Friends escrita por LC_Pena


Capítulo 3
Capítulo 2. Com Ela


Notas iniciais do capítulo

Continuando, Brenda, a fic tava muito boa mesmo, tinha dois capítulo! Quando eu descobri o erro eu disse "dane-se, gostei disso, vou postar assim mesmo" e fiz, se quiser dar uma olhada é a única Bella e Rodolphos do meu perfil.

Em todo o caso, eu fui começando a escrever a sua, elegi Gui, porque AMO esse ruivo e gostaria de ver mais o que ele esteva fazendo da vida enquanto Harry estava se ferrando no cannon, tec, tec, tec, digitei um monte de coisa sobre o Egito, como vc já viu.

Chegando aqui no capítulo dois, neste, entrou Fleur e eu pensei "olha, tem gente que não gosta de Fleur, melhor conferir" e a coisa mais maravilhosa aconteceu! Você disse que gosta de tudo, menos GuiXFleur.

Se. Mate. Lara.

To be continued...



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Com Ela

Seria no mínimo uma declaração descabida dizer que seu novo posto em Dahab era um trabalho ruim. Ele tinha uma sala climatizada só para si, um excelente plano médico, remunerações de final de ano bastante generosas e nada de areia em lugares inconvenientes, morcegos irritados ou pirâmides abafadas.

Gui sentia falta da areia, dos morcegos e até mesmo das armadilhas mortais que eram as pirâmides abafadas do Egito.

Ele nunca diria isso em voz alta, no entanto, pois havia um motivo mais forte para ele estar ali, mais forte do que todas as vantagens de se estar trabalhando em um posto seguro pré-volta à Grã-Bretanha juntas: ele iria entrar para Ordem da Fênix.

Gui agradeceu a Merlin todos os eventos que lhe permitiram ganhar uma promoção que iria levá-lo para casa, desde os bons resultados na expedição da pirâmide curvada até sua atuação no atentado na final da Copa do Mundo de Quadribol no verão passado.

Isso porque as notícias da Ilha estavam cada vez mais sombrias, tanto as bruxas quanto as trouxas. Desaparecimentos, assassinatos e acontecimentos sem explicações estavam sendo relatados por toda a Grã-Bretanha. Gui era muito novo na época, mas sabia que dá última vez que essas coisas haviam acontecido não tardou para o pior suceder.

A guerra estava próxima agora, ele podia sentir.

O ruivo, nesse momento, estava no que os colegas breakers chamavam de limbo. Não fazia mais parte da equipe egípcia, sem expedições e atividades práticas às pirâmides, tão pouco era parte do clubinho seleto britânico, já que seu visto de trabalho no Gringotes ainda não tinha sido validado.

Promoção e retorno para a Grã-Bretanha eram coisa de 10, 15 anos e ele conseguiu em apenas 5, então deveria estar bastante grato. Mas a verdade é que, depois de tanto tempo no clima desértico da África, Gui tinha se desacostumado com a umidade e frio da sua amada terra natal. Como seria a volta para casa?

– Weasley, você já viu a novata que avisaram que viria no último memorando? – Brenam entrou na sua sala como sempre: sem bater, sem ser convidado e sem ser querido lá. – Ela é... Meu Merl...

O quarentão se engasgou com a própria saliva. Gui nem sabia quem era, mas já estava com pena da coitada. Jason Brenam estava naquela difícil fase para um homem quando ele se dava conta de que estava começando a descer a ladeira da vida e não tinha feito tudo que queria ainda. O sintoma mais óbvio era tentar encontrar uma ninfeta para se distrair da sua cinzenta existência.

– Não, Brenam. Estive trabalhando a manhã inteira aqui no escritório, como poderia ter visto qualquer coisa? – O ruivo disse, enquanto prendia em um coque desleixado, com uma tira de couro, seu cabelo que estava quase nas costas agora.

– Pois devia tirar essa cara da papelada, porque a au...- Gui deu graças a todos os grandes bruxos do passado pela interrupção. Uma leve batida na porta havia desconcentrado o seu inconveniente colega de trabalho.

– Entre. – O corpulento Brenam se encostou à estante cheia de manuais, dicionários e códigos, ferramentas da nova função de Gui. Seu atual trabalho era o de assegurar a inocuidade dos artefatos trazidos da sua pirâmide curvada, para armazenamento nos cofres de segurança de Gringotes, à espera de futuros compradores. O ruivo precisava de todos os instrumentos legais e dicionários à mão, já que enviava artefatos mágicos para todas as partes do mundo.

Infelizmente era raro encontrar qualquer maldição remanescente nas peças, droga de curse-breakers eficientes!

– Bom dia! – A voz muito musical para o ambiente taciturno, que era o banco dos duendes, chamou a atenção do ruivo. Ele levantou o olhar apenas para encontrar uma criatura que era ainda mais desarmônica do que sua voz soara naquele lugar sem vida. – Sou a auror Tonks, temporária da expedição Romboidal, me disseram que eu encontraria aqui o líder da missão.

A jovem e elegante bruxa terminou seu discurso ensaiado, sem nenhuma ironia no tom de voz, ela era uma profissional afinal de contas e deveria passar uma boa impressão para um tal de senhor Weasley.

Ela levantou seu falso olhar recatado encontrando um rapaz com aparência de rebeldia latente, a encarando intrigado. Meu Merlin, ele era lindo, mais até do que lembrava. Parecia que o tempo longe da Inglaterra só fazia bem ao seu tipo de beleza.

