assim, não pode!

Ursula chorava enquanto via que sua magia curativa de nada adiantava para salvar seu querido amigo Renny. Ela estava exausta por usar tanto poder mágico (o que não estava muito acostumada a fazer) para tentar salvá-lo e sua frustração crescia mais e mais à medida que as esperanças se esgotavam; pois, diante de si, só havia um cadáver de pele cinzenta e fria com uma expressão de terror nos olhos. Ursula mergulhou seu rosto molhado de lágrimas sobre o peito do amigo e começou a chorar ainda mais quando finalmente cedeu ao cansaço e a imagem da morte que se apossava do seu amigo — aparentemente, nada podia ser feito.

— Você quer salvá-lo? —  perguntou uma doce voz feminina, carregada de autoridade e convicção.

Ursula olhou ao redor. Ela estava dentro de um escudo mágico; afastada da batalha que se desenvolvia dentro daquela dimensão mágica invocada por Carlos Daniel. No entanto, apesar de olhar com cautela ao redor, ela não viu a dona daquela voz, então, sem dar importância, voltou a chorar sobre seu amigo.

— Eu posso ajudá-la, mas você deve primeiro responder a minha pergunta — ecoou  novamente a voz feminina. — Você quer salvá-lo?

— Quem falou isso? — perguntou Ursula, limpando o rosto molhado e novamente olhando ao redor. De repente, um vulto começou a tomar forma dentro do escudo onde ela estava com Renny. — Meu deus... quem é... você? — Ursula se sentiu ameaçada com a presença repentina que se materializara ali, mas também sentiu uma forte sensação positiva dominá-la quando a mulher apareceu completamente em sua frente.

— Sou aquela que pode ajudá-la neste dilema no qual se encontra agora — respondeu a mulher, olhando de relance para o corpo no chão. Ursula estava tão fascinada com a beleza da mulher que estava ajoelhada perto de si, que ficou sem palavras naquele momento. — Mas, só poderei ajudá-la se você responder minha pergunta com sinceridade: deseja salvar seu amigo?

Ursula retornou a realidade com o choque do atual acontecimento que a fizera chorar, então sem pestanejar, ela respondeu:

— Sim, com certeza! Eu quero salvar ele! Você pode ajudar?

A mulher sorriu e se aproximou, seus olhos azuis carregados de mistério enquanto encaravam o corpo caído no chão. Ursula ficou fascinada com a beleza do longo vestido branco feito de seda e enfeitado com cristais luminosos que a mulher misteriosa vestia e também no modo como ele se ajustava ao corpo magro dela, acentuando ainda mais a beleza de sua pele clara e seus brilhantes e dourados cabelos cacheados.

— Seu amigo ainda não está morto, mas seu espírito está enfraquecido e quase apagado, por isso devemos ser rápidas.

— Sim, claro, eu entendo.

— No entanto, existe um preço para resgatá-lo dessa maldição sombria.

— Um preço? Qual? — Ursula estava nervosa e impaciente.

— Quando ele retornar, não será o mesmo de antes. Seu amigo mudará em muitas questões, seja em personalidade ou magia. Você realmente está de acordo em salvá-lo, mesmo sabendo dos efeitos colaterais?

Ursula olhou para o chão e pensou por três segundos, depois reergueu sua cabeça e falou com determinação:

— Salve ele! Meus amigos e eu lidaremos com os efeitos colaterais depois.

— Muito bem, então que seja!

A mulher afastou uma mecha de cabelo dourado de seu rosto, revelando orelhas pontudas, então colocou suas duas mãos sobre Renny, uma no peito e a outra na testa. Ela começou a recitar encantamentos numa linguagem mágica que Ursula nunca ouvira antes; a voz era carregada de autoridade, mas as palavras estavam cheias de uma doçura sem igual, como se uma canção de ninar estivesse sendo cantada para um bebê. Aos poucos, a cor natural foi sendo devolvida a pele do rapaz, seu corpo começou a ficar quente novamente e seus olhos readquiriam o brilho de vida mais uma vez; então ele respirou profundamente e uma luz azul elétrica anormal se acendeu na íris de seus olhos.

