The Most Wonderful Time escrita por red hood


Capítulo 3
III


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Eu (Liv) e a Red estamos felizes demais com as reviews de vocês! Muito obrigada, vocês são maravilhosos :)
Aqui está a parte II do Scorpius, espero que gostem!
(E Feliz Natal!!! ♥)



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O Expresso de Hogwarts deveria chegar em exatos três minutos e, entre as famílias de bruxos que aguardavam os alunos para o Natal, estavam os Malfoy.

Draco e Astoria esperavam Scorpius de pé, próximos aos trilhos, mas longe da confusão. Um grupo, formado majoritariamente por ruivos, passou fazendo algazarra e Draco fez uma careta.

— Que foi, querido? — Astoria perguntou, tocando o rosto do marido com a mão enluvada. Eles dois eram, sem sombra de dúvida, as pessoas mais elegantes da plataforma e talvez por isso atraíssem tantos olhares.

— Weasleys — replicou Draco e Astoria mordeu o lábio para conter uma risada.

— Você sabe que Draco está estudando com dois deles, não é? Uma, na verdade. O menino é um Potter — ao ouvir isso, a expressão dele se azedou ainda mais. — Ora, querido, qual o problema? Pensei que essas desavenças tivessem acabado após a guerra — Astoria disse, delicadamente.

Eles nunca falavam da guerra. Draco envergonhava-se profundamente do que fizera, e a Marca Negra em seu braço era lembrete suficiente dos horrores do passado. Ao casar-se com Astoria, a doce e compreensiva Astoria, procurava trilhar um novo caminho. Com Scorpius, procurava encontrar sua redenção. Ele era tão amigável e sociável quanto a mãe, além de ser muito inteligente e dedicado em tudo que fazia. Sua aparência, no entanto, não negava que era filho de Draco Malfoy, com aqueles cabelos loiríssimos, as feições finas e os olhos cinzas. Ah, e a postura arrogante, típica de um Malfoy.

Só que, embora em Draco a arrogância escondesse fragilidade e falta de autoconfiança, em Scorpius ela escondia uma personalidade radiante.

Antes que Draco pudesse responder, no entanto, o apito agudo do trem soou, e logo eles estavam envoltos pela fumaça do Expresso de Hogwarts. Astoria abriu um sorriso enorme e puxou Draco pela mão, quase correndo para junto da pequena aglomeração de pessoas que aguardava as crianças, que desciam com seus malões e animais de estimação.

— Olhe, lá está ele — disse Draco, apontando.

Scorpius procurava seus pais com os olhos atentos, esquadrinhando os cantos mais distantes da plataforma. Doía em Draco perceber que seu filho já esperava que eles estivessem distantes, quase reclusos, ao buscá-lo. Era difícil ser filho de um ex-Comensal da Morte, mas ele lidava com a situação de forma surpreendentemente madura para alguém com apenas 11 anos de idade.

— Scorpius! — Astoria gritou, acenando, e ele se virou na direção da voz da mãe, alargando o sorriso ao vê-los tão perto, e puxando o malão atrás de si para correr até os pais.

— Mamãe! — Exclamou, jogando-se nos braços dela e abraçando-a com força. Então, virou-se para o pai e surpreendeu-o ao fazer o mesmo com ele. — Papai!

Draco apertou-o o mais perto que pôde, tentando demonstrar com o gesto a saudade que sentira do filho.

— Vamos, vamos! — Cantarolou Astoria, colocando o malão em um carrinho. — Quero saber de tudo! E você tem que me ajudar a fazer os biscoitos de gengibre!

***

— A minha aula favorita é Tranformação, mas eu adoro o professor Longbotton, ele é muito engraçado — dizia Scorpius, fechando o forno. Ele jogou na mesa da cozinha a luva que usava, que tinha uma árvore de Natal bordada cujos galhos sacudiam, como se uma brisa perpétua estivesse sobre eles.

Astoria limpou a cozinha e guardou os utensílios com um aceno de varinha e Draco franziu a testa.

— Engraçado, é?

— Sim, ele é muito desastrado. Mas é muito inteligente também, sabe tudo sobre todas as plantas que existem no mundo — Scorpius disse, sério, como se precisasse defender o professor. Então, deu uma risadinha, ao lembrar da primeira aula de Herbologia. — Pai, você acredita que ele levou um susto quando me viu e me chamou de Draco na primeira aula? Você não tinha comentado que estudou com ele em Hogwarts.

— Não éramos muito... hã... muito próximos — Draco disse evasivamente. Aquilo era um eufemismo para ao bullying que ele fizera com Neville e todo resto. Parte dele estava envergonhada porque sabia que todos na escola veriam Scorpius como outro Draco Malfoy, e parte dele estava aliviada por perceber que havia muito mais de Astoria no filho que dele, e as pessoas percebiam isso com facilidade.

— Conte-me como é ser um sonserino! — Astoria pediu, desviando o assunto e apertando a mão de Draco por baixo na mesa de um jeito reconfortante. — Seu pai também era da Sonserina, mas eu era da Corvinal, então tudo sobre essa casa é um mistério para mim.