I'm taking a moment just imaginin' that I'm dancin' with you

I'm your pole and all you're wearing is your shoes

You got soul, you know what to do to turn me on until I write a song about you

– Senhor Weasley? – Ela se dirigiu ao senhor de barriga protuberante a sua esquerda. – Preciso de sua assinatura nessa permissão de guarda dos artefatos da pirâmide.

Tonks estava mais do que decidida a ignorar seu melhor amigo que não a estava olhando como se ela fosse um hipógrifo jogando snap explosivo, como previra. Ele estava com uma expressão indecifrável no rosto, sentado atrás de uma papelada enorme. Tonks evitou um sorriso travesso, esse era o tipo de brincadeira que ela não podia deixar passar e que Guilherme apreciaria.

– Eu sou o senhor Weasley, este é Brenam e ele já está de saída. – Brenam o olhou surpreendido. Qual é Weasley? Quem havia te dado a dica da belezinha nova? – Brenam...

– Ok, Weasley, terminamos de debater... Err... Aquele assunto depois. – O estúpido ainda fez um sinal de cumplicidade, que teria feito Gui revirar os olhos se não fosse o seu sangue frio grifinório.

Assim que a porta bateu atrás de si, Tonks se forçou a encarar o homem à sua frente sem dar uma gargalhada descarada. Com mil demônios, o senhor rebeldia parecia-se realmente com um “senhor Weasley” depois de tudo! Espera, aquilo ali na orelha dele é uma presa de dragão?

– Então senhorita...

– Tonks.

– Então senhorita Tonks, em que posso ajudá-la? - Gui tinha que admitir, estava levando todo o seu autocontrole para não levantar correndo e esmagar as costelas daquela garota atrevida, exatamente como sua mãe fazia, mas ele iria entrar na sua brincadeira também, veria até onde ela iria com isso.

Guilherme não era exigente com suas garotas, gostava delas em todos os formatos e cores, mas tinha que dizer, TK em sua forma original era imbatível. Não faltavam morenas e negras exóticas na sua cama, principalmente nesses últimos anos na África, mas sempre que a sua melhor amiga estava com a sua beleza original exposta, cabelos e olhos negros, numa pele de porcelana, ele não podia fazer nada mais para se salvar do seu encanto.

And you have your own engaging style

And you've got the knack to vivify

–Senhorita Tonks? – Oh, céus! Silêncios embaraçosos eram algo comum na vida da metamorfomaga, mas deveria ser a primeira vez que ela era aquela quem ficava boba, sem responder a um questionamento.

– Sua assinatura. - Ela falou baixinho, ainda mantendo sua postura recatada, o vestido dado de presente por sua mãe sendo uma boa forma de se manter no personagem.

– Perdão? Eu não entendi dire...

– Sua assinatura, senhor Weasley. – Merlin, Gui era tão cabeçudo quanto se lembrava, ele não daria o braço a torcer! Ela estendeu novamente os papéis, mas desta vez para o homem certo. O ruivo lhe deu apenas um olhar divertido, como se toda a situação não passasse de algo ligeiramente embaraçoso.

Gui começou a revisar superficialmente a documentação, tinha ajudado uma das curse-breakers mais velhas do setor a lidar com uma maldição parecida com uma indiana que viu em seu treinamento, aquela que derretia qualquer recipiente onde a joia de Ali Pur¹ fosse contida. Como os breakers da pirâmide Romboidal conseguiram mandar o artefato ainda sob esse encantamento para o escritório lhe fugia a compreensão...

Mas de qualquer forma tinha que assinar o relatório da bruxa e o documento de pedido de averiguação do ocorrido na expedição. Não podiam simplesmente jogar-lhes uma bomba e esperar que resolvessem, ele tinha que saber o que tinha dado errado lá, afinal ele era o chefe da missão.

– Aqui está, senhorita Tonks. – Gui falou ao mesmo tempo em que se levantava para entregar os documentos à bela moça. Estava quase na hora do almoço e não via porque deveria começar a preencher os relatórios do lote dessa semana antes de encher a barriga apropriadamente.

Estava considerando passar no Red Cat e pegar um kebab² para a viagem, talvez uma certa garota maluca e atrevida aceitasse acompanhá-lo para poder lhe explicar exatamente o que diabos ela fazia aqui!

– Agora que já tratamos dos aspectos profissionais, que tal parar de palhaçada, TK? – Parecia que o uso do seu apelido mais infantil de todos era a senha para a transformação da garota. As belas madeixas escuras encolheram, passaram a ficar repicadas e de uma cor rosa chiclete, ofensiva para qualquer pessoa com olhos em um raio de 10 km. – Agora sim está parecida com a maluca que eu conheço.

Tonks não se fez de rogada e abraçou finalmente aquele linguarudo sem remédio que chamava de melhor amigo. Por Morgana, havia se passado cinco anos, CINCO MALDITOS ANOS! Como eles puderam ficar longe um do outro por tanto tempo?

Gui pensou que já tivesse esquecido daquele cheiro, mas lá estava ele, exatamente como era a séculos atrás quando ainda brincavam nos jardins de St. Catchpole, um adocicado cheiro de amêndoas torradas, cheiro de biscoitos recém-saídos do forno.