§§§

Felipe gritou quando caiu no chão e sangue começou a escorrer de seu braço, após Luiz tê-lo cortado com suas garras demoníacas. Pedro Lyn correu ao resgate do amigo, disparando dardos contra o inimigo, quando viu que ele ameaçava atacá-lo novamente; no entanto, o vilão não se afastou... Luiz voou e repeliu todas as flechas douradas com o bater de suas asas negras, então se aproximou e tentou atacar os dois guerreiros de uma só vez. Felipe lutou contra a dor de seus ferimentos e ergueu sua espada para se defender, mas no momento que o inimigo tentou golpeá-lo, Karen se pôs no caminho e atacou com seu bastão.

— Eu vou acabar com você, seu desgraçado! — gritou ela, rodopiando o bastão e forçando o inimigo a recuar.

Luiz sorriu ao ver o tamanho da determinação da garota, pois mesmo exausta e cheia de machucados pelo corpo, ela ainda persistia. Mesmo assim, aquilo não era suficiente para deter os seus novos poderes, que surgiram de maneira ainda misteriosa para ele mesmo; por isso o vilão não temeu — ele projetou espadas de trevas em ambos os braços e avançou com um prazer insano.

Pedro continuou disparando seus dardos em vão enquanto Felipe e Karen tomavam a frente e se defendiam como podiam dos ataques impiedosos de Luiz, até que finalmente suas armas cederam em pedaços e os dois heróis caíram indefesos no chão.

— Agora é o fim de vocês! — Luiz juntou suas duas mãos acima da cabeça e fundiu as duas espadas de trevas em uma só (ainda maior e mais poderosa), então olhou os guerreiros indefesos e sorriu. — Morram!

— Grhaaaaa!

Subitamente, quatro raposas atacaram o vilão por todos os lados, mordendo seus braços, pernas e asas enquanto o faziam cair no chão. As quatro raposas tinham pelos e marcas de cores diferentes — laranja, branco, verde e azul — e seus corpos eram esfumaçados e translúcidos.

Benny se aproximou do grupo com Carlos Daniel apoiado com dificuldade em seu corpo, pois ele estava com um ferimento grave na perna esquerda e na região da barriga, de modo que sua roupa estava toda encharcada de sangue.

— Dan, valeu pela ajuda, foi bem na hora — agradeceu Felipe, observando o sorriso triunfante, mas fraco, na expressão pálida de seu amigo. — Você está bem?

— Nem um pouco — falou Benny, antes que o próprio Daniel inventasse alguma mentira. — Tentei estancar o sangue do ferimento da barriga dele com minha magia, mas sou péssima em feitiços de cura, mal consegui dar conta do meu próprio ferimento na coxa. O corte dele pode reabrir a qualquer momento.

— Eu... vou ficar... bem — sussurrou Daniel, sua face banhada em suor e a dor intensa dos ferimentos deixando-o ainda mais exausto. — Minhas raposas... elas são quatro grandes espíritos elementais, mas não vão conseguir... segurar o inimigo por... muito tempo.

— Droga! — praguejou Felipe, vendo sua espada em pedaços no chão. — Como a gente vai vencer ele? Temos a chance perfeita agora, mas...

— Se for por causa das armas, Felipe, não se preocupe — interrompeu Pedro, tomando a frente com a sua Besta em mãos, ainda intacta. — Vocês ainda sabem alguns truques mágicos para lutar. Então, vamos acabar com esse cara e fazer ele pagar pelo que fez ao Ren! Eu vou ser a distração, então vocês se preparem para atacar!

Felipe se levantou, vendo a determinação do amigo, então acenou para os demais e se preparou para a nova investida ao ver que Luiz destruíra o corpo material das raposas e novamente voltava sua atenção a eles, seus braços e pernas com alguns arranhões que já começavam a se regenerar.

— Time Ren, reagrupar! — gritou Felipe. — Plano de batalha D!

— Ora, ora... — Luiz colocou as mãos na cintura e riu com sarcasmo ao ver os guerreiros formarem uma linha de ataque, com Felipe e Pedro na frente, Benny e Karen logo atrás deles e Daniel no final. — Vocês ainda acham que essas formações idiotas e planos patéticos vão funcionar comigo? Enquanto lutávamos, eu finalmente me lembrei de onde já tinha visto essa organização de combate e estilos de luta únicos... Vocês utilizam os estilos de combate e magia padrões em grande parte daqueles jogos idiotas de RPG ou MMORPG, não é? Não entendo muito como funcionam essas coisas, pois nunca gostei de games, mas sei que o padrão de alinhamento de combate nesses jogos costuma ser com cavaleiros especializados em luta corpo a corpo na linha de frente, magos e arqueiros no meio e especialista em invocações ou habilidades de suporte no final do grupo. Contudo, nenhuma dessas bobagens estratégicas de vocês vai funcionar comigo!

