A Elite - A Seleção Semideusa - Segunda Temporada escrita por Liz Rider


Capítulo 24
Capítulo 24 - Um vislumbre de um futuro impossível


Notas iniciais do capítulo

Olares, senhores e senhoras amigos,
A hora avançada se deve ao fato de que eu tive compromissos hoje de tarde, cheguei em casa morta e acabei cochilando, então isso é o que temos para esta noite.
Espero que gostem do capítulo. Vocês vão perceber que o meu baile é BEM diferente do da Kiera Cass (acho que a história está caminhando para ser cada vez mais diferente, na verdade), apesar de que fiz de tudo para resgatar alguns diálogos. No entanto, vocês vão perceber pelos próximos três ou quatro capítulos (sim, ele vai durar tudo isso e espero que vocês estejam tão animados com isso quanto eu).
É isso, espero que gostem desse pequeno vislumbre...
Amor,
Liz.



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P.O.V America

 

Quando adentro o Salão de Festas, a festa de Halloween parece tão incrível quanto Maxon tinha prometido.

A verdade é que o salão não se parece em nada com o que eu estava esperando, apesar de que eu já deveria saber que os decoradores da Mansão devem ter mais bom gosto do que a comissão do baile do colégio. Eu esperava pouca iluminação, teias de aranha exageradas, abóboras e talvez algumas bruxas pendendo do teto.

A decoração, no entanto, é bem diferente disso, pro bem ou para o mal. Apesar do exagero na escolha de dourado – tudo era dourado, desde os enfeites de parede, às joias brilhantes sobre os candelabros e aos copos, pratos, e até a comida: tudo tinha toques de ouro –, que poderia fazer Apolo achar que aquilo era homenagem pessoal, a decoração era de tão bom gosto que até isso parecia fazer sentido no contexto maior. O único problema era que não parecia exatamente uma festa de Halloween, mas não acho que Maxon, Asher ou o Olimpo realmente se importassem com isso.

Um sistema de som embutido que eu nunca havia percebido antes tocava música pop, apesar de eu poder ver no fundo do salão um pequeno palco com instrumentos montados, apenas esperando que seus músicos os tomassem quando chegasse a hora. Na verdade, parecia um baile da escola ou um evento de gala... talvez algo entre os dois.

Além de tudo, câmeras – de foto e vídeo – espalhavam-se pelo ambiente, infelizmente. Fotógrafos caminhavam ao nosso redor como insetos em direção a luz, seus flash nem sempre tão discretos. Sem dúvida, a festa seria o destaque da programação do Olimpo no dia seguinte. Apesar de eu achar que o Olimpo deve ter animação constante, pelo que Maxon falava, aquele poderia ser uma comemoração sem precedentes.

Imagino por uns instantes como será se eu estiver aqui até o Natal... Será que nossas famílias seriam convidadas? Eu não podia pensar nisso... papai e mamãe nunca deixaria Gerad e May sozinhos. Seria um tanto triste, na verdade.

O salão está mais lotado do que o habitual. Deuses e mortais circulam livremente, como se todos fôssemos iguais – eu não cairia na armadilha de achar que éramos –, todos com suas fantasias tentando ser algo ou alguém que não eram.

As fantasias estão maravilhosas, no geral, apesar de alguém vestido de cachorro quente. Marlee estava de anjo, dançando com o soldado Woodwork. Sua fantasia tinha até asas — pareciam feitas de papel brilhante — que pendiam das suas costas. Para falar a verdade, eles estavam dançando juntos demais...

Não tenho tempo para pensar em Marlee, porque Celeste passa na minha frente, usando um vestido curto tão cheio de penas que uma encosta no meu nariz e eu tenho que fazer um esforço descomunal para não espirrar. A pluma comprida na parte de trás de sua cabeça indicava que a fantasia era de pavão. Para falar a verdade, combinava com ela.

Pelo que vejo, Kriss está ao lado de Natalie, e ambas parecem ter combinado: o corpete do vestido de Natalie estava coberto de flores abertas, ao passo que a saia de pregas era feita de tule azul. O vestido de Kriss é dourado como o salão e recoberto com camadas e camadas de folhas. Chuto que devem estar que estavam fantasiadas de primavera e outono. Uma ideia fofa. Combina com elas.