Ela ainda cabia perfeitamente em seus braços, eles sempre cresceram na mesma proporção, menos naquela estranha fase do início da puberdade quando TK havia ficado inexplicavelmente mais alta e forte do que ele. Era uma vergonha que nenhum dos dois tivesse feito um esforço para se visitarem depois da formatura em Hogwarts, o que havia de errado com eles?

– Você vai me explicar o porqu...

– Shiu! Não aqui, te explico mais tarde, ainda frequenta aquele pub esquisito com o nome do meu primo? – Gui revirou os olhos, é claro que TK conseguiria transformar até uma birosca no meio de Dahab em algo relacionado aos Black.

– Claro que sim, não é como se tivesse muitas opções fora do Cairo... – Ela sorriu travessa, aquele sorriso significava apenas uma coisa: a paz daquela cidade estava com as horas contadas. Pelo menos para ele.

– Então nos encontramos lá no fim do expediente. Serei aquela fazendo todos os caras babarem como vampiros banguelas. – Ninfadora deu uma piscada atrevida, ao mesmo tempo que fazia seu cabelo voltar a combinar com seu vestido antiquado.

Por todos os deuses daquela terra, Tonks não tinha jeito mesmo!

But you don't fold, you don't fade

You've got everything you need, especially me

Sister you've got it all

–----------------------------------------------------------------------------

Tonks não poderia acreditar nisso! Havia conseguido evitar por quase uma semana inteira ir até o Setor de Artefatos Amaldiçoados, mas hoje ela não tinha conseguido escapar; seu chefe, o duende Druz, havia mandado pessoalmente ela descer os quatro andares que a separavam da sessão para ir especificamente atrás de um bruxo...

Dele.

Não era como se não estivesse vendo Gui fora do ambiente profissional, mas, veja bem, Tonks não queria arriscar sua relativamente tranquila relação com seu chefe por causa de algum comportamento considerado inadequado. Se as regras de relacionamento entre colegas de trabalho eram rígidas no U.K., no Egito elas simplesmente não existiam.

Isso porque o relacionamento entre colegas era terminantemente proibido.

Parou na frente, novamente, da porta de madeira maciça, o mesmo nome desenhado com uma bonita letra cursiva em uma placa de bronze que vinha lhe assombrando os sonhos e a realidade na última semana (isso para não dizer a vida inteira):

Guilherme Weasley

Curse-Breaker

Nível 6

Maldita hora que Gui havia lhe dito que adoraria estrear e se despedir da mesa de seu escritório da maneira mais suja possível. Tonks não podia fazer nada para se ajudar, tinha uma imaginação malditamente poderosa e ter comprovado o que o amigo era capaz de fazer não melhorou em nada sua situação.

Curl your upper lip up and let me look around

Ride your tongue along your bottom lip and bite down

And bend your back and ask those hips if I can touch

Because they're the perfect jumping off point of getting closer to your


Ok, Tonks, você pode fazer isso. A meio Black bateu na porta de madeira, ouvindo barulho de passos do outro lado. A porta abriu bruscamente por magia.

– Entra. – O ruivo disse sem nem perceber a quem se dirigia. - Sim, eu entendi isso Diodoro, mas eu não estou feliz. Não pode simplesmente mandar dois breakers nível 2 para uma das construções Tudons³. Não posso fazer nada por vocês ag... Ok, eu falo com você depois.

Gui passou a mão na água, desligando a conexão com as Ilhas Baleares4. Sua melhor amiga havia retornado a lhe dirigir a palavra no trabalho depois de dias o evitando e isso era motivo mais do que suficiente para encerrar a ligação via aquae5, principalmente porque já tinha retribuído o favor que Diodoro tinha lhe feito no início da sua carreira há muitos anos, naquele caso dos vasos canópicos6 paralisantes.

A garota estava ainda mais deslumbrante do que da primeira vez que ele a viu em sua verdadeira forma “profissional e responsável”, se é que isso era possível. Os cabelos muito negros estavam presos em um alto rabo de cavalo, com fios levemente soltos lhe dando um ar desleixado. Ela usava uma roupa sóbria dessa vez, que supostamente deveria disfarçar seu atrativo, mas Guilherme acreditava que nenhuma vestimenta tinha tal poder.

Será que ela tinha vindo para realizar seu pedido de Natal antecipado?

– Senhorita Ninfadora Tonks. – Ele disse sem nenhum motivo aparente, apenas porque gostava de como ela se empertigava ao som do seu odiado nome de batismo. A jovem bruxa não o olhou diretamente nos olhos, deixando seu olhar recair na sua peça de comunicação. – É uma naveta7. Os árabes usam para comunicação através da água.

Tonks fez um aceno de entendimento, não queria dar margem para que ele se achasse no direito de jogá-la em cima da mesa e... Droga, Tonks, se concentre.

Droga, Guilherme! Você está falando igualzinho ao Percy, desse jeito não seduzirá nem a Murta-que-geme! Se desfez da água com um aceno de varinha e guardou o pequeno recipiente de prata, com arabescos entalhados, na estante.

Esse havia sido um presente de despedida de todos os seus amigos breakers do Egito, mas parecia que era mais um presente para eles, já que usavam para ficar lhe atazanando antes mesmo dele partir do país, pedindo para ele “quebrar um galho” agora que estava de partida para o centro do mundo bruxo novamente.