Os heróis se entreolharam por alguns instantes, nervosos; então, quando Felipe assentiu com a cabeça, eles atacaram: Pedro correu pela direita, lançando dardos enquanto Felipe ia pela esquerda, usando um feitiço simples para arremessar um feixe de luz na tentativa de cegar o oponente; Karen avançou pela frente, sua magia focada na mão, aumentando a força e resistência do punho para quando fosse desferir seu golpe; Benny projetou uma bola de fogo na mão e esperou o momento certo para arremessar seu ataque enquanto fazia todo o possível para proteger Daniel e impedir que ele acabasse pegando no sono por causa da dor e da exaustão intensas de seus ferimentos.

Tudo parecia girar em câmera lenta aos olhos de Luiz, que tirou suas mãos da cintura enquanto sorria e suspirava uma única palavra:

— Idiotas.

§§§

Enquanto isso, do lado de fora do Centro de Educação à Distância...

— Finalmente tudo acabou, não é? — perguntou Letícia, aproximando-se dos amigos, que observavam o corpo de Clarice, a cosplayer de Gaara, inconsciente no chão.

— Você acordou! Que bom! — comemorou Alex, abraçando-a levemente. — Pois é, conseguimos vencer, mas graças a ajuda do Goku aqui.

— Ei, mano, eu também, viu — riu Killer Bee, os tentáculos do Hachibi desaparecendo enquanto ele readquiria a forma humana e se aproximava do grupo com sua Samehada apoiada sobre o ombro.

Goku bateu no ombro de Killer Bee, sorrindo, e agradeceu:

— Pois é, valeu cara. Meu plano de conseguir chegar até o corpo da Clarice, que tava escondida dentro do Shukaku, só funcionou por causa de você. Ainda bem que conseguiu se transformar na forma bijuu por completo nos últimos instantes.

Letícia caminhou para perto do corpo de Clarice e depois olhou ao redor, analisando o quanto a batalha modificara o local ao redor: residências, árvores e automóveis estavam em pedaços; crateras ou elevações se espalhavam pelo solo por várias partes da região externa do campus do CED ou pelo asfalto da avenida ali perto; à distância, em outra rua, podia-se ver um grande amontoado de areia (provavelmente o corpo desfeito de Shukaku) espalhado por cima ou ao redor dos escombros de algumas casas; e no céu, a esfera brilhante continuava projetando sua luz causadora de pesadelos infernais.

— Acho que agora a gente pode descansar um pouco, né? Tô morto! — falou Rafael, caindo sentado no chão.

Alex olhou para a entrada do hall do CED e falou com seriedade:

— Ainda não.

— O quê?! Dá uma folga, cara. O que falta a gente fazer ainda? — Killer Bee viu que seus amigos olhavam para o hall com caras cheias de preocupação e seriedade. Todos estavam cansados, com ferimentos por todo o corpo e as roupas rasgadas, mas estavam cientes de que algo mais precisava ser feito, e o jinchuuriki do Hachibi se lembrara do que era. — É, to ligado agora. Você tem razão.

— Vamos! — Goku começou a caminhar em direção ao hall do CED, mancando da perna esquerda. — Temos que ajudar o resto do pessoal a deter aquele bruxo. Eles devem estar precisando da nossa ajuda.

Rafael se levantou do chão com a ajuda da Samehada e seguiu os demais, empolgado novamente — uma nova batalha o esperava.

§§§

Machucada, mas consciente, Benny conseguiu se colocar de joelhos e ver a situação desesperadora em que seus amigos estavam. Todos, exceto ela, sofreram graves danos após a última tentativa falha de emboscar o vilão de asas com penas negras e chifres na cabeça. Com apenas um aceno de mão, Luiz conseguira repelir todos os ataques do time Ren, espalhando um impulso de energia maligno que não só derrubara os adversários, mas também os enchera de danos internos.

— Dan? Acorda Dan! Por favor! — Benny se desesperou quando viu seu amigo inconsciente perto dela. A face dele estava pálida e uma poça de sangue se formava ao redor dele, sinal de que seus ferimentos tinham se aberto novamente.