Aquilo não era bem verdade pois, como toda boa corvina, ela lera Hogwarts, uma história e, portanto, sabia detalhes sobre as salas comunais de todas as casas. No entanto, Scorpius estava tão animado falando de Hogwarts que praticamente quicava na cadeira, e ela adorava vê-lo assim.

— Nossa sala comunal fica nas masmorras! No primeiro dia eu fiquei meio assustado, é muito escuro lá embaixo e meio frio, mas depois a gente se acostuma. A sala é cheia de tapetes verdes e pratas, e tem muitas lareiras, então não passamos frio. Eu divido o quarto com Albus, o que é ótimo, porque ele é meu melhor amigo lá!

— Albus? — Perguntou Draco e Scorpius assentiu.

— Albus Severus Potter, mas ele odeia que o chamem de Albus Severus, então é só Albus mesmo. O irmão mais velho dele, James, é da Grifinória, e a prima dele, Rose Weasley, também — Scorpius explicou, fazendo uma careta engraçada ao citar Rose. Ele ainda estava meio bravo com ela e James por terem largado ele e Albus na biblioteca para serem pegos e levados à McGonagall. — Ele é o único da família na Sonserina.

— O filho do Potter é da Sonserina? — Draco perguntou retoricamente, mais para si mesmo que para o filho. A ironia era tão grande que ele quase tinha vontade de rir, se não fosse tão trágico o fato de seu filho e o filho de Harry Potter serem melhores amigos.

— Bem, acho que está na hora de desarrumar o malão, hein, filho? Amanhã temos que terminar de arrumar a árvore, eu e seu pai não quisemos terminá-la sem você — Astoria disse, sabiamente mudando o rumo da conversa.

— Mãe! Em Hogwarts eles têm centenas de árvores de Natal! Todas ficam espalhadas pelo castelo, é muito legal!

— Você sabe que ainda temos que conversar sobre aquela carta que eu recebi da McGonagall, não sabe? — Astoria disse, quando eles já estavam longe o suficiente para Draco não os ouvir. Scorpius se encolheu, prevendo a bronca que levaria, mas falou mesmo assim:

— Ah, manhê, amanhã é véspera de Natal, vamos deixar para falar disso depois.

Astoria deu uma gargalhada e cedeu, abraçando o filho e acompanhando-o até seu quarto, com o malão voando suavemente atrás deles.

***

Quando foi para o quarto, Astoria encontrou Draco sentado na cama, olhando pensativamente para a Marca em seu braço. Ela sentou-se ao seu lado e envolveu seus ombros com o braço, puxando-o para si até que Draco estivesse repousando a cabeça sobre seu peito. Acariciou seus cabelos loiros carinhosamente e esperou, em silêncio. Sabia, por experiência, que ele não diria nada até que estivesse pronto para fazê-lo.

Minutos depois, Draco ergueu a cabeça para olhá-la nos olhos. A tristeza dele era visível, e isso apertou o coração de Astoria.

— Ele é um menino tão bom — Draco começou e, envergonhado, desviou os olhos. — Não merecia ter um pai como eu.

Astoria segurou o queixo dele e virou-o para ela, encarando-o gravemente.

— Nunca mais diga isso, me entendeu? Nunca mais. Você é um homem e um pai maravilhoso, não duvide disso. Acha mesmo que eu estaria casada com você, se não fosse? Acha que Scorpius seria um menino tão incrível se não tivesse um pai fantástico?

— Ele tem muito mais de você que de mim — Draco murmurou amargamente e Astoria bufou.

— Pare de dizer bobagens. Você errou? Sim, muito. Mas se arrependeu e vem tentando ser uma pessoa melhor desde então. Draco, isso diz mais de você que qualquer coisa que tenha feito sob ameaças de Voldemort.

— Ele é amigo do filho do Potter, Astoria — ele disse, preocupado. — O que você acha que o Potter está falando de mim agora, para o filho? Não acha que Albus vai desprezar Scorpius por minha causa?

— Eu acho que Albus vai defender o melhor amigo — Astoria disse, séria. — Acho que eles dois vão ser amigos por muito, muito tempo, e acho que isso vai ser ótimo para acabar com essa rixa idiota entre Malfoys e Weasleys e Potters.

Draco riu, sem entender direito se aquilo era ingenuidade ou se Astoria talvez estaria certa.

— Acho que você está é querendo um milagre de Natal — Draco replicou, fazendo-a rir.

— Querido, o verdadeiro milagre seria ter uma ceia agradável com seus pais.

***

Esse milagre, no entanto, não foi alcançado. A ceia foi tão ou mais desagradável quanto de costume.

— Boa noite, Astoria —Narcisa disse friamente. Então seus olhos encontraram o neto e ela abriu um sorriso, tão raro em suas feições de pedra que parecia quase desajustado. Scorpius deu os pequenos passos que o separavam da avó e abraçou-a com força.

