Abandono escrita por John Wayne


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

PAULA SOCORRO, a entrada é por aqui amoreeeeee! Primeiro de tudo, um feliz Natal e um próspero ano novo, para você e para todos de sua família haha! É muito legal me revelar como seu amigo secreto, nunca fiz isso por internet antes. Enfim, vamos ao seu presente, e espero que goste.



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A casa de número 12 do Largo Grimmauld nunca pareceu tão tensa para Sirius Black. Era dia 22 de dezembro, e o Natal já estava ali, praticamente. O garoto dos cabelos negros estava sentado em sua cama, encarando a janela, mas sem pensar especificamente em algo. Ele sabia que os preparativos para a ceia para a virada do dia 24 para o 25 estavam à toda do lado de fora do seu cômodo.

Podia, inclusive, ouvir a voz cansada de sua mãe, lançando “Accio’s” e “Wingardium’s” pelo ar. Toda essa loucura apenas porque Cygnus, seu tio, chegaria com a esposa e suas três filhas, Andrômeda, Narcissa e Bellatrix no dia seguinte para se hospedarem durante alguns dias e comemorarem o Natal juntos.

Comemorar não seria a palavra mais adequada para descrever o evento. Sirius não sabia o porquê, mas sabia que havia alguma desavença ou desconforto entre seu pai e seu tio Cygnus. Até onde sabia, não era algo tão antigo, inclusive porque no Natal passado todos da família estavam convivendo harmonicamente. Porém, na última reunião da família, que havia sido no dia de Ação de Graças, ele notou que algo não estava bem entre o pai e seu cunhado.

De qualquer maneira, o Natal em família dos Black era uma tradição extremamente antiga, e que, pelo que lera no livro “Black e Suas Descendências”, surgiu antes até mesmo de seus bisavôs, e, certamente, não seria uma rixa que teria o poder de quebrar esse costume.

Uma voz vinda do andar de baixo o tirou de seus devaneios. Era Walburga, sua mãe, gritando por seu nome.

- Sirius, vem aqui me ajudar! Temos muita coisa a fazer até amanhã.

Sirius bufou. Formulou dezenas de respostas malcriadas que poderia dar naquele momento, mas daquela vez resistiu ao impulso. Ele se lembrava muito bem do resultado da sua última falta de educação. Suas costas ainda doíam.

●●●

- Sirius, Sirius, Sirius!

O garoto ouviu alguém chamando por ele. Atordoado e com as pálpebras pesadas, Sirius relutou em levantar de sua cama, mas se permitiu abrir um pouco dos olhos, o suficiente para enxergar quem estava ao seu lado.

Com a visão embaçada pelo sono, Sirius conseguiu distinguir a silhueta de um pequeno garoto preparado para subir na cama e sacudir Sirius até que acordasse. Com o tempo, os olhos do garoto conseguiram se acostumar com a luminosidade e conformaram-se com o fato de que não voltariam a se fechar, e então Sirius enxergou com mais clareza a pessoa da qual vinha a voz.

O pequeno Regulus possuía em sua face uma feição animada demais para tal horário da manhã. O sol nem havia nascido completamente, deixando no quarto aquela luz azulada de início de manhã.

Sirius rolou os olhos e jogou sua cabeça de volta ao travesseiro, proferindo com uma mescla de raiva e cansaço:

- Eu queria saber se você tem algum problema, Reg. São pelo menos oito da manhã agora?

- Eu não sei, Sirius, deve ser mais cedo que isso, mas é importante!

- O quê, o Papai Noel já deixou seu presente embaixo da árvore? Acho que você já está meio grandinho e já pode saber que...

- Não! É melhor que isso. A titia Druella chegou agora de manhã.

Essas palavras foram suficientes para ativar totalmente o cérebro antes adormecido de Sirius. Ele saltou da cama e pisou seus pés na madeira fria do piso, enquanto esfregava os olhos rapidamente com os nós dos dedos.

Algo não estava certo.

- Tem certeza, Reg? Porque eles chegaram tão cedo, será que não dava para eles aparatarem um pouco mais tarde?

- Eles vieram de carruagem, parece que saíram de madrugada e chegaram agora, as meninas não gostam de aparatar.

- Carruagem? Mas como eles fizeram...?

- Não sei, Sirius, sei que eles estão lá embaixo e as primas também estão. Eu vou descer, quero brincar com elas.

Sirius correu para o seu armário e trocou as roupas, tornando-se mais apresentável. Apressado, ele saiu de seu quarto e desceu as escadas pulando um ou outro degrau, até chegar no primeiro andar.