— Que peninha, parece que mais um vai morrer — sacaneou Luiz, desviando seu olhar dos outros três guerreiros caídos e em agonia no chão, para observar a situação do outro garoto que morria e da amiga o estapeando e empurrando, na tentativa de acordá-lo. — É isso o que acontece com os idiotas que se colocam no meu caminho... eles morrem!

Benny olhou para o inimigo, cheia de raiva, enquanto lágrimas escorriam de seus olhos, manchando seus óculos de grau. Ela se levantou, olhou para o vilão de maneira ameaçadora e conjurou um encantamento:

— Incendia! — As mãos da guerreira se acenderam em chamas douradas. — Vou fazer você pagar por toda essa crueldade! Vou me vingar por tudo o que você causou!

— Acha que pode me vencer com esse foguinho de vela de aniversário? Se manca, garota! Se nem esse bando de otários conseguiu me vencer, não vai ser você que vai me derrotar.

— Talvez eu tenha sido de pouca utilidade no começo dessa luta, mas agora vou te mostrar de tudo o que eu sou capaz: Hagal... — Benny retirou os óculos e abriu os braços como se abraçasse a própria magia do fogo enquanto as chamas se espalhavam pelos seus cabelos e corpo sem queimá-la. — Maximum Fotiá!

Luiz franziu os olhos com o brilho intenso das chamas que se espalhavam pelo corpo da garota, sentindo o calor e a intensidade da magia que ela estava invocando, algo além dos limites aceitáveis para qualquer iniciante nas artes mágicas.

— Sua estúpida! Vai mesmo extrapolar os seus limites para tentar lutar de igual contra mim? Você só vai se matar mais rápido! — avisou o vilão, condensando uma grande quantidade de energia escura nas mãos.

— Eu vou fazer o que for preciso pra proteger os meus amigos e acabar com você! — Envolvida pelas chamas como uma fênix flamejante, Benny liberou um urro de guerra e lançou uma rajada incandescente de suas duas mãos contra Luiz.

Sem perda de tempo, Luiz contra atacou as chamas da garota com uma rajada de nuvens negras de energia das trevas e ambos os combatentes ficaram em empate por alguns momentos, fogo e trevas se empurrando como numa briga de touros. O nível de magia expelida um contra o outro era tão grande e poderoso que, se tudo aquilo fosse uma cena de filme de ação, lembraria um pouco a disputa de magia de Harry Potter contra Voldemort.

Por alguns instantes, o vilão achou que seu poder seria superado e ele seria devorado pelas chamas mortais da garota, pois ele estava perdendo aquele cabo de guerra, mas quando notou que pouco a pouco a garota começava a apresentar dificuldade pra manter o mesmo nível que o dele, ele entendeu que os poderes dela começavam a se esgotar.

— Você é boa, garota, mas seus poderes parecem que já chegaram no limite; os meus, por outro lado... — Luiz liberou uma nova e maior quantidade de energia maligna de seu interior, então ele empurrou todo esse poder contra as chamas da garota e ganhou a disputa, suas trevas explodindo contra a garota e seu amigo Daniel logo atrás de si. —... não estão nem na metade.

Luiz sorriu, triunfante, admirando todos os guerreiros derrotados. De longe, Felipe observou, caído no chão, a cena que aparentemente liquidara com a vida de Benny e Daniel, e um medo que nunca sentira antes na vida tomou conta de si quando viu o inimigo se aproximar dele lentamente, as garras demoníacas de suas mãos desejando sua vida, desejando seu sangue.

— Aonde você pensa que vai?

Luiz parou ao ouvir a voz de Benny ecoando atrás de si. Ele virou seu rosto e ficou completamente espantando quando viu duas coisas basicamente impossíveis de se acontecer: primeiro, Benny ainda estava viva e sem nenhum dano do impacto da rajada de energia das trevas, com Daniel acordado e apoiado no ombro de Ursula; segundo, Renny estava de pé, ao lado dos amigos, vivo... Ele estava vivo! Como isso era possível?!

— Não pode ser... você... está vivo!!! Por quê? Como? Quando?!

Luiz não conseguia tirar sua atenção de Renny e na estranha mudança que pairava sobre ele, pois algo em sua magia havia mudado e isso podia ser percebido no caráter sério e na luminosidade azul elétrica que emanava de seus olhos.