Gui virou novamente para ela e a encarou. Não queria perguntá-la como ele poderia ajudá-la, não queria que TK fizesse o que tinha que fazer e depois fosse embora, Gui tinha tido sérias fantasias com escritórios, saltos finos e uma voz muito autoritária e sexy na última semana para deixar aquela oportunidade passar.

Tonks respirou fundo antes de retomar a conversa. Como eles tinham chegado a essa situação? Agora entendia o que Remus queria dizer com “vamos ser só amigos, sem nada dessas coisas modernas e coloridas”. Sexo complicava tudo mesmo, mas quem estava procurando uma existência tranquila por aqui?

– O senhor Druz solicita sua presença no deque de descarga. – Ele sorriu. Dora deveria ser a única pessoa naquele banco que chamava os orelhas pontudas de “senhores”.

– Claro que ele solicita, todos eles amam mandar em nós, meros mortais. – Ela sorriu para o comentário, um sorriso que pareceria muito inocente para qualquer um, menos para ele.

Nunca para ele.

Conhecia aquela mulher desde que era só um bebê rosado enrolado em uma manta, sua mãe tinha insistido em levá-lo para conhecer a sua nova “vizinha”, logo teria duas criancinhas para brincar com ele, menininhas, segundo sua mãe, mas no fim das contas só veio Charles, ele se chamaria Charlotte - Gui nunca o deixava esquecer disso -, e Dora, que dificilmente parecia uma menininha quando estava toda coberta de lama.

Nesses anos todos teve a oportunidade de ver a amiga sorrindo, seus sorrisos travessos, felizes, culpados, irônicos, chorando com raiva, dor, medo, decepção e até apaixonada pelo estúpido corvinal de quem nem lembrava o nome de tão estúpido que era... Crattbee? Crane? Não importava, era estúpido!

E ele repetitivo.

Agora, o que Gui nunca tinha visto fora a versão sexy, safada e ligeiramente mandona com quem estava dividindo a cama na última semana. Era estranho, mas com ela as coisas pareciam certas, talvez por se tratar, no fundo, no fundo, da sua velha amiga Tonks.

E talvez porque sabia que o coração dela pertencia a outro.

Tonks não acrescentou nada de útil a conversa e Gui respirou fundo ante aquela prova de teimosia latente da amiga. Era só sexo casual no escritório, por Merlin! Se ele fosse viver na culpa por causa de cada mulher com quem ele transava sem compromisso, “culpa” se tornaria seu sobrenome.

Tinha que admitir que o sexo com ela não fora, até então, completamente sem significado. Aquela era Ninfadora Tonks, sua melhor amiga desde que se conhecia por gente! Tinha se surpreendido como as coisas tinham evoluído de um consolo porque a garota não conseguia uma chance a sós com o seu “cara mais velho” para um sexo meio louco e potencialmente mutilador, se os arranhões nas suas costas diziam algo.

Com certeza havia algo naqueles drinks servidos no Sótis Flamejante.

Tonks deu a volta em seus saltos, saindo depressa daquela sala antes que Gui acordasse do seu estado contemplativo e tentasse alguma manobra de sedução aperfeiçoada nos corredores de Hogwarts. A bruxa se lembrava muito bem das histórias que ele mesmo lhe contava.

Gui a seguiu, como sempre.

Os dois percorreram o corredor em um silêncio amigável, os finos saltos da moça fazendo aquele “toc, toc” característico. Qualquer um que os visse de longe acharia que aqueles dois faziam uma dupla interessante.

O jovem ruivo, com suas roupas de aventureiro de couro e o típico lenço árabe usado como cachecol contra o quase frio egípcio, que nem chegava perto do frio da Inglaterra, junto com a bela morena de beleza aristocrática, vestida com um terninho elegante e uma postura muito séria para uma garota de 19 anos.

Não que eles soubessem que ela não era nada disso, claro.

Antes mesmo de chegar no deque, Gui já ouvia a discussão.

– Mas que mer...

A cena era de caos completo, uma grande quantidade de funcionários, humanos e duendes, assistiam chegar lentamente por um portal dentro de uma lareira de mármore carrara negro, uma enorme caixa de madeira, cheia de arabescos e hieróglifos brilhantes, intercalados por lascas de pedra ônix7.

Gui ignorou completamente os duendes discutindo em sua língua gutural e secreta, atravessando o deque com uma autoridade vinda sabe-se lá Merlin de onde.

– Não, não, não! – O ruivo parou a chegada da caixa que tinha quase o dobro de sua altura com uma das botas de couro de dragão, muito bom que o material fosse isolante mágico, porque aqueles encantamentos de proteção todos não eram um bom sinal. – Como ousam trazer esse negócio aqui?

O duende egípcio virou toda a sua raiva para cima do porta-varinhas8 estúpido. Como detestava esses britânicos.

– Tenho ordens, sigo ordens, aqui diz: entregar no Gringotes RAE9. Lugh entrega no Gringotes RAE.

– Deixa eu ver isso aqui. – Gui pegou a papelada da mão do duende mal-humorado, desse temperamento terrível dos egípcios ele não sentiria falta nenhuma. Estava tudo em árabe, coisa que não deveria acontecer, os documentos para a sede egípcia tinham que vir com cópias em inglês. Mas essa não era nem sequer a maior falha... – Maledictum putrescat?

– O que é? O que é isso, Weasley? – O duende Druz perguntou, não entendendo nada do que o bruxo falou, seja em árabe ou latim. – O que esses malditos estão querendo nos empurrar?