A herança asiática de Elise foi explorada ao máximo, tanto que, se fosse qualquer outra pessoa, alguém provavelmente a acusaria de apropriação cultural. Seu vestido de seda é um exagero perto das roupas discretas que ela costuma usar. As mangas longas e drapejadas são dramáticas ao extremo, e sua capacidade de andar com todos aqueles enfeites na cabeça me impressiona. Elise não era de chamar a atenção, mas naquela noite estava linda, com um ar de realeza.

Espalhados pelo salão os guardas, também fantasiados, estão muito bem-vestidos, assim como os garçons e as garçonetes. Consigo ver um jogador de beisebol parado ao lado de uma janela, um vaqueiro carregando uma bandeja com bebidas, alguém de terno com um crachá em que se lia Gavril Fadaye. Um dos guardas ousou ao ponto de botar um vestido de mulher; agora, ele está rodeado por um punhado de meninas que morriam de rir.

Aparentemente, também havia convidados não divinos no salão. Ninguém que eu soubesse ao certo distinguir, mas tenho certeza que aquele rapaz que passou vestido de esfinge não me é estranho.

— Olá, senhorita America — alguém sussurra em minha orelha.

Virou-me e me deparo com Christian, parado ao meu lado, vestido de Drácula, É esquisito ele vir até mim, visto que eu o tenho evitado há algum tempo, talvez ele simplesmente queira conversar e saiba que aqui eu não tenho muita escapatória. Seu sorriso bem humorado, no entanto, parecia mostrar o contrário. Talvez ele só quisesse se divertir e esquecer o que havia acontecido. Ao menos, é isso que eu imploro a qualquer deus que esteja sóbrio o suficiente para escutar

— Você me assustou! — reclamo, com a mão no coração como se isso fosse diminuir seu ritmo, tentando colocar de lado minhas preocupações. Christian apenas ri.

— Gostei da fantasia — ele diz, com um tom simpático.

— Obrigada. Também gostei.

Anne tinha me transformado em uma borboleta. Meu vestido, bem ajustado, é de um material esvoaçante, com a barra preta ondulando à minha volta. Uma máscara minúscula imitando asas de borboleta me cobria o rosto e criava um ar misterioso. Apesar de um livro que havia lido há alguns anos ter me alertado sobre o perigo de se vestir de borboleta, imaginei que estaria segura aqui na Mansão.

— Drácula? — pergunto. — Por que Drácula?

Christian dá uma risadinha minúscula e mostra as presas de um jeito fofo.

— Eu tinha te prometido que no próximo Halloween eu me vestiria de Drácula — ele diz, como se fosse a coisa mais simples do mundo

— Mas não teve o próximo — eu penso em voz alta. No entanto, quando as palavras já são proferidas, não é possível pegá-las de volta no ar.

Ele dá de ombros, uma expressão triste tomando suas feições.

— Achei que esse poderia ser o próximo.

Ficamos em silêncio. Com um timing perfeito, uma música de três ou quatro anos atrás, “We don’t talk anymore”, começa a tocar. O momento fica ainda mais constrangedor.

— Só vim para dar um “oi”, ver como você estava — ele diz, por fim.

— Legal — repliquei. Me sentia tão estranha.

— Ah — ele diz, descontente. — Tudo bem, então.

Ele se vira para ir embora.

Não sei exatamente o que ele esperava de mim, mas eu sentia que o devia um pedido de desculpas.

— Chris! — eu chamo.

Ele se volta para mim imediatamente, seus olhos castanhos brilhando com esperança.

Eu o observo por alguns instantes.

Mesmo com a fantasia de Drácula, sob essa luz ele parece ainda mais lindo. Seus cabelos castanhos quase pretos, jogado para trás e presos com gel já começavam a voltar ao lugar, enquanto seu sorriso era largo e luminoso. Ele também sempre fora um cara alto e musculoso, do tipo que fazia todas as meninas da escola suspirarem... não era à toa que ele era filho de Afrodite.

Talvez, em outro mundo, se eu não tivesse sido tão tapada, se ele tivesse me dito algo antes de Noah surgir na minha vida ou se algo tivesse sido diferente... talvez, só talvez, nós pudéssemos ter sido um casal. Não apenas um casal normal, um dos melhores casais que aquela escola já viu.