— Não tem porque eu responder as suas perguntas, Luiz — falou Renny, ainda sério. — A única coisa de que precisa saber é que está na hora de dar um fim a esse banho de sangue. — Chamas esverdeadas se acenderam nas duas mãos do herói ressuscitado e ele observou o inimigo com um sorriso sarcástico. — Você pode ter derrotado as chamas da Josiele, mas será que pode vencer o fogo sagrado utilizado apenas pelas kitsunes das lendas japonesas?

— Idiota! Mesmo que você tente sozinho, não vai ser o suficiente para me derrotar! Meus novos poderes são imbatíveis!

— Não, você não é imbatível — comentou Pedro, se aproximando do grupo com dificuldade. — E ele não está sozinho.

Pedro, Karen e Felipe se juntaram aos outros, forças mágicas estranhas revigorando a todos e sarando os seus ferimentos.

— Não sei o que você fez para curar os seus amigos, mas mesmo que todos juntos me enfrentem, o resultado vai ser o mesmo de antes. O estilo mágico patético que vocês usam, combinando palavras de origem rúnica, latina e grega com estratégias de MMORPG não chegam nem aos pés da minha magia enoquiana.

— Não, jovem Luiz, não foi ele quem curou os demais, fui eu — disse a mulher misteriosa que ajudou Ursula a curar Renny, surgindo do lado direito do vilão com mais algumas companhias ao seu redor. — E eles não serão derrotados como antes, porque nenhum deles está sozinho nessa batalha.

Ao lado da mulher misteriosa, Letícia, a genderbend de Naruto, Kakashi, Killer Bee e Goku estavam preparados para a luta.

— Sorte a de vocês que a gente encontrou a parada dimensional e conseguiu vir pra cá — comentou Killer Bee, sorridente.

— “Parada dimensional” não, doido, é “portal dimensional” — riu Alex, tirando do rosto o retalho rasgado que cobria sua boca. — E foi graças a essa senhora que conseguimos chegar aqui, se não a gente tinha se perdido dentro dos subportais que tinham dentro do portal que dava pra cá.

— Desista desta luta, jovem rapaz — suplicou a mulher, observando Luiz com uma expressão calma —, não deixe que essa sede de poder o domine e nem que as influências daquele sujeito o leve a cometer tais sacrilégios.

— Não sei quem você é, mulherzinha enxerida, nem como sabe da existência Dele, mas nem você... — As trevas circularam por todo o corpo de Luiz, fazendo suas veias aparecerem e seus olhos emanarem aquele brilho lilás com mais intensidade. — Nem esses babacas vão ficar no meu caminho!

— Agora! — gritou Renny, lançando suas chamas sagradas sobre o vilão.´— Defendam as pessoas que estão presas no mundo dos pesadelos lá fora e protejam o Art Fest Animation!

Luiz se defendeu das chamas, criando uma barreira de trevas, e no momento em que pensava em contra atacar, os outros guerreiros também avançaram: Ursula usou os seus poderes renovados pela mulher misteriosa para dar um upgrade nas habilidades dos demais amigos; Daniel invocou o espírito de uma das quatro grandes raposas, a laranja, e a mandou contra atacar com as chamas sagradas de cor verde, dando suporte a Renny; Letícia entrou no Modo Sennin e lançou um Rasen Shuriken; Kakashi fez alguns selos com as mãos, e Benny convocou um encantamento, então ambos atacaram com disparos de bolas de fogo; Goku se transformou em Super Saiyajin 2 e lançou um Kamehameha (uma rajada de energia azulada) em potência máxima contra a defesa do vilão; Killer Bee entrou no Modo Bijuu Parcial, então começou a disparar vários projeteis de energia; Felipe e Karen combinaram suas forças e lançaram um feitiço de vibração, fazendo a defesa do inimigo oscilar e enfraquecer ainda mais; e Pedro Lyn dava tudo de si, disparando da Besta, os dardos mágicos de cor dourada.

Enquanto a mulher misteriosa observava com seriedade a investida sem se envolver, Luiz se sentiu mais uma vez acuado e impossibilitado de contra atacar. Pela primeira vez, ele sentiu suas novas habilidades cederem, como se elas estivessem indo embora da mesma maneira que chegaram — repentinamente.

“Não! Isso não pode acabar assim pra mim! Eu prometi a mim mesmo que conseguiria minha vingança, que faria todos pagarem por atrapalharem meus sonhos.” Os poderes de Luiz por fim cederam, o escudo se desfez e os ataques dos inimigos avançaram rumo à sua morte. “Isso não pode acabar assim...”