– Uma maldição de apodrecimento, a ônix absorve parte, mas essa porcaria acaba com estruturas, até as fundações... – Gui falou isso se abaixando na altura dos olhos do duende de nome Lugh. –Quem mandou isso para gente?

– Não temos como manter isso na escavação. – Ele falou emburrado. Maldito inglês, eles tinham cofres próprios para isso na sede central, como supostamente ele deveria lidar com uma maldição dessas em uma pirâmide? – Coloquem num cofre, queimem se não conseguirem dar um jeito, não é mais problema nosso.

– De onde veio esse? – Tonks estava curiosa, Guilherme estava falando em árabe e não parecia nada feliz com o que estava ouvindo do duende de vestes estranhas. Ele a olhou, tendo esquecido completamente que tinha plateia.

– Pirâmide Romboidal. – O duende egípcio respondeu, mostrando que sim, entendia inglês, apenas não falava por pura má vontade.

– Faz parte do tesouro escravo? – Weasley estava falando em árabe ainda, a língua vindo tão naturalmente que ele nem parecia perceber. Tanto Tonks quanto Druz, que também era britânico ao fim e ao cabo, estavam ficando impacientes com o ruivo.

– O povo escravo... – O duende fez um maneio de desprezo com a cabeça, estalando a língua de um jeito ainda mais depreciativo. – Certas criaturas não deveriam mexer com tesouros.

O duende falou como se tivesse dito algo muito digno, mas Gui não concordava. Tudo bem que aquela espécie era a melhor com tesouros, metais e joias, mas isso não lhes dava o direito de menosprezar todo um povo. Ainda mais um povo bruxo.

– É uma maldição poderosa, Druz. – Gui falou olhando seriamente para o manda-chuva do Setor de Recebimentos e Envios da sede do RAE.

– Consegue tirar? – Gui passou a mão pelo cabelo. Tinha tido sua cota de maldições naquela pirâmide, achou que já tinha se livrado dela e agora tudo que queria fazer era arrumar suas malas para voltar para casa.

– Sim.

– Ótimo, levem isso para o cofre 108910. – Gui ainda ia contra argumentar, era véspera de Natal, ele tinha que conseguir pelo menos neutralizar o ambiente para que a maldição não se espalhasse e fizesse todo o Gringotes ruir, sabia disso, mas havia combinado de falar com a Toca por lareira... – Pode levar a estagiária com você.

Bem, ele poderia ligar um pouco mais tarde, sua família entenderia.

Butterfly

Well you float on by

Oh kiss me with your eyelashes tonight

Or Eskimo your nose real close to mine

And let's mood the lights and finally make it right

Assim que o cofre foi aberto e a caixa colocada dentro, Tonks se aproximou do seu mais novo objeto de estudo resolvida a dedicar sua atenção somente aquilo. Não tinha porque se sentir apreensiva, se tinha algo que ela sabia era que Gui não iria deixar de fazer seu trabalho para...

– Guilherme! – Ele a havia imprensado na parede, tão inesperadamente que roubou seu fôlego e seu grito assustado não foi mais do que um suspiro, na verdade. – Não se atrev...

Mas ele se atreveu. A beijou como sabia, havia descoberto recentemente, que ela gostava, dando espaço para ela respirar e ousando nos movimentos. Tonks era um poço de energia nervosa e ele se aproveitava do fato de que ela não conseguia ficar parada ou indiferente a ele por muito tempo.

– Muito bom que esse cofre é o lugar mais seguro de todo o Gringotes. – Ela o olhou, se fingindo de irritada, mas sem tentar tirar as mãos deles da sua cintura e coxa, no entanto. Gui também não estava sentindo aquelas mãos macias tentarem lhe afastar... – Me lembre de te explicar o que o número 1089 significa...

Ele terminou a frase emendando com um beijo, que faria, certamente, a bruxa esquecer qualquer coisa dita anteriormente. Estava esquecendo da promessa que tinha feito a si mesma na primeira noite em que ficaram juntos depois de beberem muito arak no Sótis Flamejante.

Nada de repetir a dose.

Mas ela havia feito. Havia repetido a dose várias e várias vezes, todos os dias após aquele desastroso primeiro episódio, desastroso para sua honra, claro, mesmo que essa já tenha ficado para trás lá pelos corredores do quinto ano de Hogwarts.

Tonks gostava de como as coisas haviam acontecido, tinha vindo para o Egito porque queria se especializar em artefatos amaldiçoados, mas também porque precisava de seu melhor amigo. Estava confusa, estava carente e Gui era um ótimo ouvinte e ombro consolador.

A parte do sexo quente nas noites ainda mais quentes de Dahab, a garota considerava como um presente de Natal antecipado. Se Lupin não a queria ainda, bem que ela poderia curtir sua juventude, não é?

Realizando exatamente o que ele havia descrito animadamente sempre que podia, Gui não perdera tempo, desabotoou desleixadamente o seu terninho muito profissional, diga-se de passagem, e já estava empenhado em acariciar seus mamilos por cima da blusa.

Doll I need to see you pull your knee socks up

Let me feel you upside down, slide in, slide out, slide over here

Climb in my mouth now child

– Gui... – Ele baixou os lábios para o pescoço da amiga. Se ela estava falando era porque ele não estava fazendo um trabalho tão bom assim. Sua missão naquele instante era ser uma distração, ainda mais que Tonks retornaria em breve para a Inglaterra para se arrastar por mais alguns meses aos pés do maldito ex-professor...