Ao chegar na sala de estar, ele viu sua tia Druella conversando com Walburga, enquanto suas três primas conversavam e riam em voz alta com Reg. Andrômeda, a mais velha, vez ou outra puxando as bochechas fartas do menino.

As duas mais velhas, Andrômeda e Cissa olharam para o primo recém-chegado e sorriram. Bellatrix também o olhou, mas com os olhos cerrados como se dissesse: “Quero te matar”. Sirius sabia que era apenas frescura da prima mais nova. Eram raras as vezes em que eles se encontravam e não discutiam, porque geralmente sempre havia motivo para tal, e o encontro passado não poderia ter sido diferente.

Educadamente, ele primeiro se dirigiu à sua tia e a cumprimentou. Como era de praxe, ela perguntou sobre a magia, se já tinha demonstrado algum sinal de bruxaria ou não. Com orgulho, Walburga tomou a frente e começou a contar dos inúmeros copos quebrados quando ele ficava muito irritado, ou dos móveis que se moviam quando ele ficava feliz. Sirius apenas sorria e assentia, mas aos poucos foi se afastando da conversa e se direcionando às primas, cumprimentando cada uma delas.

Andrômeda, sempre a mais apegada aos primos principalmente por ser a mais velha, o abraçou de modo que os sapatos do garoto deixassem de tocar o chão, enquanto ela sussurrava que sentiu saudades (ele se perguntava como havia tido tempo para sentir saudades, o dia de Ação de Graças tinha sido apenas há quatro semanas atrás).

Narcissa, a do meio, parecia levemente constrangida. Sirius percebia que ela nunca se sentia à vontade quando ela estava na casa dos tios, como se ela tivesse jogado sua liberdade pela janela da carruagem. Mesmo assim, ela o abraçou, mas ainda um abraço mais seco que o de Andrômeda.

Então ele chegou em Bellatrix. A garota dos cabelos e olhos negros o olhou com desprezo, mas Sirius sabia que por trás da falsa raiva havia um tanto de divertimento por parte da prima.

- Bellatrix. – ele se curvou provocando a prima.

Ao levantar a cabeça e olhar nos olhos da garota, percebeu que um sorriso lutava contra o orgulho e procurava aparecer em suas feições. Ao ver que ela resistia bravamente, ele se curvou de forma mais intensa, até que seu nariz quase encostasse na ponta de seus dedos, e então olhou novamente. O sorriso estava vencendo e começava a se alargar na boca de Bellatrix. Era o suficiente.

●●●

As crianças como loucas por toda a residência. A brincadeira havia começado assim como sempre começam, quando se trata de crianças. Regulus aos poucos foi se aproximando de Narcissa, já com a mão preparada. Ao chegar numa distância que julgava ser suficiente, deu um leve tapa nas costas da mais velha.

- Tá com você!

Saiu correndo em disparada, enquanto ouvia um “Ah, seu danado!” e um par de pés apressados atrás dele. Logo, todas as crianças já corriam ao redor da árvore natalina, quase derrubando alguns enfeites devido à velocidade com a qual passavam.

Narcissa, que ainda não havia conseguido pegar ninguém, seguiu os passos rápidos de Bellatrix até a cozinha. Ao abrir a porta com violência, por acidente se esbarrou num pequeno ser cinzento e carrancudo, o que a fez tropeçar e cair no chão.

Ela podia jurar que vira o cinza de Monstro quase se transformar em um vermelho de raiva. O elfo doméstico levantou-se enquanto resmungava.

- Crianças nojentas, crianças insolentes. Brincam, só brincam, não se importam com o patrão que está discutindo com o desertor do Cygnus, só brincam...

Naquele momento, por coincidência, todas as crianças haviam entrado na cozinha. Por consequência, todas escutaram a acusação feita por Monstro. O êxtase da brincadeira parecia ter se rebaixado ao nível zero, e todos encontravam-se parados em meio aos utensílios. Nem o cheiro do peru que estava sendo assado parecia mais tão agradável.

- Andie... – Sirius nunca ouvira a voz de Bella tão assustada. – O que ele quis dizer com desertor?

Mas Andrômeda parecia tão surpresa quanto a irmã mais nova. Ela balançou a cabeça negativamente, como se dissesse que não sabia.

De relance, Sirius viu um maldoso sorriso apontar na face de Monstro, que, ao que parecia, conseguiu finalmente fazer as crianças pararem de correr. O garoto agarrou um dos braços esqueléticos do elfo antes que o mesmo pudesse deixar a cozinha, e perguntou.

- Onde está o meu pai.

Alargando ainda mais o sorriso vingativo, ele respondeu.

- O patrão está no escritório, patrão estar conversando com o pai dessas daí.