— Não! Já chega!

O tempo parou para todos, exceto para a mulher misteriosa, quando uma borboleta adentrou àquela dimensão e explodiu, revelando uma grande esfera flamejante de fogo com um vulto negro no meio. A imagem lembrava muito um grande olho felino e a mulher de cabelos loiros sabia quem era, quando falou:

— Você ainda está vivo, exatamente como eu suspeitava. Tenho agora a chance de corrigir as minhas falhas passadas! 

A mulher se envolveu por uma luz branca intensa e se preparou para atacar o comparsa misterioso de Luiz, mas antes que ela pudesse tentar qualquer coisa, a criatura transformou-se numa mistura esfumaçada de fogo e trevas e correu em direção a Luiz, envolvendo-o completamente.

— Não, minha senhora, esse não será o momento de nosso acerto de contas. Mas, pode ter certeza, ele não tarda em chegar — disse a criatura misteriosa de voz masculina distorcida, desaparecendo com Luiz no meio do circulo de ataques dos guerreiros.

O tempo voltou a circular novamente e os ataques dos heróis se movimentaram finalmente, atingindo o local onde Luiz estava — ou deveria estar. O choque dos ataques uns contra os outros naquele centro, causou uma explosão tão intensa, que toda aquela dimensão mágica pareceu tremer.

Houve alguns segundos de silencio em que todos pararam e aguardaram o fogo e a fumaça baixar para ver o que havia acontecido a Luiz; então, quando a grande cratera começou a se revelar, aparentemente vazia — exceto pelas chamas e fumaça —, sorrisos começaram a surgir.

— Nós vencemos, caralho! — gritou Alex, dando pulos e abraçando os amigos por perto. — O cara virou poeira.

— Não, vocês não venceram ainda — negou a mulher, se aproximando de todos, mais séria do que nunca. — Esse é só o começo do que ainda vos espera no futuro.

§§§

Após o final da última e decisiva batalha e da mulher misteriosa ditar suas últimas palavras, ela desapareceu espontaneamente num grande feixe de luz branca que irradiou de seu corpo e ofuscou momentaneamente a visão de todos os que estavam ali. Os heróis saíram daquela dimensão mágica e retornaram ao Centro de Educação à Distância para tratar de outras questões menores, mas de igual importância; todos estavam aliviados e felizes com as vitórias que conquistaram durante as batalhas difíceis que travaram, mas dúvidas ainda permaneciam no ar com relação à aparição daquela estranha mulher que os ajudara a vencer o inimigo e sobre o que ela disse no final acerca dos desafios que eles ainda enfrentariam no futuro.

Já era mais de cinco da tarde, quando os quatro cosplayers saíram na missão de trazer para dentro do CED os corpos adormecidos de Clarice, Kevin e da garotinha para que o time Ren pudesse desfazer o encantamento maligno que os fizera ficar com identidades diferentes. Enquanto isso, Carlos Daniel discutia algo com Renny:

— Mas, Ren, como vamos fazer tudo isso de uma vez? Na época do FAMS pode até ter dado certo desfazer todas aquelas destruições e mortes e ocultar aquelas memórias da mente do pessoal, mas dessa vez... eu acho meio complicado, pois o caso é diferente.

— Não é não, Dan. Vai dar certo. Apesar da magia que o Luiz colocou no globo luminoso ser diferente daquela vez, podemos usar o globo para fazer as pessoas esquecerem todos os pesadelos que estão vivendo nesse momento, sem que elas fiquem traumatizadas. Quando todos acordarem, nem vão perceber que aconteceu alguma coisa.

— Mas, e quanto as destruições? E o tempo que passou enquanto elas estiveram assim? — Daniel olhou em seu celular e viu que mais de uma hora havia se passado desde que todos aqueles acontecimentos deram início. — As pessoas vão perceber as diferenças ao redor. Você tem que aceitar que não podemos controlar a realidade das pessoas, elas vão saber de tudo, uma hora ou outra!