Tinha que ser mais eficiente.

– Gui! – A garota conseguiu empurrá-lo com uma força que não parecia ter vindo somente dela. – Não vamos fazer isso de novo. – Ele revirou os olhos para o puritanismo de TK. –Não aqui de qualquer forma.

Guilherme avaliou a garota a cinco passos de distância dele por conta do empurrão. Ele franziu o cenho, muito consciente de que sua expressão revelava claramente suas intenções. Quão arriscado seria tentar uma nova investida agora?

– Nem pense nisso, temos trabalho a fazer. – Ela disse, divertida, apontando um dedo muito ofensivo na direção do ruivo.

But you don't fold, you don't fade, you've got everything you need

Especially me

Sister you've got it all

– Me lembro de um tempo em que era eu a dizer essa frase. – Ela recolheu a mão e colocou na cintura, decidida a ganhar essa batalha. Fazia pelos dois, talvez eles rissem disso um dia, mas não conseguia imaginar como ficaria sua cara caso o seu chefe os flagrasse em uma situação comprometedora.

Morreria se isso acontecesse.

– Você não é nem de perto o homem sensato que eu achei que fosse.

– Curiosamente, você é tão sensata como eu achava. – Gui a olhou de cima, fazendo valer toda a sua altura, mas Tonks não estava nem um pouco intimidada, o conhecia bem demais para isso. Estava totalmente disposta a provar o quanto havia amadurecido em sua ausência, se é que ele já não havia percebido nessa semana passada.

Mas antes que a bruxa pudesse responder, a caixa, que era a razão para que estivessem presos naquele cofre, para início de conversa, soltou um barulho assustador, quase como um gemido humano.

– Ah bem... Temos um trabalho a fazer. – Gui conjurou suas luvas de trabalho com um aceno muito elegante de varinha, mas a única demonstração de que o movimento havia sido captado por Tonks foi a leve revirada de olhos dela.

– É o que estou tentando dizer desde que chegamos aqui, mas você não fez caso. – A garota respondeu levemente exasperada. Gui deu de ombros, em sua maneira desleixada, enquanto calçava as luvas, que eram mais malhas de cobre intricadas com algumas aplicações em antimônio11, do que luvas propriamente ditas. – Você é claramente um perigo para mim.

– Meu objetivo na vida é ser um perigo para o maior número de pessoas – declarou ele, enquanto tentava colocar a outra luva por cima da pulseira de couro antiga, com o pingente de prata que havia sido presente dela. – Portanto considerarei isso o melhor dos elogios.

– Ainda usa a pulseira que te dei... – Ela falou ao vê-lo terminando de fechar o equipamento de proteção desajeitadamente por cima do presente. Tinha visto a pulseira de couro, fazia quase parte de tudo que ele era, mas não havia notado o pingente.

– Nunca tirei, se quer saber. Isso é o quanto te considero, sua ingrata. – Ela sentiu o rosto esquentar ao lembrar de como havia tratado o par do pingente que o rapaz carregava desde os seis ou sete anos de idade, como prova de sua amizade. – Onde está o seu, por sinal?

– Err... Muito bem guardado em casa. – Ela levantou o olhar para se certificar de que tinha soado bem convincente. – Em St. Catchpole. – Acrescentou desnecessariamente.

– Está com as bochechas vermelhas... – Tonks o olhou com uma expressão mais do que indiferente.

– Não posso ver minhas bochechas. – Gui apertou os olhos ante aquela evasiva.

– Estão ruborizadas. – Parecia que a raiz do cabelo da garota começava a avermelhar também, mas poderia ser apenas um jogo de luz feito pelas chamas nos archotes do grande cofre.

– Se você diz...

– Vai me responder o que fez com a pulseira ou não? – Ela bufou, de uma maneira nada feminina, mas nenhum dos dois poderia se importar menos. Gui não sabia quando largar o osso, por tudo que era mais sagrado!

– Mfmmfmfmfmfmfmfmfmmmmfff. – A garota sussurrou, rapidamente.

– O quê? – Ela levantou os olhos, ainda mais vermelha. Droga! Que essa maldição apodrecesse seus melhores pares de sapato caso deixasse Gui intimidá-la! Ela mereceria.

– Devolvi a meu pai, ok? Não sei o que ele fez depois disso. – Gui a olhava com surpresa e uma muito ligeira pontada de mágoa. Porque ela havia feito isso? – Estava chateada com você, por que não voltou para casa como havia prometido?

Dessa vez o bruxo a olhou mais confuso ainda. Do que ela estava falando? Tonks fingia estar concentrada em uma mecha de cabelo, enrolando e desenrolando, sem olhar diretamente para ele. Ela estava desconfortável, as últimas palavras haviam saído em um sussurro.

Como haviam chegado a esse ponto? Há alguns minutos estavam quase transando apoiados em uma das mesas laterais do infame cofre 1089 e agora estavam brigando por uma pulseira, ou melhor, por uma falta em um feri...

Gui estava confuso.

– Do que diabos está falando?

– Você nunca voltou! - A garota estava claramente furiosa agora, os cabelos vermelhos demonstravam bem isso. – Como pôde ser tão... Tão... Argh!

