Desastres em primeira mão escrita por Belle17


Capítulo 5
Uma melancia para a mamãe




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Falando em menstruação, acabei me lembrando de um episódio muito devastador que passei quando era criança.

Aos seis anos, mais ou menos, minha mãe me levou ao Shopping. Ela precisava comprar um remédio e todas as farmácias do bairro estavam fechadas. Acho que era algum feriado, ou coisa do tipo, mas o shopping sempre abria suas lojas.

Não me lembro de muuuita coisa, mas me recordo de alguns comentários que a mamãe fazia com meu pai: "será, amor?", "minhas pílulas acabaram" e "tem certeza de que não estourou?". É claro que, com aquela idade, eu não entendia nada do que eles estavam fazendo. Será o quê, criatura? Fala logo e deixa de enrolação, foi o que pensei. E que pílula? A mamãe estava tão doente assim que necessitava do remédio?? E o que foi que não estourou? Meus balões de aniversário? Mas meu aniversário já tinha passado. Esses foram meus pensamentos de criança inocente.

E que inocência, hein?

Quando chegamos ao estacionamento do Shopping e atravessamos a faixa de pedestres em direção aos elevadores, percebi que, por ser feriado, muita gente optou ir ao centro das compras. Veja bem: muita gente.

Nisso, minha mãe encontrou uma amiga. Já imaginei o que ia acontecer: as duas iam passar horas e horas sentadas num banco, conversando sobre besteiras de adulto, o que sempre me deixava com tédio e de mau humor. No entanto, acabei passando por uma experiência meio diferente...

Entramos eu, a mamãe, a amiga dela e mais umas quatro pessoas num elevador. Minha mãe, querendo ser discreta, perguntou pra amiga dela se ela sabia se a farmácia estaria aberta no Shopping hoje.

– Provavelmente, Sandra. Por quê? Está doente?

– N-não, é que... - gaguejou minha mãe. A amiga logo sacou a parada.

– NÃO ME DIGA ISSO!!!!!!! - berrou a criatura, dentro do elevador. Algumas pessoas levaram um grande susto, inclusive eu.

– Cala a boooocaaaa - disse mamãe, com voz baixa e com o rosto vermelho.

– VIVA! JÁ ESTÁ ATÉ BARRIGUDINHA!!!

– Améééliaaaaaaa!!!!!!!

– O que está acontecendo, mami? - perguntei. Mami. "MAMI". Não sei o que arrancou gargalhadas do pessoal no elevador: o fato de eu ter chamado minha mãe de "Mami" ou a explicação da Amélia, a amiga dela:

– Julietinha! Sua mãe engoliu uma melancia, sabia?!

Cara, quem explica dessa forma para uma criança o que é uma gravidez?

Indaguei, na maior inocência:

– E daí? Eu também como melancia.

Todos voltaram a rir.

– É, mas a sua mamãe comeu uma melancia inteirinha! Olha a barriga dela - disse Amélia, apalpando a barriga da minha mãe - está até redondinha!

Tudo o que eu lembro é do rosto mais vermelho que blush de palhaço da minha mãe. E também que não ganhei irmãozinho algum. Era tudo um alarme falso. Vê se pode? Chamou minha mãe de barriguda sem motivos! E irmão, que é bom, nada!!!


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