Apesar das supostas mudanças que a mulher disse que Renny sofreria, ele parecia igual como de costume, pelo menos aparentemente. Mas, quando Daniel disse essas últimas palavras, Renny demonstrou uma seriedade anormal que raramente mostrava:

— Entenda uma coisa, Daniel: Magia é algo perigoso e o mundo não está preparado ainda pra aceitar que ela existe e de como pode ser destrutiva. Desde o que aconteceu no último FAMS, toda Sobral foi envolvida por um enorme bolsão energético que permite utilizar a magia com maior facilidade, o que torna o lugar perigoso para os planos de pessoas ruins, como o Luiz. O fato de eu ter selecionado você e mais algumas pessoas para compor essa equipe foi porque o destino de vocês estava ligado a essas missões e porque eu confio em vocês para isso. E respondendo as suas perguntas... — Renny olhou para Ursula, Karen e Felipe, que estavam formando um circulo com as mãos dadas e conjurando algum feitiço com seus olhos fechados. — Eu pedi para aqueles três usarem um certo feitiço para enganar o próprio tempo e fazer parecer que ainda são três ou quatro da tarde. Quanto ao Pedro, eu pedi que...

— Pronto, Renny, acabei — interrompeu Pedro, se aproximando com uma flauta nas mãos. — O feitiço musical de restauração já está pronto, quando a flauta for tocada, tudo que foi destruído ou todas as pessoas que foram machucadas no processo durante as batalhas vão retornar ao estado antigo antes do Luiz aparecer.

—... Bom, isso deve responder a sua pergunta, né — continuou Renny, rindo enquanto olhava para Daniel.

— Só tem um problema — comentou Pedro, meio decepcionado. — A flauta requer muito poder mágico para restaurar tantas coisas, eu preciso de pelo menos uma pessoa para canalizar o poder, porque sozinho não vou conseguir.

— Canaliza a magia do Dan, enquanto isso, eu vou me preparando para modificar o feitiço sobre o globo que tá provocando pesadelos.

Quando Pedro e Daniel assentiram e saíram, Renny pensou em primeiro averiguar como ia o feitiço temporal dos três amigos, mas foi surpreendido no meio de um novo acontecimento estranho quando... o tempo parou. Tudo ao seu redor havia congelado, e só ele não havia sido afetado.

— Ren, precisamos falar com você.

Renny deu um pulo e se virou quase que de imediato, preparando-se para qualquer possível ataque, mas não era o que ele pensava.

— Você... eu conheço você! É o Leo, um dos organizadores do AFA! Mas... — Renny não estava entendendo o que tinha acontecido, pois Leo estava aparentemente mais velho, seus cabelos castanhos e encaracolados estavam maiores e ele vestia uma roupa de couro preto com um sinto cheio de pistolas e shurikens; o garoto ainda tinha um tapa olho no olho esquerdo e uma grande cicatriz na bochecha esquerda, perto da barba comprida. — Você está diferente, isso é algum tipo de cosplayer?

— Não, ele não está usando nenhum cosplayer, nem eu — interrompeu a garota ao lado de Leo, que Renny ainda não tinha percebido. — E nós não temos tempo para apresentações ou conversa fiada. — A garota se vestia a semelhança do Leo, só que ela tinha uma personalidade mais séria e guardava duas katanas nas costas.

— Você! Você é a Fabi, a Fabiana, amiga da Karen, não é? — Renny finalmente notou a semelhança da garota, exceto porque essa Fabiana tinha os cabelos cor de vinho curtos e espetados, diferente da Fabiana que ele conhecia, que tinha o cabelo comprido e liso.

— Ren, nós viemos do futuro e precisamos falar algo de extrema urgência — disse Leo, colocando a mão no ombro dele. — Algo terrível vai acontecer no futuro e nós precisamos que você veja com seus próprios olhos.

Renny entendeu a gravidade da situação no tom de voz de Leo e se lembrou do que a mulher misteriosa havia comentado antes.

— Entendo. Agora sei por que vocês parecem tão diferentes do Leonardo e da Fabiana que eu conheço.

— Leo, não temos muito tempo. Seja rápido! — advertiu Fabiana, pegando uma das katanas em suas costas e cortando o nada, fazendo um feixe de luz azul surgir e abrir o que parecia ser um portal mágico.

— Renny, a Fabiana e eu somos os lideres da última resistência contra o inimigo que dominou o nosso mundo e está destruindo ou escravizando toda a raça humana em prol de seus objetivos. Num futuro não muito distante, você recrutou novos membros para enfrentar o inimigo que se revelou num evento de animes como esse em que está agora, mas, infelizmente, você...