Deu as costas para ele, como ele conseguia reduzi-la a adolescente boba que fora a cinco anos atrás? Achava que tinha superado isso, achava que tinha entendido os motivos dele para ter abandonado a Inglaterra, para ter abandonado...

Mas no final das contas ela parecia ser a mesma garota tola de sempre! Ainda continuava correndo atrás do grande e brilhante Guilherme Weasley.

– Precisava desse tempo... Da distância... Para crescer, você sabe. – Ela virou para olhá-lo com seu melhor olhar glacial, que demonstrava o quanto ela achava que ele havia crescido nesses cinco anos. – Não faz ideia do quanto é difícil descobrir quem se é no meio de tanta gente, quando supostamente deveria...

– Você é um idiota. – Ele a olhou, verdadeiramente ofendido. – Como pôde fugir de quem você ama? Para que precisa de espaço?

– Você fugiu de Lupin, não fugiu? Não é por isso que está aqui? – Ela olhou surpresa e então ultrajada. Como ele ousava? – Não te mata a ironia? – Ele perguntou, perversamente.

Ninfadora conseguiu afrouxar a mandíbula, apenas o suficiente para responder entre dentes.

– Não, mas bem poderia matar a você.

E ele riu. O desgraçado simplesmente riu. Tonks não estava achando graça, não queria que Guilherme, logo o muito imaturo Guilherme, dentre todas as pessoas no mundo, jogasse na sua cara sua hipocrisia.

Mas claro que era exatamente o que ele faria. Havia apenas um significado para a amizade dos dois e Tonks sabia muito bem, eles não eram quem o outro queria, eles eram o que era preciso ser. Mesmo que isso a tirasse do sério.

– Vim para cá porque queria encontrar meu amigo! – Ele parou de rir, mas continuou sorrindo, com aquele sorriso que era reservado somente para ela. É claro que Tonks havia viajado para o Egito para encontrá-lo. Teria ido ao inferno se achasse que poderia passar um tempo com ele lá, sempre fora assim.

– E encontrou, Dora. – Ela olhou, ainda chateada. – Mas parece que o tempo apagou todos os meus defeitos da sua cabeça: insensível, impulsivo, arrogante...

– Teimoso feito um erumpente12...

– Vejo que alguém andou lendo a respeito da fauna africana.

– Calado! Não me distraia, sua lista de defeitos ainda não acabou e eu ainda não te perdoei. – Ela falou ainda de cara fechada, mas sabendo que apenas uma dessas coisas continuava sendo verdade. A caixa amaldiçoada escolheu essa hora para soltar um resmungo mais alarmante que o anterior.

Gui deu as costas para à Tonks e se pôs a retirar as lascas de pedras protetoras da caixa meio fedorenta, a fim de ver o objeto dentro e começar o trabalho logo de uma vez.

– Não me lembro de pedir perdão, então, estamos quites.

– Você é intratável mesmo. – Dora falou, observando atentamente a técnica que ele utilizava para retirar e descartar os pedaços de madeira, que assim que deixavam de tocar as lascas de ônix, se deterioravam. Fascinante. – Não sei como te aguentei por tantos anos...

– Você me ama.

– Amo. – Ela disse emburrada, mas um sorriso malvado cruzou seu rosto quando o viu conter um grito de nojo ao deixar uma lasca de madeira apodrecida cair em seu lenço quadriculado bobo.

– Não pode viver sem mim.

– Não posso. – Ela sorriu para si mesma, porque essa era uma daquelas verdades que não era segredo para ninguém. Ele captou o gesto por cima do ombro.

– Sua sorte é que a recíproca é verdadeira. – Ela levantou o olhar e o encarou, muda. – Sim, sua linguaruda, não posso viver sem você também e é por isso que estou voltando para casa nessa primavera.

O esperado era que Tonks ignorasse as lascas de madeira ao seu redor e corresse para abraçá-lo, para comemorar o retorno de Guilherme para casa, para ela. Mas a bruxa não fez nada disso. Não era assim que eles funcionavam.

Ninfadora se aproximou mais dele e de seu trabalho fedido, sem dizer uma palavra, apenas com um sorrisinho satisfeito no rosto. Ele a empurrou de leve pelo ombro, tal qual um irmão chato faria. Ambos sabiam que tudo ficaria bem agora.

Tonks enfrentaria a vida adulta, a guerra e Merlin a ajudasse, enfrentaria até o ainda mais teimoso que Gui, Remus Lupin, ao lado dele.

Nada do que Guilherme disse era mentira e ela sabia agora. Ele havia precisado desse tempo no Egito, longe da família, do seu lar e longe dela, principalmente, porque precisava crescer. Precisava ser mais do que o primeiro de sete filhos, mais do que o irmão mais velho, mais do que um dos Weasley. Precisava aprender a ser ele mesmo.

Mas já era hora de voltar. Se a sua recém adquirida e muito flutuante maturidade tinha lhe ensinado algo, era que ele tinha que lutar pelo que achava certo. Guilherme Weasley não havia nascido para assistir à distância a história acontecer.

Voltaria para a Inglaterra para lutar, para proteger sua família e para proteger Tonks com sua própria vida, se fosse preciso; porque essa, ele estava muito certo disso, era a missão de sua existência. Iria começar seu trabalho tendo uma boa conversa com Lupin assim que chegasse em casa.