Apesar de detestar as vésperas de Natal e aquela mansão gigante e fria, Scorp amava os avós paternos. Os maternos haviam morrido há muitos anos, bem antes de ele nascer, o que só fazia com que ele apreciasse ainda mais os momentos com Lucius e Narcisa.

Astoria murmurou algo no ouvido do marido e saiu, a procura de sua irmã, Daphne. Encontrou-a com uma taça de champanhe, fingindo-se de interessada na conversa do marido com Theodore Nott.

Depois dos cumprimentos educados e distantes, as duas saíram pelo grande salão de braços dados, rindo e conversando. O Natal era uma das únicas épocas do ano em que as irmãs Greengrass – que sequer eram Greengrass mais –se encontravam. A família delas fora quase completamente consumida pela guerra, e cada uma lidou com o luto da melhor forma que conseguiu. 19 anos depois, tinham reconstruído suas vidas e formado suas próprias famílias.

Entrada, prato principal e uma seleção de sobremesas foram servidos em pratos e talheres de ouro branco, cravejados por pequenas esmeraldas. Scorpius morria de medo de deixar seu garfo cair no chão, então passava a ceia calado, concentrado no que fazia.

Os cochichos que se espalhavam pela enorme mesa de mogno não chegavam aos seus ouvidos, mas era unanimidade que aquele pequeno Malfoy tinha algo de esquisito. Talvez fosse a mãe, diziam alguns. Outros apontavam a fraqueza do pai, culpando-o. Ninguém podia negar, no entanto, que, entre as várias famílias puro-sangue reunidas naquele lugar, os três eram o que mais se assemelhava ao verdadeiro significado de “família”, e toda aquela fofoca nada mais era que inveja da visível felicidade e amor que emanavam de Astoria, Draco e Scorpius.

***

Na manhã do dia 25, com presentes e embrulhos espalhados pela sala e um cheiro de peru delicioso saindo do forno, Astoria chamou o filho para conversar.

— Você sabe muito bem que, se não conversarmos agora, não conversaremos mais — começou, e Scorpius passou a mão pelos cabelos, nervoso. Já até sabia sobre o que falariam. — Explique direitinho o porquê de eu ter recebido uma carta da McGonagall.

— Eu não sei direito o que aconteceu, mas eu não estava conseguindo dormir porque estava preocupado com a aula de Poções — Scorpius explicava, evitando olhar diretamente para a mãe. — Aí o James apareceu no dormitório vestido na capa da invisibilidade, só que ele não conhece as masmorras direito, e fez muito barulho. O Albus saiu das cobertas e eles cochicharam umas coisas lá, aí eu fui conversar com eles e os convenci a me deixar ir junto para a biblioteca.

— Convenceu, é? — Ela repetiu, erguendo uma sobrancelha.

— Eu falei que contava pra McGonagall —Scorp admitiu. — E eles deixaram. Aí nós fomos até lá, só que a Weasley estava na biblioteca também! Mãe, é incrível como essa menina sempre está nos lugares errados, nas horas erradas — ele sacudiu a cabeça, irritado. — Bem, no fim das contas, James acabou estourando uns explosivos nos bolsos do Al, e ele voou pela biblioteca igual um diabrete quebrando tudo. E, obviamente, Madame Nora estava passando por lá na hora e dois segundos depois Filch apareceu gritando “alunos fora da cama!” e toda aquela baboseira de sempre.

— E como é que só você e o Potter foram para a sala da diretora? — Astoria perguntou, entretida na aventura louca em que o filho se metera.

— James se cobriu e cobriu a Weasley com a capa — Scorpius resmungou, ressentido. — Aí, quando chegamos na sala da McGonagall, ela levou um susto ao nos ver e começou um discurso de como era um absurdo nós termos saído das camas para brigar na biblioteca. Brigar, acredita?! Como se eu e o Albus fôssemos brigar!

— E vocês explicaram isso para ela?

— Foi difícil, com ela dizendo “cale-se, senhor Malfoy” todas as vezes que eu abria a boca. Então o Al gritou “a senhora pode ficar quieta um segundo e ouvir?”. Juro que nunca o vi fazendo algo tão corajoso quanto aquilo, e a diretora ficou com a boca meio aberta, parecia um peixe! Aproveitei que ela estava meio desconcertada e expliquei que não estávamos brigando coisa nenhuma, só queríamos um livro em especial para procurar um detalhe que tinha faltado na nossa poção pro dia seguinte e que nós éramos melhores amigos, não íamos nos explodir na biblioteca nem nada. Ela ficou muito sem graça e acabou tirando só cinco pontos da Sonserina de cada um de nós.

— Na minha época, ela tiraria 50 e os mandaria para a Floresta Proibida com Hagrid — a voz de Draco interrompeu Scorpius, e os dois viraram na sua direção. Draco estava apoiado no batente da porta, olhando para o filho e para a esposa com um sorriso orgulhoso.

— Isso aconteceu com você, pai? — Scorpius perguntou, encantado.

— Essa história fica para outro dia, filho. Vamos almoçar? O peru já está pronto.


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