Sem pensar duas vezes, o garoto saiu da cozinha seguido de seu irmão e suas primas. Todos subiram as escadas de modo cauteloso para que a madeira não fizesse nenhum ruído que pudesse chamar a atenção dos adultos.

Quando alcançaram o andar superior, conseguiram distinguir vozes mais alteradas vindas do cômodo que era utilizado como escritório por Órion. Ao chegarem mais perto, começaram a escutar frases aleatórias vindas do lugar.

Eram todas frases com conotações negativas. “Você não pode fazer isso...”, “Como você foi se envolver nisso...”. A cada vez que conseguiam ouvir mais frases, todos se apertavam mais de forma que as orelhas conseguissem encostar completamente na porta. Ninguém entendia muito bem o motivo da discussão, mas parecia ser algo bem sério. Até que por fim, Órion perdeu a calma e berrou.

- VOCÊ NÃO PODE SIMPLESMENTE ABANDONÁ-LAS, CYGNUS!

- Elas estão do lado de fora, Órion. – ouviram a voz do pai das meninas.

Neste momento, a porta se abriu, enquanto Cygnus guardava sua varinha no bolso de sua calça. As crianças estavam completamente sem reação. Elas olhavam os dois homens com um olhar assustado, principalmente por causa da última frase dita. Num canto do escritório, encontrava-se Druella, sentada numa cadeira, com os cotovelos apoiados nas pernas e as mãos cobrindo seu rosto. Walburga a abraçava de modo amistoso, tentando acalmar a cunhada.

- Entrem, meninas. – disse Cygnus.

As três entraram no quarto a passos curtos. A porta fechou-se.

●●●

Sirius revoltou-se quando chegou à conclusão que não ficaria por dentro do assunto tão cedo. Claramente um feitiço isolante havia sido lançado ao redor do quarto.

Ele se encostou na parede e deslizou com suas costas até que estivesse sentado na madeira. Regulus permaneceu de pé, olhando para o mesmo ponto da porta, como se ainda estivesse tentando processar o que havia acontecido em tão poucos segundos.

De acordo com sua noção de tempo, deviam ter ficado na porta do quarto esperando durante meia hora a quarenta minutos. Talvez menos, ele não saberia dizer se o tempo apenas havia passado lentamente.

Depois de algum tempo, sua cabeça já estava caindo sobre seu ombro. Regulus já tinha desistido de ficar em pé, e seguiu o exemplo do irmão, sentou-se e cruzou as pernas.

As pálpebras de Sirius pesavam, e ele estava quase sendo vencido pelo sono, quando finalmente pôde ouvir algumas falas vindas de dentro do quarto. O feitiço de isolamento foi desfeito. Quem falava agora era Walburga.

- O quarto será o de sempre, viu, meninas? A não ser que vocês queiram trocar, pois temos vários outros aqui.

A porta foi aberta, e as três garotas saíram do aposento com seus olhos vermelhos e inchados. Ainda era possível ver alguns rastros de lágrimas que haviam secado em suas bochechas. Walburga vinha logo atrás das três, igualmente abalada, mas possuía uma expressão de falsa calma em sua face. Órion encontrava-se sentado à mesa do escritório, com visível abalo.

Cygnus e Druella não estavam mais presentes.

●●●

A ceia de Natal não estava mais tão apetitosa. Órion, Walburga, Sirius, Regulus e as três meninas encontravam-se em profundo silêncio. Nenhuma das garotas comia seu peru, apenas passeavam com o garfo em seu prato. Então o pai de Sirius se pronunciou.

- As garotas agora se hospedarão aqui em casa. Permanentemente. Tio Cygnus teve alguns problemas e... E precisou deixá-las sob os nossos cuidados. Tratem bem as meninas, garotos, agora elas serão praticamente suas irmãs.

Bellatrix levantou-se da mesa, deixando seu prato intacto.

- Com licença. – ela disse.

Ninguém se atreveu a seguir com o olhar, apenas o fixaram no peru sem graça à frente.

Órion então, cordialmente, levantou sua taça de vinho tinto.

- Feliz Natal.


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Notas finais do capítulo

E foi issoooooo ;D A questão é: geralmente nem sempre o que tá bom pro autor, tá bom pra quem tá lendo. Essa foi minha maior preocupação. Porém, eu sempre tive uma curiosidade imensa pra saber como Bella, Cissa e Andie foram parar na casa dos Black como aconteceu nos capítulos iniciais de Dossiê Bellatrix. E foi numa conversa com a Ana que eu comecei a ter ideias para isso. Espero que tenha(m) gostado! Final vago propositalmente, bj bj.