O velho homem entenderia de uma vez por todas que se tinha algo que era verdadeiramente impossível com Tonks, essa coisa era convencê-la de que seu coração estava errado. Olhou para a amiga que assistia seus movimentos com uma atenção adorável. As coisas iam dar certo agora.

Tudo ficaria bem.

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Chegaram exaustos no pequeno apartamento de solteiro de Gui, que logo não poderia mais ser chamado de casa, e se jogaram na cama, ambos sem ligar se estavam sujando de madeira podre os lençóis, eles eram bruxos, pelo amor de Morgana! Podiam limpar tudo com o feitiço favorito da matriarca Weasley depois.

– Hey. – Gui cutucou Tonks, que parecia querer se fundir a cama de tão abraçada que estava aos lençóis. – Já é Natal!

A garota, agora com seu cabelo rosa chiclete característico, levantou uma das sobrancelhas igualmente rosas para o amigo.

– Muito difícil lembrar que é Natal nesse calor... – O Sol já estava quase nascendo lá fora, deixando o pequeno cômodo numa cor alaranjada bem atípica à festividade.

Gui se forçou a levantar o tronco e admirar o nascer do Sol por trás dos prédios antigos de seu bairro boêmio, possivelmente pela última vez.

– Talvez esse seja o último Natal pacífico que tenhamos por um bom tempo. – A garota fez uma careta, de olhos fechados, estava muito cansada para absorver o peso total dessas palavras, mas sabia que ele estava certo. – Estou feliz que está aqui.

Butterfly, well you landed on my mind

Dammit you landed on my ear and then you crawled inside

Now I see you perfectly behind closed eyes

I wanna fly with you and I don't wanna lie to you

Tonks sorriu ainda de olhos fechados, esperava que seu sorriso dissesse tudo. Gui se apoiou nos cotovelos e continuou a assistir a progressão da luz sobre a pele clara dela, tornando-a cada vez mais dourada, quase como um dos sarcófagos antropomorfos que tanto o fascinaram e o impulsionaram a aceitar esse emprego tão longe de casa.

– Que pensamento mais macabro... – Sussurrou para si mesmo. Se tinha algo que Tonks não parecia era com uma divindade morta. Era humana, estava viva e ficaria assim por muitos e muitos anos, se dependesse dele.

Sabia que assim que voltassem para casa esses momentos com ela se findariam. Não haveria mais cumplicidades na cama, nem natais ensolarados... Sorriu com o pensamento, era bom que Lupin a tratasse como uma rainha, ou ele mesmo iria caçá-lo, com o perdão do trocadilho.

Voltou a deitar na cama e tocou o pequeno pingente de prata que havia recebido de presente de Natal a 16 anos atrás, o presente de uma garotinha cheia de atitude e que não se intimidava com qualquer desafio. Lembrou das palavras ditas por eles quando a vida era fácil, quando a vida era um mar de possibilidades, bastava permanecerem juntos.

Para sempre

Guilherme Weasley e Ninfadora Tonks seriam amigos para sempre.


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Notas finais do capítulo

Música utilizada no capítulo: Butterfly, Jason Mraz

Ali Pur¹ - É um distrito indiano, onde existe uma expedição do Gringotes trabalhando.

Kebab² - Comida típica árabe, consiste em um espetinho podendo ser de diversos tipos de carne, bem conhecido por nós brasileiros, mas, muitas vezes entremeados de vegetais. Pode ser grelhado, braseado ou chapeado.

Tudons³ - É uma arca funerária em Minorca, Espanha, onde foram encontradas, além de corpos, claro, peças de bronze, ossos e cerâmicas, isso na parte trouxa claro.

Ilhas Baleares4 – Comunidade autônoma da Espanha, que possui várias expedições de Gringotes (No meu mundo, todo lugar que tem coisa antiga, o Gringotes está)

Aquae5 – Os povos europeus escolheram o fogo como principal comunicador, a lareira sendo o maior exemplo, muito provavelmente pelo seu simbolismo, em lugares frios, o fogo é a garantia da manutenção da vida. Mas no hemisfério Sul, a água é o elemento mais escasso e por isso mais sagrado, logo, nada mais justo do que a comunicação ser via esse elemento.

Vasos canópicos6 – Vasos ondes os órgãos dos deuses eram guardados à espera da próxima vida. Os mais cobiçados pelos duendes eram os de alabastro, verdadeiras obras de arte.

Ônix7 – Apesar de ser uma pedra barata hoje em dia, na Antiguidade foi largamente utilizada em camafeus, pois, para várias culturas como a grega, romana e indiana, a pedra era um excelente protetor contra magia negra.

Porta-varinhas8 – Termo pejorativo utilizado pelos duendes para denominar os bruxos. Isso é cannon.

RAE9 – República Árabe do Egito.

1089 10- É um número dito mágico, por questões puramente matemáticas, então suas propriedades exploradas aqui são ligadas a Aritmancia, se vocês não aprenderam as propriedades dos números na escola, não posso fazer nada. Ok, posso, olha o link aqui: http://www.cucaflex.pro.br/atividade/numero-magico-1089/

Antimônio11 – É um semi-metal, utilizado pelos chineses e babilônios em cosméticos e para fins medicinais. Foi largamente utilizado também na era dos alquimistas.

Erumpente12 – É um animal africano que se assemelha a um rinoceronte, grau 9 em periculosidade. Seu couro é resistente a diversas maldições e encantamentos e seu chifre solta uma secreção capaz de explodir quem é perfurado.



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