Nós seríamos fortes como ninguém, um se apoiando no outro sempre para sermos as melhores pessoas que poderíamos ser. Suas falhas seriam amparadas nas minhas e nós teríamos sido muito felizes.

Ele teria conseguido uma bolsa na Columbia e viria me visitar nos finais de semana. No ano seguinte, quando eu fosse para a NYU nós poderíamos nos ver ainda mais. Poderíamos marcar de sair sempre e seria apenas como mais um dia normal no colégio.

Talvez nós tivéssemos nos casado cedo, como Kenna, mas talvez nós investíssemos em nossas carreiras e nos casássemos mais tarde. Ele se tornaria um respeitado médico e eu me tornaria... alguma coisa. Nossos filhos seriam lindos, com seus cabelos e meus olhos... nós certamente seríamos muito felizes.

Eu conseguia até nos ver, num sábado à noite. Ele, cansado depois de voltar de um longo plantão durante a residência e eu, cansada pelo meu trabalho, o que quer que fosse. Nós dois, jogados em um sofá, com um cobertor nos cobrindo, num apartamento espremido em algum lugar no Brooklyn, assistindo Netflix.

Christian me entenderia. Seria uma vida fácil e agradável.

Porém não é uma vida possível.

Como num piscar de olhos, a visão que se apresentou em segundos a minha frente some e só resto essa festa enorme e barulhenta, eu, Christian e seus grandes e esperançosos olhos.

— Sim? — ele pergunta. Sei que ele espera algo que eu não posso lhe dar e isso quebra ainda mais meu coração.

— Sobre o outro dia... — Eu faço uma pausa. Não sei como prosseguir de agora em diante. — Desculpe, por... desculpe por não ter percebido antes.

Ele se aproxima. Tenho a impressão de que ele vai pegar minhas mãos, mas ele não o faz, apenas fica me encarando, esperando.

— Tudo bem, America, eu...

Eu o corto. Não posso deixar suas esperanças aumentarem para, no final, não darem em nada.

— Mas eu não sinto nada por você. Eu sinto muito e eu realmente gostaria de...

É sua vez de me cortar:

— Tudo bem — ele repete, mas não há convicção em sua voz dessa vez. — Tudo bem — Sua voz soa como um eco distante do que era há segundos atrás, quase sendo abafada pela música.

Seus olhos mudaram completamente. Ele parece perdido, quebrado. Gostaria de poder ajuda-lo, mas sei que não posso, que não devo. Ele olha para o chão.

Ele balança a cabeça, como se quisesse afastar alguma ideia. Eu resisto à vontade de tocar nele, de confortá-lo.

Ele finalmente ergue os olhos. Algo neles mudou, mas não sei dizer exatamente o quê.

— Tudo bem, America — ele repete, por fim, uma última vez. Sua voz também soa diferente. — Eu já deveria saber. — Um sorriso esquisito surge em seus lábios, como aqueles que psicopatas ostentam em filmes, aquele sorriso de quem está prestes a perder as estribeiras. Não queria causar isso em Chris. — Eu sou filho de Afrodite, né? A porra da deusa do amor. Eu deveria saber que você nunca iria sentir nada por mim. Eu que sou um idiota... — Ele faz outra pausa, a cada segundo parecendo menos com a pessoa que eu conheci. Uma máscara de seriedade e formalidade recobre seu rosto. — Desculpe por tê-la incomodado, senhorita America.

— Chris! — eu tento chamar, mas ele já caminhou para longe. Penso em ir atrás dele, mas Marlee e Elise surgem ao meu lado.

— Pronta para dançar, America? — Marlee propõe, com um sorriso confiante e animado que eu nunca a vi mostrar.

Apesar de tudo – da dor que sinto em meu coração e da descontrolada necessidade de ir atrás de Christian reconfortá-lo –, sei que o certo é aceitar.

Dou o meu melhor sorriso, ainda que fingido.

— Por que não?

E então eu sou arrastada para a pista de dança.


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Notas finais do capítulo

E ai, pessoinhas? Acham que esse casal teria futuro nessa linha do tempo alternativa? Eu gosto da ideia de casais improváveis ou aqueles que apenas uma coisinha teria feito eles um bom casal, porém agora não são mais... Não sei.
Fiquem bem,
Liz.



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