— Leo, certos detalhes não podem ser contados assim — interrompeu Fabiana, repreensiva. — Não podemos ameaçar distorcer todo o espaço-tempo dessa forma. Será melhor que ele veja com os próprios olhos o que está acontecendo no futuro e do que precisamos que ele faça no próprio tempo dele, para evitar todas essas catástrofes.

Leonardo assentiu e convidou Renny a acompanhá-lo, junto com Fabiana, a entrar no portal mágico. Ele não sabia o que veria no futuro, nem o que tinha acontecido a si mesmo, mas seja o que estivesse por vir, ele iria lutar para mudar aquilo.

§§§

Quando Renny se despediu dos amigos do futuro e retornou ao presente através do portal mágico, ele estava pálido e chocado com tudo o que vira e com as coisas que Fabiana e Leonardo o contaram.

— Amore, você tá bem? — perguntou Ursula, preocupada enquanto tocava no rosto do amigo. — Você tá passando mal?

Renny voltou a si quando sua amiga falou pela segunda vez, então ele se deu conta de que o tempo havia voltado a se movimentar de novo.

— Estou sim  — mentiu Renny, enquanto olhava ao redor.

— Nós já concluímos o feitiço de engano do tempo, viu. O Pedro e o Daniel também terminaram a parte deles. Agora o Felipe e a Karen estão ajudando os outros a limpar a magia negra que está dentro do Kevin e dos outros dois cosplayers.

— Ótimo!

— Espere, aonde você vai? — perguntou ela, vendo que Renny saía do CED com pressa e preocupação. Mas ele não respondeu.

Quando encarou o globo brilhante acima do CED, Renny usou sua magia para fazer a esfera descer e pousar em suas mãos, com o brilho intenso reduzindo. Ele observou a forma como aquela esfera só afetava pessoas comuns, não tendo o poder de influenciar quem soubesse usar magia ou estivesse sobre alguma proteção mágica, então sorriu quando pensou:

“Incrível como um objeto tão pequeno pode causar tantas coisas ruins na mente das pessoas.”

Os olhos dele brilharam novamente num tom azul elétrico enquanto sua própria magia envolvia a esfera e a reprogramava, sem precisar conjurar nenhuma palavra — o que pareceu ser um efeito colateral pós-morte muito bem vindo para ele.

“O lado bom, é que vou poder usar essa esfera para apagar as memórias ruins que essas pessoas vivenciaram enquanto estiveram dormindo, presas aos seus piores pesadelos; o lado ruim...”

— É que vou ter que apagar até mesmo a memória dos meus próprios amigos e substituir por memórias falsas — sussurrou Renny, decepcionado.

Renny olhou ao redor, analisando como tudo a sua volta estava igualzinho ao momento em que chegara ao AFA pela manhã; nem parecia que batalhas haviam ocorrido por ali. Graças a ação conjunta de toda aquela galera, Luiz fora derrotado e as destruições foram desfeitas, sem haver nenhuma vítima fatal, por isso Renny se sentia mal em ter que apagar a memória de todos os que o ajudaram, e o pior: novamente ele seria o único a se lembrar do que tinha acontecido; mas era necessário temporariamente fazer aquilo, para que ele pudesse seguir com o plano indicado por Fabiana e Leonardo.

— Desculpem pelo que vou fazer, meus amigos — sussurrou ele, olhando alguns amigos à distancia, conversarem e sorrirem. — Mas prometo que assim que puder, restaurarei a memória de vocês e escreverei a nossa aventura no AFA através de uma nova fanfic, que vou dar o nome de “AFA – A Nova Aventura”. Me aguardem!

Renny arremessou a esfera para o alto, que explodiu em luz e pó cintilante, então a magia se espalhou invisivelmente por toda Sobral e os acontecimentos sobrenaturais que foram destaque naquele dia, tornaram-se apenas manchas apagadas e esquecidas.

Memórias reescritas...

        A aventura acabou?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ufa, que capítulo grande, né. hahahaha Espero que tenham gostado. Se encontrarem algum erro gramatical, me avisem, tá. Ah, a fanfic ainda não terminou. Ainda tem o Epílogo da história, que é como se fosse um extra. É bem curto, mas muito interessante, pois vai revelar mais algumas coisas. Tentarei postá-lo o quanto antes eu terminá-lo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Trilogia Aventuras 02: AFA - A Nova Aventura" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.